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*Por Maria Helena Pugliesi
Quando Esther Marjori nasceu em 4 de julho de 2013 e o Teste do Pezinho a diagnosticou com anemia falciforme, a vida dos pais Ricardo e Jéssica Caren Pedroso Amaral da Silva desmoronou.
“Descobrimos que se trata de uma doença incurável, de tratamento contínuo e cuidados intensivos. Não tínhamos condições de arcar com tamanha despesa”, lembra a mãe. “Se não fosse o apoio do Saúde Criança São Paulo, hoje Instituto C, nossa história seria muito diferente, bem mais triste e difícil”.
A chegada da pequena Esther coincidiu com a fratura de joelho do pai, que o fez ficar desempregado. O salário de assistente de cozinha de Jéssica mal dava para sustentar os outros dois filhos e pagar o aluguel. “Tivemos que ir morar com minha mãe, que também nos ajudava com a alimentação. No entanto, sobrava muito pouco para comprar os remédios, o leite e até as fraldas da Esther. Sem dinheiro para a condução, deixei de levar a menina a muitas consultas na Santa Casa de Misericórdia”, diz Jéssica. “Um dia, eu estava no hospital e a assistente social me perguntou por que minha filha estava tão magrinha e qual o motivo de nossa ausência. Contei o drama pelo qual passávamos, agravado ainda pela minha demissão no emprego, pois a menina precisava que eu estivesse sempre a disposição.”
Foi assim que em julho de 2014 Jéssica conheceu o trabalho do Instituto C e, segundo ela, sua vida voltou a ter sentido. “Aqui encontrei uma família pronta a me ajudar. Cheguei chorando, inconformada com meu destino, mas ombros amigos, como os da Natália Cavechini (coordenadora de atendimento), me fizeram entender que para tudo há solução.” Ela emociona-se ao enumerar as inúmeras descobertas feitas ao longo destes dois anos de atendimento. “Eu não tinha a menor ideia que existiam benefícios do governo como o BPC – Benefício de Prestação Continuada, assistência à pessoa com deficiência, que garante um salário mínimo mensal, ou a Farmácia do AME Maria Zélia, onde posso retirar medicamentos de alto custo gratuitamente. Tudo isso aprendi com as meninas daqui.”
Recuperado do joelho, Ricardo foi orientado pelo profissional na área de geração de renda a elaborar seu currículo. O resultado não poderia ser melhor, ele conseguiu um trabalho. Enquanto isso, Jéssica prefere se dedicar integralmente à Esther. “Nossa menininha ainda é muito frágil. Sua doença a torna vulnerável a infecções e quando isso acontece ela tem que ser internada. Esse tipo de anemia também tende atacar todos os órgãos, os médicos precisam monitorá-la constantemente. Claro que sofro vendo minha filha chorar ao tomar a cada 21 dias as injeções de Benzetacil, mas agradeço à Deus por poder lhe dar esse tratamento. Só assim Esther terá chance de seguir em frente.”