Curso Berçarista começa a receber crianças para aula prática
No último dia 20 de setembro, o Primeira Infância iniciou mais uma fase de seu curso e começou a receber mais crianças para aulas práticas. Desenvolvido pelo Instituto C desde 2014, o projeto (que é desde 2021 executado em parceria com o Manduí Escola), visa o desenvolvimento infantil e a formação de mulheres berçaristas que vivem em vulnerabilidade social. Na comunidade Minas Gás, o objetivo é formar 80 profissionais que possam atuar nessa área. “Além do curso básico, ministrado por pedagogos especializados na primeira infância, a gente traz para o nosso espaço também crianças, estimulando o desenvolvimento infantil dentro da comunidade”, explica Graziele Alessandro, líder do projeto Primeira Infância.
Com aulas duas vezes por semana, e quatro grupos de horários, o Projeto começou com aulas teóricas para as mulheres da região. E, desde o dia 20, iniciou-se a parte prática dele – observação, desenvolvimento, ocupação e mais. “Muitas mulheres já vinham com seus filhos, então a gente já acolhia e colocava essas crianças em atividades. Agora, precisamos ainda mais delas. Abrimos vagas para a inscrição de crianças da própria comunidade”, diz a líder. A expectativa para essa segunda fase é grande! “Agora, com as crianças lá, está sendo melhor ainda! Parece que é mais prazeroso, sabe? O tempo passa até mais rápido, não que a gente queira isso, mas é mais gostoso”, diz Cristina de Souza, aluna que participa do curso há quatro meses.
A entrada de novas crianças, que será recorrente, foi feita por meio de um formulário divulgado pela liderança da CUFA Minas Gás, que já possui uma comunicação estabelecida dentro da comunidade. “A mãe se inscreve e a gente entra em contato para fazer o processo de triagem. A cada 15 dias vamos abrir novamente a seleção para mantermos o número de crianças estável”, explica Graziele.
O primeiro contato dessas mulheres com as crianças contou com uma roda de recepção, onde o responsável por cada uma delas estava junto. Após a exibição do Projeto, detalhes sobre a formação das profissionais e esclarecimentos de dúvidas, apresentou-se também a metodologia: “A gente acredita que na primeira infância, que abrange de 0 a 6 anos, a criança aprende e desenvolve brincando, então é isso que vamos fazer aqui. Somos um espaço de brincar”, contou Graziele. A partir das próximas semanas, não havendo necessidade, as crianças poderão ficar no curso sem o responsável presente.
“Sempre quis fazer aulas para aprender a lidar com crianças e idosos, mas nunca tive a oportunidade. Gosto tanto que já tinha até procurado cursos privados mesmo, mas não tinha muita noção de como escolher”, contou Cristina. Ela, que é mãe do Lucas, de 19 anos, e do Miguel, de 2, pretende aproveitar o que tem aprendido dentro de casa mesmo: “Tem me ajudado a cuidar ainda melhor do meu pequeno”.
Os grupos contam com, no mínimo, 10 crianças e, no máximo, 25. Os responsáveis também preenchem um formulário com informações, ficha médica e termos de autorização. “Nosso objetivo é formar 80 mulheres berçaristas na comunidade, mas sabemos que o contexto atípico que vivemos, da pandemia, pode interferir nesse número. A situação de vulnerabilidade no momento é ainda maior e, se essas mulheres conseguirem trabalho, elas deixam o curso, por exemplo, já que ele acontece em horário comercial”, conta Graziele.
A expectativa agora é para as próximas aulas, onde as crianças estarão sozinhas, sem os responsáveis. “O clima e o ambiente são muito gostosos. Fora que as meninas são demais, é como se fosse minha segunda família”, diz Cristina – que, além de aproveitar o que aprende para cuidar do seu filho, também enxerga o curso como um primeiro passo: “Tenho muito interesse em trabalhar na área da pedagogia e o curso me deu ainda mais vontade disso. Já é uma forma de eu começar!”.