Categoria: Áreas de atendimento

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O que você precisa saber para usar a Defensoria Pública do Estado de SP

O que é a Defensoria Pública do Estado de São Paulo?

A Defensoria Pública é uma instituição que presta assistência jurídica gratuita e integral a pessoas que não tenham condições financeiras de pagar por esse serviço. No Estado de São Paulo ela foi implementada em 2006 e ela trabalha com situações na área cível, infância e juventude, criminal, violência doméstica/intrafamiliar e tutelas coletivas.

A Defensoria Pública atende pessoas que não tenham condições financeiras para pagar pelos serviços de um advogado. Para isso, é feita uma avaliação para verificar a renda familiar, o patrimônio e os gastos mensais da pessoa.

Podem ser solicitados documentos como Carteira de Trabalho e holerite, entre outros, para verificação das informações. Em geral, são atendidas pessoas com renda familiar de até 3 salários-mínimos por mês. O limite pode subir para 4 salários-mínimos por mês em alguns casos específicos.

 

E o que faz a Defensoria?

• Ela entra com ações na justiça para defender direitos;
• Atua em processos em andamento;
• Defende os direitos de pessoas que estão sendo processadas;
• Promove acordos e conciliações entre pessoas em conflito para evitar processo na Justiça.

 

O CAM – Centro de Atendimento Multidisciplinar

O setor que promove os acordos e conciliações se chama CAM (Centro de Atendimento Multidisciplinar) e conta com uma equipe composta por defensores, estagiários, psicólogos e assistentes sociais.
O processo judicial pode ser desgastante, em vários aspectos, inclusive emocionalmente, por isso esse setor trabalha para promover conciliações amigáveis sem a necessidade da abertura de um processo judicial.
Uma das atribuições do CAM é promover cursos/palestras de Educação em Direitos. As atividades de educação em direitos desenvolvidas fazem parte de um modelo de intervenção educativa heterogêneo, que tem como objetivo informar, conscientizar e motivar a população a respeito de seus direitos e garantias fundamentais e sobre o exercício de sua liberdade e cidadania.

 

Como agendar o serviço da Defensoria Pública pela internet?

O agendamento é feito pelo assistente virtual DEFI, disponível das 8h às 18h, em dias úteis no site da Defensoria – https://www.defensoria.sp.def.br/. O atendimento é realizado sem a necessidade de deslocamento até uma das unidades e pode ser acessado por computador ou smartphone.

Para agendar é necessário ter em mãos as seguintes informações pessoais:
• RG
• CPF
• CEP
• E-mail

Feito o agendamento, você receberá um e-mail com um link e um código de acesso. Acessando o link, você é atendido pela equipe humana da Defensoria.

 

Como agendar o serviço da Defensoria Pública por telefone ou presencial?

Se tiver dificuldade com o agendamento online, você também pode agendar ligando gratuitamente para 0800 773 4340, disponível das 7h às 19h, em dias úteis. Pode ser solicitado o atendimento presencial caso haja dificuldade de acesso ao atendimento remoto.

A Defensoria possui um canal de ouvidoria, onde podem ser registrados sugestões, reclamações ou elogios. Você pode falar com a ouvidoria, através do site, e-mail, telefone ou pessoalmente.

 

por Kátia Moretti

Coordenadora do PAF – Plano de Ação Familiar  

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Áreas de atendimento

A empregabilidade no Projeto Cidadania em Rede

Desde que foi lançado, o Projeto Cidadania em Rede já tem colhido bons frutos. Da junção e da experiência acumulada nos projetos PAF (Plano de Ação Familiar), Educação em Rede e Primeira Infância, os atendimentos agora giram em torno de cinco núcleos: educação, garantia de direitos, inclusão produtiva, desenvolvimento infantil e saúde emocional e nutricional. “Quando as famílias chegam aqui, o primeiro foco delas é a empregabilidade”, diz Isabel Gimenez, assistente social do Projeto, que faz o atendimento de renda, que inclui também o emprego e o planejamento financeiro.

Naturalmente, a primeira demanda seria o aprendizado através de cursos profissionalizantes para, depois, mergulhar no mercado de trabalho – mas, na prática, não é bem assim. “Trabalhamos com jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade social, então a urgência deles acaba sendo o retorno ao mercado”, diz Isabel. Apenas no Cidadania em Rede, são 500 famílias atendidas por mês. Dos homens, 95% deles buscam um trabalho formal no mercado. Já entre as mulheres, a divisão é mais equilibrada, sendo 25% trabalho formal, 25% trabalho doméstico e 50% trabalho informal. 

A assistente conta que tenta identificar os gostos e aptidões de cada um para buscar cursos e vagas que tenham a ver com cada pessoa atendida e aumentem a sua empregabilidade. No quesito cursos extracurriculares, 90% das famílias atendidas (entre Jovem Aprendiz e adultos) não possuem.

“Em um primeiro momento, entendo a família no contexto geral. Daí, peço o currículo para análise e até uma nova confecção. Por fim, indico cursos, sejam eles presencial e online, e explico sobre as expectativas profissionais.”, conta Isabel – que recebe vagas diariamente em grupos de empregos.

 

Apenas no último mês, Isabel comemora a conquista de três pessoas. Rita, que ficou desempregada durante a pandemia e agora voltou ao mercado de trabalho, Caíque, que acaba de conquistar seu primeiro emprego registrado e voltou aos estudos, e Pedro, que se tornou Jovem Aprendiz e agora tem outra perspectiva de vida. “Tinham 40 pessoas na sala e apenas sete conquistaram uma vaga – e eu fui uma delas! Isso mudou bastante coisa na minha vida”, comemora Pedro.

 Para Isabel, além da renda que o emprego fornece, a autoestima é um ponto fundamental para essas famílias. “Elas passam a se sentir produtivas e pertencentes à sociedade quando estão trabalhando com algo. Depois de terem essa conquista, eles continuam aqui com a gente, agora para pensar no planejamento financeiro, né?”, conta. “A pessoa sem emprego fica desanimada, por isso tento nos atendimentos colocá-las para cima e motivá-la. Nem sempre isso acontece na primeira conversa. Existe toda uma construção de mudança de pensamento – e eu sou persistente e otimista! E, quando temos notícias como a do Pedro, Caíque e Rita, vejo que estou no caminho certo”, finaliza Isabel. 

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Os impactos da pandemia na saúde mental

Muitas pesquisas já demonstram os impactos que a pandemia do coronavírus causaram na saúde mental das pessoas e, principalmente, como as consequências são ainda maiores e prejudiciais nas populações vulneráveis – e o Instituto C sente esse aspecto na prática. “A gente sabe que tem sido difícil para todo mundo, mas o quanto é ainda mais para quem tá em situação de vulnerabilidade social”, inicia Katia Moretti, coordenadora do Projeto PAF-Plano de Ação Familiar. 

Para Claudete Marcolino (na foto que ilustra essa matéria), psicóloga do Projeto, o cenário pós-pandêmico tem dado visibilidade para essa questão. “O que a gente percebe em todos os segmentos, especialmente nessa área das crianças e adolescentes, é que eles ficaram muito mais à mercê de um contexto isolado dentro do cenário familiar. Muitos deles sofrendo, inclusive, violência”, diz.

Esse isolamento e convívio apenas com a família nuclear contribuiu para que as pessoas, principalmente crianças pequenas, estejam agora mais suscetíveis a não se socializar – aumentando a ansiedade. “Quando se perde esse contato com os amigos e colegas, as cobranças em torno da criança e do adolescente, que muitas vezes têm alguma patologia, ficam ainda maiores. Assim, esse jovem se vê em um cenário onde ele só tem o convívio familiar, então, o aumento da ansiedade tem sido refletido nos ambientes sociais, principalmente na escola”, acrescenta Claudete, que reforça que o contexto da insegurança, baixa autoestima e ansiedade é visto na prática dos atendimentos.

Todo esse cenário e acúmulo de questões faz com que a demanda por atendimentos do Instituto C cresça diariamente. “Nós atendemos 200 famílias no PAF, e como um todo. Ou seja, uma média de 4 ou 5 pessoas por família. É muita gente!”, pontua Katia. Daí o desafio: oferecer um serviço de qualidade para tanta gente. “Foi quando surgiu a ideia há um tempo atrás da rede de voluntários de psicologia”.

Para essa solução, o Instituto C busca parcerias com faculdade e outros serviços que possam contribuir para o trabalho, e oferece o espaço para um atendimento presencial se necessário. “O que a gente percebe é que as famílias com altas vulnerabilidades também trazem complexidades. Famílias que têm crianças com alguma patologia, e que tem um contexto de vulnerabilidade, nem sempre atribuem o contexto mental como algo a ser tratado. Essas questões acabam sendo negligenciadas. Por isso, a importância desse olhar atento a toda família, não só, especificamente, a criança atendida, mas também aos adultos que as cercam”, reforça Claudete.

E como participar? 

A inscrição para os voluntários de psicologia é feita através de um formulário online (clique aqui). Basta ser um psicólogo ou psicóloga e ter disponibilidade de uma hora semanal, ou mais. Depois do envio das informações e cadastro, o Instituto C entra em contato para agendamento de uma entrevista.

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Cidadania em Rede e o impacto da pedagogia

Uma das maiores novidades de 2022 foi a união de três projetos do Instituto C – Educação em Rede, Primeira Infância e Plano de Ação Familiar – em um único, o Cidadania em Rede. Nessa nossa fase, um dos atendimentos que ganha ainda mais destaque são os relacionados à pedagogia – que tem impacto em diversas áreas da vida da criança, e sua família. “Agora, os atendimentos são como um braço do Educação em Rede, mas com algumas novidades, como a avaliação psicológica e a totalidade dos encontros presenciais”, introduz Talita Lima, coordenadora do Cidadania em Rede.

O foco dos atendimentos, claro, é a criança e o seu fortalecimento como cidadã, melhorando suas relações com a família e escola, e potencializando sua perspectiva de desenvolvimento. “Nós trabalhamos em torno da promoção da vida dessa criança. Já com os pais, o trabalho é de despertar novamente um olhar mais afetivo através de diálogos para despertar na família esse papel de protetor e de agente de promoção para a vida da criança”, explica Evoli Santos, pedagoga do projeto.

Para Paloma Araújo, estagiária de pedagogia, o ambiente dos atendimentos funciona como uma troca: “Quando a gente se coloca no lugar daquela criança, a gente consegue ter um olhar mais sensível e efetivo para o caso”. A profissional lembra de crianças que chegaram para os atendimentos com um possível diagnóstico e, no entanto, era preciso um estímulo mais afetivo para despertar as potências do indivíduo.

“A partir do momento que o Chris começou aqui no Instituto C, ele desenvolveu bastante, tanto na escola quanto no comportamento dentro de casa. Já consigo perceber um bom avanço. Até o jeitinho dele mudou, sabe?”, relata Gisele Deloste, mãe do Christian.

Os atendimentos de pedagogia são semanais e sempre no horário oposto à escola. “Quando a família busca pelo atendimento, a gente faz uma avaliação inicial – pedagógica e psicológica – para entender se a criança, de fato, precisa daquilo que a família está dizendo. A partir daí, as técnicas dizem se ela vai para o reforço escolar ou psicológica”, explica Talita.

Os profissionais também lembram que uma área que tem demandando bastante nesse início de projeto é a articulação com a escola que, muitas vezes, não tem braço suficiente para um olhar individualizado para os alunos. “A escola às vezes identifica uma dificuldade e, por conta de muitas crianças e falta de recursos, eles não veem o que é. O que falta é tempo, conversa e um olhar mais específico e afetivo para o desenvolvimento dessa criança”, finaliza Evoli, reforçando sempre que o trabalho é uma constante parceria entre escola e família – pensando na criança em conjunto com todos esses fatores.

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Nutrição: como as orientações impactam a vida das famílias

Entre as diversas orientações que as famílias recebem ao participarem dos projetos do Instituto C estão as relacionadas à alimentação. Saúde Emocional e Nutricional, inclusive, é um dos núcleos de atendimento do Cidadania em Rede. O trabalho das profissionais inclui desmistificar o tema e dar dicas práticas para que consigam melhorar seus hábitos alimentares. “Muitas famílias acreditam que a nutrição vai de alguma forma problematizar o que elas têm em suas casas, mas nosso objetivo é o contrário”, afirma Silmara Souza do projeto.

A nutricionista explica que a equipe se utiliza de figuras e imagens didáticas de fácil compreensão para mostrar que é possível utilizar os itens básicos para melhorar o hábito – como a substituição de temperos industrializados por naturais, que já é muito benéfica. “Assim, as famílias têm se mostrado bem mais tranquilas quando mostramos que com o que elas têm em sua casa­­ – ­alimentos adquiridos de acordo com o poder aquisitivo de cada – podemos melhorar nossos hábitos alimentares de forma saudável e tranquila”, acrescenta.

No Plano de Ação Familiar, o PAF, não é diferente. “As orientações são sempre baseadas no Guia Alimentar da População Brasileira, que é um material inclusivo e leva em consideração as diversas culturas e condições, sem se utilizar dos sensacionalismos que vemos por aí”, conta Ana Paula Hümmel, nutricionista do projeto. “A oferta de ultraprocessados que se dizem saudáveis é enorme e dificulta muito o trabalho, além das informações equivocadas que a internet vende como chás emagrecedores, gominhas para o cabelo e dietas milagrosas. O primeiro trabalho é desmistificar tudo isso”, completa.

Já as informações para as crianças recebem ainda mais atenção – já que a seletividade alimentar é muito presente no Transtorno do Espectro Autista, por exemplo. “Eu entendo a demanda e necessidade de cada família e encaminho para os serviços adequados”, diz Ana.

Aos poucos, as famílias vão ganhando mais consciência alimentar e mudando seus hábitos. “A observação das mudanças é mais difícil quando se tem uma abordagem mais humanizada, como o nosso caso, mas tenho retornos muito positivos. Algumas felizes porque passaram a se alimentar melhor e sentiram diferença no dia a dia, outras porque o filho está comendo bem – e para mim não tem notícia melhor que essa”, celebra Ana, que também lembra uma situação positiva: “Tive recentemente o retorno de uma família que a responsável perdeu 5 quilos. Ela disse que não sabia que poderia ter uma alimentação mais saudável tão fácil assim, que eu era uma nutricionista diferente”.

E, claro, a alta dos preços tem dificultado a aquisição não só de alimentos como também a sua diversificação. “Estamos trabalhando com o que pode ser adquirido por preços mais acessíveis, como as carnes suínas, aves e ovos. Também estamos com o foco para ensinar as famílias aproveitarem os alimentos de forma integral, como preparações de hortaliças não desprezando cascas de alguns alimentos em refogados ou sucos”, conta Silmara.

Partindo do princípio que é um privilégio poder escolher o que se vai comer, as orientações não pretendem vilanizar os alimentos ultra processados, já que muitas vezes são eles em que a família tem acesso – mas pensar em opções que possam ajudar no equilíbrio. “Saber onde fica a feira mais próxima, buscar o horário da xepa, aprender técnicas de armazenamento para que os alimentos durem mais, variar os preparos desses ingredientes, como dos ovos por exemplo… Tudo isso já são mudanças positivas nos hábitos alimentares de todos”, finaliza Ana.

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Você sabe como funcionam os bastidores de uma ONG?

Você com certeza já teve contato com uma ONG, isto é, uma Organização Não Governamental. Conhecidas também como empresas do terceiro setor, são atividades beneficentes desenvolvidas em favor da sociedade e sem objetivo de lucro. O conceito foi criado nos Estados Unidos e define como primeiro setor aquele que é constituído pelo Estado e o segundo pelos entes privados que buscam fins lucrativos.

Apesar desta divisão, segundo e terceiro setor possuem uma estrutura muito semelhante para o bom funcionamento. “Em termos de estruturação, não existe muita diferença entre uma ONG e uma empresa. O diferencial é o que a gente vende, que no nosso caso é o impacto social”, afirma Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto C.

Flávia Almeida, Analista Administrativa Financeira do IC, completa nove anos de trabalho no terceiro setor e lembra-se da diferença que sentiu ao ingressar no time do Instituto e deixar uma metalúrgica. “Eu tenho o meu salário e ele é muito importante, mas não é ele que motiva a gente levantar todos os dias da cama”, conta. E, assim como qualquer empresa, uma ONG também tem seu setor de Recursos Humanos, Administrativo, Financeiro, Comunicação e outros. “Aqui, o que entra para a gente não é proveniente da venda de uma mercadoria, mas sim de doação”, analisa.

Além dessa estrutura semelhante ao segundo setor, também existem as contas a pagar – como salários, fornecedores e aluguel. “Esse é o grande desafio das ONGs, a migração para um apoio institucional, de forma geral, para que a própria organização tenha maturidade em saber como investir o dinheiro”, afirma Vera, relembrando que os quase 30 funcionários do Instituto C possuem carteira assinada e recebem os benefícios garantidos por lei. “É um trabalho mesmo”, brinca. Inclusive, dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), em 2019, mostram que as organizações do ramo empregam, formalmente, 3 milhões de pessoas.

Em contrapartida, um grande diferencial das empresas do terceiro setor está na transparência e gestão na auditoria financeira. “A gente precisa zelar pela acuracidade do que a gente faz para ter o retorno necessário que garanta a continuidade de nosso trabalho”, afirma Vera. “As burocracias existem e muitas vezes são até maiores”, afirma Diego Schultz, Diretor Administrativo.

Diego também comenta que as pessoas que decidem trabalhar no terceiro setor têm uma ambição maior que a financeira. “Todos recebem salários dignos, é claro, mas o foco principal faz parte de um entendimento coletivo – e todos têm o mesmo objetivo. Além disso, outro grande diferencial é que em uma ONG você vê a mudança acontecendo, bem na sua frente, e isso traz uma energia maior para o trabalho. A mudança de vida através do impacto social, ou seja, o nosso produto de venda, é visível”, diz.

Sendo assim, o produto que uma ONG tem para entregar, pode ser relacionado ao meio ambiente, segurança, alimentação ou outros. “O Instituto C entrega impacto social, não um serviço como no segundo setor, e esse produto é revertido para a sociedade. Todos saem ganhando”, finaliza Vera.

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Mães sim, mas antes de tudo: mulheres

A potência feminina tem protagonismo no Instituto C. Entre mães, avós, irmãs, tias e até mesmo colaboradoras e profissionais que trabalham nos atendimentos, as mulheres ocupam grande parte do espaço. Dados de 2021 mostram que 40% das famílias atendidas são compostas apenas por mães. No PAF – Plano de Ação Familiar, 61% são chefiadas por mulheres. “Aqui, esse protagonismo da mulher fica ainda mais evidente. Muitas vezes quando a criança recebe um diagnóstico, são as mães que tomam à frente da situação”, conta Katia Moretti, coordenadora do projeto, que é realizado desde 2012. No Projeto Cidadania em Rede não é diferente. “São elas que cuidam, que falam e que vêm nos atendimentos. São elas que batalham pelos direitos de seus filhos, mesmo quando têm um companheiro dentro de casa”, diz Talita Lima, líder do projeto. 

Para Nayara Oliveira, psicóloga do PAF, esse cenário faz parte de uma estrutura social e política produzida com base na divisão sexista de tarefas, também de raça e classe. “Isso reverbera na possibilidade de negligência de si porque a potência dessas mulheres é ensinada tendo o amor como doação aos seus filhos e aos outros. Força elas têm, mas falta apoio para dar conta de tudo”, relata.

O Instituto vai na contramão desse histórico social e reforça o empoderamento feminino, o autocuidado e a autoconfiança dessas mães que, sobretudo, são mulheres. “Faz parte do nosso trabalho ser uma rede de apoio para que elas consigam exercitar não só a maternidade, como também a sua potência enquanto mulher em várias outras instâncias”, explica Nayara. Isso muito por conta de um recorte predominante nos atendimentos: a família itinerante. “Atendemos muitas mulheres que vieram de outros estados para São Paulo em busca de trabalho e aqui acabam ficando sozinhas. Percebemos pela fala delas que elas se esquecem delas mesmas como pessoas por se doarem demais”, diz Talita.

Katia também lembra uma situação muito comum dentro do PAF: Katia também lembra uma situação muito comum dentro do PAF: “As mulheres que passam por aqui costumam estar frequentemente em hospitais e lá elas são tratadas como ‘mãe’ e ‘mãezinha’, elas não têm nome. Aqui a gente faz questão de chamá-las pelos nomes”.

O Dia das Mães, então, não é uma data celebrada pelo Instituto IC ­– assim como outras datas comemorativas, como Dia das Crianças e Dia dos Pais, por entenderem que cada família tem uma composição. Assim, mais do que lembrá-las de que são mães, a tarefa é exaltá-las como mulheres. “As crianças e adolescentes são de responsabilidade do estado, da sociedade civil, e também e da família como um todo, não só dessas mulheres que já dão conta de muito – e ainda precisam dar conta de si!”, finaliza Nayara.

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Crianças com deficiências e a importância da educação digna

Entre todos os atendimentos do Instituto C, está também o incentivo à educação das crianças com deficiência – com o objetivo de incluir esses jovens no sistema educacional, melhorando a qualidade de vida deles e de toda a sua família. Para entender um pouco mais sobre esse panorama, Katia Moretti, coordenadora do PAF – Plano de Ação Familiar, projeto realizado desde 2012, afirma que é um direito de toda e qualquer criança, com ou sem deficiência, frequentar a escola. “A presença delas no ambiente educacional contribui muito para o seu desenvolvimento, sobretudo nesses casos”, diz. 

Os desafios desse processo são vários, e um dos primeiros é a conscientização da mãe para que ela entenda a importância de sua criança ter educação escolar. “Os cenários são muito diferentes, então a gente tem que entender que, se a mãe está consciente desse direito, ela tem autonomia para fazer escolhas”, explica Lualinda Toledo, pedagoga e técnica de referência. De acordo com as leis brasileiras, toda criança deve acessar a escola obrigatoriamente a partir dos 4 anos de idade – e, a criança com deficiência tem os mesmos direitos à uma educação inclusiva na escola regular.

A pedagoga ainda relembra que, historicamente, as pessoas com deficiência, assim como diversas outras minorias, não acessam os mesmos espaços da sociedade. “A falta de conhecimento de seus direitos e a ideia de não-protagonismo daquela criança dificulta que esses pais e responsáveis compreendam essa garantia”, argumenta Lualinda.

O PAF ressalta que o trabalho de entender a importância da inserção das crianças passa por diferentes frentes e profissionais. Muitas vezes ele não é tão evidente, e requer também o trabalho de pedagogas, psicólogas, nutricionistas e médicos neste processo.

No Instituto C existem dois casos de adolescentes de 17 anos que nunca acessaram a educação, conta Lualinda. “Isso representa jovens que passaram suas vidas inteiras no sofá da sala ou do quarto. Muitas mães nessa situação afirmam que não sabiam que os filhos tinham direito de estudar, uma realidade tão triste quanto cotidiana em famílias brasileiras com crianças deficientes. Ninguém sente falta dessas crianças no ambiente escolar”, lamenta a pedagoga. 

Outro ponto no processo de conscientização familiar é a compreensão de que a escola não é apenas para aprender a ler e escrever, mas também para socializar e interagir com o mundo exterior – e conviver com outras crianças.

Enquanto isso, do outro lado da batalha pela educação de crianças com deficiência, está também a necessidade de toda uma estrutura de qualidade para que a criança frequente a escola – do transporte aos profissionais responsáveis pela medicação, por exemplo. “E aí começa a luta”, afirma Lualinda. Então, além da conscientização, o Instituto também entra na batalha para preparar a escola para que essa rotina seja fluída – afinal muitas mães não se sentem seguras em deixar o filho na escola. 

Acesso, frequência e permanência são palavras chave no momento de observar como esse cotidiano na escola está ocorrendo, segundo a pedagoga. “A gente trabalha com a família a ideia de ter a escola como um parceiro, não um enfrentamento. É uma função de entrar em contato, explicar, auxiliar e buscar soluções juntos”, acrescenta Lualinda. 

Por fim, é importante lembrar que a criança estando na escola, a qualidade de vida das mães também encontra melhorias. “Essa mãe tem mais tempo para dar conta de demandas da vida dela, como arrumar a casa e ter um momento de autocuidado”, afirma Katia. Além de outros benefícios, como até mesmo a alimentação fornecida pela escola.

“A gente precisa ter cuidado com a família, porque estamos falando de uma criança que tem direitos violados e os responsáveis também sentem essa violação. Se o ambiente educacional não for acolhedor para criança, as famílias não vão levar seus filhos até lá. Então, a gente trabalha no fortalecimento dessas pessoas para que elas tenham autonomia para lutar por seus direitos. Se a escola já é difícil para alguém que não tem deficiência, imagina para quem tem…”, reflete Katia.

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Rede de voluntários de Psicologia: somar para acolher

O cuidado com a saúde mental se tornou uma das maiores lacunas em tempos de pandemia. O que já era urgente, ganhou proporções ainda maiores por conta do coronavírus – deixando brasileiros ainda mais inseguros, ansiosos e preocupados. Compreendendo essa carência, o Instituto C colocou em prática um desejo antigo e iniciou uma rede de voluntários de psicologia para prestar assistência às famílias atendidas em seus projetos. “A criação da rede começou por conta do momento da pandemia, onde identificamos várias questões de saúde mental. Nós sempre encaminhamos para o Sistema Único de Saúde, mas este apresenta uma superlotação. Então surgiu a ideia de criar esse banco de voluntários”, conta Graziele Alessandro, psicóloga e líder do projeto Primeira Infância. 

As inscrições acontecem a partir de um formulário divulgado nas redes da Instituição e os atendimentos, em geral, estão acontecendo no formato virtual – havendo a possibilidade de presencial para as famílias que desejarem. Além disso, o Instituto também realiza uma supervisão com os profissionais a cada dois ou três meses para entender como estão os casos. 

Com essa rede de apoio à saúde mental sendo colocada em prática há alguns meses, o novo desafio é encontrar ainda mais profissionais da psicologia para assim somarem ao grupo de voluntários. Afinal, a lista é extensa e a necessidade urgente – atualmente são 9 voluntários e 16 famílias sendo atendidas, além de uma lista de urgência com mais de 20. “Falar de saúde mental, ainda mais com demandas complexas como as que nossas famílias apresentam, é um trabalho a longo prazo. Nossa lista, além de extensa, gira devagar. Na hora de encaminhar, nós escolhemos a urgência da urgência, mas desses que já estão sendo realizados, eu percebo a imensa importância da iniciativa”, afirma Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto PAF-Plano de Ação Familiar. 

Otavio Hideki Chinen é dos um dos psicólogos voluntários da rede e confirma as vantagens que a ação proporciona para ambos os lados: “O que me levou a me inscrever no Instituto C é que acredito que se deve ter um olhar mais voltado para a população que não tem condições de pagar uma análise ou uma terapia. Acho que a experiência é enriquecedora, tanto para nós profissionais, quanto para quem é atendido. Tem sido simplesmente maravilhoso, agregador e enriquecedor”.

A pandemia escancarou uma demanda antiga: a importância dos voluntários de psicologia. Agora o trabalho precisa continuar sendo executado e, para isso, novos profissionais são buscados todos os dias. “Como a gente trabalha com a população em vulnerabilidade, percebemos um adoecimento mental que não é falado. A rede de voluntários é um recurso criado para poder dar esse atendimento às famílias”, acrescenta Graziele. “É um projeto muito potente, que ainda está no comecinho. Precisamos de novos voluntários para seguir colhendo bons resultados”, finaliza Nayara. 

E como se inscrever? 

A inscrição para os voluntários de psicologia é feita através de um formulário online (clique aqui). Basta ser um psicólogo ou psicóloga e ter disponibilidade de uma hora semanal, ou mais. Depois do envio das informações e cadastro, o Instituto C entra em contato para agendamento de uma entrevista. 

Áreas de atendimento

Parceria de Sucesso: Banco de Alimentos e Instituto C

No Brasil, com a pandemia da Covid-19, cerca de 117 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar – em graus leves, moderados ou graves – ou seja, sem garantia de que haverá comida na próxima refeição. Com toda essa questão, Ana Paula Hummel, nutricionista do Instituto C, preocupada com a falta de diversidade alimentar das famílias atendidas, sugeriu um contato com a ONG Banco de Alimentos para uma possível parceria – e, assim, receber itens perecíveis, como frutas e verduras, que eles costumam doar para Instituições. A ponte foi feita por José Luiz Lima, conselheiro do IC, e neste primeiro momento descobriu-se que, apesar do Instituto C não se aplicar a esse tipo de auxílio, caberia o cartão alimentação – dando início a uma parceria valiosa para o Instituto! 

Atualmente, através das entidades sociais parceiras, a ONG Banco de Alimentos atende mais de 23 mil pessoas diariamente oferecendo refeições dignas. E, neste Natal, a ONG se une ao Instituto C para a distribuição de um cartão alimentação no valor de R$100 para famílias atendidas nos projetos da Instituição. “Ao todo, serão 700 cartões que possibilitam à família comprar exatamente o que estiver precisando e complementar a cesta básica que já entregamos para cada uma delas. Estamos muito felizes com essa união”, celebra Diego Schultz, diretor administrativo do Instituto C.

 

No período pré-pandemia, o Instituto C realizava uma festa de final de ano. “Era uma celebração mesmo e ali, além da cesta básica, também era entregue uma cesta de Natal. A pandemia nos tirou isso, por conta da aglomeração. A parceria com o Banco de Alimentos veio, então, em uma hora perfeita”, completa Diego. 

Para Ana Paula Hummel, nutricionista do Instituto C, a campanha ajudará também na saúde dos beneficiados, que terão acesso a uma alimentação mais adequada, algo cada vez mais difícil de ser acessado por conta da alta nos preços de proteínas, frutas, legumes e outros. “Muitas das famílias que atendemos não estão conseguindo arcar financeiramente com alimentos básicos. A junção com a ONG Banco de Alimentos faz muito sentido para nós nesse momento”, afirma Ana. 

 

A nutricionista ainda reforça que, muitas vezes, a família não está passando fome no sentido literal, mas ela está passando pela chamada “insegurança alimentar”, quando não há garantia de comida para a próxima refeição. “Às vezes tem o almoço, mas não tem o jantar. O cartão ajuda as famílias irem na contramão dessa insegurança”, diz. 

 

A iniciativa já está sendo colocada em prática e vem para somar. Os cartões serão entregues até o final desta semana, ainda antes do Natal. A parceria tem como principal objetivo unir forças e auxiliar as famílias em vulnerabilidade social, potencializando ações e fazendo a diferença no combate à fome.