Andreia (32), mãe de Myllena (14) e Mellyssa (2), conheceu aos 18 anos o pai das meninas, Jefferson, com quem vive há quinze anos. Encontraram-se pela primeira vez quando ela ainda cursava o segundo grau – ele era irmão de um amigo de seu grupo de dança na escola. Quando se casaram, Jefferson trabalhava como motorista de van escolar e por um ano e meio tudo correu bem na vida dos dois até que começaram a passar sérios problemas financeiros com o afastamento de Jefferson do emprego. Por anos, Andreia e seus pais tomaram a frente na criação de Myllena.
Com a vida um pouco mais estável, Andreia parou de tomar suas injeções de anticoncepcional e engravidou novamente. Tudo parecia normal após o nascimento de Mellyssa, sua nova filha, mas, com um mês de idade, a pequena teve uma gripe e os pais a levaram de volta à maternidade. Ali, constataram que a bebê também estava com icterícia e a encaminharam para o banho de luz. Por dias Mellyssa ficou em observação no Hospital de São Miguel Paulista. E com o prognóstico de ser algo mais grave do que uma bronquiolite, os médicos resolveram transferir a criança para a Santa Casa de São Paulo. Na nova internação, foram feitos vários exames para descobrir de onde vinha seu tom amarelado e o resultado da biópsia hepática mostrou que a criança havia contraído o citomegalovírus, além de possuir má formação genética nas vias biliares. O quadro ocasionou o início de cirrose hepática, o que solicitava uma intervenção cirúrgica de urgência.
Com a realização dessa cirurgia, a pequena pode voltar para casa. Porém, depois de dois meses, o hepatologista que a acompanhava achou melhor continuar o tratamento. Isso porque seus exames apresentavam novas alterações. Em cinco meses a cirrose evoluiu novamente e assim foi preciso interná-la na UTI devido ao sangramento nas fezes.
Foi nesse período que a família, aflita pela condição de saúde de Mellyssa, e pelos problemas financeiros que voltou a enfrentar, foi encaminhada ao Instituto C pela Santa Casa, em agosto de 2017. “A assistente social do hospital me disse que havia uma ONG que poderia nos auxiliar com várias questões, além de fornecer a medicação de minha filha. Aquilo foi uma bênção, pois, com a doença de Mellyssa, não consegui mais trabalhar, e meu marido, devido a problemas com sua documentação, não tinha emprego fixo”, lembra Andreia.
Orientada pela equipe do PAF – Plano de Ação Familiar, projeto do Instituto C –, Andreia conseguiu o bilhete especial de transporte, bem como receber do INSS os benefícios para a filha e a normalizar os documentos do marido. Para ela, essa ajuda, que incluiu ainda cesta básica, leite e fraldas, contou bastante, mas o que mais lhe agrada no Instituto C é a acolhida de todas as equipes: psicólogas, assistentes sociais, nutricionistas, analistas de renda, entre outras.
Em 2019, Andreia doou seu fígado à filha: “não foi fácil acompanhar o drama da Mellyssa, mas ela nasceu para renovar nossa vida. Meu marido tornou-se um novo homem, mais carinhoso, prestativo, um paizão. Seu mundo é a sua família. Dou graças a Deus por tudo”, emociona-se a mãe. Nesse período, porém, a cicatriz do transplante obstruiu o intestino de Mellyssa, que teve que enfrentar sua terceira cirurgia. Mais fortes e confiantes, os pais não se deixaram abater. “Contamos com o apoio psicológico do Instituto C e sua valiosa doação dos remédios imprescindíveis para a não rejeição do órgão transplantado. Sem esse amparo, nossa vida seria muito mais difícil”, diz ela.
Hoje em dia, em estágio avançado dentro do ciclo de atendimentos do PAF, a família encontra-se com outra visão de mundo e muito mais engajada para as conquistas dentro e fora de casa. “A gente se sente à vontade conversando com eles no Instituto C. Aprendi muito nesses dois anos de atendimento. Todos passaram a fazer parte da minha família. Foi triste ficar três meses longe devido à minha convalescência da retirada do fígado. Ainda bem que estou ótima e pude retomar nosso contato”, conclui Andreia, que em breve começará seu curso gratuito de manicure, indicado pelo Instituto C.
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