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Está no ar o nosso Relatório de Atividades de 2022 – Cuidado em expansão

Cuidado em expansão

O relatório de 2022 do Instituto C que você está prestes a ler, mostra não só o trabalho que realizamos a cada dia, há 11 anos, como também transparece ao longo de suas páginas, como a organização foi amadurecendo e aperfeiçoando a sua metodologia e atuação ao longo dos anos.

Estamos com um programa de atendimento que foi replicado na Zona Norte e que está sendo cuidadosamente projetado para chegar a outros lugares e outras famílias, que se beneficiarão de um olhar cuidadoso e
do atendimento multidisciplinar focado nas demandas de cada uma.

Relatório de atividades 2022

É por meio da conexão entre as soluções já oferecidas pela rede socioassistencial com as demandas de cada família e a forma como ela é acolhida pela equipe multidisciplinar que vamos tecendo o nosso trabalho e fazendo ele chegar a mais famílias que precisam.

É nítido também com a abertura de um novo polo de atendimento, que o trabalho cresceu. Em 2022, ampliamos em 32 % o número de famílias atendidas. Porém, o que me traz mais satisfação em relação aos alcances do ano é o clima organizacional que construímos.

Apesar de trabalharmos com um tema sensível, ouvirmos cotidianamente histórias difíceis e que mexem com a nossa alma, o que mais escutamos quando reunimos os nossos colaboradores e voluntários são palavras que nos emocionam e relatam o quanto eles tem orgulho de trabalhar no Instituto C e o quanto esse trabalho ocupa um lugar muito especial na vida de cada um deles.

Esse sentimento, junto com o amadurecimento da organização, trouxeram conquistas importantes para nós e que coroaram o ano de 2022. Recebemos pela primeira vez dois selos muito importantes da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Diversidade e ficamos entre as 3 melhores ONGs do Estado de São Paulo no prêmio Melhores ONGs. Esses reconhecimentos nos impulsionam mais e mais.

Te convido a ler as páginas do nosso relatório de atividades e acompanhar conosco cada passo da expansão do nosso cuidado para mais famílias em vulnerabilidade social.

Um abraço,
Vera Oliveira
Diretora Executiva

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PAF

Projeto piloto para o pré-atendimento de famílias da lista de espera do PAF

O primeiro projeto do Instituto C nasceu em 2012, e é o PAF – Plano de Ação Familiar. Desde então, famílias com crianças que tenham alguma doença grave ou crônica, e que vivam em situação de vulnerabilidade social, passam por atendimentos específicos, participam de rodas de conversas e recebem doação de alimentos e remédios que o SUS não fornece.

Realizado na sede, no bairro da Santa Cecília de São Paulo, o PAF atende mensalmente 200 famílias, que têm ciclos de participação que variam de um ano e meio a dois. Por isso, a lista de espera para ingressar no projeto é grande.

A gente vê essa demanda como algo importante, já que nosso trabalho está sendo recomendado e requisitado. Enxergamos isso como algo bom, mas, por outro lado, sabemos que não é apenas um número naquela lista, mas uma família que está precisando de orientação e auxílio”, diz Katia Moretti, coordenadora do PAF.

O aumento da procura – PAF

Antes da pandemia, o projeto passou por uma fase onde estava recebendo poucos encaminhamentos dos hospitais parceiros.

Foi quando, em 2019, decidimos tornar o PAF um projeto de portas abertas. Assim, as famílias poderiam nos indicar e nos procurar – e não mais haver necessidade de um encaminhamento da rede”, explica. A partir disso, as procuras espontâneas começaram a representar a maior parte das famílias recebidas.

Não demorou para a pandemia do coronavírus paralisar os atendimentos presenciais, impossibilitando o Instituto C de receber novas famílias. “Quando voltamos, mesmo que ainda em formato híbrido, a lista só foi crescendo. Afinal, tínhamos um grande número de encaminhamentos e procuras espontâneas, e mais vulnerabilidade por conta da pandemia”, lembra. Inclusive, as indicações entre as famílias cresceram tanto que atualmente representam 85% da lista de espera – que hoje conta com 118 famílias.

Em outubro de 2021 o projeto atingiu o marco de 200 famílias ativas, sendo essa a capacidade máxima para atendimento. Desde então, novas famílias são recebidas apenas quando há vagas disponíveis.

“Como a nossa rotatividade não é alta, as famílias que estão na lista acabam esperando muito”, diz Katia.

PAFPAF em crescimento 

A partir dessa preocupação crescente da equipe técnica e da gestão do Instituto, surgiu um projeto piloto de pré-atendimento, com o intuito de garantir informações sobre os direitos (pelo menos os mais básicos) às famílias.

Queremos ofertar atendimentos em grupo para orientação acerca de proteção social básica e como acessá-la”, conta.

A porta de entrada para a Política de Assistência Social é o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), sendo assim, todas as famílias da lista de espera, poderiam ser beneficiadas com informações e encaminhamentos para esse serviço a partir de uma roda de conversa didática e satisfatória, promovida pelo PAF.

 

A gente acredita muito na potência do trabalho em grupo. Pensamos em reunir cerca de 30 famílias e ir repetindo grupos até alcançar a totalidade da lista. Na conversa, explicaremos que ainda não é o início dos atendimentos do projeto em si, mas que temos esse auxílio de orientação para informações. Também vamos oferecer uma cesta básica à família”, explica Katia.

O primeiro pré-atendimento deve acontecer até o início de junho. “Às vezes, a família já recebeu tantos ‘nãos’, que queremos ser um incentivo para ela alcançar seus direitos, com as orientações e auxílio que elas precisam. Acreditamos que será um trabalho bem potente. Estamos animados”, celebra a coordenadora.

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Parcerias

Desenvolvimento Sustentável – Boutique Cidadã IC

A Organização das Nações Unidas (ONU), juntamente com seus colaboradores no território brasileiro, está empenhada em alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – que são compostos por 17 metas ambiciosas e interligadas, que visam solucionar os principais obstáculos enfrentados no processo de desenvolvimento pela população brasileira e global.

 A Agenda 2030 no Brasil é impulsionada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que representam um apelo mundial para combater a pobreza, preservar o meio ambiente, o clima e assegurar que todas as pessoas possam experimentar a tranquilidade e o sucesso.

Consumo e produção responsáveis

Um desses pilares é o “Consumo e produção responsáveis” que, entre seus objetivos, está a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais a fim de:

  • Reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial;
  • Alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os resíduos;
  • Reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso;
  • Incentivar as empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, a adotar práticas sustentáveis;

Uma das formas de colaborar para esse pilar da ODS é fazer um consumo consciente de itens de vestuário – já que sabemos que a indústria da moda é a segunda mais poluidora do mundo, atrás apenas da indústria petrolífera.

Por isso, a importância dos brechós e de outras empresas que tem como foco a reciclagem de roupas. 

Desenvolvimento sustentável

O Instituto IC e a Boutique Cidadã

Um bom exemplo de empresa que pensa na sustentabilidade é a Re Petit, um brechó on-line de itens infantis, como roupas, acessórios, calçados, brinquedos, objetos e utensílios para crianças de 0 a 14 anos.

Trabalhamos com as melhores marcas nacionais e internacionais, entregamos qualidade e muito estilo por um valor acessível. E mais: geramos renda extra para as mamães e pais que vendem e ainda poupam os recursos do planeta. Esta é a nossa forma de contribuir com um mundo mais justo para todos” – diz a página institucional deles.

E não só, aqueles itens que não passam pela curadoria da Re Petit, são destinados às instituições e ONGs que trabalham com crianças – como o Instituto C, que foi escolhido para firmar uma parceria neste ano.

Até agora, já foram doadas 1350 peças e, a partir delas, surgiu o Boutique Cidadã, um projeto que produz e promove para as famílias a autonomia de escolher.

Dentro da lógica da filantropia, as pessoas não têm muita escolha, né? Elas recebem um pacote de doação e é isso”, introduz Nayara Oliveira, psicóloga institucional.

Para a primeira ação, foi montada uma espécie de loja na Casinha Amarela. “Distribuímos as peças em uma arara e criamos um dinheiro fictício, com objetivo de promover um espaço em que as responsáveis se sintam protagonistas e seja devolvida a dignidade de sentir um poder de compra, com cidadania e cuidado das crianças e adolescentes”, explica Nayara.

Participaram cerca de 40 famílias atendidas pelo PAF, podendo adquirir uma média de 10 peças cada, entre roupas e calcados.

“A ação reverbera até mesmo nos atendimentos, onde podemos estimular a organização financeira e promover a autonomia das mulheres, por exemplo, que geralmente escolhem itens para seus filhos, e não para elas mesmas”, conta a psicóloga.

A ideia é que tenham outros eventos como esse durante o ano de 2023 – período em que acontece a parceria com a Re Petit – de acordo com as remessas recebidas por eles. Que venham mais!


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PAF

Autismo: o que é e como lidar?

Certamente, você já conheceu– ou conhece alguém que conhece – alguém com autismo. Isso ocorre porque, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa condição afeta 1 em cada 160 crianças globalmente e 2 milhões de indivíduos somente no Brasil.

O autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico que se distingue pela manifestação de comportamentos atípicos, desvios na comunicação e interação social, comportamentos estereotipados e repetitivos, além da presença de interesses e atividades restritas. Trata-se de um distúrbio do espectro autista (TEA).

E, mesmo com um número tão expressivo de diagnósticos, o autismo ainda é considerado um tema tabu pela sociedade. As pessoas tendem a possuir uma percepção equivocada sobre esse transtorno e as características apresentadas pelas pessoas que possuem autismo – gerando preconceito e barreiras para àqueles que possuem, e seus familiares.

Autismo – Afinal, o que é?

O TEA é um distúrbio que afeta as funções do desenvolvimento neurológico e pode resultar em mudanças qualitativas e quantitativas na comunicação, tanto verbal quanto não verbal, na interação social e no comportamento. Isso pode incluir comportamentos repetitivos, foco intenso em objetos específicos e interesses limitados.

O espectro do autismo varia desde casos leves, em que a pessoa tem alguma dificuldade de adaptação, até casos graves em que a pessoa é completamente dependente para as atividades cotidianas durante toda a vida.

Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo

Em 2 de abril, a ONU designou o Dia Mundial de Conscientização do Autismo ou Dia do Autismo, com o intuito de conscientizar e ampliar a discussão sobre o transtorno. Desde o primeiro evento em 2008, tem sido uma importante ferramenta para combater preconceitos e falta de informação.

Sintomas do autismo

 Os sinais de alteração no neurodesenvolvimento da criança podem ser identificados nos primeiros meses de vida e geralmente o diagnóstico é confirmado entre 2 a 3 anos de idade.

Embora existam algumas características comuns entre as pessoas com autismo, cada indivíduo é único e pode apresentar diferentes graus e combinações de sintomas e sinais. 

Algumas das características comuns do autismo incluem dificuldades na comunicação e na interação social, comportamentos repetitivos e estereotipados e interesses restritos e inflexíveis. No entanto, a forma como essas características se manifestam pode variar amplamente entre as pessoas com autismo.

5 Sintomas e sinais mais comuns do autismo

  • Evitar contato visual durante conversas;
  • Não demonstrar interesse em receber carinho ou afeto, resistindo a abraços e beijos;
  • Ter dificuldades para interagir com outras crianças e estabelecer amizades;
  • Repetir continuamente comportamentos, sons e palavras;
  • Apresentar preferência por brincar com os mesmos brinquedos ou realizar atividades com rotinas fixas.

Como é feito o diagnóstico do autismo?

Segundo informações obtidas através do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA), em 2021, foram prestados no Brasil cerca de 9,6 milhões de atendimentos em ambulatórios para pessoas diagnosticadas com autismo. Desse total, aproximadamente 4,1 milhões foram direcionados ao público infantil de até 9 anos de idade.

Geralmente, a suspeita inicial é levantada durante a infância através da Atenção Primária à Saúde (APS) durante consultas para acompanhamento do desenvolvimento infantil. O diagnóstico é clínico e feito por meio de observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de métodos de monitoramento do desenvolvimento infantil em qualquer unidade da APS.

O autismo não tem cura, mas o diagnóstico precoce permite o desenvolvimento de estímulos para independência e qualidade de vida das crianças e adolescentes diagnosticadas com o TEA.

Como é o comportamento, comunicação e interação social de um autista?

Sabe-se que o autismo pode apresentar níveis diferentes em cada criança – dos mais leves aos mais graves, principalmente em relação à comunicação verbal e não verbal. Entretanto, o estímulo à comunicação e ao aprendizado é essencial para o desenvolvimento e independência de cada indivíduo, provando-se que é possível a interação social dos portadores do transtorno. 

autismoRecentemente, Melissa encerrou os seus atendimentos no PAF. Ela, que tem autismo, vive com sua mãe e juntas provam que superar as dificuldades, incluindo as financeiras, é capaz. “A Mel é extremamente inteligente e independente. Tanto que a família nunca conseguiu ter o acesso ao BPC, o Benefício de Prestação Continuada, porque o próprio perito não identificava que ela seria uma criança incapaz de se desenvolver”, comenta Giovana Santos, Analista Geração de Renda e técnica de atendimento da família.

Em fevereiro, o Instituto C promoveu uma roda de conversa sobre capacitismo, ou seja, sobre a discriminação de pessoas com deficiência. Nela, as mães se demonstravam algumas vezes inseguras em relação à independência de seus filhos – seja em relação aos estudos, ao trabalho ou aos relacionamentos. “Me lembro que a Mel prontamente falou na frente de todo mundo: ‘Eu vou fazer isso sim'”, lembrou Giovana. 

Com afeto, atenção, paciência e dedicação, é possível promover o desenvolvimento das crianças. “A Mel tem autismo e isso não a impossibilita de nada. Ela é extremamente inteligente, articulada, comunicativa e ativa. A gente entende que tem os graus diferentes do transtorno, mas é legal compartilhar o exemplo dela, que é ótima em tudo que se propõe a fazer”, finaliza.


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