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Pausa para avaliação no Educação em Rede

Fazer a devolutiva para as famílias atendidas pelo projeto Educação em Rede é sempre um momento importante para todos os envolvidos. O momento, que acontecia sempre ao final do ciclo, em anos anteriores, ganhou outros dois encontros em 2020.

 Realizar mais de um encontro com os pais e responsáveis foi uma mudança definida no final de 2019 para o projeto em 2020, isto porque, a equipe identificou que muitas informações importantes apareciam neste momento, mas por ser o final do ciclo, acabavam não sendo trabalhadas pelas técnicas nos atendimentos. “Ouvir os responsáveis contando sobre as mudanças notadas por eles durante os atendimentos, nos possibilita obter novas informações importantes que irão auxiliar o nosso trabalho como um todo.”, explicou Vanessa Gonçalves, Assistente Social do Educação em Rede.

 Outro ponto é que os responsáveis acabavam procurando as técnicas de Psicologia e Pedagogia, antes ou depois dos atendimentos com as crianças, para falar coisas que eles achavam relevantes. “Todos os projetos do Instituto C sempre tiveram como norte, atender a família como um todo, apesar da porta de entrada ser a criança e o adolescente. Nos moldes anteriores, os pais só tinham contato com a Assistente Social e as outras áreas apenas com a criança. Ficava uma divisão muito cristalizada e fazia com que deixássemos algumas lacunas, de demandas das famílias, em aberto.”, explicou Talita Lima, Analista do Educação em Rede. 

  “Eu tenho muito contato com os responsáveis e achei incrível a mudança que houve no projeto, trazendo este olhar para a escuta da família não somente ao final do ciclo, mas sim durante o seu percurso.” comentou Vanessa, que participou pela primeira vez das devolutivas coletivas para cada família. “Participar da devolutiva com as outras áreas do projeto, mesmo num lugar de escuta, me ajudou a compreender ainda mais as crianças e os adolescentes que estamos atendendo.”, acrescentou. Isso porque, normalmente, o papel do Serviço Social é ouvir a devolutiva da família avisando se conseguiu acessar o serviço ao qual foi encaminhado durante as orientações.

 Independente do momento, a equipe do projeto organiza as informações com todo o cuidado para garantir uma conversa assertiva com os responsáveis. “Na ocasião, a equipe técnica divide com os pais e mães o percurso e desafios encontrados nos atendimentos com seus filhos, mas também acaba aprendendo muito sobre a dinâmica de cada família, calibrando os próximos encontros.”, finalizou Mariana Benedetti, Psicóloga do Educação em Rede. 

 

PAFRodas de Conversa

Rodas de Conversa – Cuidado e Autocuidado

As Rodas de Conversa voltaram a acontecer no Instituto C depois de 5 meses e o primeiro assunto não podia ser diferente, Cuidado e Autocuidado. A Roda de Conversa é um dos momentos mais aguardados pelas famílias e pelos projetos, isso porque, a troca de experiências em conjunto acaba potencializando muito os avanços individuais. “Muitas transformações acontecem em conjunto, neste sentido, a Roda de Conversa é este espaço de troca e aprendizado horizontal. Mesmo com as singularidades, durante a Roda, nos sentimos parte de um todo e juntas conseguimos nos reconhecer e avançar nestes processos.”, comentou Nayara Oliveira, psicóloga do PAF.

A primeira Roda aconteceu virtualmente e as demais em pequenos grupos, formados por até 5 famílias, de forma a respeitar o distanciamento necessário na sede do Instituto C. “Percebemos que a roda virtual tem seus desafios, mas foi uma ótima experiência para as participantes, assim como no presencial, de compartilhamento das histórias comuns a todas as mães e responsáveis pelas famílias.”, explicou Nayara.

Gustavo Louver, que trabalha na área de Comunicação do Instituto C acompanhou uma dessas rodas em setembro e teve a oportunidade de conhecer um pouco mais das histórias da Tainá, Carlos, Jusivaldo e Manoucheca. “Fico muito feliz em estar de volta”, comentou Tainá minutos antes da atividade ser iniciada. 

Para começar, Katia Moretti, Analista do PAF, propôs aos participantes que falassem um pouco sobre Cuidado em dois momentos diferentes. “Gostaria que vocês falassem sobre quem cuidou de vocês na infância e de quem vocês cuidam hoje em dia.”. Para isto, ela colocou um pouco de hidratante nas mãos de cada um dos participantes, os quais deveriam massagear as próprias mãos enquanto falavam. “A ideia do hidratante é estimular uma percepção sobre o corpo e buscar, por meio da automassagem, um lugar de memória sobre o que é o cuidado”, explicou Kátia.

“Minha mãe nunca deixou faltar nada pra gente, apesar das dificuldades. Trocava mangaba por arroz em palha, pisava no pilão e fazia pra gente comer. Tenho o maior orgulho! Ela cuidava da gente no foice e na enxada, nunca faltou nada graças a Deus!”, comentou Carlos sobre os tempos de criança, quando ainda morava em Montezuma (nordeste de Minas Gerais). “Hoje, eu cuido dos meus filhos do mesmo jeito, mesma educação. Eu e minha companheira cuidamos um do outro.”, acrescentou na sequência.

Por fim, os participantes olharam por alguns segundos uma caixa fechada com um objeto dentro estimulados por Katia. Ao final, cada um pode falar um pouco sobre o que estava sentindo naquele momento e com aquela atividade. “Não sei se tem sentido com a atividade, mas lembrei da minha infância. No quintal da minha  mãe tinha um pé de tamboril. Juntava toda a molecada para brincar no pé da árvore, alí comíamos araça, roíamos o pequi e jogávamos a castanha fora. Queria criar meus filhos assim, mas hoje em dia aqui em São Paulo, é tão difícil deixar as crianças saírem na rua.”, comentou Carlos ao ver seu rosto refletido em um pequeno espelho dentro da caixa, objeto que disparou as reflexões e diálogos que ampliaram a questão do autocuidado, convidando o participante a olhar para si, suas marcas e trajetórias, sentimentos acolhidos carinhosamente pelo grupo.

PAF

Gestão do Conhecimento garante avanços importantes ao PAF

São vários os avanços e melhorias na metodologia do PAF – Plano de Ação Familiar desde o início da sua aplicação pelo Instituto C em 2011. Isso porque, a tecnologia social desenvolvida pela Associação Saúde Criança encontrou em São Paulo terreno fértil para diversas adaptações. “Conforme os anos foram passando e a equipe foi se renovando, incorporamos novas ideias no projeto. Além disso, ao longo dos anos, a realidade de cada uma  das famílias atendidas transformou o nosso olhar sobre alguns processos.”, comenta Vera Oliveira, Gerente Geral e Fundadora do Instituto C.

Para Vera, a rotina agitada da equipe por conta dos atendimentos diários, rodas de conversa e estudos de casos, fazia com que muitos destes avanços não fossem necessariamente aplicado todos. “Entendemos que era melhor parar e escrever tudo aquilo que nós tínhamos de ferramentas para que as pessoas pudessem consultar, tirar dúvidas, deixando de ser um conhecimento que passa de pessoa para pessoa.”. 

Para garantir a eficiência na circulação destas informações e do aprendizado nestes 9 anos, a equipe responsável pelo projeto arregaçou as mangas durante o isolamento social para colocar no papel (literalmente) um sonho antigo, criar um documento com os processos estruturados de forma a dar ainda mais agilidade ao trabalho. “Desde o ano passado, estamos pensando nisso, então, quando começou a quarentena, percebemos que este era um ótimo momento. Uma das tarefas durante o home office era elencar quais os treinamentos que cada uma das técnicas conseguiriam produzir e aplicar para o restante da equipe.”, acrescentou. 

O sonho virou realidade e o material que foi finalizado no mês de agosto, já serviu de base para a criação de treinamentos para as novas contratações do projeto. “O treinamento foi pensado para a chegada das novas colaboradoras, agora no segundo semestre. Quais são os critérios para uma família entrar no PAF? Como é que acontece a triagem? Como as famílias chegam até a gente? Como é que funciona a metodologia do PAF? Como funciona o Chaku (formato de atendimentos simultâneos que funcionam como um carrosel), porque acontece desse jeito? Como a gente faz a roda de conversa? Como são os estudos de caso, como são feitos, elaborados? Foram algumas das perguntas respondidas e formalizadas neste documento.”, finaliza Vera. 

Foto: Equipe do PAF durante treinamento virtual junto da Gerente Geral, Vera Oliveira.