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A história da Amerian e da Maria Fernanda

BOLETIM DE APADRINHAMENTO – NOVEMBRO 2018 – A HISTÓRIA DA AMERIAN E DA MARIA FERNANDA

 

Maria Fernanda chegou ao Instituto C em fevereiro de 2016, encaminhada pela Santa Casa de São Paulo. Após o histórico de prematuridade e ao longo de seu desenvolvimento, ela apresentava problemas respiratórios que causaram diversas internações. A família, composta por Maria Fernanda, Amerian (mãe), seus irmãos David, Maria Beatriz, Maria Julia, Maria Vitória, Joquebede (tia) e o primo, Gabriel, apresentava uma situação de extrema vulnerabilidade social e violação de direitos. Ao chegar no Instituto C, Amerian se mostrava muito tímida e com pouca noção sobre como alcançar seus objetivos, como ter acesso ao que lhe era de direito e, ainda, se sentia bastante angustiada por não ter um espaço para ser escutada. Assim, começamos os atendimentos da família e, aos poucos, Amerian foi encontrando um espaço para se vincular aos técnicos dos atendimentos e sentindo-se à vontade para falar sobre seus momentos difíceis.

David, o único filho homem da casa, apresentava questões do desenvolvimento escolar e de comportamento, que preocupavam sua mãe. A área de atendimento da Educação entrou em contato com a escola diversas vezes, para que o acompanhamento de David fosse feito em rede. Serviços como CCA, Escola, UBS e Instituto C trabalharam para ajudar David e sua mãe no processo de escolarização da criança.

“Antes eu não queria faltar de jeito nenhum no serviço e não ia nas escolas de meus filhos. Depois das conversas de educação eu percebi que era muito importante estar nas reuniões dos meus filhos”. Amerian apresentou na área do Serviço Social muitas demandas, principalmente jurídicas. Apesar de toda a complexidade da situação, a mãe se mostrava preparada para continuar lidando e lutando por seus direitos. Além das questões jurídicas, um dos trabalhos realizados na área do Serviço Social foi trabalhar a autonomia da família e a conscientização dela em relação ao uso da rede de serviços socioassistenciais. Na área da Nutrição, a família compreendeu a importância de adotar melhores hábitos alimentares:“Ajudou muito. No caso a Vitória só queria comer pão, no café da manhã e jantar. Hoje ela já se alimenta direito porque eu posso ensinar para ela o que eu aprendo aqui”.

 

Nos atendimentos de renda, recebeu orientações que possibilitaram uma melhor organização financeira. “O que eu ganho aqui eu aproveito tudo. Do fubá eu faço bolo, da farinha eu faço pão. O sal não uso muito e ensino as meninas a não usarem porque não faz bem. Antes eu comprava e não pensava. Hoje eu compro só o que é necessário e não quero que sobre nada”. Amerian cultivava muitas inseguranças, tinha muitos medos e não enxergava potencial em si; entretanto ao longo dos atendimentos, por meio das rodas de conversa e do compartilhamento de vivências com outras famílias, ela foi se desprendendo dessas inseguranças, se tornou mais decidida e segura. “Às vezes eu ficava muito desanimada, com vontade de deixar tudo. Depois que passei aqui eu vou conversando e vendo as coisas de um jeito diferente. As conversas com a psicóloga me ajudaram muito”.

 

O que podemos ver na história de Amerian é justamente uma mulher que aos poucos se empoderou de sua história e hoje trilha um caminho de confiança e autonomia. Em seu último dia de atendimento, a responsável dividiu com a coordenação a seguinte fala: “Eu fui atendida por todas as meninas como não fui escutada em nenhum outro lugar. Quanto mais eu falava, mais eu podia ir percebendo o que estava vivendo e como eu também podia fazer algumas coisas para sair daquela situação”. Em sua despedida, Amerian se mostrava tímida, porém, se mostra mais assertiva e confiante de que os caminhos que escolher, são de sua responsabilidade e que ela pode escolher o que for melhor para ela e seus filhos.

Parabéns Amerian, estamos orgulhosos até onde você chegou!

 

balanço do mês de novembro.