A história da Ana Cecília
Ana Cecília nasceu em Recife e em 1984 mudou-se para São Paulo com a família. Ela e Daniel, seu primeiro namorado, tiveram três filhas, Daniela Cristina, Queren e Késia, que, a partir dos dois meses de idade, teve broncopneumonias e outros problemas de saúde. Só quando ela completou nove anos é que se descobriu a origem de seus problemas: a diabetes. Ainda assim, passaram-se dois anos até que a família finalmente conseguisse o tratamento adequado no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas.
Ana Cecília engravidou novamente e teve que interromper os processos de capacitação na área da saúde que havia iniciado para cuidar da nova gestação. Em 2008, Ana Vitória nasceu e após apresentar problemas respiratórios ficou internada na UTI e, lá mesmo, contraiu uma bactéria, o que lhe causou meningite. “Saí da maternidade arrasada, esperando o pior para minha filha”.
Ana Vitória se desenvolveu fisicamente dentro da normalidade. Porém, sempre apresentou problemas no seu desenvolvimento comportamental, já que quase não dormia e tampouco deixava os outros dormirem. Levada a vários neurologistas, nenhum descobria a causa de sua agitação. Só em 2015 foi fechado o diagnóstico: autismo.
Sozinha, já que havia se separado, e com duas filhas que solicitam muita atenção, Ana Cecília segue há tempos uma agenda rigorosa para que as consultas de uma não coincidam com as consultas da outra. Em 2017, Késia, com 17 anos, piorou muito e precisou de várias internações. “Eu ficava desesperada. Muitas vezes ela tinha alta de manhã e à noite precisávamos voltar para o hospital”, lembra ela. Sem entender a situação, Ana Vitória não se conformava em ficar longe da mãe, dando muito trabalho à irmã mais velha, que era a responsável pela casa nessas situações. No limite de suas forças, um dia Ana Cecília teve um ataque de nervos junto ao leito de Késia, que por sua vez não parava de vomitar sangue. Assustadas com o descontrole da mãe da paciente, as enfermeiras a acalmaram e a encaminharam para o Instituto C. “Realmente eu precisava muito de ajuda. Estava carregando o mundo sozinha nas minhas costas. Para sustentar as meninas, sempre que podia, fazia bicos de babá ou de cuidadora de idosos, mas nunca era o suficiente. Minha vida tinha virado um inferno”, desabafa.
Sem saber exatamente sobre todos os benefícios que teria no IC, Ana Cecília se surpreendeu pela abrangência de atendimento da ONG. Já no primeiro atendimento ela recebeu cesta básica e leite, inclusive o zero lactose para a Késia. “Cheguei em casa feliz. Ana Vitória também era uma alegria só. Abraçada às caixas de leite, ela dizia: ‘Nunca mais vou ficar sem leitinho.’” Percebendo as dificuldades da mãe em encontrar no SUS os remédios tarja preta das duas filhas, estes logo foram providenciados pela equipe do PAF – Plano de Ação Familiar, projeto no qual a família estava inserida.
Ana Cecília chegou completamente depressiva ao Instituto C. No início, não conseguia falar, só chorava. Aos poucos, acompanhada pela equipe da psicologia, ela foi se fortalecendo. Hoje, é outra pessoa, está sempre atenta às orientações das assistentes sociais, das nutricionistas e das equipes da renda e da educação. “Aprendi a economizar e a organizar minhas despesas mensais. Isso ajudou muito a melhorar minha vida. É reconfortante saber que posso contar com o Instituto C para esclarecer minhas dúvidas. Aqui todos são maravilhosos, há sempre um abraço apertado para nos incentivar”.
Acompanhada de Késia e Ana Vitória, Ana Cecília há dois anos não perde um atendimento no Instituto C. Para as três, é um momento precioso, já que elas aprendem, fazem amizades, se divertem, desabafam e ganham confiança para enfrentar o que vier pela frente.
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