Serviços IC

Construção da nossa sede na Comunidade Minas Gás

Nos últimos meses, o Instituto C deu mais um passo para a concretização do espaço físico que abrigará as atividades na Comunidade Minas Gás, localizada na Zona Norte de São Paulo. “A interação da equipe com as famílias já está acontecendo de forma remota e tem sido muito positiva, quando a adaptação do espaço estiver concluída e for possível estar lá presencialmente, será ainda mais gratificante”, comentou Paloma Costa, Coordenadora de Parcerias do IC.

O espaço escolhido para a realização dos encontros com as famílias atendidas fica no barracão da escola de samba Unidos do Peruche, local que já abriga a sede da Cufa Minas Gás desde de julho de 2020 e foi construído com o apoio da comunidade. “A própria comunidade se uniu e ofereceu a mão de obra. Digamos que foi uma troca que a própria comunidade nos ofereceu, como eles tinham sido ajudados por estarem desempregados por um momento, eles vieram ajudar a criar a nossa sede. Então, foram 5 finais de semana trabalhando para conseguir montar a sede do jeito que ela é hoje.”, comentou Cezinha, líder da Cufa.

Apesar da reforma realizada pela Comunidade, o espaço ainda não era o suficiente para comportar a proposta de trabalho idealizada pelo Instituto C. Por isso, Paloma e o Gerente Institucional, Diego Schultz, precisaram correr contra o tempo para decidir qual seria o melhor caminho. “Pensamos em construir um espaço anexo à sede da Cufa, mas assim que fizemos um primeiro estudo e levantamento, ficou claro que não teríamos verba e tempo suficientes para isso.”, comentou Paloma.

Foi então que entrou em ação a segunda ideia que previa o aluguel de contêineres para o espaço. “Preparamos um espaço temporário na Comunidade com três contêineres, sendo dois deles escritórios e o terceiro banheiros, além de um espaço coberto com uma tenda grande com 36m2 para realização das atividades em grupo.”, explicou Diego. Além disso, o Instituto C também construiu um banheiro dentro da sede da Cufa.  “Estamos ajeitando as coisas para receber o toldo e os contêineres na próxima semana. Depois disso, teremos uma semana para organizar tudo e dar início efetivo às atividades do Primeira Infância. Isso porque, o projeto Educação em Rede já teve início de forma remota em meados de abril”, acrescentou.

Ao todo, os projetos Educação em Rede e Primeira Infância atenderão 170 famílias, impactando mais de 680 pessoas na Comunidade. Para Karina, responsável pela comunicação da Cufa Minas Gás, o Instituto C chegou para somar. “Nossa comunidade é carente de parcerias, de atividades, de qualquer coisa neste estilo, não temos quadra ou parques próximos. Essa parceria veio num momento ótimo!”.

Aniversário IC

Costurando Relações é o quarto episódio da nossa série

No dia 12 de maio, aconteceu o quarto episódio da série de lives que celebram os 10 anos de Instituto C. Intitulado, Costurando Relações, o episódio 4 contou com a presença de três convidadas: Flávia Duarte, Voluntária e Parceria do IC, Cilene, Analista do projeto Atelier C e Lucia, mãe atendida pelo projeto PAF e participante do Atelier C. “O Atelier C é uma parte muito especial do Instituto C. O projeto começou em 2014 e surgiu porque estávamos pensando em como poderíamos oferecer algo que gerasse capacitação e renda para as famílias e que também pudesse ser revertido ao IC. Fizemos uma pesquisa com as mães para entender o que seria viável e a maior parte delas se interessava por costura e artesanato.” explicou Vera Oliveira, Fundadora e Gerente Geral do IC, no início da live.

No bate papo, Cilene falou sobre seu início no Instituto C que, segundo ela, foi um pouco por acaso. “Caí lá de paraquedas. Aprendi muito com as voluntárias, alguns cursos que o Instituto ofereceu. Eu mesma fazia os moldes, os primeiros testes antes de ir para as mães, tentava descobrir os tecidos para fazer cada tipo de peça. As mães ajudavam muito, porque elas que costuravam, às vezes, achávamos que um tecido dava certo, mas não dava certo. Era uma troca, ensinamos, mas também aprendemos.”, comentou.

Para Lucia, as trocas de experiências entre as mães artesãs, as voluntárias e a Cilene foram fundamentais para o desenvolvimento das peças. “O Instituto C me ofereceu alguns cursos fora, mas eu aprendi mais dentro do Instituto. Estávamos mais à vontade lá dentro. Eu me identificava muito com o crochê, tanto que até hoje eu faço.”, comentou.

Quando a Flávia chegou ao Atelier C ela já tinha uma experiência totalmente diferente das  que estavam lá, uma carreira trabalhando com moda (leia aqui). “Cheguei super tímida, um trabalho novo. Fui super bem recebida, um alto astral da Cilene. E foi meu primeiro contato com voluntariado, cheguei em 2016, grávida. E sempre foi um trabalho muito gostoso, sempre gostei muito de ir lá. Eu chegava no dia, eu e a Cilene nos entendíamos muito bem, sempre ajudava ela com o que ela precisava naquele momento. Para deixar tudo pronto para as mães artesãs retirarem e levarem para fazer em casa. Sempre foi uma troca muito gostosa.”, explicou.

O bate papo seguiu cheio de emoções e com diversas recordações das famílias atendidas naquele momento. “Tinha mãe que ia com o dinheiro contado. As histórias das mães, a gente se apegou muito, ainda temos um grupo do Atelier, compartilhamos várias coisas, criamos um laço muito grande, nos tornamos muito amigas, nos víamos diariamente. Tinha as crianças doentes que eram muitas vezes internadas, tivemos perdas neste tempo. Acho que o que mais me marcou nesse tempo foram as histórias delas.”, contou Cilene.

“Éramos uma família. Foi um chororô quando acabou que só Deus.O Instituto C foi a primeira ONG que me acolheu, acolheu a Valentina. Quando temos um filho especial, Deus dá uma missão para gente, ele dá todo um suporte para você, ele coloca anjos na nossa vida. Vera, Cilene, Flávia foram anjos que me ajudaram. Quando você chega no Instituto, vocês dão um norte para gente com as informações. A gente chega lá muito perdida e vocês acolhem com amor e carinho. Eu não gostava de falar com psicólogos e lá no IC eu aprendi a gostar de falar de mim. Só quero agradecer vocês por me acolherem. Hoje a Valentina está no céu e falar do Instituto C é falar da Valentina. É uma honra falar do Instituto. Que Deus abençoe vocês e dê muita saúde para continuarem a fazer esse trabalho. Vocês me ajudaram nessa missão com a minha filha.” acrescentou Lucia.

“A Lucia representa muito todas as mães que a gente atende no Instituto C. É uma honra muito grande para gente poder participar da história dela, da história da Valentina. E lembrar sempre com muita força e carinho tudo o que elas significam para gente.”, finalizou Vera.

O bate papo seguiu por 1 hora, cheio de histórias, e você pode acompanhar tudo na nossa página no instagram, acesse agora mesmo, clicando aqui!

O projeto, do sonho à realidade, prevê resgatar as memórias que construíram a história do Instituto C nestes anos todos de atendimentos às famílias em situação de vulnerabilidade social na cidade de São Paulo. Além da revisitação ao acervo de imagens e vídeos como forma de reverenciar e agradecer a contribuição de todos que estiveram juntos nesta trajetória.

As lives estão acontecendo no instagram do Instituto C (@instituto.c) e contarão com a presença de pessoas que fizeram ou fazem parte da história do Instituto. Vera Oliveira, Gerente Geral e Fundadora do Instituto C, é responsável por conduzir estas conversas.

Assista o episódio 1 | O começo de tudo | Clique aqui

Assista o episódio 2 | Encontros que fortalecem | Clique aqui 

Assista o episódio 3 | Apoio que faz a diferença | Clique aqui

Assista o episódio 4 | Costurando relações | Clique aqui

Áreas de atendimentoPAFRodas de Conversa

Roda de Conversa Virtual é sobre Emoções e suas Reações

Em abril, aconteceu a primeira Roda de Conversa virtual do PAF – Plano de Ação Familiar de 2021, que reuniu 13 famílias atendidas pelo projeto. O tema da roda foi Emoções e trouxe aos participantes algumas reflexões  importantes em meio a pandemia. “O que são as emoções? Qual a diferença entre emoção e sentimento. Quais são as reações que o nosso corpo tem, as alterações na nossa fala, a maneira como expressamos aquilo que estamos sentindo?”, questionou Karen Magri, Assistente Social do projeto, logo após o início da Roda de Conversa.

Durante o encontro, as participantes puderam falar um pouco como estavam se sentindo nesse momento. “Eu sinto muita ansiedade, então, eu acabo comendo fora do normal de nervoso. Devido ao isolamento, as crises de convulsão do meu filho estão se agravando mais ainda, então, eu acho que o isolamento está fazendo muito mal para gente.”, comentou Graziela.

Para a maioria das mães, a oscilação de humor é constante, mas o medo e a angústia acabam tomando conta do dia. “Eu estou com uma angústia muito grande, muito medo, só saio para ir com a Eloisa e a Manuela no médico. E é muita angústia. Tem dias que eu preciso ir para o pronto socorro, porque me bate aquela falta de ar, é muito nervoso. Tem dia que eu estou bem, tem dia que eu não estou.” contou Rosimeire. Sentimento que também foi compartilhado por Lourdes. “Ansiedade, hoje mesmo eu to com uma falta de ar, mas eu sei que não é um problema, é a ansiedade da gente muito tempo preso, a gente virou prisioneira, vem a ansiedade, vem a angústia, hoje eu to um pouco chorona e também com esta falta de ar.”.

A Psicóloga do projeto, Nayara Oliveira, alertou para a importância de conhecermos e reconhecermos o que estamos sentindo. “É importante pensar no que a Karen falou porque a emoção traz uma reação corporal. A gente sente coisas no nosso corpo, por exemplo, quando a gente sente nojo, o nosso corpo quer expulsar aquilo, a gente sente uma reação de afastamento daquilo que nos provocou nojo. O nosso corpo recua. Às vezes é difícil diferenciar as emoções porque as reações produzidas no nosso corpo, elas são semelhantes, como o fato de chorarmos de alegria e de tristeza. O choro é uma reação corporal às duas emoções, mas são duas emoções muito diferentes.”.

“Por isso é importante saber o que está acontecendo, conversamos muito isso nos atendimentos da psicologia, a importância de nomear o que estamos sentindo e não só nomear, mas se perceber, voltar a si e sacar o que está acontecendo no nosso corpo, quais afetos estão surgindo.” acrescentou Nayara.

Para finalizar a roda, a Assistente Social, Liliane Moura, ensinou uma técnica de relaxamento e incentivou a todas a usarem a técnica nos momentos de estresse e agitação do dia-a-dia. A técnica utilizada consiste em prestar atenção na respiração, o que ajuda no processo de acalmar, olhar para si e olhar para as emoções. “Você respira três vezes, muito profundamente, então, começa respirando e vai até o final da respiração, pelo nariz e solta pela boca. Após as três vezes, você começa a deixar os pulmões a trabalharem naturalmente, porque não precisa forçar ele. E aos poucos você vai prestando atenção na sua respiração, como o pulmão faz um trabalho todo automaticamente. Fechar os olhos, prestar atenção em como funciona a respiração, como o ar frio entra e o ar quente sai.”, conduziu a técnica.

As participantes agradeceram o espaço de acolhimento e escuta que sempre acontece durante as Rodas de Conversa. “Está sendo uma situação muito difícil, lidar com três crianças dentro de casa, brigando. E foi até bom essa reunião porque a gente desabafa um pouco, porque a gente sente falta de conversar com alguém. É totalmente diferente.”, agradeceu Ana Paula.

Gestão de Pessoas

Mãe é ação, estar em constante movimento

Nesta semana em que se comemora o Dia das Mães, decidi trazer uma reflexão sobre essas pessoas tão importantes nas vidas de cada um de nós. Segundo o poeta João Doederlein, mãe é o termo usado para designar um coração capaz de amar infinitamente. É sentir por dois, sorrir por dois, sofrer por dois. É dar o melhor de si duas vezes. É aquela que cura com um abraço, que sara machucado com um beijo. Aquela quem deu à luz amor.

Encontramos vários perfis de mães nos nossos projetos do Instituto C, mães solos, que precisam trabalhar e cuidar da educação dos filhos, que recebem todo o suporte dos companheiros, de primeira viagem à mães muito jovens, mas o ponto em comum em todas elas está na força e na garra de buscar o melhor para seus filhos. Pedindo licença poética, eu diria que a palavra mãe não é um substantivo, mas sim um verbo. Mãe é ação, estar em constante movimento. É cuidar, brigar, chorar, brincar, sorrir, ajudar, mudar, se preocupar, se irritar e, acima de tudo, mãe é saber amar. Com todas essas características, já é possível afirmar que mãe é muito além de gestar, mas de cuidar e proteger.

É muito comum ao longo da jornada das mães no Instituto C a necessidade de resgatarmos com elas o caminho de voltarem a olhar para si, pois ao longo da maternidade se acostumaram a se apresentar como a “Fulana, mãe do Beltrano”, esquecendo-se de si e de sua identidade e necessidades. É a invisibilidade que a maternidade traz à mulher e que fica mais agravada quando instalada na realidade das mães em situação de vulnerabilidade social.

Durante meus atendimentos psicológicos, ouço muito a sobrecarga que elas sentem na educação dos filhos. O medo de falhar na criação deles, a culpa por cada um dos problemas que eles enfrentam e o desejo de poupá-los de toda dor. No dia a dia, a experiência da maternidade se apresenta como única e rodeada de significados, de esperanças e de promessas e também de uma mistura de sentimentos entre medo e cansaços que precisam ser acolhidos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 57,3 milhões de mães solo, isto é, 38,7% de brasileiras chefiando seus lares. Mesmo sendo grande parcela da sociedade, elas ainda sofrem e precisam se reinventar todos os dias para poder realizar, tanto a si mesmas quanto aos filhos.

Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), as mulheres trabalham cerca de 7,5 horas a mais do que os homens em uma semana. Isso se deve ao fato de sua jornada dupla de trabalho, entre emprego e atividades em seu próprio lar. O maior desafio que encontro nos meus atendimentos está justamente em segurar a mão dessas mulheres e conduzi-las a um novo caminho, primeiro de desconstrução do ideal de mãe suficientemente boa na qual não cabem falhas e que todas as responsabilidades estão em suas costas. Depois de fazer o resgate da autoestima de cada uma, fortalecendo-as e mostrando que, antes de serem mães, são mulheres fortes mas que também necessitam de apoio e de serem auxiliadas para então chegarmos na ampliação da rede de apoio de cada uma.

Apesar das dificuldades encontradas, das experiências difíceis e dos sentimentos contraditórios ao longo do processo da maternidade, os atendimentos revelam um sentimento de esperança que modifica, em parte, o sentimento de culpa presente nessas mulheres. As mães reconhecem sua importância na construção de um futuro para seus filhos, na significação do papel materno, no processo de criação, socialização e na valorização da educação, agora entretanto, experimentando a maternidade de maneira mais leve e fluida.

Mas o que mais aprendo com cada uma delas é o desejo de serem melhores, para e por seus filhos e suas famílias. A força que tiram desde o momento de darem à luz ou no momento em que se viram desempenhando o papel materno, até os desafios cotidianos. O tirar de si, para doar ao outro é a lição mais forte que carrego.

À minha mãe e minhas avós (que geralmente são segundas mães para nós), todas as minhas colegas de jornada que são mães e a todas a mães que atendemos no Instituto C, desejo um feliz dia, marcado por muito amor, reconhecimento da importância que vocês têm em nossas vidas, de acolhimento e, principalmente, das típicas frases que todas elas dizem sempre, como “Meu filho, você não pode ir porque você não é todo mundo”. Um feliz Dia das Mães!