Voluntariado

A importância do voluntariado e as NFPs

NFP é a sigla para Nota Fiscal Paulista e o termo corresponde ao nome de um dos principais programas de incentivo à cidadania fiscal, criado pelo governo do estado de São Paulo em 2007. Caso não esteja associando a prática ao termo, o projeto é o responsável pela clássica pergunta feita aos consumidores: “Deseja CPF na nota?”. Isso porque quando um cidadão responde positivamente, o estabelecimento em questão é obrigado a declarar a venda e pagar o imposto referente. 

Na época de abertura, para que o programa entrasse na rotina dos brasileiros, o valor gerado em créditos e “devolvido” era considerado alto e atraente. Hoje, porém, o governo modificou alguns padrões com a finalidade de beneficiar as ONGs, diminuindo a quantia recebida por CPF. Inclusive, há 5 anos, a doação de cupons fiscais para instituições filantrópicas passou a existir também de forma automática, gerando mais vantagens às organizações. Para se ter uma ideia, 20% da receita anual do Instituto C corresponde à doação por NFPs e, justamente por isso, há uma grande importância em recrutar voluntários para o processo de recolhimento e cadastramento dessas notas. 

“Nós temos comércios parceiros espalhados pela cidade. Basicamente, eles disponibilizam urnas em seus estabelecimentos para que as pessoas possam depositar suas notas fiscais após as compras. O cidadão opta por não preencher o documento e, ao invés de jogar fora, ele coloca na urna. Semanalmente, nós fazemos a coleta e alguns voluntários ajudam nessa etapa. Mas, o trabalho principal é na sede, onde as notas são separadas, organizadas e cadastradas”, explica Breno Yves, analista de captação de recursos do Instituto C. 

A atividade é relativamente simples, mas de uma enorme importância devido ao valor que ela gera aos projetos da instituição. Exatamente por isso, o Instituto C está sempre em busca de novos voluntários para a função, como conta Paloma Costa, responsável pela área de Captação de Recursos: “A renda gerada pela Nota Fiscal Paulista é muito importante porque por meio dela a gente consegue pagar contas que não conseguimos colocar no orçamento dos projetos – como as despesas administrativas e aluguel, por exemplo. Em geral, as empresas parceiras financiam as despesas que geram um impacto direto, ou seja, pagamento da equipe técnica que atende as famílias, benefícios que são doados para as famílias e outras ações diretamente ligadas aos projetos, então, o valor que recebemos pela Nota Fiscal Paulista, faz muita diferença para as despesas descobertas da organização”, pontua. 

Além de ter horários ajustáveis, o trabalho voluntário para organizar e lançar as notas fiscais doadas pode ser feito remotamente ou na sede do Instituto C. Na segunda opção há a vantagem de interação com as atividades dos projetos e a troca com os demais voluntários e famílias beneficiadas, o que com toda certeza engrandece o voluntariado – este que por si só já proporciona uma realização para todas as partes envolvidas, como relata o voluntário José Augusto. “Cheguei ao Instituto C por meio de amigos e, logo no primeiro momento, gostei muito. A proposta vai além do atendimento especializado, ela capacita as famílias a terem autonomia, o que considero um diferencial. Além disso, a possibilidade de trabalhar de forma remota durante o isolamento social permitiu com que, apesar da rotina, eu consiga estar presente no cadastramento de cupom e reverter isso em caixa para que essas famílias possam ser amparadas e capacitadas. A experiência é muito gratificante, principalmente quando você chega no Instituto e vê o sorriso no rosto de quem é beneficiado com essas ações”, conta. 

 

Como se inscrever para o voluntariado?

 

“Quanto maior a equipe de voluntários melhor será para a instituição. No momento, nós não expandimos o número de comércios parceiros porque não temos capacidade de cadastramento das notas dentro do prazo de validade”, ressalta Breno. Daí, a importância de mais voluntários. 

 

O processo de inscrição acontece da mesma forma das outras áreas de voluntariado do Instituto C. Os interessados precisam demonstrar disponibilidade por meio do e-mail voluntario@institutoc.org.br. Após o envio, ele será chamado para uma reunião de voluntários – um primeiro contato com a Flávia, responsável pelos voluntários da organização que faz uma apresentação institucional e explica todas as possíveis áreas em que o voluntário pode atuar. Em seguida, acontece uma visita presencial na sede, onde cada interessado verá na prática um pouco de cada atividade e, assim, decidirá pela que mais se identifica. Também é alinhado o dia e a frequência que cada um irá cumprir o voluntariado. Com tudo isso acertado, ele já é convidado a começar o seu trabalho na área de preferência.

PAF

Os resultados do PAF – Plano de Ação Familiar 2021

O primeiro projeto realizado pelo Instituto C é o PAF – Plano de Ação Familiar, que acontece há 11 anos, com sua metodologia inspirada pelo Instituto Dara. Desde então, muitas famílias em vulnerabilidade social foram beneficiadas pela escuta atenta e atendimentos qualificados. Só no ano passado, 258 famílias passaram pelo projeto – foram 1.015 pessoas atendidas. “Nosso olhar cuidadoso, somado à nova metodologia do técnico de referência, possibilitou alcançarmos resultados muito bons mesmo em meio a pandemia”, comemora Katia Moretti, coordenadora do projeto. 

Em 2021, o PAF alcançou o marco de 200 famílias sendo atendidas por mês, e a perspectiva é crescer para poder atender cada vez mais. “Estamos trabalhando com lista de espera com média de 78 famílias aguardando para fazer triagem e participar do projeto”, conta Katia.

Entre os resultados do projeto de 2021, alguns dos destaques são: dos adultos que não trabalhavam, 85% estão trabalhando hoje; 99% das famílias estão com acesso a serviços municipais de saúde, 89% dos responsáveis com participação ativa na escola e 33% passaram a ter hábitos alimentares mais saudáveis. “Em um ano de pandemia, conseguir um trabalho é algo muito importante e expressivo. Outro ponto interessante é que 9% das famílias relataram que conseguiram poupar parte da renda, ou seja, fazer um cofrinho para emergências”, diz a líder.

Mais um parâmetro bacana é em relação à autoestima: 100% das famílias relataram que tiveram uma melhora em sua confiança. Myrian Costa, de 34 anos, é exemplo desse avanço na autoestima. Após uma gravidez tranquila, sua bebê teve complicações na hora do parto, desenvolvendo sequelas como paralisia cerebral, microcefalia e epilepsia. “A partir dali, a minha vida passou a girar somente em torno da Lizie”, conta. A família de Myrian chegou ao Instituto C com dificuldades financeiras, mas obteve um retorno ainda mais valioso. “Eu fui com a expectativa da cesta básica e saí com outra visão do mundo e de mim mesma. Percebi que eu, que era tão vaidosa e cuidadosa, me abandonei desde o nascimento da minha bebê. Os atendimentos fizeram com que eu entendesse que eu podia ser mãe da Lizie e ser eu ao mesmo tempo. Fiz uma mudança radical em meu cabelo, estou sendo atendida por nutricionistas e me propus a mudar. A experiência com o PAF foi renovadora. Hoje me sinto livre, linda e liberta”, relata Myrian.

Das famílias que não recebiam benefícios sociais, 82% passaram a receber. Natália Oliveira, mãe da Kessy de 2 anos, não sabia que poderia ter acesso à eles. “Antes de participar do projeto, eu não tinha noção de alguns direitos que a minha filha tinha. O PAF me proporcionou uma condição de vida melhor para a minha família, tanto no financeiro quanto no psicológico”, conta.

A pandemia do coronavírus escancarou ainda mais as discrepâncias sociais. “Muitas famílias perderam o acesso a setores importantes, principalmente na área da saúde. O trabalho do Instituto C auxiliou também nesse sentido, a recuperar o acesso”, relata Kátia. A líder também ressalta a importância da nova metodologia utilizada, o técnico de referência. “Ela ajudou a gente a ter um olhar mais aprofundado para a família de forma individual. Pudemos entender e trabalhar as demandas que ela necessitava, gerando ótimos resultados”, completa.

Entre os relatos das famílias participantes, a gratidão é unanimidade. “Sou muito grata a cada pessoa envolvida. Tenho certeza de que todas as pessoas que ainda participarão do projeto, sairão também mais felizes dele”, finaliza Natália.

Cidadania em Rede

Cidadania em Rede saindo do papel

Depois de alguns meses estudando e planejando os próximos cinco anos do Instituto C, 2022 começou já colocando alguns objetivos em prática. Como definido em dezembro, os três projetos – Educação em Rede, Primeira Infância e Plano de Ação Familiar – se unem em um único, o Cidadania em Rede. “Escrevemos e fizemos o formato deste novo projeto. Também já conseguimos patrocínios e agora estamos realizando a triagem para contratar novos profissionais”, comemora Talita Lima, coordenadora do Cidadania em Rede.

O projeto, que acontecerá de janeiro a dezembro, possui partes sendo executadas, como o que seria o antigo Educação em Rede, que já migrou para o novo formato. Para auxiliar nas metodologias já utilizadas e novas demandas serão necessárias contratações: “São 12 vagas abertas e agora estamos na etapa de seleção dos currículos e entrevistas. Nosso prazo para o início efetivo de todo o projeto será em março”, conta.

Em relação aos patrocínios, o Cidadania em Rede contará com dois apoiadores, sendo um deles público, o CONDECA – Conselho de Direitos que atua na defesa de Direitos de Crianças e Adolescentes, e o Instituto Credit Suisse Hedging-Griffo, que já custeava o Educação em Rede e agora abraçou esse projeto maior. “Será um ano com bastante trabalho e demanda, por isso ainda há espaço para novos apoiadores. O Cidadania em Rede é um projeto bastante robusto”, lembra Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto C.

O projeto Cidadania em Rede será dividido em cinco núcleos de atendimento: Saúde Emocional e Nutricional, Educação de Qualidade, Desenvolvimento Infantil, Inclusão Produtiva e Garantia de Direitos. “O Educação de Qualidade já está acontecendo, e os outros quatro começam a partir de março”, explica Talita. “Antigamente, nos três projetos a família passava obrigatoriamente por todas as áreas. Agora não mais! A ideia é que ela inicie por uma triagem que vai direcioná-la para a área específica. Depois, o profissional vai analisar o caso e definir o prazo e os núcleos necessários para as demandas individuais dela. A família, então, vai ter muito mais autonomia até para nos dizer quais atendimentos ela quer receber”, acrescenta.

A estimativa é que o Cidadania em Rede atenda 500 famílias por mês até o final do ano. 

“Faremos em conjunto com cada família atendida o acompanhamento de cada demanda e a avaliação da necessidade dela continuar ou não sendo atendida em cada área. Ela poderá encerrar o atendimento quando não tiver a demanda em um núcleo e continuar sendo atendida no outro. Acreditamos que assim os ciclos de atendimento serão mais rápidos e poderemos beneficiar mais famílias simultaneamente”,  reflete Talita. 

As expectativas para os benefícios de todos são muito boas. “As famílias serão ainda mais beneficiadas com o que queremos oferecer aqui na comunidade e saber que iremos contribuir para isso, para a autonomia e o desenvolvimento delas, não tem preço. Sem dúvidas teremos um grande impacto na vida dessas famílias e estou muito feliz de fazer parte dessa mudança”, finaliza Katia Souza, assistente social do projeto Cidadania em Rede.

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Instituto C celebra formatura do curso de berçaristas

Na última semana, nos dias 26 e 27 de janeiro, o Instituto C realizou a formatura do curso de berçarista – projeto que visa a formação de mulheres cuidadoras para a primeira infância. Foram no total 77 certificados entregues pela conclusão de nove meses de atividades teóricas e práticas em um evento repleto de felicidade e realização. “Foi tão lindo e de uma emoção tamanha que ainda me faltam palavras. Tivemos muitos discursos potentes no sentido do quanto o curso foi significativo na vida dessas mulheres”, afirma a Graziele Alessandro, líder do projeto Primeira Infância. 

O projeto foi desenvolvido em parceria com a ONG dha Q Brada, que nos cedeu seu espaço e auxiliou em toda a articulação com a comunidade e com o Manduí Educação, escola de educação especializada na primeira infância, e reuniu quatro turmas, duas vezes por semana, na comunidade Minas Gás, que fica na Zona Norte de São Paulo. “Tínhamos mulheres que se inscreveram com o desejo de entender melhor os filhos, aprender os aspectos básicos dos cuidados e aplicar em casa. E também as que traziam a questão da recolocação profissional dentro da área educacional com crianças ou até mesmo no setor informal – muito comum nas comunidades”, conta Graziele.

Além das aulas técnicas, as alunas passaram a interagir com as crianças da região em experiências enriquecedoras de troca e cuidado. “Esse ano que estivemos juntas foi a melhor das pontes que já pude colaborar para a construção. Uma intersecção entre a zona central e periférica da cidade, entre o conhecimento profundo sobre a vida que as participantes têm e o nosso sobre a primeira infância. Vê-las formadas alimenta a minha esperança e me ajuda a continuar acreditando que,  sim, ainda temos um caminho para fazer um mundo melhor – e esse caminho é feito de educação e pontes”, celebra Thais Abrahão, educadora do curso berçarista, supervisora pedagógica e sócia do Manduí. 

Uma das mulheres que concluíram o curso foi Angela Miranda da Fonseca, que se diz grata à oportunidade e aos profissionais envolvidos. “Estou com o meu certificado em mãos e pronta para conseguir um trabalho na área, portanto eu só tenho a agradecer por todo o aprendizado”, diz Angela. 

Na formatura, cada participante recebeu um diploma, canudo, um avental para a prática de berçarista, uma rosa e um porta-retrato com a foto do grupo. Veja os cliques do momento aqui!

A líder, Grazi, revela que o curso e as turmas participantes já deixaram saudades: “Eu também sou psicóloga, então acompanhei essas mulheres de perto. É nítido o desenvolvimento delas, de como elas chegaram silenciadas ou fragilizadas, e o quanto elas se reconhecem hoje enquanto mulheres atuantes e com um diploma”.

Vejam as fotos dessa comemoração linda no link – https://drive.google.com/drive/folders/1KrBxfK1XXD9aVslQiWQN_sVeCQV2glJN?usp=sharing