Quando encerrei minha carreira executiva há dois anos, tracei uma meta de dedicar 25% do meu tempo a ações sociais e de impacto positivo. Foi então que conheci o Instituto C. A proposta de ajudar crianças e famílias vulneráveis me sensibilizou desde o primeiro instante.
Meu objetivo foi trazer a experiência acumulada no mercado corporativo para ajudar na gestão do instituto. Tenho feito isso há dois anos e estou muito feliz porque vejo os resultados aparecerem e, desta forma, temos conseguido ajudar muitas pessoas.
Ao fazer uma reflexão sobre minha trajetória profissional, vejo muitas similaridades entre a gestão de uma ONG como o Instituto C e de uma empresa. Gestão se aplica a qualquer tipo de negócio, seja ele pequeno, médio, grande, startups ou ONGs. Todas essas organizações têm a necessidade de administrar recursos, por meio de pessoas, para atingir determinados resultados.
Para isso, precisamos aplicar bem os recursos financeiros, atrair profissionais alinhados com os valores e propósito da organização e estimular o trabalho em equipe e a motivação das pessoas. O ser humano não difere muito nas suas aspirações e necessidades profissionais, mesmo em organizações distintas. Pessoas precisam de apoio, feedback, treinamento, querem crescer e se realizar na sua profissão, usando seu potencial e sua criatividade. Tudo isso, nós, como líderes, precisamos proporcionar às pessoas, além de respeitá-las e dar oportunidades de desenvolvimento.
Tão importante quanto a gestão de pessoas é a gestão de processos, imprescindível para o êxito de qualquer tipo de organização, inclusive as ONGs. Com relação a este aspecto, menciono a necessidade de planejamento, de ter metas bem definidas e projetos inovadores.
Mesmo com todas as semelhanças, pude notar, nestes dois anos, duas diferenças significativas entre a gestão de uma ONG e de uma empresa. A primeira delas é que uma ONG já nasce com o propósito de impactar positivamente a sociedade e, justamente por isso, precisa comunicá-lo de maneira intensa, pois o propósito de ajudar toca o coração das pessoas e atrai muitos talentos. Em uma empresa privada isso é mais difícil, pois há necessidade de gerar lucro para os acionistas. Mas já existe um movimento na sociedade para que as empresas atendam às necessidades de todos os stakeholders, incluindo a sociedade e o meio ambiente.
A outra diferença é que uma ONG não visa o lucro. Ao contrário de uma empresa privada que precisa ser rentável para atrair investidores, uma ONG é mensurada pelo impacto que causa com seu propósito. Mas isso traz um grande desafio que é a busca de recursos financeiros para sustentar a ONG, o que demanda da liderança uma habilidade diferenciada para divulgar os projetos, atraindo pessoas e outras organizações dispostas a apoiar com recursos financeiros.
Tanto empresas privadas como ONGs cumprem papeis importantes na sociedade e possuem desafios que demandam gestão e lideranças preparadas para garantir sua perenidade no longo prazo. Eu parabenizo o Instituto C por seu propósito e resultados. Fico muito feliz e orgulhoso de poder ajudar com minha experiência executiva no Conselho Consultivo e também com mentoria para as lideranças do instituto. Vida longa ao IC!
Francisco Deppermann Fortes