A potência feminina tem protagonismo no Instituto C. Entre mães, avós, irmãs, tias e até mesmo colaboradoras e profissionais que trabalham nos atendimentos, as mulheres ocupam grande parte do espaço. Dados de 2021 mostram que 40% das famílias atendidas são compostas apenas por mães. No PAF (Plano de Ação Familiar), 61% são chefiadas por mulheres.
“Aqui, esse protagonismo da mulher fica ainda mais evidente. Muitas vezes, quando a criança recebe um diagnóstico, são as mães que tomam à frente da situação”, conta Katia Moretti, coordenadora do projeto, que é realizado desde 2012.
No Projeto Cidadania em Rede não é diferente. “São elas que cuidam, que falam e que vêm nos atendimentos. São elas que batalham pelos direitos de seus filhos, mesmo quando têm um companheiro dentro de casa”, diz Talita Lima, líder do projeto.
Para Nayara Oliveira, psicóloga do PAF, esse cenário faz parte de uma estrutura social e política produzida com base na divisão sexista de tarefas, também de raça e classe. “Isso reverbera na possibilidade de negligência de si porque a potência dessas mulheres é ensinada tendo o amor como doação aos seus filhos e aos outros. Força elas têm, mas falta apoio para dar conta de tudo”, relata.
Mães no Instituto C: Protagonismo e Empoderamento
O Instituto vai na contramão desse histórico social e reforça o empoderamento feminino, o autocuidado e a autoconfiança dessas mães que, sobretudo, são mulheres.
“Faz parte do nosso trabalho ser uma rede de apoio para que elas consigam exercitar não só a maternidade, como também a sua potência enquanto mulher em várias outras instâncias”, explica Nayara.
Isso é muito por conta de um recorte predominante nos atendimentos: a família itinerante. “Atendemos muitas mulheres que vieram de outros estados para São Paulo em busca de trabalho e aqui acabam ficando sozinhas. Percebemos pela fala delas que elas se esquecem delas mesmas como pessoas por se doarem demais”, diz Talita.
Katia também lembra uma situação muito comum dentro do PAF: “As mulheres que passam por aqui costumam estar frequentemente em hospitais e lá elas são tratadas como ‘mãe’ e ‘mãezinha’, elas não têm nome. Aqui a gente faz questão de chamá-las pelos nomes”.
O Dia das Mães, então, não é uma data celebrada pelo Instituto C – assim como outras datas comemorativas, como Dia das Crianças e Dia dos Pais, por entenderem que cada família tem uma composição. Assim, mais do que lembrá-las de que são mães, a tarefa é exaltá-las como mulheres.
“As crianças e adolescentes são de responsabilidade do estado, da sociedade civil, e também da família como um todo, não só dessas mulheres que já dão conta de muito – e ainda precisam dar conta de si!”, finaliza Nayara.