O primeiro projeto realizado pelo Instituto C é o PAF – Plano de Ação Familiar, que acontece há 11 anos, com sua metodologia inspirada pelo Instituto Dara. Desde então, muitas famílias em vulnerabilidade social foram beneficiadas pela escuta atenta e atendimentos qualificados. Só no ano passado, 258 famílias passaram pelo projeto – foram 1.015 pessoas atendidas. “Nosso olhar cuidadoso, somado à nova metodologia do técnico de referência, possibilitou alcançarmos resultados muito bons mesmo em meio a pandemia”, comemora Katia Moretti, coordenadora do projeto.
Em 2021, o PAF alcançou o marco de 200 famílias sendo atendidas por mês, e a perspectiva é crescer para poder atender cada vez mais. “Estamos trabalhando com lista de espera com média de 78 famílias aguardando para fazer triagem e participar do projeto”, conta Katia.
Entre os resultados do projeto de 2021, alguns dos destaques são: dos adultos que não trabalhavam, 85% estão trabalhando hoje; 99% das famílias estão com acesso a serviços municipais de saúde, 89% dos responsáveis com participação ativa na escola e 33% passaram a ter hábitos alimentares mais saudáveis. “Em um ano de pandemia, conseguir um trabalho é algo muito importante e expressivo. Outro ponto interessante é que 9% das famílias relataram que conseguiram poupar parte da renda, ou seja, fazer um cofrinho para emergências”, diz a líder.
Mais um parâmetro bacana é em relação à autoestima: 100% das famílias relataram que tiveram uma melhora em sua confiança. Myrian Costa, de 34 anos, é exemplo desse avanço na autoestima. Após uma gravidez tranquila, sua bebê teve complicações na hora do parto, desenvolvendo sequelas como paralisia cerebral, microcefalia e epilepsia. “A partir dali, a minha vida passou a girar somente em torno da Lizie”, conta. A família de Myrian chegou ao Instituto C com dificuldades financeiras, mas obteve um retorno ainda mais valioso. “Eu fui com a expectativa da cesta básica e saí com outra visão do mundo e de mim mesma. Percebi que eu, que era tão vaidosa e cuidadosa, me abandonei desde o nascimento da minha bebê. Os atendimentos fizeram com que eu entendesse que eu podia ser mãe da Lizie e ser eu ao mesmo tempo. Fiz uma mudança radical em meu cabelo, estou sendo atendida por nutricionistas e me propus a mudar. A experiência com o PAF foi renovadora. Hoje me sinto livre, linda e liberta”, relata Myrian.
Das famílias que não recebiam benefícios sociais, 82% passaram a receber. Natália Oliveira, mãe da Kessy de 2 anos, não sabia que poderia ter acesso à eles. “Antes de participar do projeto, eu não tinha noção de alguns direitos que a minha filha tinha. O PAF me proporcionou uma condição de vida melhor para a minha família, tanto no financeiro quanto no psicológico”, conta.
A pandemia do coronavírus escancarou ainda mais as discrepâncias sociais. “Muitas famílias perderam o acesso a setores importantes, principalmente na área da saúde. O trabalho do Instituto C auxiliou também nesse sentido, a recuperar o acesso”, relata Kátia. A líder também ressalta a importância da nova metodologia utilizada, o técnico de referência. “Ela ajudou a gente a ter um olhar mais aprofundado para a família de forma individual. Pudemos entender e trabalhar as demandas que ela necessitava, gerando ótimos resultados”, completa.
Entre os relatos das famílias participantes, a gratidão é unanimidade. “Sou muito grata a cada pessoa envolvida. Tenho certeza de que todas as pessoas que ainda participarão do projeto, sairão também mais felizes dele”, finaliza Natália.