Cidadania em RedeRodas de Conversa

As rodas de conversa na Casa Amarela

Conversas, diálogos e debates já são marcas registradas do Instituto C – seja nos projetos, quanto no dia a dia de trabalho. E agora, toda segunda-feira, acontecem as ‘Rodas de conversa na Casa Amarela’ – apelido carinhoso para o novo polo do IC, na Zona Norte. “O diferencial que a gente trouxe para o Cidadania em Rede é que agora as rodas de conversão não se restringem aos dias dos atendimentos, mas sim às segundas”, conta Talita Lima, coordenadora do Projeto.. 

A proposta é que a cada semana um tema diferente seja abordado. E esses temas sempre surgem a partir dos atendimentos, das sugestões dos profissionais ou das famílias, de interesses coletivos ou de parcerias com empresas que agreguem no conhecimento das famílias e crianças atendidas.. 

“Já tivemos rodas em parceria com a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo, a COHAB, para falar sobre moradia, por exemplo. Também já falamos sobre empregabilidade com jovens aprendizes, sobre como cultivar o próprio alimento em uma horta caseira, entre outros”, diz Talita.

O objetivo da roda é justamente esse: escutar, acolher, falar sobre direitos e deveres, orientar famílias e montar um círculo de convivência entre todos. “As rodas semanais são um espaço onde as famílias se encontram e convivem. A gente fala que também é um atendimento coletivo, onde elas podem conversar com alguma técnica, tirar dúvidas e conviver de fato”, acrescenta a coordenadora do projeto. 

Todas as rodas de conversa são abertas ao público e, não sendo durante os horários de atendimento, mais gente consegue estar presentes e aprender sobre um assunto novo toda semana! Por isso, anote aí e venha nos visitar! As rodas de conversa acontecem todas às segundas-feiras, às 14h00, na Casa Amarela. 

Conheça o nosso espaço na Zona Norte de São Paulo:

Rua Hanna Abduch, 316 / Telefone: 11 3459-1406

Horário de atendimento: de segunda a quinta-feira, das 8h às 17h

Áreas de atendimentoServiços IC

Os impactos da pandemia na saúde mental

Muitas pesquisas já demonstram os impactos que a pandemia do coronavírus causaram na saúde mental das pessoas e, principalmente, como as consequências são ainda maiores e prejudiciais nas populações vulneráveis – e o Instituto C sente esse aspecto na prática. “A gente sabe que tem sido difícil para todo mundo, mas o quanto é ainda mais para quem tá em situação de vulnerabilidade social”, inicia Katia Moretti, coordenadora do Projeto PAF-Plano de Ação Familiar. 

Para Claudete Marcolino (na foto que ilustra essa matéria), psicóloga do Projeto, o cenário pós-pandêmico tem dado visibilidade para essa questão. “O que a gente percebe em todos os segmentos, especialmente nessa área das crianças e adolescentes, é que eles ficaram muito mais à mercê de um contexto isolado dentro do cenário familiar. Muitos deles sofrendo, inclusive, violência”, diz.

Esse isolamento e convívio apenas com a família nuclear contribuiu para que as pessoas, principalmente crianças pequenas, estejam agora mais suscetíveis a não se socializar – aumentando a ansiedade. “Quando se perde esse contato com os amigos e colegas, as cobranças em torno da criança e do adolescente, que muitas vezes têm alguma patologia, ficam ainda maiores. Assim, esse jovem se vê em um cenário onde ele só tem o convívio familiar, então, o aumento da ansiedade tem sido refletido nos ambientes sociais, principalmente na escola”, acrescenta Claudete, que reforça que o contexto da insegurança, baixa autoestima e ansiedade é visto na prática dos atendimentos.

Todo esse cenário e acúmulo de questões faz com que a demanda por atendimentos do Instituto C cresça diariamente. “Nós atendemos 200 famílias no PAF, e como um todo. Ou seja, uma média de 4 ou 5 pessoas por família. É muita gente!”, pontua Katia. Daí o desafio: oferecer um serviço de qualidade para tanta gente. “Foi quando surgiu a ideia há um tempo atrás da rede de voluntários de psicologia”.

Para essa solução, o Instituto C busca parcerias com faculdade e outros serviços que possam contribuir para o trabalho, e oferece o espaço para um atendimento presencial se necessário. “O que a gente percebe é que as famílias com altas vulnerabilidades também trazem complexidades. Famílias que têm crianças com alguma patologia, e que tem um contexto de vulnerabilidade, nem sempre atribuem o contexto mental como algo a ser tratado. Essas questões acabam sendo negligenciadas. Por isso, a importância desse olhar atento a toda família, não só, especificamente, a criança atendida, mas também aos adultos que as cercam”, reforça Claudete.

E como participar? 

A inscrição para os voluntários de psicologia é feita através de um formulário online (clique aqui). Basta ser um psicólogo ou psicóloga e ter disponibilidade de uma hora semanal, ou mais. Depois do envio das informações e cadastro, o Instituto C entra em contato para agendamento de uma entrevista.

Doação

Marketing de Causa – onde todos saem ganhando!

O marketing de causa é algo que vem ganhando cada vez mais espaço entre os empresários – e que bom! A ação é uma modalidade de parceria, onde é atrelado um valor social aos produtos e serviços vendidos pelas empresas. “Sinto que é uma das grandes tendências de parceria entre empresas e organizações sociais. É uma ação simples de realizar e não  envolve um investimento financeiro inicial, ou seja, qualquer empresa pode realizar. Além disso, é uma oportunidade para as empresas começaram a se apropriar mais dessa responsabilidade de investir no social para minimizar as desigualdades do nosso país”, introduz Paloma Costa (na foto), responsável pela área de Parcerias do Instituto C.

Desde 2019, o Instituto C  realiza algumas parcerias nesse sentido, aproveitando datas como o dia das crianças, por exemplo. “Uma ação permanente que temos é com a marca de roupas infantis Souris, fundada pela Flávia Duarte uma das nossas voluntárias. Desde o início, ela decidiu que sua marca teria a responsabilidade social em seu DNA, por isso, direciona 2% de todas as suas vendas para o Instituto C, atribuindo um valor social à marca”, conta Paloma. A responsável também cita uma outra parceria com o De Betti esse ano, no Dia do Hambúrguer (28/05): “Eles dedicaram todo o lucro da venda dos hambúrgueres desse dia para o Instituto C. O restaurante e os pedidos no delivery lotou, foi um sucesso!”.

Além destas, o Instituto C  fechou parceria com a Verbena Flores, durante todo o mês de junho, por conta do Dia dos Namorados. Já no segundo semestre estará com a La Pastina, em uma grande ação para comemorar os 75 anos da empresa. “Percebemos que é bacana estipular uma data, seja ela comercial como Dia das Mães, ou importante para a empresa, como um aniversário, para esse tipo de ação”, complementa.

Paloma também afirma que diversas pesquisas apontam que ações desse tipo alavancam as vendas. “Os consumidores tendem a preferir produtos que geram impacto social ao invés de outros que apenas geram lucro. Essa associação de marcas com causas sociais acaba sendo também uma estratégia de marketing para as empresas”, acrescenta. “Hoje não é só a qualidade do produto ou o desejo do consumidor em obtê-lo que importam. É preciso pensar também no impacto ambiental, na governança e na responsabilidade social de uma marca, assuntos que compõem a agenda ESG que tanto se fala atualmente. Uma empresa que ignora isso, vai ficar excluída do mercado porque tanto os investidores quanto os consumidores estão muito mais conscientes para essas questões”, reflete Paloma.

Sendo assim, o marketing de causa é uma ótima oportunidade para uma empresa fortalecer a marca e fidelizar clientes, unindo seus produtos e serviços com projetos que geram impactos sociais. Quer fazer parte disso tudo? Entre em contato conosco pelo WhatsApp 11 94581-9225 para pensarmos juntos em uma campanha que ajude a sua marca e os nossos assistidos.

Áreas de atendimento

Cidadania em Rede e o impacto da pedagogia

Uma das maiores novidades de 2022 foi a união de três projetos do Instituto C – Educação em Rede, Primeira Infância e Plano de Ação Familiar – em um único, o Cidadania em Rede. Nessa nossa fase, um dos atendimentos que ganha ainda mais destaque são os relacionados à pedagogia – que tem impacto em diversas áreas da vida da criança, e sua família. “Agora, os atendimentos são como um braço do Educação em Rede, mas com algumas novidades, como a avaliação psicológica e a totalidade dos encontros presenciais”, introduz Talita Lima, coordenadora do Cidadania em Rede.

O foco dos atendimentos, claro, é a criança e o seu fortalecimento como cidadã, melhorando suas relações com a família e escola, e potencializando sua perspectiva de desenvolvimento. “Nós trabalhamos em torno da promoção da vida dessa criança. Já com os pais, o trabalho é de despertar novamente um olhar mais afetivo através de diálogos para despertar na família esse papel de protetor e de agente de promoção para a vida da criança”, explica Evoli Santos, pedagoga do projeto.

Para Paloma Araújo, estagiária de pedagogia, o ambiente dos atendimentos funciona como uma troca: “Quando a gente se coloca no lugar daquela criança, a gente consegue ter um olhar mais sensível e efetivo para o caso”. A profissional lembra de crianças que chegaram para os atendimentos com um possível diagnóstico e, no entanto, era preciso um estímulo mais afetivo para despertar as potências do indivíduo.

“A partir do momento que o Chris começou aqui no Instituto C, ele desenvolveu bastante, tanto na escola quanto no comportamento dentro de casa. Já consigo perceber um bom avanço. Até o jeitinho dele mudou, sabe?”, relata Gisele Deloste, mãe do Christian.

Os atendimentos de pedagogia são semanais e sempre no horário oposto à escola. “Quando a família busca pelo atendimento, a gente faz uma avaliação inicial – pedagógica e psicológica – para entender se a criança, de fato, precisa daquilo que a família está dizendo. A partir daí, as técnicas dizem se ela vai para o reforço escolar ou psicológica”, explica Talita.

Os profissionais também lembram que uma área que tem demandando bastante nesse início de projeto é a articulação com a escola que, muitas vezes, não tem braço suficiente para um olhar individualizado para os alunos. “A escola às vezes identifica uma dificuldade e, por conta de muitas crianças e falta de recursos, eles não veem o que é. O que falta é tempo, conversa e um olhar mais específico e afetivo para o desenvolvimento dessa criança”, finaliza Evoli, reforçando sempre que o trabalho é uma constante parceria entre escola e família – pensando na criança em conjunto com todos esses fatores.

Áreas de atendimento

Nutrição: como as orientações impactam a vida das famílias

Entre as diversas orientações que as famílias recebem ao participarem dos projetos do Instituto C estão as relacionadas à alimentação. Saúde Emocional e Nutricional, inclusive, é um dos núcleos de atendimento do Cidadania em Rede. O trabalho das profissionais inclui desmistificar o tema e dar dicas práticas para que consigam melhorar seus hábitos alimentares. “Muitas famílias acreditam que a nutrição vai de alguma forma problematizar o que elas têm em suas casas, mas nosso objetivo é o contrário”, afirma Silmara Souza do projeto.

A nutricionista explica que a equipe se utiliza de figuras e imagens didáticas de fácil compreensão para mostrar que é possível utilizar os itens básicos para melhorar o hábito – como a substituição de temperos industrializados por naturais, que já é muito benéfica. “Assim, as famílias têm se mostrado bem mais tranquilas quando mostramos que com o que elas têm em sua casa­­ – ­alimentos adquiridos de acordo com o poder aquisitivo de cada – podemos melhorar nossos hábitos alimentares de forma saudável e tranquila”, acrescenta.

No Plano de Ação Familiar, o PAF, não é diferente. “As orientações são sempre baseadas no Guia Alimentar da População Brasileira, que é um material inclusivo e leva em consideração as diversas culturas e condições, sem se utilizar dos sensacionalismos que vemos por aí”, conta Ana Paula Hümmel, nutricionista do projeto. “A oferta de ultraprocessados que se dizem saudáveis é enorme e dificulta muito o trabalho, além das informações equivocadas que a internet vende como chás emagrecedores, gominhas para o cabelo e dietas milagrosas. O primeiro trabalho é desmistificar tudo isso”, completa.

Já as informações para as crianças recebem ainda mais atenção – já que a seletividade alimentar é muito presente no Transtorno do Espectro Autista, por exemplo. “Eu entendo a demanda e necessidade de cada família e encaminho para os serviços adequados”, diz Ana.

Aos poucos, as famílias vão ganhando mais consciência alimentar e mudando seus hábitos. “A observação das mudanças é mais difícil quando se tem uma abordagem mais humanizada, como o nosso caso, mas tenho retornos muito positivos. Algumas felizes porque passaram a se alimentar melhor e sentiram diferença no dia a dia, outras porque o filho está comendo bem – e para mim não tem notícia melhor que essa”, celebra Ana, que também lembra uma situação positiva: “Tive recentemente o retorno de uma família que a responsável perdeu 5 quilos. Ela disse que não sabia que poderia ter uma alimentação mais saudável tão fácil assim, que eu era uma nutricionista diferente”.

E, claro, a alta dos preços tem dificultado a aquisição não só de alimentos como também a sua diversificação. “Estamos trabalhando com o que pode ser adquirido por preços mais acessíveis, como as carnes suínas, aves e ovos. Também estamos com o foco para ensinar as famílias aproveitarem os alimentos de forma integral, como preparações de hortaliças não desprezando cascas de alguns alimentos em refogados ou sucos”, conta Silmara.

Partindo do princípio que é um privilégio poder escolher o que se vai comer, as orientações não pretendem vilanizar os alimentos ultra processados, já que muitas vezes são eles em que a família tem acesso – mas pensar em opções que possam ajudar no equilíbrio. “Saber onde fica a feira mais próxima, buscar o horário da xepa, aprender técnicas de armazenamento para que os alimentos durem mais, variar os preparos desses ingredientes, como dos ovos por exemplo… Tudo isso já são mudanças positivas nos hábitos alimentares de todos”, finaliza Ana.

Doação

Aniversário Solidário propõe doações no lugar de presente

A ação atribui um valor social a uma data especial. Essa é a proposta do Aniversário Solidário. Aniversariantes que irão celebrar seu aniversário em encontros ou festas, podem pedir aos seus convidados doações ao invés de presentes. “É uma forma de ajudar um projeto social que você acredita e deixar o seu aniversário ainda mais especial”, explica Paloma Costa, responsável pela área de Captação de Recursos do Instituto C.

A ação, além de ser uma importante fonte de arrecadação para os projetos sociais, também é uma forma de promover a cultura da doação e da solidariedade entre os convidados dessas celebrações. “No ano passado tivemos vários  Aniversários Solidários em prol do Instituto C e também um Casamento Solidário que foi uma experiência inédita e muito especial. Todas as pessoas que toparam realizar a ação com a gente nos deram feedbacks muito positivos do quanto se sentiram mais realizadas em poder ajudar quem mais precisa do que em ganhar presentes” conta Paloma.  

A responsável pela área de Captação de Recursos diz que a forma mais efetiva de colocar essa doação em prática é através do convite aos aniversariantes do mês – via mailing de colaboradores e doadores do Instituto. “Quando a pessoa topa a ação, criamos uma página de doação personalizada para o aniversário dela, com foto e texto que ela preferir. Alinhamos também os valores: alguns preferem já determinar opções fixas de doação financeira, outros sugerir doações de produtos, como fraldas ou latas de leite, por exemplo. Tudo de acordo com o que o aniversariante achar que tem o perfil dos seus convidados”, diz Paloma.

Agora, o Instituto C está com duas campanhas de Aniversário Solidário ativas, uma delas é a do Francisco Fortes, membro do conselho de administração do Instituto C. “Eu já havia visto algumas pessoas fazendo o Aniversário Solidário e dessa vez quis fazer também. Tem tanta carência por aí que, ao invés de eu receber um presente, quero que ele vá para alguém que precisa mais do que eu. É uma forma também da gente sensibilizar outras pessoas a também ajudarem”, conta Francisco, que comemora a data no dia 31 de maio.

Para o conselheiro, a atitude fará de seu aniversário algo ainda mais especial. “Para mim, essa ação representa uma atitude prática de ajudar. Estamos canalizando todas as doações para leites que irão para crianças. É difícil de ver algo mais essencial do que isso, não acha? Sei que esse aniversário vai ter outro significado para mim, muito maior do que os outros em que eu não fiz uma ação desse tipo”, finaliza Francisco.

E se você curtiu esse modelo de ação e deseja atribuir um valor social a suas comemorações entre em contato com a Paloma ela vai te dar todo apoio necessário:

E-mail: paloma.costa@institutoc.org.br 

Áreas de atendimentoInstitucionalServiços IC

Você sabe como funcionam os bastidores de uma ONG?

Você com certeza já teve contato com uma ONG, isto é, uma Organização Não Governamental. Conhecidas também como empresas do terceiro setor, são atividades beneficentes desenvolvidas em favor da sociedade e sem objetivo de lucro. O conceito foi criado nos Estados Unidos e define como primeiro setor aquele que é constituído pelo Estado e o segundo pelos entes privados que buscam fins lucrativos.

Apesar desta divisão, segundo e terceiro setor possuem uma estrutura muito semelhante para o bom funcionamento. “Em termos de estruturação, não existe muita diferença entre uma ONG e uma empresa. O diferencial é o que a gente vende, que no nosso caso é o impacto social”, afirma Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto C.

Flávia Almeida, Analista Administrativa Financeira do IC, completa nove anos de trabalho no terceiro setor e lembra-se da diferença que sentiu ao ingressar no time do Instituto e deixar uma metalúrgica. “Eu tenho o meu salário e ele é muito importante, mas não é ele que motiva a gente levantar todos os dias da cama”, conta. E, assim como qualquer empresa, uma ONG também tem seu setor de Recursos Humanos, Administrativo, Financeiro, Comunicação e outros. “Aqui, o que entra para a gente não é proveniente da venda de uma mercadoria, mas sim de doação”, analisa.

Além dessa estrutura semelhante ao segundo setor, também existem as contas a pagar – como salários, fornecedores e aluguel. “Esse é o grande desafio das ONGs, a migração para um apoio institucional, de forma geral, para que a própria organização tenha maturidade em saber como investir o dinheiro”, afirma Vera, relembrando que os quase 30 funcionários do Instituto C possuem carteira assinada e recebem os benefícios garantidos por lei. “É um trabalho mesmo”, brinca. Inclusive, dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), em 2019, mostram que as organizações do ramo empregam, formalmente, 3 milhões de pessoas.

Em contrapartida, um grande diferencial das empresas do terceiro setor está na transparência e gestão na auditoria financeira. “A gente precisa zelar pela acuracidade do que a gente faz para ter o retorno necessário que garanta a continuidade de nosso trabalho”, afirma Vera. “As burocracias existem e muitas vezes são até maiores”, afirma Diego Schultz, Diretor Administrativo.

Diego também comenta que as pessoas que decidem trabalhar no terceiro setor têm uma ambição maior que a financeira. “Todos recebem salários dignos, é claro, mas o foco principal faz parte de um entendimento coletivo – e todos têm o mesmo objetivo. Além disso, outro grande diferencial é que em uma ONG você vê a mudança acontecendo, bem na sua frente, e isso traz uma energia maior para o trabalho. A mudança de vida através do impacto social, ou seja, o nosso produto de venda, é visível”, diz.

Sendo assim, o produto que uma ONG tem para entregar, pode ser relacionado ao meio ambiente, segurança, alimentação ou outros. “O Instituto C entrega impacto social, não um serviço como no segundo setor, e esse produto é revertido para a sociedade. Todos saem ganhando”, finaliza Vera.

Áreas de atendimento

Mães sim, mas antes de tudo: mulheres

A potência feminina tem protagonismo no Instituto C. Entre mães, avós, irmãs, tias e até mesmo colaboradoras e profissionais que trabalham nos atendimentos, as mulheres ocupam grande parte do espaço. Dados de 2021 mostram que 40% das famílias atendidas são compostas apenas por mães. No PAF – Plano de Ação Familiar, 61% são chefiadas por mulheres. “Aqui, esse protagonismo da mulher fica ainda mais evidente. Muitas vezes quando a criança recebe um diagnóstico, são as mães que tomam à frente da situação”, conta Katia Moretti, coordenadora do projeto, que é realizado desde 2012. No Projeto Cidadania em Rede não é diferente. “São elas que cuidam, que falam e que vêm nos atendimentos. São elas que batalham pelos direitos de seus filhos, mesmo quando têm um companheiro dentro de casa”, diz Talita Lima, líder do projeto. 

Para Nayara Oliveira, psicóloga do PAF, esse cenário faz parte de uma estrutura social e política produzida com base na divisão sexista de tarefas, também de raça e classe. “Isso reverbera na possibilidade de negligência de si porque a potência dessas mulheres é ensinada tendo o amor como doação aos seus filhos e aos outros. Força elas têm, mas falta apoio para dar conta de tudo”, relata.

O Instituto vai na contramão desse histórico social e reforça o empoderamento feminino, o autocuidado e a autoconfiança dessas mães que, sobretudo, são mulheres. “Faz parte do nosso trabalho ser uma rede de apoio para que elas consigam exercitar não só a maternidade, como também a sua potência enquanto mulher em várias outras instâncias”, explica Nayara. Isso muito por conta de um recorte predominante nos atendimentos: a família itinerante. “Atendemos muitas mulheres que vieram de outros estados para São Paulo em busca de trabalho e aqui acabam ficando sozinhas. Percebemos pela fala delas que elas se esquecem delas mesmas como pessoas por se doarem demais”, diz Talita.

Katia também lembra uma situação muito comum dentro do PAF: Katia também lembra uma situação muito comum dentro do PAF: “As mulheres que passam por aqui costumam estar frequentemente em hospitais e lá elas são tratadas como ‘mãe’ e ‘mãezinha’, elas não têm nome. Aqui a gente faz questão de chamá-las pelos nomes”.

O Dia das Mães, então, não é uma data celebrada pelo Instituto IC ­– assim como outras datas comemorativas, como Dia das Crianças e Dia dos Pais, por entenderem que cada família tem uma composição. Assim, mais do que lembrá-las de que são mães, a tarefa é exaltá-las como mulheres. “As crianças e adolescentes são de responsabilidade do estado, da sociedade civil, e também e da família como um todo, não só dessas mulheres que já dão conta de muito – e ainda precisam dar conta de si!”, finaliza Nayara.

Cidadania em RedeParcerias

Cidadania em Rede: parcerias para fazer projetos acontecerem

Entre tantas novidades, demandas e desafios, o Cidadania em Rede está empenhado para fortalecer seus contatos, parcerias e alianças em seu novo polo localizado no bairro da Freguesia do Ó, em São Paulo e, com isso, melhorar o atendimento de famílias que buscam auxílio para superar suas vulnerabilidades. “Sozinho, a gente não faz a roda girar. Não tem como”, afirma Liliane Moura, assistente social institucional. 

Em desenvolvimento desde janeiro, o projeto já realizou algumas pontes. “Nós desenvolvemos parcerias com a rede, então a equipe tem buscado parceiros, sejam eles ONGs, rede assistencial ou serviços que estão aqui no nosso entorno, com o objetivo de alinhar parcerias em relação aos atendimentos que a gente realiza. Além de serem fontes encaminhadoras de famílias, para complementar o trabalho que a gente faz aqui”, conta Talita Lima, líder do projeto Cidadania em Rede.

O bom funcionamento do Instituto C depende fortemente do apoio de uma rede que conta com alguns equipamentos, já que famílias chegam ao IC com demandas que não se solucionam ali. “Essa necessidade de parceria sempre existiu em todos os projetos do Instituto”, lembra Talita.

Diante desse contexto, a equipe busca encontrar esses órgãos para parceria de diversas formas. “Nós vamos para as ruas, mapeamos UBS, escolas e serviços do entorno. Também temos material de divulgação impresso, folder, cartaz – panfletagem mesmo, sabe? Distribuímos na porta da escola abordando os pais, na UBS, conversando com os profissionais. E, claro, fazemos isso virtualmente também”, explica a líder.

Liliane, por exemplo, aprofundou-se no papel dessas instituições parceiras. “Existe uma questão da articulação em rede, da assistência social, que agora está intensa porque estamos conhecendo o entorno e nos apropriando da realidade deste território. Porém, na verdade , ela é muito importante em todos os momentos, afinal a articulação de uma rede dos atores sociais, como UBS, CRAS e escolas, nos ajuda a ter uma visão ampliada da realidade de cada região em que atuamos”, afirma a assistente social. 

Hoje, as parcerias do Instituto C no polo Zona Norte acontecem a partir da aliança com algumas organizações, como a Estação Sustentar – Acciona (empresa em parceria com o SENAC para cursos profissionalizantes), UBS Vila Palmeiras, CRAS Casa Verde, Instituto Responsa (que fornece emprego para ex-presidiários) e ONG Nova Mulher. Isabel Pinheiro, analista de renda, mostra como uma rede fortalecida é essencial para bons resultados, exemplificando a história de uma estação de metrô que está sendo construída na região. “A construtora contratou a Estação Sustentar Acciona, uma empresa para falar sobre impactos social e ambiental e, essa empresa, oferece cursos profissionalizantes para melhorar a empregabilidade das pessoas do entorno. Fizemos uma reunião onde eles nos apresentaram os cursos para que possamos oferecer às nossas famílias, o que já impacta positivamente na renda delas. A relação também é de mão dupla, já que a empresa também nos permitiu levantar as necessidades de cursos e interesses das famílias que atendemos para que eles possam oferecê-los na região”, diz Isabel.

Sendo assim, a articulação de rede é fundamental para o fortalecimento de todos os envolvidos e para ajudar quem está na ponta, de fato, das necessidades. A rede, então, é literal: “A palavra vem da junção de unir vários pontos com o objetivo maior, que é atender os nossos assistidos, as pessoas em situação de vulnerabilidade social”, finaliza Liliane.

Áreas de atendimento

Crianças com deficiências e a importância da educação digna

Entre todos os atendimentos do Instituto C, está também o incentivo à educação das crianças com deficiência – com o objetivo de incluir esses jovens no sistema educacional, melhorando a qualidade de vida deles e de toda a sua família. Para entender um pouco mais sobre esse panorama, Katia Moretti, coordenadora do PAF – Plano de Ação Familiar, projeto realizado desde 2012, afirma que é um direito de toda e qualquer criança, com ou sem deficiência, frequentar a escola. “A presença delas no ambiente educacional contribui muito para o seu desenvolvimento, sobretudo nesses casos”, diz. 

Os desafios desse processo são vários, e um dos primeiros é a conscientização da mãe para que ela entenda a importância de sua criança ter educação escolar. “Os cenários são muito diferentes, então a gente tem que entender que, se a mãe está consciente desse direito, ela tem autonomia para fazer escolhas”, explica Lualinda Toledo, pedagoga e técnica de referência. De acordo com as leis brasileiras, toda criança deve acessar a escola obrigatoriamente a partir dos 4 anos de idade – e, a criança com deficiência tem os mesmos direitos à uma educação inclusiva na escola regular.

A pedagoga ainda relembra que, historicamente, as pessoas com deficiência, assim como diversas outras minorias, não acessam os mesmos espaços da sociedade. “A falta de conhecimento de seus direitos e a ideia de não-protagonismo daquela criança dificulta que esses pais e responsáveis compreendam essa garantia”, argumenta Lualinda.

O PAF ressalta que o trabalho de entender a importância da inserção das crianças passa por diferentes frentes e profissionais. Muitas vezes ele não é tão evidente, e requer também o trabalho de pedagogas, psicólogas, nutricionistas e médicos neste processo.

No Instituto C existem dois casos de adolescentes de 17 anos que nunca acessaram a educação, conta Lualinda. “Isso representa jovens que passaram suas vidas inteiras no sofá da sala ou do quarto. Muitas mães nessa situação afirmam que não sabiam que os filhos tinham direito de estudar, uma realidade tão triste quanto cotidiana em famílias brasileiras com crianças deficientes. Ninguém sente falta dessas crianças no ambiente escolar”, lamenta a pedagoga. 

Outro ponto no processo de conscientização familiar é a compreensão de que a escola não é apenas para aprender a ler e escrever, mas também para socializar e interagir com o mundo exterior – e conviver com outras crianças.

Enquanto isso, do outro lado da batalha pela educação de crianças com deficiência, está também a necessidade de toda uma estrutura de qualidade para que a criança frequente a escola – do transporte aos profissionais responsáveis pela medicação, por exemplo. “E aí começa a luta”, afirma Lualinda. Então, além da conscientização, o Instituto também entra na batalha para preparar a escola para que essa rotina seja fluída – afinal muitas mães não se sentem seguras em deixar o filho na escola. 

Acesso, frequência e permanência são palavras chave no momento de observar como esse cotidiano na escola está ocorrendo, segundo a pedagoga. “A gente trabalha com a família a ideia de ter a escola como um parceiro, não um enfrentamento. É uma função de entrar em contato, explicar, auxiliar e buscar soluções juntos”, acrescenta Lualinda. 

Por fim, é importante lembrar que a criança estando na escola, a qualidade de vida das mães também encontra melhorias. “Essa mãe tem mais tempo para dar conta de demandas da vida dela, como arrumar a casa e ter um momento de autocuidado”, afirma Katia. Além de outros benefícios, como até mesmo a alimentação fornecida pela escola.

“A gente precisa ter cuidado com a família, porque estamos falando de uma criança que tem direitos violados e os responsáveis também sentem essa violação. Se o ambiente educacional não for acolhedor para criança, as famílias não vão levar seus filhos até lá. Então, a gente trabalha no fortalecimento dessas pessoas para que elas tenham autonomia para lutar por seus direitos. Se a escola já é difícil para alguém que não tem deficiência, imagina para quem tem…”, reflete Katia.