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Garantia de direitos e acesso a medicamentos: como buscar?

O acesso a medicamentos é um direito garantido pela Constituição Brasileira, essencial para a continuidade de tratamentos, especialmente para pessoas com doenças crônicas. 

Segundo uma pesquisa feita pela Open Society Foundations, 1/3 da população mundial não tem acesso aos medicamentos que precisa, principalmente porque não consegue pagar por eles. O Brasil é líder na batalha por medicamentos acessíveis, no entanto, muitos ainda enfrentam barreiras significativas para ter este direito garantido. 

Este artigo visa orientar sobre os canais e processos necessários para obter medicamentos e explicar como o Instituto C atua para facilitar essa garantia.

Importância do direito à saúde e do acesso universal aos medicamentos

O direito à saúde é um dos pilares fundamentais para a dignidade e bem-estar humano, sendo essencial para o desenvolvimento de qualquer sociedade. O acesso universal aos medicamentos, como parte integral desse direito, é importante para a prevenção, tratamento e controle de doenças.

O direito à saúde é garantido pela Constituição Brasileira e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é a estrutura responsável por assegurar que todos os cidadãos tenham acesso a serviços de saúde, incluindo a obtenção de medicamentos necessários para tratamento.

Importância do direito à Saúde:

  1. Prevenção de doenças: O acesso a serviços de saúde e medicamentos é fundamental para prevenir doenças e promover a saúde. Programas de vacinação, por exemplo, dependem do acesso a medicamentos para prevenir doenças infecciosas.
  2. Tratamento e controle: Doenças crônicas como diabetes, hipertensão e asma requerem tratamento contínuo com medicamentos específicos. Sem acesso a esses medicamentos, os pacientes podem sofrer complicações graves.
  3. Qualidade de vida: Ter acesso a tratamentos adequados melhora significativamente a qualidade de vida dos indivíduos, permitindo que vivam de forma mais saudável e produtiva.
  4. Redução das desigualdades: O acesso universal aos medicamentos ajuda a reduzir as desigualdades em saúde, proporcionando tratamento para todos, independentemente da condição socioeconômica.

Impactos do acesso universal a medicamentos:

  1. Equidade em Saúde: Assegura que todas as pessoas, independentemente de sua situação financeira, tenham acesso aos medicamentos que precisam.
  2. Redução de mortalidade e morbidade: A disponibilidade de medicamentos essenciais contribui para a redução das taxas de mortalidade e morbidade associadas a várias doenças.
  3. Desenvolvimento econômico: Populações saudáveis são mais produtivas, o que contribui para o desenvolvimento econômico do país.
  4. Justiça social: O acesso universal aos medicamentos é um passo importante para alcançar a justiça social, garantindo que todos os cidadãos tenham igual oportunidade de acesso à saúde.

Principais barreiras no acesso a medicamentos

De acordo com Renata, analista de projetos do Polo Centro, a falta de informação é a principal barreira enfrentada pelas pessoas. Muitas não sabem que o acesso a medicamentos é um direito e que deve ser garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou pelo Estado. 

Além disso, há uma burocratização do sistema, que dificulta ainda mais o acesso, especialmente para famílias atípicas com múltiplas demandas diárias.

O papel do Instituto C

O Instituto C trabalha em articulação com a rede assistencial e intersetorial para garantir que as famílias tenham acesso aos medicamentos necessários. O objetivo é que as famílias conheçam seus direitos e saibam como conquistá-los. 

As técnicas do projeto orientam e acompanham as famílias durante todo processo de garantia desse direito, e quando se deparam com negativas, acionam a Defensoria Pública do Estado, explica a coordenadora do Polo Centro, Kátia. 

“Durante esse processo de conquista da medicação, em alguns casos, o Instituto C fornece o remédio, como um benefício emergencial, para que a saúde da criança não seja prejudicada pela sua falta”, finaliza a profissional.

Passo a passo para obter medicamentos

Para ajudar aqueles que precisam de medicamentos caros ou difíceis de obter, Katia e Renata compartilharam um passo a passo:

  1. Rede pública de saúde: Após receber a prescrição, é necessário buscar as farmácias da rede pública de saúde, localizadas em Unidades Básicas de Saúde (UBS), AMA, AME, hospitais ou as unidades do Programa Farmácia Popular.
  2. Farmácia de alto custo: Se o medicamento não for fornecido pelos locais mencionados, deve-se buscar a Farmácia de Alto Custo, responsável pela dispensação de medicamentos específicos.
  3. Solicitação judicial: Caso haja uma negativa, é possível realizar a solicitação do medicamento ao Estado por vias judiciais.

Canais e Programas de Apoio

Segundo Kátia, existem alguns programas de acesso a medicamentos que podem ser municipais ou estaduais. “Como exemplo, temos o programa Dose Certa, que é um programa de Assistência Farmacêutica do Governo do Estado de São Paulo. A finalidade desse programa é facilitar e aperfeiçoar o acesso da população aos medicamentos no âmbito da Atenção Básica”, complementa.

Renata explica que a população também pode obter informações sobre medicamentos através do “Remédio na Hora”. Essa é uma ferramenta digital que auxilia a encontrar em quais farmácias das unidades da rede de saúde os medicamentos buscados estão disponíveis.

Farmácia Popular: Programa do Governo Federal que visa complementar a disponibilização de medicamentos utilizados na Atenção Primária à Saúde, por meio de parceria com farmácias e drogarias da rede privada.

Programa Dose Certa: Um programa de Assistência Farmacêutica do Governo do Estado de São Paulo, que facilita o acesso aos medicamentos no âmbito da Atenção Básica.

Remédio na Hora: Ferramenta digital da Prefeitura de São Paulo que auxilia a encontrar em quais farmácias das unidades da rede de saúde os medicamentos estão disponíveis.

Remédio em Casa: Consiste na entrega domiciliar de medicamentos em quantidades suficientes para o período de 90 dias; para portadores de doenças/ patologias crônicas;  estáveis e controlados clinicamente; em acompanhamento nas Unidades de Saúde de São Paulo.

A equipe do Instituto C também disponibiliza um link da prefeitura de São Paulo (clique aqui) que reúne todas estas informações para auxiliar as famílias em caso de dúvidas posteriores.

Garantir o acesso universal aos medicamentos é um passo essencial para a construção de uma sociedade mais justa e saudável, onde todos têm a oportunidade de viver com dignidade e bem-estar!

Esse artigo foi escrito com a contribuição da Coordenadora de Projetos do Polo Centro Kátia Moretti e a Analista de Projetos Renata Chiapetta.

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Comunicação não violenta: uma ferramenta para fortalecer relações familiares

A comunicação é a base de qualquer relacionamento. Ela é o elo que conecta pensamentos, sentimentos e necessidades entre as pessoas. No entanto, quando mal conduzida, pode se tornar uma fonte de mal-entendidos, conflitos e distanciamentos. 

Nesse contexto, a Comunicação Não Violenta (CNV) surge como uma poderosa ferramenta para transformar e fortalecer as relações familiares, promovendo um ambiente de respeito, empatia e compreensão mútua.

O que é comunicação não violenta?

Desenvolvida pelo psicólogo Marshall Rosenberg nos anos 1960, a Comunicação Não Violenta é uma abordagem que busca promover a empatia e a conexão entre as pessoas. Ela se baseia em quatro componentes principais: 

  • observação;
  •  sentimentos;
  •  necessidades;
  • pedidos. 

Essa prática nos convida a expressar nossas necessidades e emoções de forma clara e honesta, ao mesmo tempo em que nos incentiva a ouvir o outro com empatia e sem julgamentos.

A CNV é transformadora no ambiente familiar, onde as emoções costumam ser intensas e as relações complexas. Ao aplicá-la no dia a dia, as famílias podem reduzir os conflitos, melhorar a qualidade das interações e fortalecer os laços afetivos.

A importância da Comunicação não violenta nas relações familiares

No Instituto C, a CNV é amplamente aplicada em todas as atividades, especialmente nas que envolvem as famílias atendidas. 

Lucas Pisciotta, Agente de Ação Social e responsável pela Triagem e Monitoramento do Polo Zona Norte, destaca a importância dessa abordagem:

A Comunicação Não Violenta é fundamental nas relações porque promove um ambiente de respeito e empatia, contribui para que escutemos o outro com clareza e fortalece os vínculos. A CNV, ao focar na escuta ativa, ajuda a evitar mal-entendidos e conflitos desnecessários, promovendo colaboração em vez de criar ambientes de competição ou confronto, ajudando a reduzir o estresse causado por mal-entendidos.

Esse é o diferencial entre uma convivência pacífica e uma marcada por conflitos. Quando os membros da família são capazes de expressar seus sentimentos e necessidades de forma clara e respeitosa, eles constroem um ambiente de confiança e segurança emocional, onde todos se sentem ouvidos e valorizados.

Transformando relações interpessoais

A CNV não se limita ao ambiente familiar; ela também é eficaz em outras esferas da vida, como no trabalho e em amizades. Lucas compartilhou uma história marcante de sua experiência:

Durante uma roda de conversa em uma escola, um jovem compartilhou que estava sofrendo bullying. O rapaz que o incomodava estava presente e, ao ouvir o relato, começou a praticar a escuta ativa. Essa escuta resultou em compreensão e acolhimento, e os dois jovens iniciaram uma conversa que abriu a porta para uma possível grande amizade!

Essa pequena história ilustra o poder transformador da comunicação. Ao exercitar a escuta ativa e a empatia, é possível transformar relações superficiais em laços profundos e significativos.

Desafios e benefícios da prática

Apesar dos benefícios evidentes, adotar a CNV no dia a dia pode ser desafiador. Lucas aponta que “a maior dificuldade geralmente é a mudança de hábitos na comunicação. Mudar padrões para uma comunicação empática e não violenta pode ser uma tarefa difícil, mas é fundamental para melhorar a qualidade das relações.

A prática contínua traz inúmeros benefícios para o bem-estar emocional e mental. Lucas ressalta que “a CNV exercita a empatia e promove conexões profundas. Quando estamos dispostos a ter uma escuta ativa de qualidade para com o outro, fortalecemos nossa empatia em relação ao mundo, ajudando na compreensão e validação dos sentimentos próprios e dos outros.

No Instituto C, a CNV não só melhora a comunicação entre os membros da equipe, mas também fortalece as relações com as famílias atendidas. “A prática constante da escuta ativa desempenha um papel fundamental em nosso trabalho. Ela não apenas facilita a comunicação interna, mas também é crucial para o desenvolvimento de laços significativos com as famílias que frequentam o Instituto“, acrescenta Lucas.

Dicas para você começar a praticar a comunicação não violenta

Para quem deseja começar a aplicar a CNV em suas relações, Lucas oferece algumas dicas práticas:

  1. Pratique a auto-observação: Observe seus padrões de comunicação e reações para identificar onde essa abordagem pode ser aplicada. Isso ajuda a aumentar a conscientização sobre suas emoções e comportamentos.
  2. Exercite a escuta ativa: Em uma conversa, dedique-se a ouvir sem interromper! Reflita sobre o que foi dito e faça perguntas para garantir que entendeu corretamente.
  3. Expresse seus sentimentos e necessidades de forma clara: Use frases como “Eu me sinto [sentimento] quando [situação] porque [necessidade]” para comunicar suas emoções de maneira respeitosa, evitando culpar o outro.
  4. Pratique a empatia: Coloque-se no lugar do outro para entender suas perspectivas e valide suas emoções. Isso fortalece as conexões interpessoais.
  5. Tenha paciência com seu progresso: Mudar hábitos de comunicação leva tempo e prática, então seja gentil consigo mesmo enquanto desenvolve essas habilidades.

Comunicação não violenta no Instituto C

No Instituto C, a prática da Comunicação Não Violenta tem sido um esforço contínuo para criar um ambiente de trabalho mais acolhedor, onde o respeito e a empatia são buscados diariamente. 

“A Comunicação Não Violenta é uma ferramenta fundamental para garantir que nossas atividades sejam conduzidas com respeito mútuo e eficácia, promovendo uma troca genuína e enriquecedora entre todos os envolvidos”, afirma Lucas. 

Ao tentar incorporar a CNV em suas práticas, o Instituto C procura fortalecer as relações internas e, ao mesmo tempo, criar um impacto positivo na vida das famílias atendidas. Embora os desafios sejam constantes, o compromisso em promover um ambiente de acolhimento e colaboração permanece firme. 

A Comunicação Não Violenta é mais do que uma técnica; é uma filosofia de vida que pode transformar profundamente as relações familiares e interpessoais.

Que possamos todos praticar a CNV em nossas vidas, contribuindo para uma sociedade mais empática e colaborativa.

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Aniversário solidário: Sua celebração em um ato de solidariedade

Celebrar mais um ano de vida é sempre motivo de alegria e festa. Contudo, e se você pudesse transformar esse momento em algo ainda mais significativo? O Instituto C oferece a você a chance de fazer do seu aniversário uma ocasião especial para apoiar aqueles que mais precisam, por meio do Aniversário Solidário.

O que é o Aniversário Solidário?

O Aniversário Solidário é uma ação solidária que permite transformar sua festa de aniversário em uma fonte de arrecadação para apoiar projetos sociais. Em vez de receber presentes, você pode solicitar aos seus convidados que façam doações a uma organização social como o Instituto C. 

Segundo Paloma Costa, Gerente de Relacionamento do Instituto C, “essa ação não só ajuda a financiar projetos essenciais, mas também promove a cultura da doação e da solidariedade entre os convidados. Muitas pessoas fazem a sua primeira doação da vida em eventos assim”.

Como funciona o Aniversário Solidário?

Participar é fácil. Ao optar por celebrar seu aniversário de forma solidária, o Instituto C cria um link exclusivo e personalizado para você compartilhar com seus convidados. Ao invés de presentes, você pode pedir aos seus amigos e familiares que façam uma doação para o Instituto C por meio deste link e ao longo da ação você poderá acompanhar todas as doações que entram, garantindo transparência e permitindo que veja o impacto direto de sua iniciativa. 

“Nós criamos uma página de doação personalizada, com foto, mensagem e valores  escolhidos pelo aniversariante. Durante toda a ação o aniversariante terá acesso ao controle de doações que entram e após a celebração, combinamos se ele prefere que o Instituto C faça um agradecimento no perfil do Instagram para ele ou se prefere que façamos um cartão agradecimento para ele compartilhar com os convidados. Tudo é adaptado de acordo com o que o aniversariante desejar, explica Paloma.

Solidariedade nas celebrações

O conceito de Aniversário Solidário vai além de apenas arrecadar fundos, ele cria um espaço para diálogos sobre a importância da solidariedade e do apoio mútuo. Iniciativas como esta podem inspirar outros a pensar sobre como suas celebrações podem servir a um propósito maior.

O Instituto C facilita todo o processo, tornando a experiência simples e gratificante para os anfitriões e seus convidados. 

“Nossa intenção é fazer com que cada aniversário se transforme em uma história de esperança e ajuda, onde cada convidado se sinta parte de algo maior. Ao escolherem contribuir, seus convidados estarão participando ativamente da mudança social, transformando um gesto de comemoração em um ato de grande impacto social”, destaca Paloma.

Quais são as vantagens de usar o aniversário como uma ação social?

Usar o aniversário como uma ação social oferece diversas vantagens, tanto para o aniversariante quanto para a sociedade. Aqui estão algumas delas:

Promover a solidariedade e a cultura da doação

Transformar uma celebração pessoal em um ato de solidariedade promove a cultura da doação entre amigos e familiares. Isso pode inspirar outros a fazerem o mesmo em suas próprias celebrações.

Engajamento comunitário

Uma ação social durante o aniversário engaja a comunidade em uma causa nobre, criando um sentimento de união e propósito entre os convidados.

Ajudar quem precisa

A arrecadação de doações, fornece recursos essenciais para organizações e comunidades carentes, fazendo uma diferença real na vida de muitas pessoas.

Sensação de realização pessoal

O aniversariante sente uma enorme satisfação pessoal ao saber que sua celebração está contribuindo para uma causa maior, trazendo um sentido de propósito e realização.

Transparência e confiabilidade

Instituições como o Instituto C oferecem transparência no processo de doação, permitindo que o aniversariante e os convidados acompanhem os resultados e impactos das suas contribuições.

Simplicidade 

Organizar uma ação social através do aniversário é simples. O Instituto C facilita o processo, criando links personalizados e fornecendo suporte para que tudo corra bem.

Alternativa sustentável aos presentes

Substituir presentes materiais por doações promove um consumo mais consciente e sustentável, reduzindo o desperdício e focando em necessidades reais.

Exemplo positivo para crianças e jovens

Ao envolver crianças e jovens em ações sociais, promovemos valores importantes de empatia, solidariedade e responsabilidade social desde cedo.

Visibilidade e conscientização

A realização de ações sociais pode aumentar a visibilidade de causas importantes e incentivar outras pessoas e organizações a se envolverem e contribuírem de maneiras similares.

Outros tipos de eventos solidários

Existem muitos outros tipos de eventos solidários que podem ser organizados para promover causas sociais e ajudar quem mais precisa. Aqui estão alguns exemplos:

Caminhadas e corridas beneficentes

Organizar caminhadas ou corridas onde os participantes pagam uma taxa de inscrição que é revertida para uma causa específica.

Bazares e feiras de caridade

Eventos onde itens doados, como roupas, livros, brinquedos e alimentos, são vendidos, e os fundos arrecadados são destinados a projetos sociais.

Jantares e festas beneficentes

Organizar jantares, festas ou bailes onde os ingressos vendidos contribuem para uma causa social. Esses eventos podem incluir leilões ou rifas para arrecadar ainda mais fundos.

Shows e concertos de caridade

Músicos e artistas se apresentam por uma taxa reduzida, com toda a receita dos ingressos sendo doada para uma causa específica. Um exemplo recente é o cantor Bruno Mars, que irá realizar um show exclusivo no Brasil, visando ajudar as vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul.

Para participar, os fãs fazem doações através da página da ONG Ação da Cidadania, onde a cada R$ 50 doados dá direito a um número da sorte para concorrer a um par de ingressos para o show exclusivo.

Workshops e palestras beneficentes

Oferecer workshops, seminários ou palestras onde os participantes pagam uma taxa de inscrição que é revertida para causas sociais.

Eventos esportivos 

Torneios de futebol, basquete, vôlei ou outros esportes onde as taxas de inscrição e entradas são destinadas a causas beneficentes.

Gincanas e competições 

Organizar gincanas ou competições onde as equipes competem para arrecadar o maior número de doações para uma causa específica.

Celebre a vida fazendo o bem!

Ao decidir por um Aniversário Solidário, você escolhe compartilhar sua alegria de uma maneira que beneficia a comunidade como um todo. Se você está procurando uma maneira de celebrar que seja tanto festiva quanto significativa, considerar um aniversário solidário pode ser o caminho perfeito para deixar uma marca positiva no mundo.

Para mais informações sobre como você pode organizar seu próprio Aniversário Solidário com o Instituto C, entre em contato conosco pelo nosso formulário ou envie um e-mail para a Paloma: paloma.costa@institutoc.org.br 

Seu aniversário pode ser o começo de muitas histórias felizes. Faça dessa comemoração um marco na vida de alguém. Participe!

Esse artigo foi escrito com a contribuição da Gerente de Relacionamento do Instituto C, Paloma Costa.

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A Importância do brincar no fortalecimento do vínculo familiar

O papel do brincar na família

Brincar é uma ferramenta poderosa no IC, valorizamos esses momentos lúdicos e trabalhamos para conscientizar as famílias sobre seus benefícios.

O ato de brincar proporciona uma troca de afeto, aprendizado e a construção de memórias. Ana Lucia explica: “O vínculo é estabelecido pela interação e conexão entre pais e filhos, e o brincar é um momento especial para isso. Ele proporciona troca de afeto, aprendizado, construção da relação e a criação de memórias.

Giovana destaca que brincar contribui para que os pais passem mais tempo de qualidade com seus filhos: “As crianças sentem que aquele tempo está sendo dedicado a elas e a algo que elas se interessam, criando memórias afetivas importantes para o desenvolvimento de um ser humano“, diz ela. Essas interações fomentam a empatia e a comunicação, elementos essenciais para uma convivência harmoniosa.

As brincadeiras em família também são fundamentais para a sensação de pertencimento das crianças. Ana observa que: “a interação em família traz para a criança a sensação de pertencimento e de que ela é muito importante. As relações vão se fortalecendo, e é através do lúdico que a criança vai conhecendo o mundo e aprendendo a interagir com ele.” Giovana complementa que se divertir juntos demonstra interesse e afeto: “O fato do adulto dedicar um tempo às brincadeiras faz com que, no inconsciente da criança, questões de pertencimento, autoestima e valor sejam registradas.

Brincar também ajuda no desenvolvimento emocional e social. A Assistente Social ressalta: “Brincar implica em organizar, seguir regras, repensar regras, dialogar, considerar o outro, se movimentar, explorar, sentir, cair, levantar, ganhar, perder… Todas essas são experiências indispensáveis para a formação de adultos com repertório social e emocional.” Ana Lucia afirma: “A criança aprende a lidar com suas emoções e a se autorregular diante de um ‘não’. É no brincar que ela vai aprender a organizar suas ideias, lidar com frustrações e criar.” 

Assim, brincar oferece às crianças um espaço seguro para explorar o mundo ao seu redor e entender suas próprias emoções, permitindo que cresçam com uma base sólida de habilidades emocionais e sociais que serão essenciais ao longo da vida.

Atividades lúdicas para fortalecer laços familiares

Há diversas atividades lúdicas que podem ser eficazes na criação de laços familiares fortes. A pedagoga sugere que “O mais importante é que o tempo do brincar seja respeitado e que todos envolvidos estejam participando de fato. Resgatar as brincadeiras antigas é um ótimo caminho. O importante é que precisam ser pensadas em relação à idade das crianças, elas podem ser mais físicas (pega-pega, esconde-esconde, dança das cadeiras etc.) ou em espaços fechados (brinquedos de montar, mímica, cantar e dançar, stop, memória, teatro, cinema em casa, bingo etc.). Desafios são sempre bem-vindos!

Com isso, Giovanna introduz um método muito interessante, chamado de Montessori, e diz:  “Estudando mais sobre esse método, é interessante notar que ele não propõe atividades fixas, mas sim maneiras de enxergar a experiência da infância com mais cuidado. Por exemplo, sugere comportamentos como permitir que a criança erre, escolha o que quer comer e vestir, e como quer usar o cabelo (quando possível e coerente). Esses comportamentos, quando bem trabalhados no cotidiano, abrem espaço para relações baseadas na sinceridade e no afeto dentro das composições familiares.” 

Se você gostou e quer saber mais sobre esse método, clique aqui!

Tipos de brincadeiras que são mais apropriadas para diferentes idades e estágios de desenvolvimento:
  1. Brincar solitário – Menos de 2 anos: Nesta fase, os bebês balbuciam para ouvir o som da própria voz, pegam objetos e levam na boca, e batem objetos para aprender sobre repetição. Isso faz parte do aprendizado de habilidades motoras e cria bebês ativos e curiosos.
  2. Brincar paralelo – 2 anos de idade: O jogo paralelo é quando a socialização começa. Os bebês brincam próximos uns dos outros, mas não interagem diretamente. Este é o primeiro estágio em que eles começam a perceber os outros.
  3. Brincar imitativo – 2-3 anos: As crianças começam a imitar pessoas ao seu redor, adotando ações das crianças da mesma idade. Este é o primeiro sinal externo de reconhecer os outros.
  4. Brincar associativo – 3-4,5 anos: As crianças brincam juntas, mantendo interesses independentes e discutem o que estão fazendo, mas ainda não trabalham em direção a um objetivo comum.
  5. Brincar cooperativo – 4-6 anos de idade: Durante o jogo cooperativo, as crianças começam a trabalhar em direção a um objetivo comum. Elas interagem e colaboram, desenvolvendo habilidades de socialização importantes.

Essas informações não são uma regra fixa, mas servem como uma referência para pais, familiares e profissionais compreenderem em qual fase de desenvolvimento uma criança está.

Benefícios do brincar para os pais e responsáveis

Existem benefícios também para os cuidadores! Giovana observa que “o principal benefício que os pais recebem inicialmente é ter o vínculo com os filhos fortalecido. Posteriormente, podem desfrutar de jovens mais autônomos, que conhecem melhor suas capacidades, que sabem se comunicar e que se propõem a diferentes atividades.

Ana aponta que “o maior benefício para os pais durante o brincar, no meu entender, é a oportunidade de estar junto de uma maneira mais relaxada e descontraída.” 

Dessa forma, o envolvimento nas brincadeiras pode servir como uma alternativa para o estresse advindo da rotina, além de enriquecer a conexão emocional.

Superando desafios – Incorporar o Brincar na Rotina

Sabemos que incorporar o brincar na rotina familiar pode ser um desafio devido às demandas do dia a dia. Giovana comenta que “os desafios são diversos: algumas mães, por exemplo, se queixam das duplas/triplas/quadruplas jornadas que assumem e, por isso, não conseguem ter disposição, disponibilidade ou tempo para investir em brincadeiras com as crianças.

Pensando na rotina e nos desafios, Ana diz que “não precisam se preocupar em ter muitos brinquedos. O importante é tentar encontrar, dentro das atividades do cotidiano, formas de interação. Durante as refeições pode-se brincar de inventar histórias onde cada um inventa uma parte, ao escovar os dentes, brincar de fazer caretas…” 

Essas sugestões mostram que mesmo pequenos momentos de descontração podem ser transformados em oportunidades de interação e aprendizado!

A cultura no brincar

As diferentes culturas abordam o conceito de maneiras únicas. Ana Lucia menciona que “o brincar está presente em todas as culturas. A brincadeira traduz valores, costumes e formas de pensar.”

Giovana destaca que “é um desafio para os adultos entender que além de permitir que as crianças brinquem, é necessário permitir que elas façam isso de forma livre e espontânea.” 

Além disso, comunidades e instituições desempenham um papel crucial nisso! Ana compartilha sua experiência: “no Instituto C, o brincar apareceu como tema da Roda de Conversa, encontros semanais onde as famílias conversam, trocam ideias e refletem sobre um assunto.

Esses encontros e discussões ajudam a conscientizar sobre a importância e a incentivar a incorporação de atividades lúdicas na rotina familiar, promovendo um ambiente de aprendizado contínuo.

Ao superar os desafios diários e incorporar o lúdico nas interações familiares, as famílias podem desfrutar de laços mais fortes e saudáveis.

Agora você já sabe! Investir tempo e energia no brincar é um passo importante para construir uma base sólida para o futuro das crianças!

Te convidamos para explorar nosso artigo sobre a primeira infância! Lá falaremos sobre a importância de investir nos primeiros anos de vida, clique e confira!

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O Dia Mundial de Conscientização do Autismo e o compromisso do Instituto C com a inclusão e o apoio

Todo dia 2 de abril, o mundo se une para celebrar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma oportunidade importante para aumentar a compreensão e promover a inclusão de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este dia destaca a importância de reconhecer e valorizar as características únicas de cada pessoa no espectro autista, bem como de apoiar suas necessidades e proporcionar oportunidades para que alcancem seu pleno potencial.

Quando foi criado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo?

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e foi oficialmente reconhecido em 18 de dezembro de 2007, através de uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas. A primeira celebração ocorreu em 2 de abril de 2008. Desde então, o dia tem sido observado anualmente em todo o mundo para aumentar a conscientização sobre o autismo e promover a inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na sociedade.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o autismo afeta uma em cada 100 crianças em todo o mundo. O TEA se caracteriza por desafios na comunicação e interação social, podendo incluir também comportamentos repetitivos, interesses restritos e dificuldades no processamento de estímulos sensoriais (som alto, cheiro forte, multidões). Além disso, problemas de aprendizagem e a adoção de rotinas específicas são comuns entre indivíduos com TEA.

É importante ressaltar que o autismo é agora entendido como um espectro com uma ampla variedade de manifestações fenotípicas. Isso significa que existem diferentes formas de expressão do autismo, com variações na intensidade dos sintomas de uma pessoa para outra.

O TEA pode ser classificado em três níveis, determinados pelo grau de apoio necessário para o indivíduo: nível 1 (suporte leve), nível 2 (suporte moderado) e nível 3 (suporte elevado). Essa classificação auxilia na compreensão das necessidades individuais e na adequação dos recursos de apoio disponíveis para cada caso.

O compromisso do Instituto C no auxílio de pessoas autistas

Neste contexto, o Instituto C desempenha um papel fundamental na promoção da conscientização e no suporte às famílias com crianças autistas, fornecendo serviços multidisciplinares e individualizados para famílias de crianças atípicas.

Uma história inspiradora que exemplifica o compromisso do Instituto C é a de Vanessa, que chegou ao Instituto C em maio de 2023, buscando apoio para lidar com as dificuldades de seu filho autista, Pablo, de 4 anos. 

Por meio dos serviços oferecidos pelo Instituto C, incluindo acompanhamento em psicologia, nutrição, serviço social, educação e geração de renda, Vanessa e Pablo encontraram o suporte necessário para enfrentar os desafios do autismo e do dia a dia, já que Vanessa precisou parar de trabalhar para se dedicar aos cuidados da criança, afetando diretamente a área financeira da família

Vanessa compartilhou como descobriu o Instituto C e o que os motivou a procurar ajuda. “Conheci o Instituto C através de outra mãe, e o que me motivou a procurar foram os atendimentos e também os benefícios, pois foi em um momento bem difícil pra mim e minha família”, disse. Desde então, Vanessa e Pablo receberam uma variedade de serviços e suportes, ressaltando a importância do Instituto C em suas vidas: “É uma rede de apoio que nos ajudou e nos ajuda muito. Só tenho a agradecer.”

Quando questionada sobre a maior mudança ou progresso percebido desde que começaram a receber apoio, ela enfatizou a importância do conhecimento e da evolução pessoal. Através das rodas de conversa aprendi muitas coisas, elas trazem muitas informações que para a maioria das pessoas são desconhecidas. O maior progresso é o conhecimento e a evolução de nós mesmos”, explicou Vanessa. 

Além disso, Vanessa descreveu o ambiente acolhedor e agradável no Instituto C, destacando a influência positiva que isso teve em sua experiência. “Acho um local acolhedor, traz uma sensação de bem-estar, todo o pessoal sempre bem alegre e educado”, compartilhou Vanessa. Essa atmosfera positiva e receptiva contribui para tornar o Instituto C um lugar onde as famílias se sentem apoiadas e valorizadas.

Ao compartilhar sua mensagem com outras famílias que estão passando por situações semelhantes, Vanessa destacou a importância de nunca desistir. “Pra nunca desistir, nem desanimar, que nossos filhos são capazes de aprender e que o diagnóstico não é sentença, é aproveitar o máximo que puder das experiências e suporte que o Instituto C oferece”, concluiu.

A importância da inclusão 

Ao discutir a importância do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, Kátia, coordenadora do Polo Centro, ressaltou a necessidade de combater o preconceito e promover políticas públicas que atendam às necessidades das pessoas no espectro autista. “Ainda existe muito preconceito com relação ao autismo, e as mães relatam muito isso. Então é importante ter essa conscientização sobre o autismo para promover um olhar mais amplo e político, para garantir os direitos e a inclusão das pessoas no espectro autista.”

Kátia, também comentou sobre o trabalho do Instituto C, destacando os incentivos às famílias a buscarem oportunidades de inclusão para seus filhos. “O nosso trabalho é como se fosse uma ponte, promovemos esse olhar das famílias para as necessidades que essas crianças têm de participar das atividades sociais, educacionais e recreativas. 

Então, vamos promovendo inclusão no sentido de instigar e fomentar que essas mães vão em busca, para que não haja segregação, que é o que acaba acontecendo, mas que elas possam lutar para que essas crianças estejam inseridas nessas atividades”, afirmou a profissional.

Além de enfrentar a vulnerabilidade financeira, as mães lidam com outros desafios, como a sobrecarga emocional e dificuldade de acesso a serviços. É essencial que elas se vejam não apenas como cuidadoras, mas como mulheres com direitos e necessidades próprias. Fortalecendo essas mães, estamos fortalecendo também as crianças e toda a dinâmica familiar. Assim, o Instituto C busca fortalecê-las por meio de apoio emocional e de criação de vínculos.

“O impacto mais significativo que temos com o acompanhamento das famílias com crianças autistas é o cuidado direcionado às mães, que são as principais responsáveis pelo bem-estar dessas crianças. 

Enquanto a criança autista recebe alguns acompanhamentos e serviços, é a mãe que muitas vezes carece de apoio e orientação. Por isso, nosso trabalho tem um impacto significativo em suas vidas, proporcionando o fortalecimento emocional e prático de mães que muitas vezes se encontram sobrecarregadas e desamparadas”, explica Kátia.

Apoie o Instituto C

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é uma oportunidade não apenas para reconhecer as habilidades e contribuições das pessoas no espectro autista, mas também para renovar nosso compromisso com a inclusão, o apoio e a compreensão. O Instituto C é um exemplo inspirador de uma organização que não apenas reconhece a importância dessa causa, mas também trabalha incansavelmente para fazer a diferença na vida das famílias e das crianças autistas em suas comunidades.

A sua contribuição pode fazer toda a diferença na vida dessas pessoas. Ao doar para o Instituto C, você está possibilitando que mais famílias tenham acesso a serviços essenciais. Sua doação ajuda a construir um ambiente mais acolhedor e inclusivo para aqueles que tanto precisam.

Juntos, podemos promover uma sociedade mais solidária e empática, onde todas as pessoas, independentemente de suas condições, tenham a oportunidade de alcançar seu pleno potencial. Faça parte dessa causa e faça a diferença na vida de quem precisa. Doe para o Instituto C e ajude a transformar vidas!

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A importância de falar sobre o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo

O Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil foi estabelecido em 28 de janeiro. Ainda no século XXI, percebemos a necessidade de reflexão e conscientização sobre como a questão histórica reverbera até os dias de hoje em nosso país.

Isso porque, de acordo com dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Brasil encontrou 2.575 pessoas em situação deplorável em  2022. Nesse mesmo estudo, no período de 2003 a 2022, as mulheres resgatadas representaram 5,73%. Já em 2021, foram 10,42% mulheres em situação de trabalho precário.

Aqui, vamos refletir um pouco sobre o passado histórico do Brasil, como essa escravização reverbera nos dias de hoje em nossa população e como a inclusão produtiva pode ser um dos caminhos para mudar esse cenário. Você vai encontrar:

28 de Janeiro: Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo

O Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo foi marcado em 28 de janeiro para manter viva a memória do motorista Aílton Pereira de Oliveira e dos auditores fiscais do trabalho Nélson José da Silva, João Batista Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves. 

Em 2004, na cidade de Unaí, no noroeste de Minas Gerais, eles foram brutalmente assassinados por ordem de empresários insatisfeitos com as investigações sobre denúncias de trabalho escravo na região.

Assim, para marcar a luta contra a exploração humana no ambiente de trabalho, nasceu a Lei 12.064/2009, que instituiu o dia 28 de janeiro como o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. Essa data também coincide com o Dia do Auditor Fiscal do Trabalho.

A escravização no Brasil e os números atuais

O período da escravização, extenso e brutal, perdurou por mais de três séculos, iniciando-se com a chegada dos colonizadores portugueses no século XVI e persistindo até a promulgação da Lei Áurea em 1888, que oficialmente aboliu a escravidão. 

Durante esse tempo, milhões de negros foram trazidos para o Brasil como escravizados, sendo submetidos a condições desumanas, trabalhando principalmente nas plantações de açúcar, nas minas e nas propriedades rurais. Após a abolição da escravatura, o Brasil enfrentou desafios significativos na integração dos ex-escravizados à sociedade. 

A ausência de políticas efetivas de inclusão, aliada à persistência de preconceitos, contribuíram para a marginalização e a desigualdade persistente desta população. Essa lacuna na abordagem histórica repercute nos dias de hoje, principalmente nos locais de trabalho ocupados por pessoas negras. A prevalência dessas comunidades em subempregos contribui para uma maior vulnerabilidade social. 

Assim, e como resultado desse contexto histórico, vemos a predominância deste perfil no Instituto C. Isso tudo reverbera no lugar onde as pessoas negras trabalham nos dias de hoje. Sabemos e entendemos que elas ocupam a maior parte dos subempregos. Somado a isso, ainda temos a questão de as mulheres serem, em sua maioria, sozinhas, e ainda menos valorizadas”, afirma Lualinda Toledo, Pedagoga do Instituto C no Polo Centro. Para ela, a escravização moderna vende a ideia de que quanto mais você trabalha, mais você alcança seus objetivos – em troca, não tem quem cuide dos seus filhos.

Ainda de acordo com dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2022 foram resgatadas 2.575 pessoas em situação degradante. Dessas, 61,66% das mulheres autodeclaram parda, mulata, cabocla, cafuza, mameluca ou mestiça. Elas residiam em Minas Gerais (30,57%), 19,69% moravam na Bahia. Em São Paulo (16,58%), em Goiás (8,81%) e Maranhão (8,81%). 

A escravização moderna

Hoje, a escravização moderna assume diversas formas, abrangendo desde o trabalho forçado e tráfico humano até o trabalho infantil, condições precárias de trabalho, dívida por servidão, exploração sexual, restrição à liberdade de movimento e discriminação sistêmica. Combater essa realidade complexa exige esforços globais abrangentes, incluindo regulamentação eficaz, conscientização pública e a promoção de práticas éticas para garantir o respeito aos direitos humanos em todas as esferas da sociedade.

Lualinda enfatiza a conexão entre a escravização moderna e as mães que, por necessidade de trabalhar, enfrentam dificuldades para encontrar cuidado adequado para seus filhos. Isso resulta em cargas de trabalho exaustivas, afetando negativamente o tempo que as mães podem passar com suas crianças. A pedagoga relata casos de crianças próximas a máquinas em ambientes de trabalho, colocando em risco suas vidas devido à falta de alternativas para o cuidado infantil. A escravização moderna, para a mulher que é mãe solo, põe em risco também a vida das crianças, ressalta.

Além disso, os filhos mais velhos também acabam sendo impactados, já que precisam assumir o papel de cuidadores da casa.É um ciclo histórico, onde os mais velhos cuidam dos mais novos para que os pais possam ir trabalhar. As mães não veem isso como uma normalidade, mas sim como uma necessidade”, afirma Lualinda. Daí, temos ainda outra consequência, onde o jovem troca a educação pelo trabalho. “É normalizar o trabalho infantil”, acrescenta.

A escravização moderna ainda se revela nas demandas do trabalho, como a necessidade de trabalhar aos fins de semana, restringindo ainda mais o tempo disponível para o convívio familiar e lazer. Essa condição cria uma narrativa que desvaloriza o tempo de descanso, perpetuando a ideia de que o tempo integral deve ser dedicado ao trabalho, em detrimento do bem-estar e do convívio familiar.

A pedagoga também aborda a questão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) como uma forma de controle do Estado sobre as mães, limitando suas opções de emprego. “A mãe que recebe esse auxílio não pode ter um trabalho de carteira assinada, enquanto esse dinheiro deveria ser apenas para o cuidado da criança”, explica.

Isso porque o benefício, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, é a garantia de um salário mínimo por mês ao idoso com idade igual ou superior a 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade – desde que a renda por pessoa do grupo familiar seja igual ou menor que 1/4 do salário-mínimo. Para Claudete Marcolino, Psicóloga no Polo Centro, além de ser uma forma de escravização, é uma forma de manutenção da vulnerabilidade social.

De acordo com ela, nos atendimentos do Instituto C é presente a questão das mulheres que, muitas vezes, precisam se submeter a trabalhos informais sem nenhuma garantia de direitos.Os acessos a esses trabalhos são para aqueles com maior força física, o que também está conectado à ideia de que somos mais fortes. Daí, são mais horas de trabalho, sem benefício nenhum, sem direitos!”, pontua Claudete.

Para a psicóloga, a preocupação é constante com as crianças e adolescentes dessas famílias. “Eles assumem precocemente responsabilidades em que não há maturidade emocional, nem física e psíquica. Nós temos crianças de 7 ou 8 anos que estão assumindo uma casa. O que isso vai impactar em uma sociedade futura é preocupante, afirma – principalmente porque existe um encadeamento social que impacta várias gerações.Não é um aspecto que acomete apenas a mãe ou apenas o pai, ele acomete toda essa sociedade não-branca, inclusive as crianças, jovens e adolescentes. É uma questão que tem resquício do nosso passado, porque o racismo não acabou – ele existe”, reforça. 

Inclusão produtiva

A inclusão produtiva no Brasil é um desafio complexo, revelando as profundas raízes da cultura escravocrata que ainda persistem. Giovana Santos, analista de geração de renda do Instituto C, destaca a presença constante de exploração em diferentes formas de trabalho, seja sob o regime CLT, PJ ou como autônomo. No Polo Centro, ao atender famílias atípicas, ela também observa a dificuldade enfrentada por mães dependentes do BPC, cuja renda per capita as impede de trabalhar com carteira assinada, colocando barreiras significativas ao acesso aos direitos trabalhistas. “O nosso trabalho se dá ao compreender o contexto de cada indivíduo e de suas condições para buscar soluções juntos”, afirma Giovana.

Além disso, ao atender famílias bolivianas, ela também acrescenta a exploração flagrante e as condições de trabalho precárias. A gente tem que refletir como nós, enquanto população brasileira, acabamos reproduzindo a cultura escravocrata em outras populações, acrescenta. 

Assim, a conscientização sobre a inclusão produtiva é fundamental, como ressalta Maria Eduarda, analista de geração de renda do Instituto C no Polo Zona Norte. Ela observa que muitas das mulheres atendidas pelo projeto, sobretudo negras, estão envolvidas em trabalhos autônomos, desconhecendo seus direitos laborais – apesar de uma jornada fixa de trabalho. “A falta de fiscalização sobre horas extras é apenas um exemplo dessa desinformação“, afirma. Maria Eduarda também destaca a necessidade de trabalhar dentro do contexto de cada família, oferecendo orientações básicas e construindo, junto com elas, soluções adaptadas à sua realidade.

Percebemos que a inclusão produtiva envolve compreender o cenário e as condições individuais, considerando o que é possível no momento a partir de uma escuta atenta e acolhedora. A conscientização sobre direitos trabalhistas, a elaboração de currículos e a orientação sobre processos seletivos são ferramentas essenciais para empoderar essas famílias e promover uma transformação efetiva na inclusão produtiva no Brasil. Para aprender mais sobre o termo, não deixe de conferir este outro artigo para entender as soluções oferecidas pelo Instituto C. 

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Racismo: o que é, leis que combatem e como o IC atua na pauta

Racismo é um assunto complexo que tem impactado comunidades ao redor do mundo. A Lei 7.716/89, conhecida com Lei do Racismo, pune todo tipo de discriminação ou preconceito, seja de origem, raça, sexo, cor, idade. “Quando se aborda o tema do racismo, é possível afirmar que a subjetividade de um ser humano é moldada pelos costumes. Qualquer indivíduo, detentor de direitos, necessita ser amado, reconhecido e valorizado. E, ser alvo de preconceito, resulta em sofrimento. Por isso a importância de trabalhar essas questões para reduzir tal dor entre aqueles que vivenciam essa realidade”, introduz Enia Moura, psicóloga do Instituto C.

Neste artigo, vamos explorar o que é racismo, a origem dele no Brasil, as leis que combatem o racismo no país, recursos disponíveis para educar e combater o racismo sistêmico, e como o Instituto C atua na pauta – através de rodas de conversas, mas também de medidas práticas.

“Dentro do Instituto, a gente entende a importância de falar sobre o racismo estrutural e como esse racismo velado afeta cada um de nós – e a nossa sociedade”, afirma Lualinda Toledo, pedagoga do Polo Centro. Ela ainda acrescenta que as famílias atendidas pela organização já estão consumidas pelo diagnóstico de suas crianças, e que o racismo não é algo que elas compreendam como parte estrutural. “As mães não percebem que elas acessam ou não o direito delas pela cor da pele de seus filhos”, completa. O impacto de todo esse cenário é perverso e, além de atingir os acessos aos direitos, também influencia na saúde mental das famílias. Para mudar tudo isso, é preciso conversar sobre o tema, mas também tomar medidas práticas, como ações antirracistas – que cabem a toda a sociedade.

O que é racismo?

O racismo é a crença de que algumas raças são superiores a outras, resultando em discriminação e tratamento injusto para com as pessoas pertencentes a essas raças. Muitas vezes, o racismo é manifestado através de atitudes preconceituosas, estereótipos negativos e exclusão social. Essa forma de discriminação pode ocorrer em várias esferas da vida, como no ambiente de trabalho, na educação, na saúde e no acesso a serviços básicos.

O racismo pode assumir muitas formas, desde a discriminação explícita até a velada. É importante entender que o racismo não se limita apenas a ações individuais, mas também está enraizado em instituições e estruturas sociais, resultando em desigualdades sistêmicas. Reconhecer e combater o racismo é crucial para criar uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.

Para Claudete Marcolino, também psicóloga do Instituto C, o racismo surge frequentemente durante os atendimentos, mas de uma maneira não verbalizada. “Isso ocorre porque não há uma construção de pensamento em relação à estrutura social, dificultando a identificação do racismo pelas famílias, já que não existe uma estrutura formalmente organizada para tal”, explica.

Um dos lugares onde ele aparece é no diagnóstico das crianças. Segundo ela, estatisticamente, está comprovado que crianças negras recebem um diagnóstico com mais atraso do que crianças brancas. “Esse atraso é mais evidente quando se trata de transtornos comportamentais, pois as questões reais do diagnóstico não são consideradas. Em vez disso, é associado ao contexto uma falta de educação e comportamento inadequado, colocando a responsabilidade na mãe negra e atribuindo tudo aos valores estruturais de uma sociedade que já universalizou seus próprios valores”, explica.

E, uma vez que o diagnóstico é atribuído a uma criança negra, o acesso à saúde, ao tratamento e ao acompanhamento é afetado por impactos físicos e sociais relacionados à melanina. O racismo estrutural se reflete na disparidade de diferença entre uma criança branca com diagnóstico e uma criança negra na mesma situação. Portanto, esse também é um impacto significativo na saúde mental das famílias que lidam com o diagnóstico de uma criança. “Assim, podemos começar a perceber o impacto gerado por uma sociedade que apresenta uma estrutura marcada por um racismo sistêmico e estrutural, os quais dificultam o acesso a diversos recursos. Este é um cenário concreto enfrentado por muitas famílias, que frequentemente não conseguem identificar ou nomear as situações como sendo racistas, nem reconhecer que estão sendo vítimas de violações de direitos decorrentes do racismo”, reflete Claudete.

Origem do racismo no Brasil

No Brasil, o racismo tem raízes profundas que remontam ao período colonial, quando milhões de africanos foram trazidos à força para trabalhar como escravos. Essa exploração e desumanização das pessoas de ascendência africana criou uma hierarquia racial que ainda permeia a sociedade brasileira. Mesmo após a abolição da escravidão, a discriminação racial persistiu de diversas formas, afetando a vida e as oportunidades das pessoas negras no país.

O mito da democracia racial, que sustenta a ideia de que no Brasil não há racismo e que todas as raças convivem em harmonia, tem sido desmascarado ao longo dos anos. A realidade é que o racismo estrutural e institucionalizado continua a impactar negativamente a vida das pessoas negras no Brasil, limitando seu acesso a oportunidades e recursos. Entender a origem do racismo no país é fundamental para promover ações eficazes de combate a essa realidade.

Claudete também reforça outros dois pontos importantes que o racismo atravessa: a solidão e o luto. É visível a falta de rede de apoio e sobrecarga enfrentada por mães negras solteiras, localizadas em regiões periféricas e em condições de vulnerabilidade. Em relação ao luto, também há uma diferenciação para com as mães negras, que não têm o “luxo” de se permitirem o tempo necessário para elaborar a perda de seus filhos, sendo pressionadas a prosseguir imediatamente na luta diária. Isso tudo, lembrando que, cerca de 85% das famílias atendidas no Instituto C são lideradas por mulheres negras, muitas das quais não se reconhecem como negras, destacando a influência também do padrão narcísico de beleza e a não-visibilidade da mulher negra na saúde humana.

Daí, a equipe multidisciplinar reconhece a necessidade de abordar temas que ampliem o pensamento das famílias, capacitando-as a protagonizarem suas próprias vidas com autonomia e independência. Esse processo possibilita que as famílias avaliem, reconheçam e nomeiem suas dores internas e sociais, contribuindo para o fortalecimento da autonomia e independência”, pontua Claudete.

Leis que combatem o racismo no Brasil

No Brasil, existem leis específicas que visam combater o racismo e promover a igualdade racial. A Constituição Federal de 1988 estabelece a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo a proteção contra a discriminação racial. Além disso, a Lei nº 7.716/1989 define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor, tornando puníveis as práticas discriminatórias.

O Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei nº 12.288/2010, estabelece políticas de promoção da igualdade racial e combate à discriminação, além de criar mecanismos de reparação para as vítimas de racismo. Essas leis representam avanços importantes na luta contra o racismo, mas é fundamental que sejam efetivamente aplicadas e que haja um trabalho contínuo de conscientização e educação para combater essa realidade.

Entretanto, a conquista efetiva dos direitos contra o racismo talvez demande muitos anos. Apesar da presença das leis, como expresso na Constituição, que proclama a igualdade, ainda há um longo caminho a percorrer. “Embora o racismo seja considerado crime, a batalha atual se dá para a efetivação das medidas legais para combater esse delito. É preciso renunciar aos padrões educacionais e estruturais tradicionais em prol de uma educação antirracista. E, para isso, é necessária uma mudança de perspectiva e uma revolução nos padrões de beleza e estrutura estabelecidos”, ressalta Claudete.

Vale lembrar que o racismo é uma forma de discriminação que se baseia em diferenças raciais, promovendo a inferiorização de um grupo étnico; o preconceito é um juízo prévio e desfavorável sobre algo ou alguém sem conhecimento adequado, e que pode ser relacionado a diversas características, incluindo raça, gênero, religião, entre outros. Já a injúria racial é uma ofensa direcionada à raça, cor, etnia, religião ou origem de alguém. Atualmente, no Brasil, o racismo é considerado crime inafiançável e imprescritível, conforme a Constituição Federal. A prática de discriminação racial, injúria racial e preconceito são consideradas infrações penais

Rodas de conversa sobre o racismo

No início de todo ano, a equipe do Instituto C se reúne para pensar nos temas das rodas de conversas dos meses seguintes. “Pensamos em temas que dialoguem com aquilo que vamos percebendo ao longo do ano anterior. A violência contra a mulher, o não acesso das pessoas com deficiência e a questão racial, por exemplo, são questões urgentes”, explica Lualinda.

A questão racial, no entanto, é ainda mais gritante. “A gente percebe isso ao notar que o maior número de famílias atendidas pelo Instituto C é de pessoas negras. Ainda que muitas delas não se declaram negras, por uma questão estrutural, nós enquanto técnicas temos essa consciência de que elas fazem parte de um grupo étnico racial e que elas vivenciam essa questão todos os dias”, diz a pedagoga.

Em outubro, então, aconteceu a roda de conversa sobre racismo – que contou também com uma atividade lúdica sob o comando da artista Raki. “O tema é pesado, né? Então, na primeira parte dessa roda trouxemos as dores e o contexto histórico do racismo no Brasil, para depois finalizar com a atividade artística e temas como representatividade e identidade”, explicou Lualinda.

Fomos apresentando historicamente às famílias como o racismo se desenvolve, desde os filhos de Noé até a maldição de Cam, e como as religiões utilizam isso para afirmar que o povo negro é amaldiçoado. Abordamos como essa ideia foi empregada para justificar a escravidão do povo negro e como ela contribuiu para naturalizar a concepção de que o negro não possui alma. Relatamos às famílias o percurso de tirar o negro da África, trazê-lo para o Brasil, destacando a persistência das guerras, mas ressaltando que a escravidão tem um caráter perverso, resultando na perda de nossa identidade. Também discutimos a tentativa de embranquecer o Brasil e todo o contexto histórico, visando proporcionar às famílias uma compreensão do passado e, assim, desmistificar o que é ensinado nas escolas”, explicou.

A pedagoga conta que foram momentos de choro e de dor, mas também de reflexão e conhecimento – finalizado com uma série de atividades artísticas.

No Instituto, o trabalho também se desenvolve no sentido de proporcionar uma abordagem clínica ampliada. “Busca-se levar as famílias a compreenderem essa dor não verbalizada, que, apesar de não ser expressa verbalmente, é real e relevante, associada a uma estrutura que coloca essas famílias em situações desconfortáveis, de falta de acesso e violação de direitos”, reforça Claudete.

Medidas e ações antirracistas

É preciso ter essa conversa, mas também adotar práticas que possam mudar esse cenário. “É compreender como denunciar o racismo e entender o funcionamento das leis. É importante também reconhecer que o papel da pessoa branca é tomar partido ao testemunhar situações discriminatórias. É fundamental abordar esse espaço antirracista, reconhecendo que todos nós podemos agir para combater essa problemática. Devemos unir forças para promover mudanças – e de diferentes formas, seja através do voto, da denúncia ou da contratação de pessoas negras”, diz Lualinda.

Muitas das famílias chegam ao Instituto C desconhecendo o racismo e, por isso, naturalizando essa questão. “O pior é quando esse ciclo se perpetua de geração em geração, especialmente se houver a mesma reprodução de cor”, pontua Enia. A psicóloga conta que nos atendimentos das situações provenientes do racismo, é nítida a percepção de desconhecimento dos direitos. “É nosso papel fornecer informações sobre isso, para que a pessoa possa ser mais assertiva nos ambientes em que vive. Promovemos o entendimento sobre o racismo e suas implicações na saúde mental, utilizando uma estratégia chamada acolhimento, que oferece escuta e apoio. Através do diálogo, buscamos modificar a situação que ela está enfrentando para que ela possa sair desse contexto”, afirma.

Em julho deste ano, por exemplo, o Instituto C conquistou o selo Igualdade Racial, promovido pela Secretaria Municipal dos Direitos Humanos. Este reconhece instituições privadas cujo quadro de profissionais contratados contemple, ao menos, 20% de pessoas negras, distribuídas em hierarquias e funções. “Essa sempre foi uma preocupação do Instituto C quanto à equipe nas contratações”, reforçou Vera Oliveira, Diretora Executiva do Instituto C, na época.

Para Lualinda, é fundamental ter pessoas diversas dentro das instituições para que as famílias se reconheçam. “Há demandas que precisam ser abordadas por pessoas específicas, exigindo sensibilidade e compreensão. Quando se trata da relação afetiva e amorosa de uma mulher negra, se uma profissional branca não reconhece historicamente o lugar dessa mulher na sociedade e a experiência da solidão, ela não pode orientar adequadamente essa família, uma vez que o afeto é o único espaço de conexão que essa mulher conhece”, pontua.

Não se trata de classificar quem está sofrendo menos ou mais, mas sim de direcionar políticas públicas para compreender o contexto do racismo estrutural. “Isso envolve diálogo, estudo e a compreensão. Não é sobre virar inimigo do outro, é sobre o outro entender o seu lugar, nós entendermos o que acontece à nossa volta – e o que se faz com isso. Essa é a questão”, finaliza Lualinda.


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Dia das Crianças e Aniversário do Instituto C

Outubro é um mês muito especial para nós. Celebramos o aniversário do Instituto C, que completa 12 anos em 2023, e comemoramos também o Dia das Crianças – que são parte essencial do nosso trabalho

Aliás, as duas datas estão conectadas. “O Instituto C foi fundado coincidentemente no Dia das Crianças, e isso é maravilhoso porque é a melhor data para a gente comemorar uma organização que preza justamente por formar crianças que se tornem cidadãos conscientes de seus direitos e com todas as oportunidades que eles merecem ter na vida“, afirma Vera Oliveira, diretora executiva.

Tradicionalmente no Brasil, no dia 12 de outubro, celebramos a infância e homenageamos os pequenos que trazem alegria e esperança para o mundo. É um dia dedicado a enaltecer a importância das crianças em nossa sociedade e reconhecer seus direitos e necessidades.

Aqui, vamos nos aprofundar um pouco mais na história, simbologia da data, reunir ideias de brincadeiras para fazer com os pequenos e, claro, te contar também um pouco mais dos nossos 12 anos de trabalho

História do Dia das Crianças

Assim como em outras datas comemorativas, o Dia das Crianças tem origens que remontam a diversas culturas e tradições ao redor do mundo. No Brasil, a data foi oficializada em 1924, inspirada pelo movimento internacional que buscava garantir os direitos das crianças.

A data, então, foi criada por um decreto sancionado em 1924, no governo de Artur Bernardes, durante a Primeira República do Brasil. No entanto, a celebração já ocorria em outros países, como nos Estados Unidos, onde foi estabelecido em 1857. 

Por que celebramos o Dia das Crianças em 12/10?

A escolha do dia 12 de outubro para comemorar o Dia das Crianças está relacionada à celebração de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. A data já era um feriado nacional e, por isso, foi escolhida para homenagear as crianças também. Essa escolha fez com que a data se tornasse ainda mais significativa para os brasileiros.

Além disso, a data varia em diversos países. Por exemplo, nos Estados Unidos, é comemorado no terceiro domingo de junho. Já na Índia, é celebrado em 14 de novembro, durante o aniversário de Jawaharlal Nehru, o primeiro primeiro-ministro do país, que era conhecido por seu amor pelas crianças. 

Qual é o objetivo de celebrar esse dia? 

O propósito de celebrar o Dia das Crianças é destacar a importância das crianças em nossa sociedade e garantir que seus direitos sejam respeitados. É uma oportunidade de refletir sobre a infância, promover a igualdade e oferecer um ambiente seguro e saudável para que as crianças possam crescer e se desenvolver plenamente.

Além disso, é uma data de celebração e diversão. É um momento para criar memórias felizes e fortalecer os laços familiares. Através de brincadeiras, presentes e atividades especiais, podemos demonstrar o nosso amor e carinho pelas crianças e proporcionar momentos de alegria e aprendizado. 

Dia Universal das Crianças 

Como falamos acima, esse dia é celebrado em datas diferentes ao redor do mundo. No entanto, também existe o Dia Universal das Crianças, também conhecido como Dia Mundial das Crianças. Ele é comemorado em 20 de novembro e foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1954.

Na data, é importante trabalhar para a conscientização da sociedade sobre a importância de garantir os direitos das crianças, como o direito à educação, à saúde, à proteção contra a violência e à liberdade de expressão. É uma oportunidade de refletir sobre as questões que afetam as crianças em diferentes países e buscar soluções para melhorar suas condições de vida. 

4 Atividades e brincadeiras para fazer com as crianças

Brincadeiras e, principalmente, jogos educativos são uma excelente forma de tornar o Dia das Crianças ainda mais especial e significativo. Eles proporcionam diversão e aprendizado ao mesmo tempo que estimulam o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional das crianças.

Abaixo, vamos te dar 4 ideias de atividades fáceis de fazer para tornar o dia mais divertido. Confira! 

Jogo da memória

O jogo da memória é um dos clássicos da infância. Ele é ótimo pois ajuda a exercitar a memória das crianças, além de trabalhar a concentração e a capacidade de observação. Para tornar o jogo mais divertido, você pode utilizar cartas com imagens de personagens ou objetos que as crianças gostem. 

Jogo de palavras

Você pode criar um jogo de caça-palavras ou um jogo de formação de palavras com letras embaralhadas. Esse tipo de jogo também ajuda a desenvolver o vocabulário, a ortografia e a capacidade de raciocínio das crianças. 

Corrida no saco

Se você tem a opção de fazer uma brincadeira ao ar livre, seja no quintal de casa ou em uma praça, uma ideia de jogo divertido é a corrida de saco. Basta providenciar sacos de batata e delimitar uma linha de chegada. As crianças devem entrar dentro dos sacos e, ao sinal, correr até a linha de chegada. O vencedor é quem chegar primeiro! 

Queimada 

A queimada também é uma brincadeira tradicional, principalmente nas escolas. Para fazer, reúna as crianças da família ou do bairro e organize dois tiques, com uma linha no meio do campo. O objetivo é acertar os jogadores do time adversário com a bola, sem deixar que a bola seja pega pelos adversários. O time que eliminar todos os jogadores adversários vence. 

Presentes simbólicos para o Dia das Crianças 

Sabemos que, além dos jogos, os presentes também fazem parte do Dia das Crianças. Afinal, as crianças ficam na expectativa de recebê-los. Porém, eles também podem ser simbólicos e, ainda assim, são uma excelente forma de demonstrar o carinho e amor pelos pequenos.

Uma opção de presente simbólico é uma carta das pessoas queridas por ela. Uma simples mensagem escrita à mão pode carregar um significado profundo que a criança levará para sempre. Nessa carta, os parentes e amigos podem expressar seus sentimentos, compartilhar lembranças especiais, colocar algumas fotos e transmitir palavras de encorajamento. É uma maneira de fortalecer os laços afetivos e criar memórias eternas!

Aniversário de 12 anos do Instituto C

Por tudo o que foi exposto, não haveria data melhor para comemorar o aniversário do Instituto C. Como adiantamos, a organização nasceu em 12 de outubro de 2011 e em 2023 celebra seus 12 anos. Para Vera Oliveira, diretora executiva e fundadora do IC, a comemoração dupla é simbólica e especial. “É a melhor data para comemorar uma organização que preza justamente por formar crianças que se tornem cidadãos conscientes de seus direitos e com todas as oportunidades que eles merecem ter na vida“, diz. 

Para ela, os 12 anos do Instituto são a consolidação da metodologia usada pela organização. “Desenvolvemos esse sistema durante todos esses anos e agora começamos a replicar em parceria com outras organizações. Estamos prontos para expandir ainda mais“, celebra Vera.


Leia Agora:

“Um ano de grandes conquistas para o Instituto C”


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Conselho tutelar e a proteção de crianças e adolescentes

O Conselho Tutelar desempenha um papel fundamental na proteção dos direitos de crianças e adolescentes. Como órgão autônomo e permanente, o Conselho Tutelar atua de forma independente, zelando pelo cumprimento das leis e garantindo o bem-estar das crianças e dos adolescentes em situações de vulnerabilidade.

 A existência do Conselho Tutelar é essencial para garantir que as políticas públicas voltadas para a infância e adolescência sejam efetivamente implementadas e que seus direitos sejam respeitados.

 Muitas dúvidas ainda permeiam a atuação do órgão, por isso aqui vamos explorar em detalhes o papel do Conselho Tutelar, suas atribuições legais e a importância desse órgão na promoção e defesa dos direitos das crianças e adolescentes

O que é o Conselho Tutelar? 

O Conselho Tutelar é um órgão que faz parte do conjunto de políticas públicas voltadas para a proteção e promoção dos direitos da infância e adolescência. 

Foi instituído pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Conselho Tutelar é composto por membros eleitos pela comunidade local, em um processo democrático. 

Esses membros são responsáveis por atuar na defesa dos direitos das crianças e adolescentes, exercendo funções de orientação, encaminhamento, aconselhamento e fiscalização.

Em 2019, houve uma grande mudança no Conselho Tutelar do Brasil. Isso porque, naquele ano, foi aprovado o Projeto de Lei PL 1.783/2019, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para permitir a reeleição de conselheiros tutelares para vários mandatos. Antes da nova lei, o ECA permitia essa recondução por apenas uma vez. A medida também adotou o primeiro domingo de outubro como a data da eleição dos novos membros do Conselho Tutelar – que tem um mandato de 4 anos.

Poucas pessoas na sociedade civil têm conhecimento sobre as eleições e sobre a importância do Conselho Tutelar”, introduz Sheila Silva, agente de ação social do Instituto C.

“Somos uma Instituição que trabalha para garantir a proteção de crianças e adolescentes. Então, a gente precisa também estar presente nesse ato de compartilhar, ampliar conhecimento e saber quem são esses conselheiros”, completa.

Qual é a função do Conselho Tutelar?

Uma das principais funções do Conselho Tutelar é o atendimento e orientação de crianças, adolescentes e seus pais ou responsáveis. Por meio desse atendimento, o Conselho busca fornecer informações, esclarecer dúvidas e orientar sobre os direitos e deveres de cada um. Esse trabalho de orientação contribui para o fortalecimento dos vínculos familiares e para a prevenção de situações de risco e violação dos direitos.

 O Conselho Tutelar possui diversas atribuições, que visam garantir o pleno desenvolvimento e proteção desses direitos. Entre suas principais atribuições, podemos destacar:

  • Atender e aconselhar crianças, adolescentes e seus pais ou responsáveis, fornecendo orientações e encaminhamentos necessários;
  • Realizar diligências e visitas domiciliares, verificando situações de vulnerabilidade e risco;
  • Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, assistência social, entre outros, visando garantir o acesso aos direitos fundamentais;
  • Encaminhar casos às autoridades competentes, como o Ministério Público, em situações de violação dos direitos das crianças e adolescentes;
  • Mediar conflitos familiares e promover ações de conscientização e prevenção de violência;
  • Representar crianças e adolescentes em situações judiciais;
  • Fiscalizar entidades de atendimento, como abrigos e casas de acolhimento, verificando as condições de acolhimento oferecidas;
  • Promover a articulação e integração da rede de proteção à infância e adolescência, envolvendo diversos órgãos e instituições.

Sheila destaca que o Conselho Tutelar atua muito de forma preventiva às violações dos direitos. “Muito se fala apenas sobre a questão punitiva, né? Precisamos desmistificar essa ideia de que o Conselho é algo que retira as crianças do poder familiar. Ele é um órgão que tem uma autoridade, sim, mas que também orienta as famílias para vínculos mais saudáveis”, reforça. 

Como funciona o Conselho Tutelar?

O Conselho Tutelar é um órgão autônomo e independente, sem qualquer subordinação hierárquica administrativa. Isso significa que suas decisões são tomadas de forma autônoma e não estão sujeitas a revisão pela administração pública.

No entanto, as decisões do Conselho Tutelar podem ser revistas pelo Poder Judiciário, a pedido de quem tenha interesse legítimo. Essa revisão é importante para garantir a imparcialidade e a legalidade das decisões tomadas pelo Conselho Tutelar.

Vale explicar também que o Conselho Tutelar atua de forma territorializada, isto é, cada região tem o seu. 

“Aqui na Zona Norte, por exemplo, trabalhamos com o Conselho que atua na Brasilândia e Freguesia do Ó, tem o que atua na Casa Verde, Limão e Cachoeirinha… Já faz algum tempo, desde o Plano Nacional da Assistência, que o Brasil atua com a territorialização, que é justamente para a gente aproximar esses equipamentos públicos à sociedade civil”, explica Sheila.

Quando acionar o Conselho Tutelar?

De acordo com o artigo de número 4 do Estatuto da Criança e do Adolescente, é obrigação de toda a sociedade garantir a proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes. Sendo assim, o Conselho Tutelar deve ser acionado sempre que houver qualquer situação que configure ameaça ou violação desses direitos por falta, omissão ou abuso dos pais, responsável, sociedade ou Estado ou em razão de conduta própria do menor.

O Conselho Tutelar deve ser acionado quando a criança ou o adolescente, por exemplo:

  • Não está matriculado ou não frequenta regularmente a escola;
  • Apresenta problemas de saúde e não tem atendimento médico adequado;
  • Necessita do uso de medicamentos, mas não tem acesso ou não usa corretamente;
  • Apresenta sinais de maus-tratos ou de agressões;
  • Vive em contexto familiar prejudicial à sua formação ou existe alguma situação grave que recomende sua saída do contexto familiar;
  • Trabalha em condições que não são compatíveis com o que determina o ECA (saiba mais sobre trabalho infantil aqui).

Eleições e Composição do Conselho Tutelar

Os membros do Conselho Tutelar são eleitos pela comunidade, em processo eleitoral que ocorre a cada 4 anos. Podem se candidatar ao cargo de conselheiro tutelar pessoas maiores de 21 anos, com reconhecida idoneidade moral e que residam no município. As eleições são realizadas de forma democrática, com a participação da comunidade na escolha dos representantes do Conselho Tutelar.

Está também estipulado no ECA que as eleições para o Conselho Tutelar acontecem no primeiro domingo de outubro (no próximo dia 01/10) elegendo cinco membros escolhidos que terão um mandato de 4 anos. Neste ano, ao todo, serão eleitos 260 conselheiros tutelares em São Paulo com remuneração mensal de R$ 4 mil. “Teremos a eleição e estamos trabalhando com as famílias a importância de irem nesse dia votar”, diz Sheila.

E qualquer pessoa pode ir votar!A sociedade não tem esse exercício, mas todo mundo pode participar dessa eleição, e deveria! É uma votação extremamente importante, afinal estamos falando da garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Precisamos cada vez mais engajar a sociedade civil nisso”, alerta Sheila. 

Como realizar a votação?

Para votar, basta comparecer presencialmente no dia 01/10 em um dos 325 pontos distribuídos por São Paulo que estará realizando a eleição. O horário de votação é das 8h às 17h e é importante também levar RG e Título de Eleitor. 


Confira aqui as informações sobre os pontos de votação e candidatos do Processo de Escolha Unificado dos membros dos Conselhos Tutelares da Cidade de São Paulo

Como o Instituto C atua com o Conselho Tutelar?

O Conselho Tutelar desempenha um papel fundamental na proteção e promoção dos direitos das crianças e adolescentes – e o Instituto C trabalha nas duas pontas de atuação. Com conversas com os membros do Conselho para que eles conheçam os serviços prestados e possam atuar de forma conjunta, e também com as famílias para que elas vejam o órgão como algo positivo. “Fazemos um trabalho de sensibilizar e informar que o Conselho não é algo punitivo, mas preventivo. Até porque existe um estudo muito grande para que alguma medida mais grave seja tomada”, esclarece.

O órgão, então, é essencial para assegurar a efetiva implementação das políticas públicas voltadas para a infância e adolescência e garantir um ambiente seguro e saudável para o desenvolvimento. 

Muitas vezes a violência contra a criança acontece dentro de casa. O Conselho Tutelar é um órgão importante para toda a sociedade, afinal ele serve para proteger e prevenir e ninguém está isento de algo acontecer, né? Precisamos nos engajar e difundir a importância do órgão e, claro, da eleição. É um processo de escolha importante para todos nós”, finaliza Sheila.

Serviços IC

Trabalho infantil: o combate para acabar com esse cenário

Às vezes distante de nós, o trabalho infantil pode parecer algo já superado e que existia apenas no passado – mas o cenário atual está longe de não existir!

O trabalho infantil é uma realidade triste que ainda persiste no Brasil, violando os direitos fundamentais de milhares de crianças e adolescentes. Mesmo sendo condenado pela maioria dos países e fiscalizado por agências internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para sua erradicação, a exploração do trabalho infantil continua a roubar a infância e comprometer o desenvolvimento saudável desses jovens. 

 De acordo com dados divulgados em 2021, pela Fundação Abrinq, o trabalho infantil ainda é realidade para 1,7 milhão de crianças e adolescentes no Brasil. A pesquisa, que utilizou os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 86% de adolescentes entre 14 e 17 anos que estão no mercado de trabalho encontram-se em situação de trabalho infantil. Em 2020, a taxa era de 84,8%. Ou seja, precisamos avançar no debate e erradicar a exploração de crianças e adolescentes. 

Mas afinal o que é o trabalho infantil?

O trabalho infantil é uma questão grave que afeta a vida de milhões de crianças em todo o mundo, incluindo o Brasil. De acordo com dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), o trabalho infantil é caracterizado por atividades realizadas por crianças com idade inferior à mínima permitida para a entrada no mercado de trabalho, conforme estabelecido pela legislação em vigor no país.

No Brasil, a legislação estabelece uma série de diretrizes para proteger os direitos das crianças e adolescentes em relação ao trabalho. 

A proibição total do trabalho infantil é estabelecida até os 13 anos de idade. Isso significa que crianças com menos de 13 anos não podem ser empregadas em nenhuma atividade laboral, garantindo que tenham a oportunidade de crescer e se desenvolver de forma adequada, sem comprometer sua educação e saúde.

A partir dos 14 anos até os 16 anos, os adolescentes podem trabalhar, mas sob a condição de serem contratados como aprendizes – no Programa Jovem Aprendiz. Isso implica que eles podem adquirir experiência profissional, desde que seja uma atividade compatível com o seu desenvolvimento físico e psicológico. Essa medida visa equilibrar a formação educacional com a preparação para o mercado de trabalho.

Franciele Fernandes, assistente social do Instituto C, percebe que muitos jovens já estão inseridos neste contexto de trabalho, o que é ótimo. “O Programa Jovem Aprendiz não impede os jovens de estudar. Eles recebem um salário e, ao término do contrato, saem com uma capacitação. Ou seja, ao mesmo tempo em que trabalham, fazem um  curso relacionado à área de atuação deles. Isso sem falar que eles também gostam de ter seu próprio dinheiro, então, além desse ganho, o trabalho os motiva e os profissionaliza”, explica.

Já para aqueles entre os 16 e 18 anos, a lei permite que os jovens exerçam o trabalho de forma parcial, desde que sejam respeitadas algumas restrições. Nesse período, eles podem trabalhar, mas devem ser retirados de atividades laborais noturnas, perigosas e insalubres, protegendo assim sua segurança e bem-estar.

O Brasil ratificou a Convenção 182 da OIT em 2000, comprometendo-se a adotar medidas imediatas e eficazes para proibir e eliminar as piores formas de trabalho infantil. Em cumprimento a essa convenção, o Brasil elaborou a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil, que inclui o trabalho infantil na agricultura, trabalho doméstico, produção e tráfico de drogas, trabalho informal urbano, trabalho com lixo e exploração sexual de crianças e adolescentes.

Números do trabalho infantil no Brasil

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), ligada à ONU, tem se empenhado em erradicar o trabalho infantil em todo o mundo. No entanto, ainda estamos longe de alcançar esse objetivo. 

Segundo a OIT, em 2016, cerca de 152 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estavam sendo obrigados a trabalhar em todo o mundo. Além disso, 40 milhões de pessoas eram vítimas de trabalho análogo à escravidão, sendo que aproximadamente 10 milhões delas eram menores de idade.

 No Brasil, segundo aquele estudo publicado pela Abrinq, as ocupações do trabalho infantil variam desde trabalhos em campos agrícolas até atividades produtivas para consumo próprio. Dos 1,3 milhão de adolescentes envolvidos nesse cenário, 66,4% são meninos e 33,6% são meninas. Além disso, a pesquisa revela que 44,8% dos adolescentes entre 14 e 17 anos ocupam atividades da chamada Lista TIP – como a operação de tratores e máquinas agrícolas, o processamento de produtos como fumo, sisal e cana-de-açúcar, trabalhar em pedreiras, produzir carvão vegetal, coletar, selecionar e processar lixo, envolver-se no comércio ambulante e desempenhar tarefas domésticas.

 Quando racializamos esse cenário, os dados ficam ainda piores. Segundo o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), o número de crianças e adolescentes negros em situação de trabalho é maior do que o de não negros. Os pretos ou pardos representam 66,1% das vítimas do trabalho infantil no Brasil.

 De acordo com o IBGE, apesar da queda de 16% em 2019, na comparação com 2016, o número de de crianças e adolescentes envolvidos em trabalho infantil no Brasil ainda é alarmante e indica a necessidade contínua de medidas eficazes para erradicar essa prática.

Consequências do trabalho infantil para as crianças

O trabalho infantil tem efeitos ruins no desenvolvimento físico, psicológico, cognitivo, social e moral das crianças e adolescentes. Em termos físicos, o trabalho infantil pode causar fadiga excessiva, problemas respiratórios, doenças relacionadas ao uso de agrotóxicos, lesões na coluna, alergias e distúrbios do sono.

No aspecto psicológico, o trabalho infantil expõe as crianças a abusos físicos, sexuais e emocionais, levando ao adoecimento mental. Fobia social, isolamento, perda de afetividade, baixa autoestima e depressão são alguns dos problemas identificados.

Além disso, o trabalho infantil compromete a educação das crianças, resultando em baixo rendimento escolar e até mesmo o abandono da educação.

Como o Instituto C atua contra o trabalho infantil

No Instituto C, as conversas sobre o tema estão sempre presentes. Franciele conta que, com frequência, convida as famílias para discutir a importância dos estudos – e também explicar qual é a idade e a forma correta de inserir os jovens no mercado de trabalho, como por exemplo, o Programa de Jovem Aprendiz. 

Muitas vezes, a criança ou o adolescente está trabalhando para ajudar dentro de casa. “O primeiro passo é mostrar os direitos que as famílias podem ter. Aqui, costumamos orientar essas famílias sobre os benefícios dos programas de transferência de renda, o Bolsa Família, por exemplo, para que a família tenha uma renda mínima garantida e o jovem não precise realizar trabalhos precoces”, conta Franciele.

Além disso, o Instituto também se dedica a encontrar oportunidades de capacitação para os adultos da família poderem gerar renda, como cursos de manicure, cabeleireiro, entre outros inúmeros cursos gratuitos que existem na cidade. “Quando o responsável consegue um emprego, orientamos sobre o Centro para Crianças e Adolescentes (CCA), um espaço onde as crianças e adolescentes,  podem permanecer, durante o contraturno escolar evitando que fique nas ruas, onde sabemos que as crianças da periferia estão sujeitas a influências negativas, como o tráfico de drogas por exemplo. Nos CCAs, elas têm uma ocupação, são estimuladas em seu desenvolvimento e não ficam em risco”, complementa.

O nosso trabalho orienta e apresenta oportunidades que as famílias em situação de vulnerabilidade podem acessar para alcançar autonomia financeira e promover o desenvolvimento pleno e proteção dos seus filhos. “Realizamos um atendimento integral da família, entendemos as suas necessidades e demandas e indicamos caminhos possíveis dentro do que existe de oportunidades na cidade. Dessa forma, apresentamos um universo diferente que muitas vezes as famílias que nunca saíram da periferia não conhecem”, reforça Franciele.

É importante ressaltar que uma das metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) é a eliminação de todas as manifestações de trabalho infantil até o ano de 2025. O Brasil é um dos signatários desse compromisso, assumindo o compromisso de erradicar o trabalho infantil no país.

Eu vejo de perto como a educação transforma a vida das famílias que atendemos, e mostramos que existem outras opções além do trabalho informal. A vida oferece diferentes caminhos, e eles podem sonhar em fazer um curso técnico ou uma faculdade. Estamos aqui para orientar e mostrar essas outras possibilidades”, finaliza Franciele.


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