Doação

Dia de Doar: o que é e como apoiar a causa?

dia de doarJá ouviu falar no Dia de Doar? A data, marcada para o dia 28 de novembro de 2023, é muito mais do que um simples dia no calendário. Trata-se de uma grande ação  descentralizada que busca fomentar a generosidade e promover uma sociedade mais solidária.

O Dia de Doar é um movimento dinâmico e inclusivo que une pessoas de diferentes origens e setores, fortalecendo os laços da sociedade e promovendo um impacto positivo duradouro. A ideia é fazer com que essa mobilização inspire uma cultura de doação contínua e solidariedade.

Afinal, o que é o Dia de Doar?

O mais bacana do Dia de Doar é que ele não é uma ação única, ou seja, focada em uma só instituição, mas sim um empenho coletivo para que a doação aconteça – independente para quem. Na plataforma, inclusive, qualquer pessoa pode criar a sua iniciativa e falar mais sobre os recursos para conquistar tal objetivo. A ideia reflete a essência do movimento, onde ações individuais podem transformar um coletivo.

Por isso, o Dia de Doar só acontece quando pessoas que estão do outro lado se movimentam para alguma ação, seja doando recursos financeiro, tempo ou promovendo ações que estimulem a doação por parte de outros.

A beleza desse movimento reside na diversidade de formas como as pessoas podem contribuir, destacando que o ato de doar vai além do aspecto financeiro, abrangendo também a doação de tempo e habilidades. 

Quando surgiu o Dia de Doar?

A data foi criada originalmente nos Estados Unidos em 2012. No ano seguinte, 2013, chegou no Brasil também – e hoje o Dia de Doar integra atualmente 85 países em uma mobilização global.

A iniciativa, liderada pela ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos, é parte integrante do Movimento por uma Cultura de Doação. Este movimento é uma cooperação de organizações e indivíduos dedicados a incentivar o engajamento das pessoas com causas sociais e organizações da sociedade civil, reconhecendo a doação como uma ferramenta vital para fortalecer a democracia.

dia de doarDia de Doar em 2023

Marcado para acontecer em 28 de novembro, milhares de organizações em todo o Brasil estarão prontas para receber doações, enquanto milhões de brasileiros também podem mostrar seu apoio, compartilhando suas doações nas redes sociais com a hashtag #diadedoar

Essa celebração não se trata apenas de doar, mas de reconhecer a alegria intrínseca neste ato e incentivar o hábito contínuo de contribuir com causas que fazem a diferença. 

Resultados do Dia de Doar em 2022

Na edição do ano passado, foram doados R$2.300.00,00 online e R$2.400.00,00 doados diretamente. Também foram arrecadadas 58 toneladas de alimentos pelas campanhas comunitárias.

A divulgação do movimento também foi grande: foram 72 campanhas comunitárias realizadas e 28 milhões de pessoas alcançadas nas redes sociais. Muita coisa, não é mesmo? 

Então, como participar do Dia de Doar?

Existem muitas formas de participar do Dia de Doar, não apenas no dia 28 de novembro, mas em qualquer data do ano. 

Há 12 anos o Instituto C atende famílias com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, desenvolvendo com elas um Plano de Ação que possibilita a saída do assistencialismo para uma vida com protagonismo e autonomia. Com nosso trabalho, já foram mais de 4000 famílias beneficiadas. O Instituto C, inclusive, já foi eleito por 7 anos consecutivos uma das 100 Melhores ONGs do Brasil!

dia de doarNeste ano, para a ação do Dia de Doar, o Instituto C está arrecadando leite – item essencial para as crianças e adolescentes atendidas. Na plataforma, é possível doar valores a partir de R$16, o que contribui  para uma criança atendida com a doação de 1 pacote de leite em pó. É possível escolher outros valores, e também a periodicidade da doação. 

E, para além da ação do Dia de Doar, o  Instituto C oferece diferentes possibilidades para quem queira apoiar nossa causa: apoio financeiro pontual ou mensal, doação de produtos, doação no imposto de renda e a doação de crédito na nota fiscal paulista.

A importância de apoiar uma causa

O poder da doação é uma força transformadora que pode gerar um impacto significativo em vidas e comunidades. 

Ao reconhecer a importância da generosidade e solidariedade, podemos compreender como a doação pode ser um catalisador de mudanças positivas. O ato de doar não apenas beneficia os destinatários diretos, mas também fortalece os laços sociais, promove a empatia e constrói um senso de responsabilidade coletiva.

A importância da doação vai além do aspecto material, pois também influencia positivamente o bem-estar emocional e psicológico das pessoas envolvidas. A sensação de contribuir para algo maior do que nós mesmos traz um profundo sentido de propósito e satisfação, enriquecendo nossa vida de maneira significativa. Além disso, a doação promove a conscientização sobre questões sociais e inspira outros a se envolverem, criando um efeito cascata de generosidade e solidariedade.

Clique e faça sua doação para o Instituto C neste dia de doar!
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Racismo: o que é, leis que combatem e como o IC atua na pauta

Racismo é um assunto complexo que tem impactado comunidades ao redor do mundo. A Lei 7.716/89, conhecida com Lei do Racismo, pune todo tipo de discriminação ou preconceito, seja de origem, raça, sexo, cor, idade. “Quando se aborda o tema do racismo, é possível afirmar que a subjetividade de um ser humano é moldada pelos costumes. Qualquer indivíduo, detentor de direitos, necessita ser amado, reconhecido e valorizado. E, ser alvo de preconceito, resulta em sofrimento. Por isso a importância de trabalhar essas questões para reduzir tal dor entre aqueles que vivenciam essa realidade”, introduz Enia Moura, psicóloga do Instituto C.

Neste artigo, vamos explorar o que é racismo, a origem dele no Brasil, as leis que combatem o racismo no país, recursos disponíveis para educar e combater o racismo sistêmico, e como o Instituto C atua na pauta – através de rodas de conversas, mas também de medidas práticas.

“Dentro do Instituto, a gente entende a importância de falar sobre o racismo estrutural e como esse racismo velado afeta cada um de nós – e a nossa sociedade”, afirma Lualinda Toledo, pedagoga do Polo Centro. Ela ainda acrescenta que as famílias atendidas pela organização já estão consumidas pelo diagnóstico de suas crianças, e que o racismo não é algo que elas compreendam como parte estrutural. “As mães não percebem que elas acessam ou não o direito delas pela cor da pele de seus filhos”, completa. O impacto de todo esse cenário é perverso e, além de atingir os acessos aos direitos, também influencia na saúde mental das famílias. Para mudar tudo isso, é preciso conversar sobre o tema, mas também tomar medidas práticas, como ações antirracistas – que cabem a toda a sociedade.

O que é racismo?

O racismo é a crença de que algumas raças são superiores a outras, resultando em discriminação e tratamento injusto para com as pessoas pertencentes a essas raças. Muitas vezes, o racismo é manifestado através de atitudes preconceituosas, estereótipos negativos e exclusão social. Essa forma de discriminação pode ocorrer em várias esferas da vida, como no ambiente de trabalho, na educação, na saúde e no acesso a serviços básicos.

O racismo pode assumir muitas formas, desde a discriminação explícita até a velada. É importante entender que o racismo não se limita apenas a ações individuais, mas também está enraizado em instituições e estruturas sociais, resultando em desigualdades sistêmicas. Reconhecer e combater o racismo é crucial para criar uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.

Para Claudete Marcolino, também psicóloga do Instituto C, o racismo surge frequentemente durante os atendimentos, mas de uma maneira não verbalizada. “Isso ocorre porque não há uma construção de pensamento em relação à estrutura social, dificultando a identificação do racismo pelas famílias, já que não existe uma estrutura formalmente organizada para tal”, explica.

Um dos lugares onde ele aparece é no diagnóstico das crianças. Segundo ela, estatisticamente, está comprovado que crianças negras recebem um diagnóstico com mais atraso do que crianças brancas. “Esse atraso é mais evidente quando se trata de transtornos comportamentais, pois as questões reais do diagnóstico não são consideradas. Em vez disso, é associado ao contexto uma falta de educação e comportamento inadequado, colocando a responsabilidade na mãe negra e atribuindo tudo aos valores estruturais de uma sociedade que já universalizou seus próprios valores”, explica.

E, uma vez que o diagnóstico é atribuído a uma criança negra, o acesso à saúde, ao tratamento e ao acompanhamento é afetado por impactos físicos e sociais relacionados à melanina. O racismo estrutural se reflete na disparidade de diferença entre uma criança branca com diagnóstico e uma criança negra na mesma situação. Portanto, esse também é um impacto significativo na saúde mental das famílias que lidam com o diagnóstico de uma criança. “Assim, podemos começar a perceber o impacto gerado por uma sociedade que apresenta uma estrutura marcada por um racismo sistêmico e estrutural, os quais dificultam o acesso a diversos recursos. Este é um cenário concreto enfrentado por muitas famílias, que frequentemente não conseguem identificar ou nomear as situações como sendo racistas, nem reconhecer que estão sendo vítimas de violações de direitos decorrentes do racismo”, reflete Claudete.

Origem do racismo no Brasil

No Brasil, o racismo tem raízes profundas que remontam ao período colonial, quando milhões de africanos foram trazidos à força para trabalhar como escravos. Essa exploração e desumanização das pessoas de ascendência africana criou uma hierarquia racial que ainda permeia a sociedade brasileira. Mesmo após a abolição da escravidão, a discriminação racial persistiu de diversas formas, afetando a vida e as oportunidades das pessoas negras no país.

O mito da democracia racial, que sustenta a ideia de que no Brasil não há racismo e que todas as raças convivem em harmonia, tem sido desmascarado ao longo dos anos. A realidade é que o racismo estrutural e institucionalizado continua a impactar negativamente a vida das pessoas negras no Brasil, limitando seu acesso a oportunidades e recursos. Entender a origem do racismo no país é fundamental para promover ações eficazes de combate a essa realidade.

Claudete também reforça outros dois pontos importantes que o racismo atravessa: a solidão e o luto. É visível a falta de rede de apoio e sobrecarga enfrentada por mães negras solteiras, localizadas em regiões periféricas e em condições de vulnerabilidade. Em relação ao luto, também há uma diferenciação para com as mães negras, que não têm o “luxo” de se permitirem o tempo necessário para elaborar a perda de seus filhos, sendo pressionadas a prosseguir imediatamente na luta diária. Isso tudo, lembrando que, cerca de 85% das famílias atendidas no Instituto C são lideradas por mulheres negras, muitas das quais não se reconhecem como negras, destacando a influência também do padrão narcísico de beleza e a não-visibilidade da mulher negra na saúde humana.

Daí, a equipe multidisciplinar reconhece a necessidade de abordar temas que ampliem o pensamento das famílias, capacitando-as a protagonizarem suas próprias vidas com autonomia e independência. Esse processo possibilita que as famílias avaliem, reconheçam e nomeiem suas dores internas e sociais, contribuindo para o fortalecimento da autonomia e independência”, pontua Claudete.

Leis que combatem o racismo no Brasil

No Brasil, existem leis específicas que visam combater o racismo e promover a igualdade racial. A Constituição Federal de 1988 estabelece a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo a proteção contra a discriminação racial. Além disso, a Lei nº 7.716/1989 define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor, tornando puníveis as práticas discriminatórias.

O Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei nº 12.288/2010, estabelece políticas de promoção da igualdade racial e combate à discriminação, além de criar mecanismos de reparação para as vítimas de racismo. Essas leis representam avanços importantes na luta contra o racismo, mas é fundamental que sejam efetivamente aplicadas e que haja um trabalho contínuo de conscientização e educação para combater essa realidade.

Entretanto, a conquista efetiva dos direitos contra o racismo talvez demande muitos anos. Apesar da presença das leis, como expresso na Constituição, que proclama a igualdade, ainda há um longo caminho a percorrer. “Embora o racismo seja considerado crime, a batalha atual se dá para a efetivação das medidas legais para combater esse delito. É preciso renunciar aos padrões educacionais e estruturais tradicionais em prol de uma educação antirracista. E, para isso, é necessária uma mudança de perspectiva e uma revolução nos padrões de beleza e estrutura estabelecidos”, ressalta Claudete.

Vale lembrar que o racismo é uma forma de discriminação que se baseia em diferenças raciais, promovendo a inferiorização de um grupo étnico; o preconceito é um juízo prévio e desfavorável sobre algo ou alguém sem conhecimento adequado, e que pode ser relacionado a diversas características, incluindo raça, gênero, religião, entre outros. Já a injúria racial é uma ofensa direcionada à raça, cor, etnia, religião ou origem de alguém. Atualmente, no Brasil, o racismo é considerado crime inafiançável e imprescritível, conforme a Constituição Federal. A prática de discriminação racial, injúria racial e preconceito são consideradas infrações penais

Rodas de conversa sobre o racismo

No início de todo ano, a equipe do Instituto C se reúne para pensar nos temas das rodas de conversas dos meses seguintes. “Pensamos em temas que dialoguem com aquilo que vamos percebendo ao longo do ano anterior. A violência contra a mulher, o não acesso das pessoas com deficiência e a questão racial, por exemplo, são questões urgentes”, explica Lualinda.

A questão racial, no entanto, é ainda mais gritante. “A gente percebe isso ao notar que o maior número de famílias atendidas pelo Instituto C é de pessoas negras. Ainda que muitas delas não se declaram negras, por uma questão estrutural, nós enquanto técnicas temos essa consciência de que elas fazem parte de um grupo étnico racial e que elas vivenciam essa questão todos os dias”, diz a pedagoga.

Em outubro, então, aconteceu a roda de conversa sobre racismo – que contou também com uma atividade lúdica sob o comando da artista Raki. “O tema é pesado, né? Então, na primeira parte dessa roda trouxemos as dores e o contexto histórico do racismo no Brasil, para depois finalizar com a atividade artística e temas como representatividade e identidade”, explicou Lualinda.

Fomos apresentando historicamente às famílias como o racismo se desenvolve, desde os filhos de Noé até a maldição de Cam, e como as religiões utilizam isso para afirmar que o povo negro é amaldiçoado. Abordamos como essa ideia foi empregada para justificar a escravidão do povo negro e como ela contribuiu para naturalizar a concepção de que o negro não possui alma. Relatamos às famílias o percurso de tirar o negro da África, trazê-lo para o Brasil, destacando a persistência das guerras, mas ressaltando que a escravidão tem um caráter perverso, resultando na perda de nossa identidade. Também discutimos a tentativa de embranquecer o Brasil e todo o contexto histórico, visando proporcionar às famílias uma compreensão do passado e, assim, desmistificar o que é ensinado nas escolas”, explicou.

A pedagoga conta que foram momentos de choro e de dor, mas também de reflexão e conhecimento – finalizado com uma série de atividades artísticas.

No Instituto, o trabalho também se desenvolve no sentido de proporcionar uma abordagem clínica ampliada. “Busca-se levar as famílias a compreenderem essa dor não verbalizada, que, apesar de não ser expressa verbalmente, é real e relevante, associada a uma estrutura que coloca essas famílias em situações desconfortáveis, de falta de acesso e violação de direitos”, reforça Claudete.

Medidas e ações antirracistas

É preciso ter essa conversa, mas também adotar práticas que possam mudar esse cenário. “É compreender como denunciar o racismo e entender o funcionamento das leis. É importante também reconhecer que o papel da pessoa branca é tomar partido ao testemunhar situações discriminatórias. É fundamental abordar esse espaço antirracista, reconhecendo que todos nós podemos agir para combater essa problemática. Devemos unir forças para promover mudanças – e de diferentes formas, seja através do voto, da denúncia ou da contratação de pessoas negras”, diz Lualinda.

Muitas das famílias chegam ao Instituto C desconhecendo o racismo e, por isso, naturalizando essa questão. “O pior é quando esse ciclo se perpetua de geração em geração, especialmente se houver a mesma reprodução de cor”, pontua Enia. A psicóloga conta que nos atendimentos das situações provenientes do racismo, é nítida a percepção de desconhecimento dos direitos. “É nosso papel fornecer informações sobre isso, para que a pessoa possa ser mais assertiva nos ambientes em que vive. Promovemos o entendimento sobre o racismo e suas implicações na saúde mental, utilizando uma estratégia chamada acolhimento, que oferece escuta e apoio. Através do diálogo, buscamos modificar a situação que ela está enfrentando para que ela possa sair desse contexto”, afirma.

Em julho deste ano, por exemplo, o Instituto C conquistou o selo Igualdade Racial, promovido pela Secretaria Municipal dos Direitos Humanos. Este reconhece instituições privadas cujo quadro de profissionais contratados contemple, ao menos, 20% de pessoas negras, distribuídas em hierarquias e funções. “Essa sempre foi uma preocupação do Instituto C quanto à equipe nas contratações”, reforçou Vera Oliveira, Diretora Executiva do Instituto C, na época.

Para Lualinda, é fundamental ter pessoas diversas dentro das instituições para que as famílias se reconheçam. “Há demandas que precisam ser abordadas por pessoas específicas, exigindo sensibilidade e compreensão. Quando se trata da relação afetiva e amorosa de uma mulher negra, se uma profissional branca não reconhece historicamente o lugar dessa mulher na sociedade e a experiência da solidão, ela não pode orientar adequadamente essa família, uma vez que o afeto é o único espaço de conexão que essa mulher conhece”, pontua.

Não se trata de classificar quem está sofrendo menos ou mais, mas sim de direcionar políticas públicas para compreender o contexto do racismo estrutural. “Isso envolve diálogo, estudo e a compreensão. Não é sobre virar inimigo do outro, é sobre o outro entender o seu lugar, nós entendermos o que acontece à nossa volta – e o que se faz com isso. Essa é a questão”, finaliza Lualinda.


Contribuição:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Áreas de atendimento

A psicologia no Instituto C: como funciona?

Uma das áreas de atendimento dentro do Instituto C é dedicada à psicologia, a ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais. 

O tema ganhou ainda mais destaque após a pandemia do coronavírus, mas fato é que a psicologia, se desenvolvida e trabalhada, pode ser uma ferramenta essencial para a promoção e fortalecimento do bem-estar geral da sociedade.

Dentro do Instituto C, a psicologia é trabalhada em um viés social, diferente do tradicional conhecido pela sociedade, individual e clínico. “A psicologia social é um trabalho profissional e previsto dentro da assistência social”, introduz Nayara Oliveira, psicóloga institucional.

Para ela, esse trabalho se atenta muito às questões de intersecções, de exclusão e inclusão na sociedade. “Atuamos por meio de uma escuta qualificada, considerando contextos históricos, sociais e econômicos, especialmente influenciados por intersecções  de gênero, classe e raça, bem como outras populações marginalizadas, como povos originários e comunidades ribeirinhas”, explica Nayara.

Aqui, vamos explicar um pouco mais sobre a psicologia social e como funciona a área de psicologia dentro do Instituto C. 

O que é a psicologia social?

A psicologia social é uma abordagem dentro da psicologia que se concentra no estudo do comportamento humano em contextos sociais. 

Um pouco diferente do que se conhece tradicionalmente na sociedade, este tem uma base comunitária e coletiva – analisando as questões sempre vinculadas ao território e ao coletivo. “A função da psicologia social é identificar as potencialidades e as vulnerabilidades das pessoas atendidas e seus territórios, principalmente numa lógica familiar, sempre pensando no fortalecimento dessas potências e promovendo a garantia do acesso aos direitos fundamentais”, explica Nayara.

A psicóloga ainda reflete como essa visão é algo recente. “Identificar uma pessoa como um sujeito de direitos é algo muito novo na sociedade brasileira. Isso vem da Constituição de 1988, né? Estamos falando que entender o ser-humano como uma pessoa digna de direitos vem de 35 anos. A psicologia social, então, luta para garantir a efetividade disso”, pontua.

Ainda de acordo com essa teoria, vale lembrar que a pobreza e a vulnerabilidade possuem muitas esferas, que não só a ausência do dinheiro. Daí a importância de uma escuta ativa e qualificada para a reflexão desses marcadores sociais de maneira ética – sempre atuando de maneira interdisciplinar e pensando nos acessos de políticas públicas. 

Como é dividida a área de psicologia no Instituto C?

No Instituto C, temos psicólogas que atuam no atendimento da psicologia social. Elas atendem de forma individual e também no coletivo, em rodas de conversa e grupos de fortalecimento. Em demandas urgentes, quando se identifica a urgência do atendimento, elas também atuam em atendimento domiciliar. É importante ressaltar que, caso seja identificada demanda de um trabalho psicoterapêutico, as psicólogas sociais do Instituto C articulam, seja com a rede pública ou privada, meios para que a família seja atendida e cuidada em sua demanda.

Já a frequência dos atendimentos é conforme as necessidades aparecem. No Polo Centro, por exemplo, as famílias estão presencialmente uma vez por mês –sempre em contato remoto caso haja necessidade. Já no Polo Zona Norte, a agenda é aberta e montada de acordo com as demandas das famílias e a disponibilidade da equipe, em encontros semanais, individuais ou coletivos.

Dentro da psicologia, temos o código de ética e um dos primeiros artigos é a luta ativa pela promoção de igualdade e contra as opressões e violência, então a psicologia no Instituto C está sempre unida a esses princípios”, reforça Nayara. 

Como funcionam os atendimentos da psicologia?

A partir da visão da psicologia social, os atendimentos são sempre pensados no coletivo, a partir daquilo que é dito – e não dito. “A gente vai pensando no adoecimento e na fragilidade daquela família não só pelo que ela diz, mas também pelo que o território está produzindo”, diz Nayara.

Isso porque muitas violações de direitos e vulnerabilidades são naturalizadas pela sociedade, e acontecem por conta de uma estrutura social e coletiva antiga. “Existe também o trabalho de ajudar a identificar essas questões. A violência de gênero e doméstica, por exemplo, é algo que a mulher muitas vezes nem consegue perceber que acontece. Então, temos um trabalho muito grande de não individualizar o problema, mas também de ir amplificando essas vozes”, completa a psicóloga. 

A área de Desenvolvimento Institucional

Além dos atendimentos nos projetos, também existe a área de desenvolvimento institucional, onde a psicologia também está presente e Nayara está à frente. “Nessa área, o atendimento não é direto com as famílias, mas sim com equipe do Instituto C. É um trabalho de escuta em busca  de cuidar das pessoas e dos processos para que a gente tenha vínculos fortalecidos e sustentáveis”, explica.

Assim, a psicologia dentro do Instituto C é prioritariamente social – da mesma forma dentro da área institucional. “A minha escuta também passa por esses marcadores e por essa luta coletiva. É uma construção transversal, costurando os atravessamentos de toda a equipe”, completa. 

Os benefícios da psicologia social

A luta pela igualdade é um benefício para toda a sociedade. E, quando pensamos em uma psicologia não elitista e individual, produzir saúde e fortalecer vínculos se torna ainda mais potente. “Quando a gente faz isso, a gente evita que as violências sejam perpetuadas ou repetidas”, garante Nayara.

É claro que a psicologia social possui desafios – ainda mais em um País com tanta opressão e desigualdade, mas é um caminho possível. “Pensar no fazer cuidadoso e ético, que mais inclua do que exclua, é uma forma de promover transformações. Se a gente está pensando em produzir saúde e cuidado para uma grande população que é marginalizada, não daria para ser individual, tem que ser coletivo. E, aos poucos, é caminhando que se faz o caminho”, finaliza. 


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