Desde que foi lançado, o Projeto Cidadania em Rede já tem colhido bons frutos. Da junção e da experiência acumulada nos projetos PAF (Plano de Ação Familiar), Educação em Rede e Primeira Infância, os atendimentos agora giram em torno de cinco núcleos: educação, garantia de direitos, inclusão produtiva, desenvolvimento infantil e saúde emocional e nutricional. “Quando as famílias chegam aqui, o primeiro foco delas é a empregabilidade”, diz Isabel Gimenez, assistente social do Projeto, que faz o atendimento de renda, que inclui também o emprego e o planejamento financeiro.
Naturalmente, a primeira demanda seria o aprendizado através de cursos profissionalizantes para, depois, mergulhar no mercado de trabalho – mas, na prática, não é bem assim. “Trabalhamos com jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade social, então a urgência deles acaba sendo o retorno ao mercado”, diz Isabel. Apenas no Cidadania em Rede, são 500 famílias atendidas por mês. Dos homens, 95% deles buscam um trabalho formal no mercado. Já entre as mulheres, a divisão é mais equilibrada, sendo 25% trabalho formal, 25% trabalho doméstico e 50% trabalho informal.
A assistente conta que tenta identificar os gostos e aptidões de cada um para buscar cursos e vagas que tenham a ver com cada pessoa atendida e aumentem a sua empregabilidade. No quesito cursos extracurriculares, 90% das famílias atendidas (entre Jovem Aprendiz e adultos) não possuem.
“Em um primeiro momento, entendo a família no contexto geral. Daí, peço o currículo para análise e até uma nova confecção. Por fim, indico cursos, sejam eles presencial e online, e explico sobre as expectativas profissionais.”, conta Isabel – que recebe vagas diariamente em grupos de empregos.
Apenas no último mês, Isabel comemora a conquista de três pessoas. Rita, que ficou desempregada durante a pandemia e agora voltou ao mercado de trabalho, Caíque, que acaba de conquistar seu primeiro emprego registrado e voltou aos estudos, e Pedro, que se tornou Jovem Aprendiz e agora tem outra perspectiva de vida. “Tinham 40 pessoas na sala e apenas sete conquistaram uma vaga – e eu fui uma delas! Isso mudou bastante coisa na minha vida”, comemora Pedro.
Para Isabel, além da renda que o emprego fornece, a autoestima é um ponto fundamental para essas famílias. “Elas passam a se sentir produtivas e pertencentes à sociedade quando estão trabalhando com algo. Depois de terem essa conquista, eles continuam aqui com a gente, agora para pensar no planejamento financeiro, né?”, conta. “A pessoa sem emprego fica desanimada, por isso tento nos atendimentos colocá-las para cima e motivá-la. Nem sempre isso acontece na primeira conversa. Existe toda uma construção de mudança de pensamento – e eu sou persistente e otimista! E, quando temos notícias como a do Pedro, Caíque e Rita, vejo que estou no caminho certo”, finaliza Isabel.