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Essa é a história da Cleunice e da Melissa

Essa é a história da Melissa (5). Ela e sua mãe Cleunice chegaram ao PAF – Plano de Ação Familiar em novembro de 2019, encaminhadas pelo Hospital Santa Casa. Donas desses lindos sorrisos, Cleunica e Melissa compartilham e celebram todas as conquistas e mudanças que vêm acontecendo junto da família, composta também por Kevi (20) e Alice (18), desde o início dos atendimentos.

Todos eles têm um cuidado muito especial com a caçulinha e Cleunice se mostra sempre disposta a adquirir novos conhecimentos que auxiliem no desenvolvimento da Melissa, diagnosticada dentro do transtorno do espectro do autismo. Quando iniciaram sua jornada aqui no Instituto C, elas aguardavam uma vaga para acompanhamento no CAPS da Zona Norte e tinham pouco conhecimento sobre a rede de serviços e benefícios disponíveis. 

Em cada atendimento multidisciplinar, Cleunice tem se fortalecido, expandido seus conhecimentos sobre direitos sociais e aumentado o seu protagonismo. Sabemos que ainda existe um longo caminho a ser trilhado, por isso, mesmo durante a pandemia, continuamos em contato de forma virtual e, por meio de mensagens e ligações, seguimos trocando informações e muito afeto. 

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PAF ganha ainda mais força com novidades

Em outubro o PAF – Plano de Ação Familiar ganhou ainda mais força com algumas novidades que ampliarão a atuação da equipe técnica do projeto junto às famílias. A entrada de novos membros na equipe, novas parcerias e uma nova liderança para o projeto são algumas das conquistas que o PAF celebrou nas últimas semanas.

  

A primeira novidade diz respeito às parcerias com outras instituições da rede socioassistencial, como o Centro de Referência e Atendimento ao Imigrante (CRAI) e a Delegacia da Mulher do Bela Vista. “A parceria é um estreitamento de laços, tanto da gente conhecer mais do trabalho deles, como eles conhecerem mais do nosso trabalho. Fizemos algumas reuniões e aprendemos ainda mais sobre os serviços destes novos parceiros”, comentou Katia Moretti, responsável pelo projeto. Para ela, esta proximidade facilitará ainda mais o direcionamento das famílias, já que agora o projeto tem um contato direto dentro de cada um destes parceiros. “Atendemos algumas famílias que são imigrantes e agora poderemos fazer encaminhamentos direcionados, discussão de caso com a rede e um acompanhamento mais específico das demandas, dessa forma também orientamos melhor as famílias e ampliamos a sua rede de apoio.”

Algumas contratações e movimentações na equipe também ajudam a fortalecer o projeto, entre elas, a contratação de uma nutricionista, Ana Hummel, e uma nova Assistente Social, Karen Magri, completando assim o atendimento multidisciplinar característico do PAF. O projeto também está com uma nova liderança, Katia Moretti, responsável pela área de Educação Financeira há dois anos e que agora passará a liderar a equipe do PAF. “Estamos muito felizes e confiantes com essa decisão de ter a Katia como líder do projeto. Desde janeiro estávamos com esta posição em aberto e analisando com calma quem poderia encarar este desafio. Não poderíamos ter feito escolha melhor.”, comentou Vera Oliveira, Gerente Geral do Instituto C.

E não acaba por aí, durante o Grupo de Encerramento na última semana, a equipe técnica do PAF anunciou que ficará à disposição das famílias, que estão deixando o projeto, por telefone e whatsapp. Novidade que só foi possível por conta da pandemia que levou o projeto a fazer atendimentos virtuais. “Eu só tenho a agradecer mesmo por tudo, ainda mais agora que vocês deixaram a comunicação em aberto, qualquer coisa que precisar a gente pode mandar mensagem, eu acredito que eu vou mandar.” comentou Mislene, atendida pelo PAF desde 2018. 

“A importância de tudo isso é que conseguiremos qualificar ainda mais o nosso atendimento com as famílias.”, finalizou Katia.  

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Emoções que se misturam no Grupo de Encerramento do PAF

“Já sinto saudade” foi a frase mais repetida pelas famílias durante o grupo de encerramento que aconteceu na última sexta-feira, 16 de outubro, na sede do Instituto C. “Este é um momento muito especial, muito importante e emocionante para todos nós. Eu estou aqui há um ano acompanhando essas famílias, então, para mim é uma alegria, ao mesmo tempo que o coração fica triste com este encerramento de ciclo.”, anunciou Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto, na abertura do encontro.

Este foi o primeiro grupo de famílias a encerrarem a participação no projeto PAF – Plano de Ação Familiar desde que a pandemia teve início, então, a equipe técnica precisou usar a criatividade para garantir que o encontro tivesse a troca de afetos, tão comum neste momento. “Nós sabemos, pelos outros grupos de encerramento, que é um momento que nós temos muita vontade de trocar carinho em forma de abraço e infelizmente, agora, não podemos. O abraço, nós acreditamos, simboliza muitas coisas. Há pesquisas que mostram que podemos até nos curar por meio do abraço. Mais do que isso, é o encontro de dois corações, é um momento que dá contorno ao nosso corpo, quando a angústia extravasa o nosso corpo, mas poder encontrar uma outra pessoa que contorna, conforta e acolhe é muito importante. Sentimos muito por não poder dar esse abraço hoje, por isso, fizemos corações de papel e estimulamos as famílias a entregarem este afeto.”, explicou Nayara.      

Após a abertura, a equipe técnica do PAF fez a leitura das trajetórias de cada família, as quais se levantaram uma a uma para pegar o certificado de participação e uma carta com fotos e um texto parabenizando a jornada. O trabalho de toda a equipe técnica do PAF salta aos olhos neste momento de agradecimento. “Neste tempo, eu consegui me redescobrir como mãe, porque, assim, eu estava com aquelas crianças todas, sozinha, perdida, eu acabei me deixando de lado para cuidar deles. Eu consegui tirar um tempinho para me cuidar mais como mulher, porque eu já não me sentia mulher mais, consegui tempo, porque eu não tinha esse tempo.”, explicou Mislene Campos, mãe de cinco filhos, sendo quatro deles com necessidades especiais, e que contou com o auxílio da Psicóloga para isso desde janeiro de 2018. Conforto e cuidado também encontrados por Fernanda Moreira, mãe da Alice que entrou no projeto em junho de 2018. “Já tinha uns três anos que eu tomava remédio e medicamento para poder ter um ânimo, para poder me manter acordada para fazer as coisas, porque eu estava muito desanimada, passando por uma dificuldade psicológica. Hoje eu não tomo mais medicamento, estou há bastante tempo sem tomar e graças a toda conversa e orientação, hoje, eu consigo ser uma pessoa mais segura”.

Para Mislene, outra área importante nestes quase dois anos e meio de atendimentos foi o Serviço Social. “Eu sabia de alguns benefícios, mas não sabia de todos, mesmo os que eu sabia, eu não sabia como ir atrás e o Instituto C me auxiliou. Eu consegui os bilhetes, dar entrada no BPC de duas das crianças.”, comentou. Enquanto, Danuza Silva, mãe do Gabriel, que entrou no projeto em março de 2018, narrava os últimos encontros. “Consegui o passe livre, com a Assistente Social, para viajar com meu filho para visitar meus pais. Eles moram lá em Campo Grande, eu consegui viajar duas vezes, em janeiro e em julho. Eu estou conseguindo tentar o BPC”.

A área de Nutrição também teve papel fundamental na jornada de todas estas mulheres no Instituto C. “O Mateus tem Síndrome de Down e apresenta uma diarréia crônica. Aqui, com o apoio, com as ajudas que eu tive, eu consegui entender que eu não tinha que mudar a alimentação dele, eu tinha que mudar a alimentação da minha família, da minha casa e isso seria mais fácil para ele também. Aqui eu consegui entender que era desta forma que poderia acontecer. E através disso, eu consegui ver uma melhora muito grande no desenvolvimento do Matheus”, disse Mislene. Fernanda também percebeu a atenção e seriedade do trabalho. “Nós não tínhamos nem a dieta da Alice, não tinha nem o encaminhamento de dieta, nem nada, o pessoal da nutrição, a Jordana, me ajudou muito, tanto aos cuidados da Alice quanto aos cuidados da Jessica também, que com tudo isso ficou até esquecida, vamos dizer assim”.

 Felicidade e tristeza, emoções que se misturam entre todos os presente, mas elas reconhecem que é preciso seguir em frente e abrir possibilidades para que outras famílias ingressem no projeto e passem pela mesma transformação que elas passaram. “Hoje é o encerramento, vou sentir falta, vou sentir saudades. Fui muito bem recebida aqui”, disse Joana dos Santos Lima, que entrou no projeto em janeiro de 2019. Para Danuza, as mudanças representaram um crescimento importante. “A Danuza que entrou é uma Danuza que tinha um pouco de medo, mas que não tinha vergonha de se expor e correr atrás das coisas, tinha medo de não conseguir. Hoje eu sou uma Danuza diferente, eu sou uma Danuza que tem menos medo que eu tinha antes, eu estou muito feliz, cresci muito e aprendi muito com vocês, graças a Deus.”.

“Agradecemos a trajetória, a confiança das famílias no nosso trabalho, em partilhar histórias, medos, dificuldades, ao mesmo tempo, poder pedir e oferecer ajuda. Porque eu acredito que é uma troca, estamos aqui não só para oferecer cuidado, mas também somos cuidadas pelas famílias, aprendemos muito com todas  as famílias que passam pelo projeto.”, finalizou Nayara.

Ao todo 11 famílias encerraram sua participação no PAF, mas apenas 8 participaram do encontro presencial, são elas: Danuza Silva, Fernanda Moreira, Joana dos Santos, Mislene Campos, Fabiana de Jesus, Toil Vertu, Rosangela Maria de Oliveira, Maristela Gonçalves de Oliveira

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Artigo | Vera Oliveira e os 9 anos do Instituto C

O primeiro pensamento que vem a minha cabeça quando penso nos 9 anos do Instituto C, completados no dia 12 de outubro, é um famoso clichê “como o tempo passa rápido”.

Passou rápido demais, mas ainda quando fecho os olhos e respiro fundo,  volta a mesma angústia no peito que eu sentia toda vez que pensava que gostaria de trabalhar com alguma coisa que me trouxesse sentido, e que pelo menos o meu pedaço nesse mundão eu estaria contribuindo com a força do meu trabalho.

 Foi um período grande de busca por esse sentido, e valorizo muito cada uma das conversas, descobertas e pessoas especiais que me ajudaram a encontrar um caminho que faz todo o sentido pra mim.

 E desde esse dia que senti o “click”, toda a construção do Instituto C, as ideias iniciais, o início como uma franquia social da Associação Saúde Criança, a parceria com a Santa Casa para o encaminhamento das famílias, a espera muito ansiosa pelas primeiras famílias, imaginando qual seria a história delas, o que poderíamos fazer para auxiliá-las… são muitos momentos especiais dessa história transformadora.

 E nesses 9 anos que se passaram, desde o Dia das Crianças de 2011, o trabalho do Instituto C amadureceu, expandiu-se e fico emocionada quando penso que aquela inquietação e desejo de fazer o bem lá atrás se transformou em algo robusto e sólido.

 Nesse mês completamos 1.000 famílias atendidas por nós, no Instituto C. São 1.000 famílias que começaram a conhecer os seus direitos, passaram a acessar e ter conhecimento da rede socioassistencial e principalmente, que confiaram em nós, dividiram suas histórias conosco. Desenvolveram sua autonomia e passaram a ter mais qualidade de vida.

 Trabalhar com pessoas tão incríveis, sensíveis e motivadas, um time muito especial de colaboradores, nossos queridos conselheiros e voluntários, além de parceiros muito parceiros é o motor para que esse desejo profundo que começou a se concretizar dia 12/10/11 esteja cada vez mais vivo.

 Sou muito feliz em participar no dia a dia como uma pecinha dessa história. E desejo que o caminho do Instituto C seja abundante e potente e que a cada dia possamos trabalhar mais na direção das palavras que inspiraram o nome do Instituto C: as crianças, o cuidado e o cidadão.