Parcerias

Natal Solidário: qual a importância e como fazer?

Com o Natal se aproximando, é hora de refletir sobre o verdadeiro espírito da época: a solidariedade. 

Em meio a todas as celebrações e trocas de presentes, muitos estão se conscientizando sobre a importância de ajudar aqueles que estão enfrentando desafios.

A data costuma despertar a solidariedade em muitas pessoas, que buscam formas de colocar isso em prática em doações e ações de apoio – que são de extrema importância para organizações do terceiro setor. 

Nesta época do ano, muitas empresas e pessoas procuram o Instituto C para realizar alguma ação de Natal solidário.Este é um momento em que as pessoas ficam mais sensibilizadas, principalmente com questões de vulnerabilidade social envolvendo crianças. A gente sempre se coloca à disposição para pensar junto com os interessados em uma ação”, afirma Paloma Costa, coordenadora de comunicação e parcerias do Instituto C.

Ações para o Natal Solidário

O IC já organizou diversas campanhas e ações com empresas que se interessaram no Natal Solidário, entre elas o Shopping Iguatemi e a McKinsey & Company. “O Shopping Iguatemi já fez campanhas na época da pandemia, quando convidaram seus clientes para realizar uma doação de natal para o Instituto C dentro do site deles, também já fizeram junto com a decoração de Natal no shopping onde colocaram uma caixinha para arrecadar doações”, conta Paloma.

Já a empresa de consultoria empresarial McKinsey convidou seus funcionários para fazer uma doação de brinquedos para as crianças do Instituto C – arrecadando mais de 500 itens que foram entregues em uma festa de final de ano organizada pelo IC. “Existem várias formas de fazer uma campanha de Natal com uma simples doação, que nos ajuda muito, principalmente nessa época do ano em que precisamos fechar as contas”, afirma a coordenadora.

Outra possibilidade bacana é a de arrecadar doações nas festas de confraternização. “Quando todas as empresas reúnem seus funcionários e colaboradores em algum momento no final do ano. Essa pode ser uma ocasião para sensibilizar as pessoas e as incentivarem a doar algo. É uma ação simples de se realizar, e transformar esse momento de celebração em uma ação solidária”, explica Paloma. Leite em pó, por exemplo, pode ser um dos itens a ser arrecadado – e que é de extrema importância para o Instituto C: são mais de 1000 pacotes distribuídos mensalmente para as crianças atendidas.

Uma das campanhas bem sucedidas que tem acontecido nos últimos anos é a parceria com a Berton, uma empresa de engenharia, que procurou o Instituto com uma ideia diferente e muito criativa. “No final do ano, eles costumavam enviar brindes de Natal para os seus clientes. Então, eles decidiram substituir esses itens, que costumam ficar nas estantes das empresas, por uma doação financeira para o Instituto C”, conta Paloma.

Os clientes da Berton recebem ao final de cada ano um cartão postal com uma foto de alguma atividade que o Instituto C realizou com as famílias atendidas junto com a explicação de que o brinde foi substituído por uma doação. “Nós já realizávamos doações para o Instituto C e aí, em um ano próximo ao Natal, pensamos na ideia de fazer uma doação que divulgasse o Instituto e que não fosse apenas no nosso nome, mas que envolve também os nosso clientes”, conta Marcos Bertoncello, sócio diretor da Berton Engenharia.

A ação foi tão bacana que este é o terceiro ano em que ela acontece. “É muito bacana fazer algo legal em nome de outras pessoas, e não apenas da nossa marca. O retorno dos nossos clientes também foi muito positivo, acho que desperta a solidariedade do Natal”, diz Marcos.

A importância de um Natal solidário

 A importância da doação neste final de ano é muito importante. Para a Paloma, essa é uma cultura que tem crescido no país. “Seguimos fomentando a cultura de doação no nosso país. Nos últimos anos, o Brasil tem se despertado para isso e as datas comemorativas são legais para servir de gancho e incentivar a solidariedade entre as pessoas. É sempre importante ressaltar que é por meio de doações que a gente consegue seguir com o nosso trabalho e transformar a vida de tantas famílias, ou seja, o ato de doar não só fomenta o trabalho de organizações sérias como o IC, como também faz um bem danado para quem doa ”, afirma.

Saiba como fazer um Natal solidário 

Quem desejar fazer qualquer tipo de doação ou ação com o Instituto C, basta entrar em contato por:

 “Para quem quiser fazer uma doação em itens, é sempre legal falar conosco para entendermos juntos a necessidade do momento”, pontua Paloma.

Faça parte deste momento! “O importante é estarmos juntos e, para nós, qualquer doação é sempre muito bem-vinda”, finaliza.

Voluntariado

Dia Internacional do Voluntário no Instituto C

O Dia Internacional do Voluntário é celebrado em 5 de dezembro e oferece uma oportunidade para refletir sobre a importância do voluntariado. 

No Instituto C, os voluntários são extremamente especiais e necessários, desempenhando um papel fundamental para a existência  da instituição. 

Para Liliane Moura, assistente social institucional, o trabalho voluntário vai além do ato de serviço: “…é um compartilhar de uma inquietação por uma sociedade mais justa e igual. A gente vê o brilho no olhar de cada voluntário que chega e diz que quer contribuir. Essa troca é muito rica porque é sobre desenvolver pessoas também”, diz.

Nayara Oliveira, psicóloga institucional, também reflete em como esse ato está no cenário do Instituto C. “Lá no início de tudo, tínhamos duas contratações, e todos os outros trabalhos realizados eram com suporte voluntário. E aí a gente foi crescendo, e o número de pessoas contratadas também, mas o trabalho voluntário sempre foi a fundação da nossa estrutura”, diz. 

Para ela, a ação voluntária é uma forma de contribuir ativamente com a mudança social que deseja, usando a revolta e a indignação como movimento de transformação.

Para ela, a ação voluntária é uma forma de transformar a revolta e a indignação sobre a desigualdade da sociedade em uma resposta de mudança. “Muitas vezes, a o mais angustiante é a sensação de impotência frente ao que vemos ao nosso redor Então, o trabalho voluntário se coloca como uma ponte de ação, onde eu participo ativamente da realidade que eu quero viver”, reflete.

Aqui, vamos entender como o Dia Internacional do Voluntário surgiu e como participar do voluntariado no Instituto C.

O significado do Dia Internacional do Voluntário

O Dia Internacional do Voluntário é um dia para celebrar e agradecer a todos aqueles que dedicam seu tempo, habilidades e energia para ajudar os outros. É uma ocasião para reconhecer o impacto positivo que os voluntários têm nas comunidades e no mundo como um todo. 

O voluntariado é uma forma poderosa de contribuir para a sociedade, promovendo a justiça social, a igualdade e a solidariedade.

A data foi criada pelas Nações Unidas em 1985, como uma maneira de promover e incentivar o voluntariado em todo o mundo. Desde então, tem sido comemorado anualmente em 5 de dezembro. A escolha desse dia não foi aleatória. Ela marca o aniversário da assinatura do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em 1970, que estabeleceu o voluntariado como uma ferramenta eficaz para o desenvolvimento econômico e social.

O voluntariado e o Instituto C

Existem várias maneiras de se envolver no Dia Internacional do Voluntário e fazer a diferença na vida de outras pessoas. Você pode começar pesquisando organizações locais que precisam de voluntários e entrar em contato com elas para oferecer seu tempo e habilidades. Além disso, muitas organizações realizam eventos especiais no Dia Internacional do Voluntário, nos quais você pode participar e contribuir para uma causa específica.

Atualmente, cerca de 35 voluntários atuam de forma fixa ou recorrente com diferentes demandas do Instituto C – como o cadastro da Nota Fiscal Paulista, entrega dos benefícios e auxílio com as crianças na brinquedoteca, por exemplo.

O Instituto C conta também com os voluntários pontuais, ou seja, aqueles que participam de atividades e ações específicas. “Esse ano tivemos a festa do Dia das Crianças, que contou com 84 voluntários. Também temos ações do voluntariado corporativo – que reuniu atividades com as empresas Sales Force e do Google”, lembra Liliane.

Os voluntários podem chegar até o Instituto C através das redes sociais, telefone e site. Após o primeiro contato, existe uma reunião onde a Instituição explica quais são as vagas em aberto e o funcionamento do trabalho. “Quando recebemos um formulário, temos o cuidado de entrar em contato com o interessado o mais rápido possível. Explicamos as possibilidades e pedimos para ele pensar com carinho no que se encaixa melhor em sua rotina”, explica Liliane. “Depois, a gente vai conversar com o voluntário para que não seja um trabalho rígido e que ele possa nos ajudar em outras áreas caso sinta vontade ou interesse. É comum que ele entre e depois queira fazer outra atividade no Instituto”, acrescenta.

Nayara lembra que também existe uma outra possibilidade na qual o voluntário conta quais são suas habilidades e é pensado em alguma atividade específica para as crianças ou adultos. “Temos, por exemplo, um médico que quis iniciar um trabalho voluntário conosco e ele faz atendimento aqui”, conta. “Para algumas atividades, a gente pede que a pessoa estabeleça um tempo de vínculo de três meses com a família para que a gente organize o nosso planejamento com essas demandas”, acrescenta. 

Para este Dia Internacional do Voluntário, 05, o Instituto C preparou um café da manhã especial para um encontro próximo com seus voluntários.Nós sempre fazemos questão de agradecer e reconhecer nossos voluntários, por isso preparamos algo especial para a manhã do dia 05. Pedimos para a Tatiana, uma das nossas mães atendidas do Polo Zona Norte, gravar um depoimento sobre sua jornada dentro do IC, assim nossos voluntários conseguirão sentir de perto o impacto positivo dessa contribuição.”, explicou Liliane sobre a celebração.

O bem para todos os lados

Por tudo o que foi exposto, a contribuição voluntária não apenas beneficia as pessoas e comunidades que são ajudadas, mas também traz inúmeros benefícios para os próprios voluntários. 

Ao se envolver em atividades voluntárias:

  • Você fortalece suas habilidades interpessoais;
  • Ganha experiência prática;
  • Amplia sua rede de contatos e desenvolve um senso de propósito e satisfação pessoal.

 “O trabalho voluntário está independente dessa lógica financeira, onde a gente está doando o nosso tecido de vida, que é o tempo. Então, por isso, é algo tão potente e sustentável”, finaliza Nayara.

O Dia Internacional do Voluntário proporciona a todos nós uma chance de refletir o significado e importância do voluntariado e também para considerarmos como podemos colaborar para construir um mundo mais positivo e solidário.

Para Liliane, é a união dessas duas forças – voluntário e instituição – que faz com que mais famílias sejam beneficiadas. “Só conseguimos evoluir como instituição, porque estamos unidos com pessoas que compartilham desse desejo com a gente”, finaliza Liliane. 

Ao se envolver em atividades voluntárias, estamos não apenas ajudando os outros, mas também inspirando outros a fazerem a diferença!

Conheça mais sobre os benefícios do voluntariado no IC, aqui!


Seja um voluntário do Instituto C. Clique aqui e faça parte da nossa história!
Doação

Dia de Doar: o que é e como apoiar a causa?

dia de doarJá ouviu falar no Dia de Doar? A data, marcada para o dia 28 de novembro de 2023, é muito mais do que um simples dia no calendário. Trata-se de uma grande ação  descentralizada que busca fomentar a generosidade e promover uma sociedade mais solidária.

O Dia de Doar é um movimento dinâmico e inclusivo que une pessoas de diferentes origens e setores, fortalecendo os laços da sociedade e promovendo um impacto positivo duradouro. A ideia é fazer com que essa mobilização inspire uma cultura de doação contínua e solidariedade.

Afinal, o que é o Dia de Doar?

O mais bacana do Dia de Doar é que ele não é uma ação única, ou seja, focada em uma só instituição, mas sim um empenho coletivo para que a doação aconteça – independente para quem. Na plataforma, inclusive, qualquer pessoa pode criar a sua iniciativa e falar mais sobre os recursos para conquistar tal objetivo. A ideia reflete a essência do movimento, onde ações individuais podem transformar um coletivo.

Por isso, o Dia de Doar só acontece quando pessoas que estão do outro lado se movimentam para alguma ação, seja doando recursos financeiro, tempo ou promovendo ações que estimulem a doação por parte de outros.

A beleza desse movimento reside na diversidade de formas como as pessoas podem contribuir, destacando que o ato de doar vai além do aspecto financeiro, abrangendo também a doação de tempo e habilidades. 

Quando surgiu o Dia de Doar?

A data foi criada originalmente nos Estados Unidos em 2012. No ano seguinte, 2013, chegou no Brasil também – e hoje o Dia de Doar integra atualmente 85 países em uma mobilização global.

A iniciativa, liderada pela ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos, é parte integrante do Movimento por uma Cultura de Doação. Este movimento é uma cooperação de organizações e indivíduos dedicados a incentivar o engajamento das pessoas com causas sociais e organizações da sociedade civil, reconhecendo a doação como uma ferramenta vital para fortalecer a democracia.

dia de doarDia de Doar em 2023

Marcado para acontecer em 28 de novembro, milhares de organizações em todo o Brasil estarão prontas para receber doações, enquanto milhões de brasileiros também podem mostrar seu apoio, compartilhando suas doações nas redes sociais com a hashtag #diadedoar

Essa celebração não se trata apenas de doar, mas de reconhecer a alegria intrínseca neste ato e incentivar o hábito contínuo de contribuir com causas que fazem a diferença. 

Resultados do Dia de Doar em 2022

Na edição do ano passado, foram doados R$2.300.00,00 online e R$2.400.00,00 doados diretamente. Também foram arrecadadas 58 toneladas de alimentos pelas campanhas comunitárias.

A divulgação do movimento também foi grande: foram 72 campanhas comunitárias realizadas e 28 milhões de pessoas alcançadas nas redes sociais. Muita coisa, não é mesmo? 

Então, como participar do Dia de Doar?

Existem muitas formas de participar do Dia de Doar, não apenas no dia 28 de novembro, mas em qualquer data do ano. 

Há 12 anos o Instituto C atende famílias com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, desenvolvendo com elas um Plano de Ação que possibilita a saída do assistencialismo para uma vida com protagonismo e autonomia. Com nosso trabalho, já foram mais de 4000 famílias beneficiadas. O Instituto C, inclusive, já foi eleito por 7 anos consecutivos uma das 100 Melhores ONGs do Brasil!

dia de doarNeste ano, para a ação do Dia de Doar, o Instituto C está arrecadando leite – item essencial para as crianças e adolescentes atendidas. Na plataforma, é possível doar valores a partir de R$16, o que contribui  para uma criança atendida com a doação de 1 pacote de leite em pó. É possível escolher outros valores, e também a periodicidade da doação. 

E, para além da ação do Dia de Doar, o  Instituto C oferece diferentes possibilidades para quem queira apoiar nossa causa: apoio financeiro pontual ou mensal, doação de produtos, doação no imposto de renda e a doação de crédito na nota fiscal paulista.

A importância de apoiar uma causa

O poder da doação é uma força transformadora que pode gerar um impacto significativo em vidas e comunidades. 

Ao reconhecer a importância da generosidade e solidariedade, podemos compreender como a doação pode ser um catalisador de mudanças positivas. O ato de doar não apenas beneficia os destinatários diretos, mas também fortalece os laços sociais, promove a empatia e constrói um senso de responsabilidade coletiva.

A importância da doação vai além do aspecto material, pois também influencia positivamente o bem-estar emocional e psicológico das pessoas envolvidas. A sensação de contribuir para algo maior do que nós mesmos traz um profundo sentido de propósito e satisfação, enriquecendo nossa vida de maneira significativa. Além disso, a doação promove a conscientização sobre questões sociais e inspira outros a se envolverem, criando um efeito cascata de generosidade e solidariedade.

Clique e faça sua doação para o Instituto C neste dia de doar!
Serviços IC

Racismo: o que é, leis que combatem e como o IC atua na pauta

Racismo é um assunto complexo que tem impactado comunidades ao redor do mundo. A Lei 7.716/89, conhecida com Lei do Racismo, pune todo tipo de discriminação ou preconceito, seja de origem, raça, sexo, cor, idade. “Quando se aborda o tema do racismo, é possível afirmar que a subjetividade de um ser humano é moldada pelos costumes. Qualquer indivíduo, detentor de direitos, necessita ser amado, reconhecido e valorizado. E, ser alvo de preconceito, resulta em sofrimento. Por isso a importância de trabalhar essas questões para reduzir tal dor entre aqueles que vivenciam essa realidade”, introduz Enia Moura, psicóloga do Instituto C.

Neste artigo, vamos explorar o que é racismo, a origem dele no Brasil, as leis que combatem o racismo no país, recursos disponíveis para educar e combater o racismo sistêmico, e como o Instituto C atua na pauta – através de rodas de conversas, mas também de medidas práticas.

“Dentro do Instituto, a gente entende a importância de falar sobre o racismo estrutural e como esse racismo velado afeta cada um de nós – e a nossa sociedade”, afirma Lualinda Toledo, pedagoga do Polo Centro. Ela ainda acrescenta que as famílias atendidas pela organização já estão consumidas pelo diagnóstico de suas crianças, e que o racismo não é algo que elas compreendam como parte estrutural. “As mães não percebem que elas acessam ou não o direito delas pela cor da pele de seus filhos”, completa. O impacto de todo esse cenário é perverso e, além de atingir os acessos aos direitos, também influencia na saúde mental das famílias. Para mudar tudo isso, é preciso conversar sobre o tema, mas também tomar medidas práticas, como ações antirracistas – que cabem a toda a sociedade.

O que é racismo?

O racismo é a crença de que algumas raças são superiores a outras, resultando em discriminação e tratamento injusto para com as pessoas pertencentes a essas raças. Muitas vezes, o racismo é manifestado através de atitudes preconceituosas, estereótipos negativos e exclusão social. Essa forma de discriminação pode ocorrer em várias esferas da vida, como no ambiente de trabalho, na educação, na saúde e no acesso a serviços básicos.

O racismo pode assumir muitas formas, desde a discriminação explícita até a velada. É importante entender que o racismo não se limita apenas a ações individuais, mas também está enraizado em instituições e estruturas sociais, resultando em desigualdades sistêmicas. Reconhecer e combater o racismo é crucial para criar uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.

Para Claudete Marcolino, também psicóloga do Instituto C, o racismo surge frequentemente durante os atendimentos, mas de uma maneira não verbalizada. “Isso ocorre porque não há uma construção de pensamento em relação à estrutura social, dificultando a identificação do racismo pelas famílias, já que não existe uma estrutura formalmente organizada para tal”, explica.

Um dos lugares onde ele aparece é no diagnóstico das crianças. Segundo ela, estatisticamente, está comprovado que crianças negras recebem um diagnóstico com mais atraso do que crianças brancas. “Esse atraso é mais evidente quando se trata de transtornos comportamentais, pois as questões reais do diagnóstico não são consideradas. Em vez disso, é associado ao contexto uma falta de educação e comportamento inadequado, colocando a responsabilidade na mãe negra e atribuindo tudo aos valores estruturais de uma sociedade que já universalizou seus próprios valores”, explica.

E, uma vez que o diagnóstico é atribuído a uma criança negra, o acesso à saúde, ao tratamento e ao acompanhamento é afetado por impactos físicos e sociais relacionados à melanina. O racismo estrutural se reflete na disparidade de diferença entre uma criança branca com diagnóstico e uma criança negra na mesma situação. Portanto, esse também é um impacto significativo na saúde mental das famílias que lidam com o diagnóstico de uma criança. “Assim, podemos começar a perceber o impacto gerado por uma sociedade que apresenta uma estrutura marcada por um racismo sistêmico e estrutural, os quais dificultam o acesso a diversos recursos. Este é um cenário concreto enfrentado por muitas famílias, que frequentemente não conseguem identificar ou nomear as situações como sendo racistas, nem reconhecer que estão sendo vítimas de violações de direitos decorrentes do racismo”, reflete Claudete.

Origem do racismo no Brasil

No Brasil, o racismo tem raízes profundas que remontam ao período colonial, quando milhões de africanos foram trazidos à força para trabalhar como escravos. Essa exploração e desumanização das pessoas de ascendência africana criou uma hierarquia racial que ainda permeia a sociedade brasileira. Mesmo após a abolição da escravidão, a discriminação racial persistiu de diversas formas, afetando a vida e as oportunidades das pessoas negras no país.

O mito da democracia racial, que sustenta a ideia de que no Brasil não há racismo e que todas as raças convivem em harmonia, tem sido desmascarado ao longo dos anos. A realidade é que o racismo estrutural e institucionalizado continua a impactar negativamente a vida das pessoas negras no Brasil, limitando seu acesso a oportunidades e recursos. Entender a origem do racismo no país é fundamental para promover ações eficazes de combate a essa realidade.

Claudete também reforça outros dois pontos importantes que o racismo atravessa: a solidão e o luto. É visível a falta de rede de apoio e sobrecarga enfrentada por mães negras solteiras, localizadas em regiões periféricas e em condições de vulnerabilidade. Em relação ao luto, também há uma diferenciação para com as mães negras, que não têm o “luxo” de se permitirem o tempo necessário para elaborar a perda de seus filhos, sendo pressionadas a prosseguir imediatamente na luta diária. Isso tudo, lembrando que, cerca de 85% das famílias atendidas no Instituto C são lideradas por mulheres negras, muitas das quais não se reconhecem como negras, destacando a influência também do padrão narcísico de beleza e a não-visibilidade da mulher negra na saúde humana.

Daí, a equipe multidisciplinar reconhece a necessidade de abordar temas que ampliem o pensamento das famílias, capacitando-as a protagonizarem suas próprias vidas com autonomia e independência. Esse processo possibilita que as famílias avaliem, reconheçam e nomeiem suas dores internas e sociais, contribuindo para o fortalecimento da autonomia e independência”, pontua Claudete.

Leis que combatem o racismo no Brasil

No Brasil, existem leis específicas que visam combater o racismo e promover a igualdade racial. A Constituição Federal de 1988 estabelece a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo a proteção contra a discriminação racial. Além disso, a Lei nº 7.716/1989 define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor, tornando puníveis as práticas discriminatórias.

O Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei nº 12.288/2010, estabelece políticas de promoção da igualdade racial e combate à discriminação, além de criar mecanismos de reparação para as vítimas de racismo. Essas leis representam avanços importantes na luta contra o racismo, mas é fundamental que sejam efetivamente aplicadas e que haja um trabalho contínuo de conscientização e educação para combater essa realidade.

Entretanto, a conquista efetiva dos direitos contra o racismo talvez demande muitos anos. Apesar da presença das leis, como expresso na Constituição, que proclama a igualdade, ainda há um longo caminho a percorrer. “Embora o racismo seja considerado crime, a batalha atual se dá para a efetivação das medidas legais para combater esse delito. É preciso renunciar aos padrões educacionais e estruturais tradicionais em prol de uma educação antirracista. E, para isso, é necessária uma mudança de perspectiva e uma revolução nos padrões de beleza e estrutura estabelecidos”, ressalta Claudete.

Vale lembrar que o racismo é uma forma de discriminação que se baseia em diferenças raciais, promovendo a inferiorização de um grupo étnico; o preconceito é um juízo prévio e desfavorável sobre algo ou alguém sem conhecimento adequado, e que pode ser relacionado a diversas características, incluindo raça, gênero, religião, entre outros. Já a injúria racial é uma ofensa direcionada à raça, cor, etnia, religião ou origem de alguém. Atualmente, no Brasil, o racismo é considerado crime inafiançável e imprescritível, conforme a Constituição Federal. A prática de discriminação racial, injúria racial e preconceito são consideradas infrações penais

Rodas de conversa sobre o racismo

No início de todo ano, a equipe do Instituto C se reúne para pensar nos temas das rodas de conversas dos meses seguintes. “Pensamos em temas que dialoguem com aquilo que vamos percebendo ao longo do ano anterior. A violência contra a mulher, o não acesso das pessoas com deficiência e a questão racial, por exemplo, são questões urgentes”, explica Lualinda.

A questão racial, no entanto, é ainda mais gritante. “A gente percebe isso ao notar que o maior número de famílias atendidas pelo Instituto C é de pessoas negras. Ainda que muitas delas não se declaram negras, por uma questão estrutural, nós enquanto técnicas temos essa consciência de que elas fazem parte de um grupo étnico racial e que elas vivenciam essa questão todos os dias”, diz a pedagoga.

Em outubro, então, aconteceu a roda de conversa sobre racismo – que contou também com uma atividade lúdica sob o comando da artista Raki. “O tema é pesado, né? Então, na primeira parte dessa roda trouxemos as dores e o contexto histórico do racismo no Brasil, para depois finalizar com a atividade artística e temas como representatividade e identidade”, explicou Lualinda.

Fomos apresentando historicamente às famílias como o racismo se desenvolve, desde os filhos de Noé até a maldição de Cam, e como as religiões utilizam isso para afirmar que o povo negro é amaldiçoado. Abordamos como essa ideia foi empregada para justificar a escravidão do povo negro e como ela contribuiu para naturalizar a concepção de que o negro não possui alma. Relatamos às famílias o percurso de tirar o negro da África, trazê-lo para o Brasil, destacando a persistência das guerras, mas ressaltando que a escravidão tem um caráter perverso, resultando na perda de nossa identidade. Também discutimos a tentativa de embranquecer o Brasil e todo o contexto histórico, visando proporcionar às famílias uma compreensão do passado e, assim, desmistificar o que é ensinado nas escolas”, explicou.

A pedagoga conta que foram momentos de choro e de dor, mas também de reflexão e conhecimento – finalizado com uma série de atividades artísticas.

No Instituto, o trabalho também se desenvolve no sentido de proporcionar uma abordagem clínica ampliada. “Busca-se levar as famílias a compreenderem essa dor não verbalizada, que, apesar de não ser expressa verbalmente, é real e relevante, associada a uma estrutura que coloca essas famílias em situações desconfortáveis, de falta de acesso e violação de direitos”, reforça Claudete.

Medidas e ações antirracistas

É preciso ter essa conversa, mas também adotar práticas que possam mudar esse cenário. “É compreender como denunciar o racismo e entender o funcionamento das leis. É importante também reconhecer que o papel da pessoa branca é tomar partido ao testemunhar situações discriminatórias. É fundamental abordar esse espaço antirracista, reconhecendo que todos nós podemos agir para combater essa problemática. Devemos unir forças para promover mudanças – e de diferentes formas, seja através do voto, da denúncia ou da contratação de pessoas negras”, diz Lualinda.

Muitas das famílias chegam ao Instituto C desconhecendo o racismo e, por isso, naturalizando essa questão. “O pior é quando esse ciclo se perpetua de geração em geração, especialmente se houver a mesma reprodução de cor”, pontua Enia. A psicóloga conta que nos atendimentos das situações provenientes do racismo, é nítida a percepção de desconhecimento dos direitos. “É nosso papel fornecer informações sobre isso, para que a pessoa possa ser mais assertiva nos ambientes em que vive. Promovemos o entendimento sobre o racismo e suas implicações na saúde mental, utilizando uma estratégia chamada acolhimento, que oferece escuta e apoio. Através do diálogo, buscamos modificar a situação que ela está enfrentando para que ela possa sair desse contexto”, afirma.

Em julho deste ano, por exemplo, o Instituto C conquistou o selo Igualdade Racial, promovido pela Secretaria Municipal dos Direitos Humanos. Este reconhece instituições privadas cujo quadro de profissionais contratados contemple, ao menos, 20% de pessoas negras, distribuídas em hierarquias e funções. “Essa sempre foi uma preocupação do Instituto C quanto à equipe nas contratações”, reforçou Vera Oliveira, Diretora Executiva do Instituto C, na época.

Para Lualinda, é fundamental ter pessoas diversas dentro das instituições para que as famílias se reconheçam. “Há demandas que precisam ser abordadas por pessoas específicas, exigindo sensibilidade e compreensão. Quando se trata da relação afetiva e amorosa de uma mulher negra, se uma profissional branca não reconhece historicamente o lugar dessa mulher na sociedade e a experiência da solidão, ela não pode orientar adequadamente essa família, uma vez que o afeto é o único espaço de conexão que essa mulher conhece”, pontua.

Não se trata de classificar quem está sofrendo menos ou mais, mas sim de direcionar políticas públicas para compreender o contexto do racismo estrutural. “Isso envolve diálogo, estudo e a compreensão. Não é sobre virar inimigo do outro, é sobre o outro entender o seu lugar, nós entendermos o que acontece à nossa volta – e o que se faz com isso. Essa é a questão”, finaliza Lualinda.


Contribuição:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Áreas de atendimento

A psicologia no Instituto C: como funciona?

Uma das áreas de atendimento dentro do Instituto C é dedicada à psicologia, a ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais. 

O tema ganhou ainda mais destaque após a pandemia do coronavírus, mas fato é que a psicologia, se desenvolvida e trabalhada, pode ser uma ferramenta essencial para a promoção e fortalecimento do bem-estar geral da sociedade.

Dentro do Instituto C, a psicologia é trabalhada em um viés social, diferente do tradicional conhecido pela sociedade, individual e clínico. “A psicologia social é um trabalho profissional e previsto dentro da assistência social”, introduz Nayara Oliveira, psicóloga institucional.

Para ela, esse trabalho se atenta muito às questões de intersecções, de exclusão e inclusão na sociedade. “Atuamos por meio de uma escuta qualificada, considerando contextos históricos, sociais e econômicos, especialmente influenciados por intersecções  de gênero, classe e raça, bem como outras populações marginalizadas, como povos originários e comunidades ribeirinhas”, explica Nayara.

Aqui, vamos explicar um pouco mais sobre a psicologia social e como funciona a área de psicologia dentro do Instituto C. 

O que é a psicologia social?

A psicologia social é uma abordagem dentro da psicologia que se concentra no estudo do comportamento humano em contextos sociais. 

Um pouco diferente do que se conhece tradicionalmente na sociedade, este tem uma base comunitária e coletiva – analisando as questões sempre vinculadas ao território e ao coletivo. “A função da psicologia social é identificar as potencialidades e as vulnerabilidades das pessoas atendidas e seus territórios, principalmente numa lógica familiar, sempre pensando no fortalecimento dessas potências e promovendo a garantia do acesso aos direitos fundamentais”, explica Nayara.

A psicóloga ainda reflete como essa visão é algo recente. “Identificar uma pessoa como um sujeito de direitos é algo muito novo na sociedade brasileira. Isso vem da Constituição de 1988, né? Estamos falando que entender o ser-humano como uma pessoa digna de direitos vem de 35 anos. A psicologia social, então, luta para garantir a efetividade disso”, pontua.

Ainda de acordo com essa teoria, vale lembrar que a pobreza e a vulnerabilidade possuem muitas esferas, que não só a ausência do dinheiro. Daí a importância de uma escuta ativa e qualificada para a reflexão desses marcadores sociais de maneira ética – sempre atuando de maneira interdisciplinar e pensando nos acessos de políticas públicas. 

Como é dividida a área de psicologia no Instituto C?

No Instituto C, temos psicólogas que atuam no atendimento da psicologia social. Elas atendem de forma individual e também no coletivo, em rodas de conversa e grupos de fortalecimento. Em demandas urgentes, quando se identifica a urgência do atendimento, elas também atuam em atendimento domiciliar. É importante ressaltar que, caso seja identificada demanda de um trabalho psicoterapêutico, as psicólogas sociais do Instituto C articulam, seja com a rede pública ou privada, meios para que a família seja atendida e cuidada em sua demanda.

Já a frequência dos atendimentos é conforme as necessidades aparecem. No Polo Centro, por exemplo, as famílias estão presencialmente uma vez por mês –sempre em contato remoto caso haja necessidade. Já no Polo Zona Norte, a agenda é aberta e montada de acordo com as demandas das famílias e a disponibilidade da equipe, em encontros semanais, individuais ou coletivos.

Dentro da psicologia, temos o código de ética e um dos primeiros artigos é a luta ativa pela promoção de igualdade e contra as opressões e violência, então a psicologia no Instituto C está sempre unida a esses princípios”, reforça Nayara. 

Como funcionam os atendimentos da psicologia?

A partir da visão da psicologia social, os atendimentos são sempre pensados no coletivo, a partir daquilo que é dito – e não dito. “A gente vai pensando no adoecimento e na fragilidade daquela família não só pelo que ela diz, mas também pelo que o território está produzindo”, diz Nayara.

Isso porque muitas violações de direitos e vulnerabilidades são naturalizadas pela sociedade, e acontecem por conta de uma estrutura social e coletiva antiga. “Existe também o trabalho de ajudar a identificar essas questões. A violência de gênero e doméstica, por exemplo, é algo que a mulher muitas vezes nem consegue perceber que acontece. Então, temos um trabalho muito grande de não individualizar o problema, mas também de ir amplificando essas vozes”, completa a psicóloga. 

A área de Desenvolvimento Institucional

Além dos atendimentos nos projetos, também existe a área de desenvolvimento institucional, onde a psicologia também está presente e Nayara está à frente. “Nessa área, o atendimento não é direto com as famílias, mas sim com equipe do Instituto C. É um trabalho de escuta em busca  de cuidar das pessoas e dos processos para que a gente tenha vínculos fortalecidos e sustentáveis”, explica.

Assim, a psicologia dentro do Instituto C é prioritariamente social – da mesma forma dentro da área institucional. “A minha escuta também passa por esses marcadores e por essa luta coletiva. É uma construção transversal, costurando os atravessamentos de toda a equipe”, completa. 

Os benefícios da psicologia social

A luta pela igualdade é um benefício para toda a sociedade. E, quando pensamos em uma psicologia não elitista e individual, produzir saúde e fortalecer vínculos se torna ainda mais potente. “Quando a gente faz isso, a gente evita que as violências sejam perpetuadas ou repetidas”, garante Nayara.

É claro que a psicologia social possui desafios – ainda mais em um País com tanta opressão e desigualdade, mas é um caminho possível. “Pensar no fazer cuidadoso e ético, que mais inclua do que exclua, é uma forma de promover transformações. Se a gente está pensando em produzir saúde e cuidado para uma grande população que é marginalizada, não daria para ser individual, tem que ser coletivo. E, aos poucos, é caminhando que se faz o caminho”, finaliza. 


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Dia das Crianças e Aniversário do Instituto C

Outubro é um mês muito especial para nós. Celebramos o aniversário do Instituto C, que completa 12 anos em 2023, e comemoramos também o Dia das Crianças – que são parte essencial do nosso trabalho

Aliás, as duas datas estão conectadas. “O Instituto C foi fundado coincidentemente no Dia das Crianças, e isso é maravilhoso porque é a melhor data para a gente comemorar uma organização que preza justamente por formar crianças que se tornem cidadãos conscientes de seus direitos e com todas as oportunidades que eles merecem ter na vida“, afirma Vera Oliveira, diretora executiva.

Tradicionalmente no Brasil, no dia 12 de outubro, celebramos a infância e homenageamos os pequenos que trazem alegria e esperança para o mundo. É um dia dedicado a enaltecer a importância das crianças em nossa sociedade e reconhecer seus direitos e necessidades.

Aqui, vamos nos aprofundar um pouco mais na história, simbologia da data, reunir ideias de brincadeiras para fazer com os pequenos e, claro, te contar também um pouco mais dos nossos 12 anos de trabalho

História do Dia das Crianças

Assim como em outras datas comemorativas, o Dia das Crianças tem origens que remontam a diversas culturas e tradições ao redor do mundo. No Brasil, a data foi oficializada em 1924, inspirada pelo movimento internacional que buscava garantir os direitos das crianças.

A data, então, foi criada por um decreto sancionado em 1924, no governo de Artur Bernardes, durante a Primeira República do Brasil. No entanto, a celebração já ocorria em outros países, como nos Estados Unidos, onde foi estabelecido em 1857. 

Por que celebramos o Dia das Crianças em 12/10?

A escolha do dia 12 de outubro para comemorar o Dia das Crianças está relacionada à celebração de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. A data já era um feriado nacional e, por isso, foi escolhida para homenagear as crianças também. Essa escolha fez com que a data se tornasse ainda mais significativa para os brasileiros.

Além disso, a data varia em diversos países. Por exemplo, nos Estados Unidos, é comemorado no terceiro domingo de junho. Já na Índia, é celebrado em 14 de novembro, durante o aniversário de Jawaharlal Nehru, o primeiro primeiro-ministro do país, que era conhecido por seu amor pelas crianças. 

Qual é o objetivo de celebrar esse dia? 

O propósito de celebrar o Dia das Crianças é destacar a importância das crianças em nossa sociedade e garantir que seus direitos sejam respeitados. É uma oportunidade de refletir sobre a infância, promover a igualdade e oferecer um ambiente seguro e saudável para que as crianças possam crescer e se desenvolver plenamente.

Além disso, é uma data de celebração e diversão. É um momento para criar memórias felizes e fortalecer os laços familiares. Através de brincadeiras, presentes e atividades especiais, podemos demonstrar o nosso amor e carinho pelas crianças e proporcionar momentos de alegria e aprendizado. 

Dia Universal das Crianças 

Como falamos acima, esse dia é celebrado em datas diferentes ao redor do mundo. No entanto, também existe o Dia Universal das Crianças, também conhecido como Dia Mundial das Crianças. Ele é comemorado em 20 de novembro e foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1954.

Na data, é importante trabalhar para a conscientização da sociedade sobre a importância de garantir os direitos das crianças, como o direito à educação, à saúde, à proteção contra a violência e à liberdade de expressão. É uma oportunidade de refletir sobre as questões que afetam as crianças em diferentes países e buscar soluções para melhorar suas condições de vida. 

4 Atividades e brincadeiras para fazer com as crianças

Brincadeiras e, principalmente, jogos educativos são uma excelente forma de tornar o Dia das Crianças ainda mais especial e significativo. Eles proporcionam diversão e aprendizado ao mesmo tempo que estimulam o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional das crianças.

Abaixo, vamos te dar 4 ideias de atividades fáceis de fazer para tornar o dia mais divertido. Confira! 

Jogo da memória

O jogo da memória é um dos clássicos da infância. Ele é ótimo pois ajuda a exercitar a memória das crianças, além de trabalhar a concentração e a capacidade de observação. Para tornar o jogo mais divertido, você pode utilizar cartas com imagens de personagens ou objetos que as crianças gostem. 

Jogo de palavras

Você pode criar um jogo de caça-palavras ou um jogo de formação de palavras com letras embaralhadas. Esse tipo de jogo também ajuda a desenvolver o vocabulário, a ortografia e a capacidade de raciocínio das crianças. 

Corrida no saco

Se você tem a opção de fazer uma brincadeira ao ar livre, seja no quintal de casa ou em uma praça, uma ideia de jogo divertido é a corrida de saco. Basta providenciar sacos de batata e delimitar uma linha de chegada. As crianças devem entrar dentro dos sacos e, ao sinal, correr até a linha de chegada. O vencedor é quem chegar primeiro! 

Queimada 

A queimada também é uma brincadeira tradicional, principalmente nas escolas. Para fazer, reúna as crianças da família ou do bairro e organize dois tiques, com uma linha no meio do campo. O objetivo é acertar os jogadores do time adversário com a bola, sem deixar que a bola seja pega pelos adversários. O time que eliminar todos os jogadores adversários vence. 

Presentes simbólicos para o Dia das Crianças 

Sabemos que, além dos jogos, os presentes também fazem parte do Dia das Crianças. Afinal, as crianças ficam na expectativa de recebê-los. Porém, eles também podem ser simbólicos e, ainda assim, são uma excelente forma de demonstrar o carinho e amor pelos pequenos.

Uma opção de presente simbólico é uma carta das pessoas queridas por ela. Uma simples mensagem escrita à mão pode carregar um significado profundo que a criança levará para sempre. Nessa carta, os parentes e amigos podem expressar seus sentimentos, compartilhar lembranças especiais, colocar algumas fotos e transmitir palavras de encorajamento. É uma maneira de fortalecer os laços afetivos e criar memórias eternas!

Aniversário de 12 anos do Instituto C

Por tudo o que foi exposto, não haveria data melhor para comemorar o aniversário do Instituto C. Como adiantamos, a organização nasceu em 12 de outubro de 2011 e em 2023 celebra seus 12 anos. Para Vera Oliveira, diretora executiva e fundadora do IC, a comemoração dupla é simbólica e especial. “É a melhor data para comemorar uma organização que preza justamente por formar crianças que se tornem cidadãos conscientes de seus direitos e com todas as oportunidades que eles merecem ter na vida“, diz. 

Para ela, os 12 anos do Instituto são a consolidação da metodologia usada pela organização. “Desenvolvemos esse sistema durante todos esses anos e agora começamos a replicar em parceria com outras organizações. Estamos prontos para expandir ainda mais“, celebra Vera.


Leia Agora:

“Um ano de grandes conquistas para o Instituto C”


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Institucional

A jornada das famílias no Instituto C

Atendendo famílias que enfrentam situações de vulnerabilidade social com crianças e adolescentes, o Instituto C tem como foco ajudá-las a conquistar e estabelecer sua independência e autonomia, enquanto ampliam a consciência de seus direitos e responsabilidades.

Para isso, o IC investe recursos para desenvolver capacidades intrínsecas de cada pessoa visando como auxiliá-la na sua transformação em um cidadão, ciente de seus direitos e deveres por meio de acolhimento, orientações, direcionamentos e articulação com a rede socioassistencial. Assim, o Instituto C busca pela transformação social no final da jornada de cada família atendida.

Triagem e plano de atendimento individualizado

As famílias chegam até o Instituto C de forma espontânea, por meio de indicação de outras famílias que já conhecem o projeto ou encaminhados pela rede socioassistencial que as encaminham para a instituição. 

Depois do primeiro contato da família com o Instituto C acontece a triagem, na qual elas passam por uma entrevista para análise socioeconômica e, estando dentro do perfil, são convidadas para iniciar os atendimentos. 

Desde o contato inicial, o olhar é feito de forma totalmente individual, isto é, o cuidado com cada família começa pela formulação de um plano de atendimento específico para ela. Assim, cada família é atendida pelas áreas que precisa, dentro da frequência necessária.

Acompanhamento técnico e atendimentos multidisciplinares

Há sempre um profissional designado para acompanhar cada família, que chamamos de técnico de referência da família, fortalecendo o vínculo da família com o Instituto C e agilizando as resoluções das demandas.

Em dias específicos, as famílias recebem orientações e encaminhamentos nas áreas de assistência social, psicologia, nutrição, educação e geração de renda. Com essa divisão, a família tem mais autonomia para dizer de quais atendimentos quer participar, se aprofundar nos temas e, consequentemente, a eficiência dos atendimentos é ampliada.

Monitoramento e evolução de cada família

Mensalmente, avaliamos a evolução das famílias e a aderência ao plano de ação que traçamos individualmente com cada uma delas. Em média, cada família atendida permanece no Instituto C por um ano e meio. Esse é o tempo médio para que as chefes de família fortaleçam sua autoestima, ampliem sua rede de apoio e tenham domínio da rede socioassistencial para que possam viver com mais autonomia. Assim, ao encerrar seu ciclo no Instituto C, ela dá espaço para que uma nova família também possa ser atendida. 

Polos de atendimento

Hoje são três polos de atendimento do Instituto C, cada um deles com suas especificidades.

Polo Centro

No coração do bairro Vila Buarque em São Paulo encontra-se o Polo Centro, que desempenha o papel de sede do Instituto C. Foi nessa região que começamos a atuar há 12 anos, e onde prototipamos a metodologia usada no Instituto C. 

Inicialmente, atendíamos apenas famílias com crianças que possuíam algum tipo de doença crônica – e até hoje esse segue sendo o perfil das famílias que são atendidas no Polo Centro. 

Em 2012, começamos a realizar uma triagem detalhada com foco na escuta qualificada, definição do plano de trabalho junto e acompanhamento de metas com as famílias atendidas. Esse método foi sendo aprimorado e hoje é replicado em outros 2 polos. 

Polo Zona Norte

Localizado no bairro Vila Palmeiras, em São Paulo, o Polo Zona Norte abriu suas portas em março de 2022. Esse polo proporciona assistência a famílias em situação de vulnerabilidade, acompanhadas por crianças e adolescentes, residentes em comunidades nas proximidades do Polo Zona Norte.

Polo Guarujá

Por fim, em 2023, nasceu o Polo Guarujá – fruto da parceria entre o Instituto C e o Alimentando o Bem. A ONG surgiu no início da pandemia de Covid-19, para ajudar moradores do Perequê que já enfrentavam graves problemas com as fortes chuvas que haviam atingido a região. Desde maio de 2023,  as duas organizações se uniram para implantar a metodologia de atendimento social do Instituto C na região. 

Inicialmente, foi realizado um estudo do território para entender suas singularidades e como atender as demandas das famílias que ali residem. A partir dessa análise, começamos a trabalhar na formação da equipe multidisciplinar e no desenho da metodologia de atendimento das famílias.

Hoje, o Instituto C tem condição de ampliar sua metodologia, sempre com o cuidado de olhar para cada região e entender as suas diferenças e particularidades. Dessa forma, cada vez mais territórios podem ser atendidos e famílias beneficiadas!

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Conselho tutelar e a proteção de crianças e adolescentes

O Conselho Tutelar desempenha um papel fundamental na proteção dos direitos de crianças e adolescentes. Como órgão autônomo e permanente, o Conselho Tutelar atua de forma independente, zelando pelo cumprimento das leis e garantindo o bem-estar das crianças e dos adolescentes em situações de vulnerabilidade.

 A existência do Conselho Tutelar é essencial para garantir que as políticas públicas voltadas para a infância e adolescência sejam efetivamente implementadas e que seus direitos sejam respeitados.

 Muitas dúvidas ainda permeiam a atuação do órgão, por isso aqui vamos explorar em detalhes o papel do Conselho Tutelar, suas atribuições legais e a importância desse órgão na promoção e defesa dos direitos das crianças e adolescentes

O que é o Conselho Tutelar? 

O Conselho Tutelar é um órgão que faz parte do conjunto de políticas públicas voltadas para a proteção e promoção dos direitos da infância e adolescência. 

Foi instituído pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Conselho Tutelar é composto por membros eleitos pela comunidade local, em um processo democrático. 

Esses membros são responsáveis por atuar na defesa dos direitos das crianças e adolescentes, exercendo funções de orientação, encaminhamento, aconselhamento e fiscalização.

Em 2019, houve uma grande mudança no Conselho Tutelar do Brasil. Isso porque, naquele ano, foi aprovado o Projeto de Lei PL 1.783/2019, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para permitir a reeleição de conselheiros tutelares para vários mandatos. Antes da nova lei, o ECA permitia essa recondução por apenas uma vez. A medida também adotou o primeiro domingo de outubro como a data da eleição dos novos membros do Conselho Tutelar – que tem um mandato de 4 anos.

Poucas pessoas na sociedade civil têm conhecimento sobre as eleições e sobre a importância do Conselho Tutelar”, introduz Sheila Silva, agente de ação social do Instituto C.

“Somos uma Instituição que trabalha para garantir a proteção de crianças e adolescentes. Então, a gente precisa também estar presente nesse ato de compartilhar, ampliar conhecimento e saber quem são esses conselheiros”, completa.

Qual é a função do Conselho Tutelar?

Uma das principais funções do Conselho Tutelar é o atendimento e orientação de crianças, adolescentes e seus pais ou responsáveis. Por meio desse atendimento, o Conselho busca fornecer informações, esclarecer dúvidas e orientar sobre os direitos e deveres de cada um. Esse trabalho de orientação contribui para o fortalecimento dos vínculos familiares e para a prevenção de situações de risco e violação dos direitos.

 O Conselho Tutelar possui diversas atribuições, que visam garantir o pleno desenvolvimento e proteção desses direitos. Entre suas principais atribuições, podemos destacar:

  • Atender e aconselhar crianças, adolescentes e seus pais ou responsáveis, fornecendo orientações e encaminhamentos necessários;
  • Realizar diligências e visitas domiciliares, verificando situações de vulnerabilidade e risco;
  • Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, assistência social, entre outros, visando garantir o acesso aos direitos fundamentais;
  • Encaminhar casos às autoridades competentes, como o Ministério Público, em situações de violação dos direitos das crianças e adolescentes;
  • Mediar conflitos familiares e promover ações de conscientização e prevenção de violência;
  • Representar crianças e adolescentes em situações judiciais;
  • Fiscalizar entidades de atendimento, como abrigos e casas de acolhimento, verificando as condições de acolhimento oferecidas;
  • Promover a articulação e integração da rede de proteção à infância e adolescência, envolvendo diversos órgãos e instituições.

Sheila destaca que o Conselho Tutelar atua muito de forma preventiva às violações dos direitos. “Muito se fala apenas sobre a questão punitiva, né? Precisamos desmistificar essa ideia de que o Conselho é algo que retira as crianças do poder familiar. Ele é um órgão que tem uma autoridade, sim, mas que também orienta as famílias para vínculos mais saudáveis”, reforça. 

Como funciona o Conselho Tutelar?

O Conselho Tutelar é um órgão autônomo e independente, sem qualquer subordinação hierárquica administrativa. Isso significa que suas decisões são tomadas de forma autônoma e não estão sujeitas a revisão pela administração pública.

No entanto, as decisões do Conselho Tutelar podem ser revistas pelo Poder Judiciário, a pedido de quem tenha interesse legítimo. Essa revisão é importante para garantir a imparcialidade e a legalidade das decisões tomadas pelo Conselho Tutelar.

Vale explicar também que o Conselho Tutelar atua de forma territorializada, isto é, cada região tem o seu. 

“Aqui na Zona Norte, por exemplo, trabalhamos com o Conselho que atua na Brasilândia e Freguesia do Ó, tem o que atua na Casa Verde, Limão e Cachoeirinha… Já faz algum tempo, desde o Plano Nacional da Assistência, que o Brasil atua com a territorialização, que é justamente para a gente aproximar esses equipamentos públicos à sociedade civil”, explica Sheila.

Quando acionar o Conselho Tutelar?

De acordo com o artigo de número 4 do Estatuto da Criança e do Adolescente, é obrigação de toda a sociedade garantir a proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes. Sendo assim, o Conselho Tutelar deve ser acionado sempre que houver qualquer situação que configure ameaça ou violação desses direitos por falta, omissão ou abuso dos pais, responsável, sociedade ou Estado ou em razão de conduta própria do menor.

O Conselho Tutelar deve ser acionado quando a criança ou o adolescente, por exemplo:

  • Não está matriculado ou não frequenta regularmente a escola;
  • Apresenta problemas de saúde e não tem atendimento médico adequado;
  • Necessita do uso de medicamentos, mas não tem acesso ou não usa corretamente;
  • Apresenta sinais de maus-tratos ou de agressões;
  • Vive em contexto familiar prejudicial à sua formação ou existe alguma situação grave que recomende sua saída do contexto familiar;
  • Trabalha em condições que não são compatíveis com o que determina o ECA (saiba mais sobre trabalho infantil aqui).

Eleições e Composição do Conselho Tutelar

Os membros do Conselho Tutelar são eleitos pela comunidade, em processo eleitoral que ocorre a cada 4 anos. Podem se candidatar ao cargo de conselheiro tutelar pessoas maiores de 21 anos, com reconhecida idoneidade moral e que residam no município. As eleições são realizadas de forma democrática, com a participação da comunidade na escolha dos representantes do Conselho Tutelar.

Está também estipulado no ECA que as eleições para o Conselho Tutelar acontecem no primeiro domingo de outubro (no próximo dia 01/10) elegendo cinco membros escolhidos que terão um mandato de 4 anos. Neste ano, ao todo, serão eleitos 260 conselheiros tutelares em São Paulo com remuneração mensal de R$ 4 mil. “Teremos a eleição e estamos trabalhando com as famílias a importância de irem nesse dia votar”, diz Sheila.

E qualquer pessoa pode ir votar!A sociedade não tem esse exercício, mas todo mundo pode participar dessa eleição, e deveria! É uma votação extremamente importante, afinal estamos falando da garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Precisamos cada vez mais engajar a sociedade civil nisso”, alerta Sheila. 

Como realizar a votação?

Para votar, basta comparecer presencialmente no dia 01/10 em um dos 325 pontos distribuídos por São Paulo que estará realizando a eleição. O horário de votação é das 8h às 17h e é importante também levar RG e Título de Eleitor. 


Confira aqui as informações sobre os pontos de votação e candidatos do Processo de Escolha Unificado dos membros dos Conselhos Tutelares da Cidade de São Paulo

Como o Instituto C atua com o Conselho Tutelar?

O Conselho Tutelar desempenha um papel fundamental na proteção e promoção dos direitos das crianças e adolescentes – e o Instituto C trabalha nas duas pontas de atuação. Com conversas com os membros do Conselho para que eles conheçam os serviços prestados e possam atuar de forma conjunta, e também com as famílias para que elas vejam o órgão como algo positivo. “Fazemos um trabalho de sensibilizar e informar que o Conselho não é algo punitivo, mas preventivo. Até porque existe um estudo muito grande para que alguma medida mais grave seja tomada”, esclarece.

O órgão, então, é essencial para assegurar a efetiva implementação das políticas públicas voltadas para a infância e adolescência e garantir um ambiente seguro e saudável para o desenvolvimento. 

Muitas vezes a violência contra a criança acontece dentro de casa. O Conselho Tutelar é um órgão importante para toda a sociedade, afinal ele serve para proteger e prevenir e ninguém está isento de algo acontecer, né? Precisamos nos engajar e difundir a importância do órgão e, claro, da eleição. É um processo de escolha importante para todos nós”, finaliza Sheila.

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Trabalho infantil: o combate para acabar com esse cenário

Às vezes distante de nós, o trabalho infantil pode parecer algo já superado e que existia apenas no passado – mas o cenário atual está longe de não existir!

O trabalho infantil é uma realidade triste que ainda persiste no Brasil, violando os direitos fundamentais de milhares de crianças e adolescentes. Mesmo sendo condenado pela maioria dos países e fiscalizado por agências internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para sua erradicação, a exploração do trabalho infantil continua a roubar a infância e comprometer o desenvolvimento saudável desses jovens. 

 De acordo com dados divulgados em 2021, pela Fundação Abrinq, o trabalho infantil ainda é realidade para 1,7 milhão de crianças e adolescentes no Brasil. A pesquisa, que utilizou os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 86% de adolescentes entre 14 e 17 anos que estão no mercado de trabalho encontram-se em situação de trabalho infantil. Em 2020, a taxa era de 84,8%. Ou seja, precisamos avançar no debate e erradicar a exploração de crianças e adolescentes. 

Mas afinal o que é o trabalho infantil?

O trabalho infantil é uma questão grave que afeta a vida de milhões de crianças em todo o mundo, incluindo o Brasil. De acordo com dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), o trabalho infantil é caracterizado por atividades realizadas por crianças com idade inferior à mínima permitida para a entrada no mercado de trabalho, conforme estabelecido pela legislação em vigor no país.

No Brasil, a legislação estabelece uma série de diretrizes para proteger os direitos das crianças e adolescentes em relação ao trabalho. 

A proibição total do trabalho infantil é estabelecida até os 13 anos de idade. Isso significa que crianças com menos de 13 anos não podem ser empregadas em nenhuma atividade laboral, garantindo que tenham a oportunidade de crescer e se desenvolver de forma adequada, sem comprometer sua educação e saúde.

A partir dos 14 anos até os 16 anos, os adolescentes podem trabalhar, mas sob a condição de serem contratados como aprendizes – no Programa Jovem Aprendiz. Isso implica que eles podem adquirir experiência profissional, desde que seja uma atividade compatível com o seu desenvolvimento físico e psicológico. Essa medida visa equilibrar a formação educacional com a preparação para o mercado de trabalho.

Franciele Fernandes, assistente social do Instituto C, percebe que muitos jovens já estão inseridos neste contexto de trabalho, o que é ótimo. “O Programa Jovem Aprendiz não impede os jovens de estudar. Eles recebem um salário e, ao término do contrato, saem com uma capacitação. Ou seja, ao mesmo tempo em que trabalham, fazem um  curso relacionado à área de atuação deles. Isso sem falar que eles também gostam de ter seu próprio dinheiro, então, além desse ganho, o trabalho os motiva e os profissionaliza”, explica.

Já para aqueles entre os 16 e 18 anos, a lei permite que os jovens exerçam o trabalho de forma parcial, desde que sejam respeitadas algumas restrições. Nesse período, eles podem trabalhar, mas devem ser retirados de atividades laborais noturnas, perigosas e insalubres, protegendo assim sua segurança e bem-estar.

O Brasil ratificou a Convenção 182 da OIT em 2000, comprometendo-se a adotar medidas imediatas e eficazes para proibir e eliminar as piores formas de trabalho infantil. Em cumprimento a essa convenção, o Brasil elaborou a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil, que inclui o trabalho infantil na agricultura, trabalho doméstico, produção e tráfico de drogas, trabalho informal urbano, trabalho com lixo e exploração sexual de crianças e adolescentes.

Números do trabalho infantil no Brasil

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), ligada à ONU, tem se empenhado em erradicar o trabalho infantil em todo o mundo. No entanto, ainda estamos longe de alcançar esse objetivo. 

Segundo a OIT, em 2016, cerca de 152 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estavam sendo obrigados a trabalhar em todo o mundo. Além disso, 40 milhões de pessoas eram vítimas de trabalho análogo à escravidão, sendo que aproximadamente 10 milhões delas eram menores de idade.

 No Brasil, segundo aquele estudo publicado pela Abrinq, as ocupações do trabalho infantil variam desde trabalhos em campos agrícolas até atividades produtivas para consumo próprio. Dos 1,3 milhão de adolescentes envolvidos nesse cenário, 66,4% são meninos e 33,6% são meninas. Além disso, a pesquisa revela que 44,8% dos adolescentes entre 14 e 17 anos ocupam atividades da chamada Lista TIP – como a operação de tratores e máquinas agrícolas, o processamento de produtos como fumo, sisal e cana-de-açúcar, trabalhar em pedreiras, produzir carvão vegetal, coletar, selecionar e processar lixo, envolver-se no comércio ambulante e desempenhar tarefas domésticas.

 Quando racializamos esse cenário, os dados ficam ainda piores. Segundo o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), o número de crianças e adolescentes negros em situação de trabalho é maior do que o de não negros. Os pretos ou pardos representam 66,1% das vítimas do trabalho infantil no Brasil.

 De acordo com o IBGE, apesar da queda de 16% em 2019, na comparação com 2016, o número de de crianças e adolescentes envolvidos em trabalho infantil no Brasil ainda é alarmante e indica a necessidade contínua de medidas eficazes para erradicar essa prática.

Consequências do trabalho infantil para as crianças

O trabalho infantil tem efeitos ruins no desenvolvimento físico, psicológico, cognitivo, social e moral das crianças e adolescentes. Em termos físicos, o trabalho infantil pode causar fadiga excessiva, problemas respiratórios, doenças relacionadas ao uso de agrotóxicos, lesões na coluna, alergias e distúrbios do sono.

No aspecto psicológico, o trabalho infantil expõe as crianças a abusos físicos, sexuais e emocionais, levando ao adoecimento mental. Fobia social, isolamento, perda de afetividade, baixa autoestima e depressão são alguns dos problemas identificados.

Além disso, o trabalho infantil compromete a educação das crianças, resultando em baixo rendimento escolar e até mesmo o abandono da educação.

Como o Instituto C atua contra o trabalho infantil

No Instituto C, as conversas sobre o tema estão sempre presentes. Franciele conta que, com frequência, convida as famílias para discutir a importância dos estudos – e também explicar qual é a idade e a forma correta de inserir os jovens no mercado de trabalho, como por exemplo, o Programa de Jovem Aprendiz. 

Muitas vezes, a criança ou o adolescente está trabalhando para ajudar dentro de casa. “O primeiro passo é mostrar os direitos que as famílias podem ter. Aqui, costumamos orientar essas famílias sobre os benefícios dos programas de transferência de renda, o Bolsa Família, por exemplo, para que a família tenha uma renda mínima garantida e o jovem não precise realizar trabalhos precoces”, conta Franciele.

Além disso, o Instituto também se dedica a encontrar oportunidades de capacitação para os adultos da família poderem gerar renda, como cursos de manicure, cabeleireiro, entre outros inúmeros cursos gratuitos que existem na cidade. “Quando o responsável consegue um emprego, orientamos sobre o Centro para Crianças e Adolescentes (CCA), um espaço onde as crianças e adolescentes,  podem permanecer, durante o contraturno escolar evitando que fique nas ruas, onde sabemos que as crianças da periferia estão sujeitas a influências negativas, como o tráfico de drogas por exemplo. Nos CCAs, elas têm uma ocupação, são estimuladas em seu desenvolvimento e não ficam em risco”, complementa.

O nosso trabalho orienta e apresenta oportunidades que as famílias em situação de vulnerabilidade podem acessar para alcançar autonomia financeira e promover o desenvolvimento pleno e proteção dos seus filhos. “Realizamos um atendimento integral da família, entendemos as suas necessidades e demandas e indicamos caminhos possíveis dentro do que existe de oportunidades na cidade. Dessa forma, apresentamos um universo diferente que muitas vezes as famílias que nunca saíram da periferia não conhecem”, reforça Franciele.

É importante ressaltar que uma das metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) é a eliminação de todas as manifestações de trabalho infantil até o ano de 2025. O Brasil é um dos signatários desse compromisso, assumindo o compromisso de erradicar o trabalho infantil no país.

Eu vejo de perto como a educação transforma a vida das famílias que atendemos, e mostramos que existem outras opções além do trabalho informal. A vida oferece diferentes caminhos, e eles podem sonhar em fazer um curso técnico ou uma faculdade. Estamos aqui para orientar e mostrar essas outras possibilidades”, finaliza Franciele.


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Setembro Amarelo e o trabalho de prevenção ao suicídio

Você com certeza já se deparou com o termo Setembro Amarelo por aí, não é mesmo? A campanha, que acontece durante todo esse mês, tem como objetivo conscientizar e prevenir o suicídio no Brasil.

Em um mundo onde as pressões da vida moderna podem ser avassaladoras, o Setembro Amarelo serve como um lembrete importante de que todos nós, como sociedade, desempenhamos um papel na prevenção do suicídio, podendo ajudar a salvar vidas e oferecer suporte e recursos para aqueles que mais precisam.

O Setembro Amarelo é uma oportunidade para refletir sobre como podemos contribuir para a promoção da saúde mental e como essa contribuição pode chegar nas populações que vivem em situação de exclusão social. Uma das formas para fazer isso é se informando sobre o assunto, a fim de diminuir o preconceito em torno dos transtornos mentais. Então, vamos partir do começo?

O que é o Setembro Amarelo?

Setembro amarelo

Setembro Amarelo

O Setembro Amarelo começou nos EUA, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994. Seus pais e amigos não perceberam que o jovem tinha sérios problemas psicológicos e não conseguiram evitar sua morte.

Esse mês ganhou destaque no Brasil, graças ao empenho de Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que a introduziu no calendário nacional em 2013. Desde então, a ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), tem trabalhado para divulgar e expandir essa importante iniciativa em todo o país.

Assim, o dia 10 de setembro é oficialmente reconhecido como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha do Setembro Amarelo acontece ao longo de todo o ano, destacando a importância de promover a conscientização sobre os desafios da saúde mental e transtornos mentais.

Hoje, o Setembro Amarelo já é reconhecido como a maior campanha anti estigma do mundo, desempenhando um papel fundamental na quebra de tabus e na promoção de discussões abertas sobre a saúde mental.

Neste ano, o tema da campanha é: “Se precisar, peça ajuda!” – e reflete o compromisso contínuo de oferecer apoio e orientação às pessoas que enfrentam crises emocionais e psicológicas. 

Diversas ações estão sendo desenvolvidas para alcançar indivíduos de todas as idades e comunidades, com o objetivo de diminuir o preconceito em torno da saúde mental e incentivar a busca por ajuda quando necessário. 

Números de suicídios no Brasil

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019, já foram registrados mais de 700 mil casos de suicídio em todo o mundo. 

No Brasil, aproximadamente 14 mil pessoas tiram suas próprias vidas anualmente, uma média de 38 suicídios por dia – sem contar com os episódios subnotificados. E, embora haja uma tendência de diminuição global, os países das Américas estão enfrentando um aumento nos índices. 

Ainda de acordo com a OMS, quase 100% dos casos de suicídios estavam relacionados a transtornos mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente.

Em cartilha divulgada pela Associação Brasileira de Psiquiatria sobre o tema, o Brasil aparece como o oitavo país em número absoluto de suicídios. Os transtornos mentais não tem alvo podem atingir a todos, independente da origem, sexo, cultura, classe social ou idade.

Taxas de suicídios entre adolescentes:
  • Entre 2016 e 2021, as taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos aumentaram em 49,3%, atingindo 6,6 por 100 mil.
  • Para adolescentes de 10 a 14 anos, houve um aumento de 45%, chegando a 1,33 por 100 mil.
Taxas de suicídio por gênero:
  • No Brasil, a taxa de suicídio entre homens é de 12,6 por 100 mil, em comparação com 5,4 por 100 mil entre mulheres.

Como identificar sinais de alerta?

Não existem exames ou diagnósticos para identificar o risco de suicídio de um paciente, por isso é importante toda a sociedade se unir em torno do tema e manter os olhos abertos para possíveis fatores de risco. Podemos elencar dois principais sinais de alertas:

Tentativa prévia de suicídio

Cerca de 50% daqueles que cometeram suicídio já haviam tentado anteriormente. Por isso, a tentativa prévia é o fator mais importante a ser acompanhado. Pacientes que tentaram o suicídio em algum momento da vida possuem de 5 a 6 vezes mais chances de repetir o ato. 

Transtornos mentais

Como falamos no início do texto, a OMS elenca que quase 100% das pessoas que cometem suicídio eram atingidas por algum tipo de transtorno mental – ainda que não diagnosticada ou tratada. Os mais comuns são a depressão, transtorno bipolar, alcoolismo, dependência de drogas e esquizofrenia. E, quanto mais diagnósticos acumulados, maior o risco.

Porém, não é apenas isso. Sentimentos de desamparo e desesperança também são fortemente ligados ao suicídio. Problemas relacionados à moradia ou renda, por exemplo, podem angustiar uma pessoa de tal forma que, a partir de um ato impulsivo, esse desamparo se transforma em um fator de risco para o suicídio. 

Como o Instituto C atua nesses casos?

No Instituto C a escuta qualificada e ativa é sempre algo muito valorizado. Ao identificar qualquer risco, o apoio, o suporte e os encaminhamentos necessários são feitos de imediato. 

Quando alguém está enfrentando um sofrimento intenso, muitas vezes é necessário mais do que apenas escuta terapêutica; pode ser preciso contar com uma rede de apoio e intervenção medicamentosa. Por aqui, oferecemos nosso acolhimento, identificando quais são os recursos disponíveis e encaminhando para uma psicoterapia apropriada, um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou para uma Unidade Básica de Saúde (UBS) que ofereça atendimento emergencial em psicoterapia“, explica Arisla Lino, psicóloga e agente de ação social do Polo Zona Norte.

O fundamental é acolher e conscientizar aquela pessoa de que ela não deve, não precisa e nem pode negligenciar seus próprios sentimentos. “Ampliamos esses acessos para que ela compreenda que seu sofrimento é legítimo e que existem ferramentas que podem aliviar essa dor, garantindo que ela seja devidamente cuidada“, completa Arisla.

Enia Moura, psicóloga também do Polo Zona Norte, reforça que é sempre importante exaltar que existem recursos para enfrentar essa situação temporária, dependendo do caso. “Muitas vezes, a angústia não está relacionada só a transtornos mentais, pode ter ligação com o desemprego, relacionamentos conjugais e violência doméstica, por exemplo“, diz.

A psicóloga lembra de um caso em que uma mãe atendida dizia já não suportar mais passar por violência doméstica e, para ela, a única solução seria desistir da vida. “Eu fiz a escuta e sugeri já o encaminhando para o CAPS, entrei em contato com a equipe de lá para garantir que ela seria atendida, também falamos com um familiar para garantir que ela estivesse segura e, com todo esse apoio, hoje ela faz um acompanhamento psicoterapêutico“, lembra.

Por fim, as profissionais do Instituto C reforçam também a ideia de que o olhar atento é essencial para a prevenção do suicídio. “Nada é bobagem, tudo precisa ser compartilhado. Não negligencie, compartilhe, converse, peça ajuda e esteja sempre atento a você mesmo – no sentido de manter o autocuidado, não se sobrecarregar com tarefas cotidianas e respeitar seus limites. É um cuidado constante!“, acrescenta Arisla. “Uma escuta bem feita pode reduzir muito a taxa de suicídio!“, finaliza Enia.

Onde buscar ajuda ou como auxiliar?

É fundamental que todos nós desempenhemos um papel ativo na conscientização sobre a importância da vida e na prevenção do suicídio, que muitas vezes é cercado por tabus. Abrir conversas sobre o tema é crucial para encorajar aqueles que estão enfrentando momentos difíceis e crises a buscar ajuda e compreender que a vida sempre oferece alternativas.

Para aqueles que estão ao redor, é importante saber identificar sinais de pensamentos suicidas, oferecer escuta ativa, evitar julgamentos e mostrar empatia, direcionando a pessoa a um médico psiquiatra capaz de lidar com a situação de forma apropriada e, assim, salvar vidas.

Se você acha que está tendo problemas relacionados à sua saúde mental ou conhece alguém que está passando por alguma dificuldade, a ABP oferece o contato de psiquiatras para atendimento (clique aqui para ir para o site da ABP).

O Centro de Valorização da Vida (CVV) também realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias (clique aqui para ir para o site do CVV).


Com sua ajuda, levamos mais autonomia e qualidade de vida a famílias em vulnerabilidade social!