Da fragilidade a autoconfiança
Por Maria Helena Pugliese
No final de 2016 Maria Rosemar Ferreira Nunes chegou ao Instituto C com os sentimentos anestesiados. “Já tinha passado por tantos dissabores, que achava que a vida era assim mesmo”, relembra. Em agosto daquele ano seu filho de 6 anos, Davi, havia tido um AVC hemorrágico. Internado na Santa Casade SP os problemas se agravaram com a descoberta da Neurofibromatose. “Hoje, meu menino já foi operado e segue em tratamento, mas quando entrei no Instituto, levada pelas mãos de uma assistente social do hospital, eu não sabia o que teria que enfrentar pela frente. Estava em pânico, com medo de não conseguir cuidar dele e de meu outro filho menor, Igor.”
Acolhida pela equipe de profissionais da ONG, Maria Rosemar começou a descobrir um mundo novo, saídas inimagináveis até então para seus problemas. “A cada conversa com as meninas eu me surpreendia com o quanto eu não sabia sobre minha situação. Nunca imaginei, por exemplo, que devido à sua saúde, Davi é considerado uma criança “especial”. Para mim, só se enquadravam nessa categoria os síndrome de Down. Orientada por elas, consegui o direito ao transporte público especial gratuito.” Maria conta que reivindicar seus direitos fez surgir uma energia há muito tempo apagada dentro dela. “Eu era insegura, não tinha coragem de reagir quando as coisas estavam erradas. As psicólogas daqui me ajudaram muito. Agora, quando não entendo o que os médicos falam sobre o Davi, pergunto até tudo ficar bem esclarecido para mim. Aprendi a me posicionar, não me sinto mais como uma vítima.”
Espertos e participativos, Davi e Igor adoram acompanhar a mãe em suas visitas mensais ao Instituto C. “Todo dia eles me perguntam quanto tempo falta para voltarmos aqui”, brinca Maria Rosemar. “Davi diz que a tia Amanda é seu anjo da guarda e eu concordo, ela tem feito muito por nós. Um dia, ele lhe contou que se sentia excluído na escola. Pois ela conversou com a professora dele e isso nunca mais aconteceu. Também jamais esquecerei seu conselho a respeito das manchas escuras que a Neurofibromatose causa no corpo de Davi. É que ele vivia me perguntando por que sua pele não era igual a das outras pessoas. Eu não sabia o que responder, só chorava escondida para não magoá-lo. Amanda sugeriu que eu mostrasse ao meu filho, pessoas negras importantes para que ele se sentisse representado. Assim fiz e hoje Davi se aceita bem, pois compreendeu que são muitas as tonalidades e tipos de pele.”
Longe da figura fragilizada de dois anos atrás, Maria Rosemar encara hoje suas dificuldades com mais serenidade. “O Instituto C me deu ferramentas para assumir o controle de minha vida. Com a autoestima elevada, aqui tenho aprendido muito, tanto nas questões emocionais, quanto financeiras. Só tenho a agradecer.”