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Maria de Lourdes: liberdade e autonomia na conquista do BPC

Não é de hoje que a Maria de Lourdes, ou Dona Maria, como a conhecemos aqui no Instituto C, vêm buscando conquistar sua liberdade e autonomia. Avó e responsável pelo pequeno Yan (12), ela sempre soube que essa busca tinha um caminho certo, sua independência financeira. “Ter independência financeira vai além de ter uma renda; representa liberdade de angústias que antes, mês a mês, se faziam presentes e dominavam o ranking de preocupações.”, explica Katia Moretti, líder do projeto PAF e que atuou por dois anos como Analista de Renda.

Para mulheres como a Dona Maria, falar em independência financeira parece até um sonho distante. Após separação do marido em 2019, ela se viu completamente desamparada para cuidar de seu neto Yan, que tem autismo, até encontrar o Instituto C em outubro do mesmo ano. “Após a separação do companheiro, ela enfrentava muitas dificuldades pois não tinha renda nem para pagar o aluguel, mas a Dona Maria sempre foi muito engajada com as suas questões e nunca ficou parada esperando alguma coisa acontecer, ela vai à luta.”, explica Isabel Pinheiro, técnica responsável pelos atendimentos da família.

Parte desta luta vinha sendo travada com o governo para garantia dos seus direitos, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) que havia sido negado na primeira solicitação por conta da documentação. “Dona Maria tinha entrado com o pedido por conta própria. Quando recebemos a notícia de que o benefício havia sido negado, voltamos o olhar para essa questão que era primordial. Fizemos um levantamento para entender o que havia dado errado e identificamos que era a documentação.”, explica Isabel. Para resolver isso, Dona Maria entrou em contato com a sua família que mora na Paraíba e solicitou ajuda com emissão da sua certidão de nascimento, a qual havia perdido.

Com o documento em mãos, Isabel auxiliou Dona Maria com o pedido e desde maio deste ano passou a acompanhar a solicitação por telefone até que em julho saiu a aprovação. “Quando eu soube que o dinheiro tinha saído, eu chorei de alegria, só agradeci, consegui adiantar dois meses de aluguel, comprei um colchão, um armário de cozinha e um fogão. Precisei comprar essas coisas para poder recuperar um pouco da autoestima.”, comemorou Dona Maria que também recebeu os valores atrasados, desde março de 2020, quando entrou com o processo pela primeira vez.

Ao ser questionada sobre o que o Instituto C representa para ela, seus olhos brilharam: “Não tenho nem palavras para expressar o que eu sinto. É tudo para mim, é especial, todas as pessoas, antigas e novas, se eu tivesse condições, eu faria doações para ajudar o IC, porque eu quero que vocês existam para sempre. Vocês deveriam chamar, Instituto ombro amigo, tanto é o apoio e as amizades que fiz por aqui. Quando encerrar o ciclo, vou sentir falta de tudo, do carinho, do atendimento, das conversas.”, respondeu emocionada.

*Benefício de Prestação Continuada – Criado em 1993 pela Lei Orgânica da Assistência Social – Loas é pago pelo INSS a idosos a partir dos 65 anos ou pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social. O valor devido mensalmente é de um salário mínimo

 

Serviços IC

Encerramento da primeira turma do Educação em Rede Minas Gás

Em agosto, aconteceu o encerramento da primeira turma do projeto Educação em Rede na unidade móvel do Instituto C, localizada na Comunidade Minas Gás. “Esse encontro é sempre um momento importante para as famílias participantes, celebramos tudo o que aconteceu durante o ciclo, mas aproveitamos também para marcar que aquilo que foi proposto no começo dos atendimentos, foi alcançado. É uma conquista para as famílias que precisa ser evidenciada e é neste encontro que tudo isso acontece.”, comenta Talita Lima, líder do projeto.

Ao todo, 56 alunos finalizaram o curso. No encontro as famílias puderam apreciar um mural formado por diversas fotos e atividades realizadas durante o ciclo. “Muitos pais não conseguem acompanhar as atividades desenvolvidas pelos filhos, por isso, achamos importante que elas ficassem expostas. O mural também acessa a memória e fortalece a sensação de pertencimento das famílias.” explica Mariana Benedetti, Psicóloga do projeto.

Na sequência, as famílias participaram de uma atividade envolvendo a plantação de uma semente em um vaso feito de garrafa pet. “Estamos passando por um momento de ressignificação do homem com a natureza e acreditamos que a educação tem o papel de sensibilizar e manter essa relação ética com o meio ambiente. Essa atividade vem com esse objetivo, trazer a mesma mensagem do projeto Educação em rede, sustentada pelo cuidado e o apoio às famílias, plantando como semente ações multidisciplinares. Simbolicamente acreditamos que as ações plantadas serão colhidas pelas famílias de maneira sensível, um apoio importante e essencial, para uso em suas práticas, vida social e educação.”, explica Viviane de Paula, Pedagoga do projeto.

Ao final, as técnicas do projeto fizeram a entrega dos certificados por meio da leitura das conquistas de cada um dos alunos durante o ciclo. As mães e pais responsáveis prepararam uma surpresa para os filhos, uma carta que foi lida logo após o recebimento dos certificados. “Foi muito importante essa ajuda do Instituto C. Eu trabalho fora o dia todo e chego muito tarde, então, eu não tinha esse tempo para fazer esse acompanhamento com ela. Esses 4 meses foram excelentes, extremamente fundamentais. Gostaríamos de agradecer muito pela ajuda, para nós foi muito válido, vocês sempre nos deram muito apoio e foram muito profissionais.” agradeceu Maristane, mãe da Lara, 7 anos.

Aniversário IC

Um olhar especial é o 7º episódio da nossa série de Lives

No dia 12 de agosto, aconteceu o sétimo episódio da série de lives que celebram os 10 anos de Instituto C. Intitulado, Um olhar especial, o episódio 7 contou com a presença de três convidadas: Graziele Alessandro, líder do projeto Primeira Infância, Thais Abrahão, pedagoga e psicóloga, sócia gestora e educadora do Mandui e Thamires Bonfim, mãe atendida pelo projeto na Comunidade Minas Gás. “Começamos a trabalhar com a temática da primeira infância em 2014 como uma estação de atendimento dentro do PAF – Plano de Ação Familiar, mas o projeto era tão potente que decidimos ampliar este atendimento para outras famílias por meio de parcerias com as creches da região. Com a pandemia, repensamos o projeto para acessar às famílias e oferecer às cuidadoras das crianças mais insumos sobre o desenvolvimento na primeira infância, pensando em oferecer educação de qualidade para todos.” explicou Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do IC, durante a live.

No bate papo, Graziele Alessandro falou sobre o início do projeto em um novo formato na Comunidade Minas Gás e os anseios presentes nesse desafio. “Foi um desafio, quando eu cheguei estávamos na fase vermelha da pandemia, então, eram muitas dúvidas sobre como o projeto iria acontecer, se seria presencial, se teríamos que fazer online. Entrar em contato com estas mulheres foi incrível, percebemos que as crianças na primeira infância pararam de frequentar o ambiente escolar completamente. Então, quem se tornou o maior mediador do processo de educação e do estímulo na primeira infância foram os responsáveis. As mães queriam saber como fazer isso com seus filhos em casa.”, comentou.

Para Thais Abrahão, a reformulação do projeto para este novo ciclo estava completamente alinhada aos objetivos do Mandui. O formato que inclui um curso de berçaristas para as famílias atendidas foi a primeira realização de um grande sonho. “Tem sido maravilhoso. É uma chuva de aprendizagens. Vivemos isso na pele. É uma experiência incrível poder compartilhar este conceito de educação, de uma educação de qualidade, para que isso se espalhe e não fique preso para uma parte seleta da sociedade ”, comentou. Segundo ela, o cuidado na primeira infância é uma potência para as transformações na sociedade, mas também reforça a importância de um cuidado sistêmico. “A nossa ideia é poder receber essas mães e junto delas construir um olhar para essa primeira infância, acontece que não conseguimos olhar para a primeira infância, sem olhar para quem cuida dela. Então, vivemos um primeiro momento muito importante de constituição de um vínculo de confiança. Porque não podemos falar de cuidado dos bebês e destas crianças sem olhar para estas mães que muitas vezes não têm este espaço de escuta para compartilhar todas estas aflições e desafios que a maternidade traz e que a pandemia acentuou muito.” acrescentou.

A possibilidade de ter um certificado de berçarista ao final do curso foi um diferencial para Thamires Bonfim, moradora da Comunidade Minas Gás e atendida pelo projeto Primeira Infância este ano. “Está sendo maravilhoso. Já pela oportunidade de estar participando foi mágico, foi muito bom. Primeiro pelo fato de as crianças estarem todas em casa, pelo fato de não terem a escola, entrou a pandemia, acabaram ficando em casa e a gente que não é os professores, acabamos sendo os professores deles. Então, o curso está sendo muito maravilhoso. A expectativa fazendo esse curso era saber lidar melhor com eles em casa, mas acabei aprendendo um novo mercado de trabalho, uma nova oportunidade de entrar no mercado de trabalho, depois de 2 anos parada.”, explicou.

Ao serem questionadas sobre o que o Instituto C representa para elas, Graziele destacou a o espaço de cuidado que se estabelece durante os encontros. “Para mim, o Instituto C significa poder cuidar de maneira efetiva. É muito fácil falarmos do cuidado, mas é sempre diferente vivenciarmos este cuidado. O Instituto C traz todo o aparato para que isso aconteça. Estar dentro de uma Comunidade é falarmos sobre as vulnerabilidades que sabemos que existem, mas também estar em contato com elas o tempo inteiro. Então, o IC é um facilitador para que possamos dar um atendimento de qualidade para estas famílias e ajudar no processo de conscientização sobre a garantia dos direitos.”.

“Uma das pontes mais lindas que eu atravessei. Essa parceria abriu para gente essa possibilidade de semear ações no mundo real, a gente precisa de sonhos. Muitos sonhos são perfeitamente realizáveis, nós só precisamos encontrar essas pontes, então, para o Mandui, o Instituto C é a ponte mais bonita que nós atravessamos até agora.”, comentou Thais.

O bate papo seguiu por 1 hora, cheio de histórias, e você pode acompanhar tudo na nossa página no instagram, acesse agora mesmo, clicando aqui!

O projeto, do sonho à realidade, prevê resgatar as memórias que construíram a história do Instituto C nestes anos todos de atendimentos às famílias em situação de vulnerabilidade social na cidade de São Paulo. Além da revisitação ao acervo de imagens e vídeos como forma de reverenciar e agradecer a contribuição de todos que estiveram juntos nesta trajetória.

As lives estão acontecendo no instagram do Instituto C (@instituto.c) e contarão com a presença de pessoas que fizeram ou fazem parte da história do Instituto. Vera Oliveira, Diretora Executiva e Fundadora do Instituto C, é responsável por conduzir estas conversas.

Quer saber mais sobre a metodologia do Primeira Infância? Clique aqui!

Assista ao episódio 1 | O começo de tudo | Clique aqui

Assista ao episódio 2 | Encontros que fortalecem | Clique aqui 

Assista ao episódio 3 | Apoio que faz a diferença | Clique aqui

Assista ao episódio 4 | Costurando relações | Clique aqui

Assista ao episódio 5 | Desenvolvendo Capacidades e Potencialidades | Clique aqui

Assista ao episódio 6 | Construindo Futuros | Clique aqui

Assista ao episódio 7 | Um olhar especial | Clique aqui

Gestão de PessoasPremiações

Artigo | Por que participar de organizações sociais?

Fui convidada a escrever um artigo aqui no LinkedIn em comemoração a mais nova conquista do Instituto C: o Selo Doar na categoria A+, que representa a maior pontuação possível nesta certificação que visa incentivar, legitimar e destacar o profissionalismo e a transparência nas organizações não-governamentais brasileiras, na forma de um atestado independente de sua adequação aos Padrões de Gestão, Transparência e Doação (PGTD).

Estou no mercado financeiro há mais de 40 anos. Sempre me identifiquei com as causas sociais, mas faltava colocar mais a mão na massa. Assim, alguns anos atrás me juntei ao então Instituto Saúde Criança, em São Paulo, hoje Instituto C.

Faço parte do Conselho Fiscal, o que me traz imensa satisfação. Primeiramente pelo resultado da operação em si, que é muito gratificante. Os objetivos são nobres e temos conseguido a cada ano nos superar. Tem um aspecto que me identifico muito: o caráter não assistencialista do trabalho, muito mais voltado a “ensinar a pescar”. Outro ponto que me deixa realizada é o grau de profissionalismo envolvido. A equipe é composta por técnicos que conhecem suas áreas de atuação e a meritocracia vem crescendo a partir de muito apoio de assessoria de recursos humanos.

É importante destacar também a questão da transparência e governança do Instituto C. A prestação de contas é pelo menos mensal, temos reuniões formais – também informais quando há necessidade – e tudo é muito bem documentado, tal qual na iniciativa privada, mas com um ganho adicional: uma grande satisfação interior por poder, mesmo que seja pouco, devolver algo para a sociedade.

Estou em diversas outras entidades com fins sociais e em todas tenho experiências muito boas, mas é junto ao Instituto C que comecei de fato minha ação na vida social, onde cresci e aprendi bastante. Que possamos seguir essa jornada de transformação da vida das famílias atendidas, que tanto precisam do nosso apoio. E parabéns pela conquista!

Chica Passos é Conselheira Fiscal do Instituto C.