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Acessos, direitos e aprendizados no Educação em Rede

Iniciado em 2017, o projeto Educação em Rede, patrocinado pelo Instituto Credit Suisse Hedging-Griffo, tem como objetivo potencializar o desenvolvimento de crianças e adolescentes com dificuldades escolares, cujas famílias estejam em situação de risco ou vulnerabilidade social. “A gente faz atendimento de reforço escolar e psicológico para os alunos e também atendimento social e psicológico para as famílias e responsáveis”, diz Talita Lima, líder do projeto.

 

Os alunos chegam ao projeto encaminhados pelas escolas parceiras ou até mesmo pela busca direta das famílias. “Quando a gente fala de dificuldade escolar, a gente fala tanto de dificuldades pedagógicas, como ler e escrever, quanto dificuldades no quesito de comportamento, como evasão, ansiedade e timidez”, esclarece a líder.

 

Em tempos de pandemia, muitas escolas até forneceram material para as mães e pais orientarem seus filhos em casa, entretanto estes não possuem habilidades técnicas para conduzir essas atividades e, muitos, inclusive, nem acesso à internet que permita a construção do vínculo escolar. “O projeto já era muito necessário, pois nem sempre a escola consegue ter um olhar atento e individual com todos os alunos. Além disso, muito daquilo que o aluno apresenta dentro da sala de aula está relacionado com o contexto familiar dentro de casa – e a escola não tem ferramentas suficientes para acessar essa história”, diz a líder. 

 

Viviane de Paula, pedagoga do projeto, diz que os trabalhos desenvolvidos no reforço escolar não substituem a escola e sim complementam. “Procuramos entender as dificuldades individuais de cada criança e conduzir de maneira intencional à autonomia para resolução de suas questões, sempre utilizando os recursos de escrita e leitura”, conta. A pedagoga também celebra que muitas crianças que participaram da primeira turma deste ano, saíram compreendendo o sistema de escrita e leitura: “A gente acredita que a linguagem é a porta para compreensão de todas as outras disciplinas e mundo. E temos expertise para isso”.

 

A líder, por exemplo, conta a história de um menino de 7 anos que chegou ao Projeto ainda sem frequentar a escola (por conta da pandemia) e sem estar alfabetizado. “Com a gente, ele já reconhece o alfabeto sozinho. Agora, ele escreveu uma carta para o Papai Noel dizendo que a meta dele é aprender a ler e escrever até o fim do ano”, comemora Talita – que reforça também a importância do próprio aluno reconhecer seu avanço e se sentir estimulado com ele.

 

Já Kátia Souza, assistente social do projeto, também menciona as conquistas de direitos que as famílias têm acesso a partir dos atendimentos: “Nos atendimentos, eu identifico as problemáticas e o contexto social dessa família e, a partir daí, encaminho para a rede, UBS, defensoria pública…”. Ela conta a história de uma mãe que chegou ao projeto com o filho, que estava recebendo reclamações da escola. “Mesmo reticente, eu a orientei a buscar uma UBS e o clínico encaminhou para o neurologista. Eu fiz toda a mediação com o posto de saúde e, depois dos exames feitos, o médico identificou que ele tem uma deficiência intelectual leve. Com esse laudo, a gente está aguardando para passar na perícia do INSS”.

 

“É significativo e perceptível que o nosso trabalho é reconhecido também pelas famílias. Elas conseguem identificar os avanços das crianças e a nossa conquista é justamente torná-las aptas para poder continuar em seu ciclo de série e idade e, principalmente agora no retorno às escolas”, diz Viviane, que completa: “Acreditamos que além de conteúdos, é necessário repensar essas crianças que estão voltando para suas interações com questões muitas vezes sérias que precisam ser olhadas e trabalhadas antecipadamente. O nosso trabalho busca ver essa totalidade e proporcionar a interação entre elas, com atividades que façam sentido para que sintam-se capazes e autônomas em seu desenvolvimento, reverberando também em sua vida escolar”. 

 

Por fim, Kátia celebra: “As conquistas são diárias. Muitas vezes, a família não sabe os direitos que ela possui como cidadã. E, quando a gente explica isso, eles conseguem criar autonomia e fazer essa busca” – conquistas de um trabalho de conscientização e com um olhar atento para cada um dos atendimentos.

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Curso Berçarista começa a receber crianças para aula prática

No último dia 20 de setembro, o Primeira Infância iniciou mais uma fase de seu curso e começou a receber mais crianças para aulas práticas. Desenvolvido pelo Instituto C desde 2014, o projeto (que é desde 2021 executado em parceria com o Manduí Escola), visa o desenvolvimento infantil e a formação de mulheres berçaristas que vivem em vulnerabilidade social. Na comunidade Minas Gás, o objetivo é formar 80 profissionais que possam atuar nessa área. “Além do curso básico, ministrado por pedagogos especializados na primeira infância, a gente traz para o nosso espaço também crianças, estimulando o desenvolvimento infantil dentro da comunidade”, explica Graziele Alessandro, líder do projeto Primeira Infância.

 

Com aulas duas vezes por semana, e quatro grupos de horários, o Projeto começou com aulas teóricas para as mulheres da região. E, desde o dia 20, iniciou-se a parte prática dele – observação, desenvolvimento, ocupação e mais. “Muitas mulheres já vinham com seus filhos, então a gente já acolhia e colocava essas crianças em atividades. Agora, precisamos ainda mais delas. Abrimos vagas para a inscrição de crianças da própria comunidade”, diz a líder. A expectativa para essa segunda fase é grande! “Agora, com as crianças lá, está sendo melhor ainda! Parece que é mais prazeroso, sabe? O tempo passa até mais rápido, não que a gente queira isso, mas é mais gostoso”, diz Cristina de Souza, aluna que participa do curso há quatro meses.

 

A entrada de novas crianças, que será recorrente, foi feita por meio de um formulário divulgado pela liderança da CUFA Minas Gás, que já possui uma comunicação estabelecida dentro da comunidade. “A mãe se inscreve e a gente entra em contato para fazer o processo de triagem. A cada 15 dias vamos abrir novamente a seleção para mantermos o número de crianças estável”, explica Graziele.

 

O primeiro contato dessas mulheres com as crianças contou com uma roda de recepção, onde o responsável por cada uma delas estava junto. Após a exibição do Projeto, detalhes sobre a formação das profissionais e esclarecimentos de dúvidas, apresentou-se também a metodologia: “A gente acredita que na primeira infância, que abrange de 0 a 6 anos, a criança aprende e desenvolve brincando, então é isso que vamos fazer aqui. Somos um espaço de brincar”, contou Graziele. A partir das próximas semanas, não havendo necessidade, as crianças poderão ficar no curso sem o responsável presente.

 

“Sempre quis fazer aulas para aprender a lidar com crianças e idosos, mas nunca tive a oportunidade. Gosto tanto que já tinha até procurado cursos privados mesmo, mas não tinha muita noção de como escolher”, contou Cristina. Ela, que é mãe do Lucas, de 19 anos, e do Miguel, de 2, pretende aproveitar o que tem aprendido dentro de casa mesmo: “Tem me ajudado a cuidar ainda melhor do meu pequeno”.

 

Os grupos contam com, no mínimo, 10 crianças e, no máximo, 25. Os responsáveis também preenchem um formulário com informações, ficha médica e termos de autorização. “Nosso objetivo é formar 80 mulheres berçaristas na comunidade, mas sabemos que o contexto atípico que vivemos, da pandemia, pode interferir nesse número. A situação de vulnerabilidade no momento é ainda maior e, se essas mulheres conseguirem trabalho, elas deixam o curso, por exemplo, já que ele acontece em horário comercial”, conta Graziele.

 

A expectativa agora é para as próximas aulas, onde as crianças estarão sozinhas, sem os responsáveis. “O clima e o ambiente são muito gostosos. Fora que as meninas são demais, é como se fosse minha segunda família”, diz Cristina – que, além de aproveitar o que aprende para cuidar do seu filho, também enxerga o curso como um primeiro passo: “Tenho muito interesse em trabalhar na área da pedagogia e o curso me deu ainda mais vontade disso. Já é uma forma de eu começar!”.

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Maria de Lourdes: liberdade e autonomia na conquista do BPC

Não é de hoje que a Maria de Lourdes, ou Dona Maria, como a conhecemos aqui no Instituto C, vêm buscando conquistar sua liberdade e autonomia. Avó e responsável pelo pequeno Yan (12), ela sempre soube que essa busca tinha um caminho certo, sua independência financeira. “Ter independência financeira vai além de ter uma renda; representa liberdade de angústias que antes, mês a mês, se faziam presentes e dominavam o ranking de preocupações.”, explica Katia Moretti, líder do projeto PAF e que atuou por dois anos como Analista de Renda.

Para mulheres como a Dona Maria, falar em independência financeira parece até um sonho distante. Após separação do marido em 2019, ela se viu completamente desamparada para cuidar de seu neto Yan, que tem autismo, até encontrar o Instituto C em outubro do mesmo ano. “Após a separação do companheiro, ela enfrentava muitas dificuldades pois não tinha renda nem para pagar o aluguel, mas a Dona Maria sempre foi muito engajada com as suas questões e nunca ficou parada esperando alguma coisa acontecer, ela vai à luta.”, explica Isabel Pinheiro, técnica responsável pelos atendimentos da família.

Parte desta luta vinha sendo travada com o governo para garantia dos seus direitos, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) que havia sido negado na primeira solicitação por conta da documentação. “Dona Maria tinha entrado com o pedido por conta própria. Quando recebemos a notícia de que o benefício havia sido negado, voltamos o olhar para essa questão que era primordial. Fizemos um levantamento para entender o que havia dado errado e identificamos que era a documentação.”, explica Isabel. Para resolver isso, Dona Maria entrou em contato com a sua família que mora na Paraíba e solicitou ajuda com emissão da sua certidão de nascimento, a qual havia perdido.

Com o documento em mãos, Isabel auxiliou Dona Maria com o pedido e desde maio deste ano passou a acompanhar a solicitação por telefone até que em julho saiu a aprovação. “Quando eu soube que o dinheiro tinha saído, eu chorei de alegria, só agradeci, consegui adiantar dois meses de aluguel, comprei um colchão, um armário de cozinha e um fogão. Precisei comprar essas coisas para poder recuperar um pouco da autoestima.”, comemorou Dona Maria que também recebeu os valores atrasados, desde março de 2020, quando entrou com o processo pela primeira vez.

Ao ser questionada sobre o que o Instituto C representa para ela, seus olhos brilharam: “Não tenho nem palavras para expressar o que eu sinto. É tudo para mim, é especial, todas as pessoas, antigas e novas, se eu tivesse condições, eu faria doações para ajudar o IC, porque eu quero que vocês existam para sempre. Vocês deveriam chamar, Instituto ombro amigo, tanto é o apoio e as amizades que fiz por aqui. Quando encerrar o ciclo, vou sentir falta de tudo, do carinho, do atendimento, das conversas.”, respondeu emocionada.

*Benefício de Prestação Continuada – Criado em 1993 pela Lei Orgânica da Assistência Social – Loas é pago pelo INSS a idosos a partir dos 65 anos ou pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social. O valor devido mensalmente é de um salário mínimo

 

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Educação em Rede investe em criatividade e agrada alunos

O primeiro ciclo do Educação em Rede na nossa unidade móvel localizada na Comunidade Minas Gás entra na reta final e comemora a alfabetização de alunos com foco em atividades e atendimentos repletos de criatividade, dados preliminares apontam 77% de engajamento da turma. “Acredito que a permanência das famílias no projeto se deve ao fato de termos realizado uma triagem muito precisa, com escuta às necessidades, insumo importante na construção dos atendimentos. O projeto acontece por meio da troca com as famílias, então, buscamos sanar as dificuldades apresentadas ao longo do caminho. Sempre que possível, nos adaptamos, justamente para que a família não desista.”, explica Talita Lima, líder do projeto.

O ciclo teve início de forma totalmente remota no dia 03 de maio, com 73 alunos, uma vez que a cidade de São Paulo estava na fase vermelha do Plano São Paulo, o que previa sérias restrições à circulação. “Recebemos muitas inscrições, em torno de 130 famílias. O alto número de inscritos provavelmente se deve à defasagem que estamos enfrentando na Educação em decorrência da pandemia e a carência de projetos nesta região. Escutamos famílias dizendo que os filhos nunca haviam ido para a escola, principalmente aquelas que iriam começar o 1 e 2 ano, crianças que nunca pisaram na escola.”, comenta Talita.

Alguns motivos explicam essa conquista e o alto engajamento dos alunos. O primeiro deles é a metodologia do projeto que prevê um atendimento multidisciplinar com toda a família, o que inclui atendimento psicológico e social aos pais e mães responsáveis, uma novidade no projeto, que anteriormente só oferecia atendimento psicológico aos alunos. “O atendimento psicológico é fundamental pois proporciona a escuta da família, entender o contexto familiar sempre foi e sempre será um diferencial do nosso projeto. Quando oferecemos atendimento para essas mães, entendemos as angústias que elas têm, facilitando nossa orientação, assim, a gente vai trabalhando o relacionamento familiar. Afinal de contas, a pandemia afetou todas as famílias, estamos falando de mães que não sabiam o que fazer com os filhos em casa e que precisavam se organizar e se adequar a essa realidade, para ensinarem seus filhos da forma que fosse possível.”, explica Talita.

O segundo motivo está ligado ao formato das atividades propostas aos alunos pelas áreas de Psicologia e Educação. “Todas as atividades são adequadas à faixa etária e ano escolar e sempre propondo desafios. Entendemos que nosso tempo semanal é curto com cada criança e precisamos complementar a ação escolar de maneira lúdica e instigante. A estratégia é trazer atividades criativas, mas que provoquem os alunos a pensar, ler, criar e sobretudo realizarem sozinhos.”, explica Viviane de Paula, Pedagoga do projeto e responsável por atividades como produção de HQ, Bingo e Lettering, por exemplo.

Para Mariana Benedetti, Psicóloga do Educação em Rede, não é diferente. Toda turma de atendimento que tem início, as atividades são re-avaliadas para que fiquem mais adequadas àquele novo grupo de alunos e para que faça sentido para eles. “Os atendimentos são pré-definidos antes de começar a turma com temas e atividades, porém ao decorrer dos encontros vamos percebendo a necessidade de abordar algum tema em específico e fazendo ajuste no decorrer dos encontros. Nessa turma fizemos mais atividades manuais usando sucatas e muita criatividade e eles gostaram e se envolveram muito mais.”.

A turma chegará ao fim no dia 20 de agosto e a equipe do projeto já deu início à triagem da nova turma que terá início no dia 30 do mesmo mês. “Minha filha teve uma evolução muito boa participando do reforço escolar e da psicologia. Ela se identificou bastante com todas as profissionais que trabalharam nesse projeto. Percebi algumas mudanças de comportamento dela, principalmente em obedecer às regras. Eu gostaria que minha filha continuasse nas aulas, porque ela gosta muito de participar e sei que ela vai sentir falta também. Bom agradeço a todas que se dedicaram nesse projeto, que DEUS abençoe a cada uma.”, Emanoela Paiva, mãe da aluna Giulia Araújo Paiva.

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Três mulheres, um sonho: voltar a estudar para transformar

É comum nos atendimentos individuais do PAF – Plano de Ação Familiar ouvir das famílias atendidas a dificuldade de voltar a sonhar, afinal, na maioria das vezes, é preciso primeiro superar as dificuldades para conseguir encontrar forças, sendo este um dos objetivos mais importantes das orientações oferecidas pelo projeto, as quais estimulam o empoderamento destas mulheres. “Eu acredito que com a nossa intervenção, trabalhando a autoestima, valorização, o cuidado de si, a independência das crianças e o olhar para o desenvolvimento das crianças, essas mães, elas se sentem novamente na possibilidade de aspirar novos sonhos”, explica Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto.

Por isso, casos como o da Graziele, Juliana e Jeane são sempre celebrados no Instituto C. Apesar de não se conhecerem, estas três mulheres têm algo em comum, deixaram os estudos de lado para poderem se dedicar aos cuidados da casa e dos filhos. “Muitas vezes essas mulheres, pela divisão sexista de tarefas, acabam sendo limitadas à maternidade, sendo unicamente responsáveis por essas atividades. Durante os atendimentos, nós vamos trabalhando estes pontos, estimulando um olhar para os desejos dessas mulheres como uma forma de se reconectarem consigo mesmas, de se fortalecerem. E eu acredito que a Educação é uma via para essa libertação.”, comenta Nayara.

Graziele Divina, mora fora de casa desde os 11 anos, ela precisou parar os estudos para trabalhar como doméstica. De lá para cá, ela tentou retornar aos estudos algumas vezes, mas após o nascimento dos gêmeos de forma prematura e com algumas complicações, Graziele viu o seu sonho de terminar o Ensino Médio e cursar Psicologia ser interrompido. Com o início dos atendimentos no Instituto C em 2019, ela conseguiu avançar em diversas questões importantes. “Ela é uma mulher muito engajada em todas as orientações para construir a autonomia da sua família. Ela está muito focada na tentativa de firmar sua independência.”, comenta Nayara. Graziele retomou os estudos e está cursando o CIEJA – Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos para ingressar no ensino superior. “Quando eu comecei a participar das reuniões, aqui no Instituto C, a primeira coisa que eu pensava era, “o leite dos meus filhos está garantido”. Eu me recordo até hoje do primeiro dia que eu vim e na hora que eu peguei os benefícios eu saí com vontade de chorar. Nas rodas de conversa e nos atendimentos com a Psicóloga, eu fui abrindo meus olhos, dia a dia, de repente me deu uma luz, poxa, eu posso estudar. E hoje eu falo assim, eu quero estudar, eu quero me formar, por que eu quero um dia ser voluntária aqui na ONG, eu quero prestar esse atendimento aqui, e eu quero ajudar as pessoas. E é um sonho meu, eu sempre gostei muito de ouvir o outro, porque hoje em dia, as pessoas não sabem escutar, se escutam é para julgar depois, e tem pessoas que só querem desabafar, falar do que estão sentindo, o que estão pensando, mas as pessoas não têm mais paciência para isso. A ONG me ajudou muito nisso, a escutar o outro, como escutamos aqui nas rodas de conversa, a compreender o que o outro está sentindo e isso me estimulou muito. Então, de alguma forma, isso me mostrou que eu posso, eu quero e eu sou capaz.”, comemora Graziele, que está estudando de forma remota.

Para Juliana da Silva não foi diferente, com quatro filhos, ela chegou ao Instituto C em 2019. Mãe muito jovem, Juliana precisou adiar o sonho de ser enfermeira para cuidar da casa. “Ela está sempre cuidando de todo mundo, mas não cuidava de si mesma. Nas conversas individuais, ela ficou muito sensibilizada com essa questão e com a nossa roda de conversa, começou a tirar um tempo para ela, começou a caminhar. Com a renovação da auto estima, ela conseguiu encontrar o estímulo necessário para voltar a estudar. Ela começou o curso de enfermagem este ano e está muito feliz.”, celebra Nayara. Juliana entende o desafio que tem pela frente, mas também sabe a importância de mostrar aos filhos que isso é possível e que o futuro pode ser diferente para todos eles.

Já Jeane dos Santos sempre sonhou em cursar medicina. Ela saiu de casa muito cedo e depois de enfrentar muitas dificuldades, Jeane e seus cinco filhos voltaram para a casa dos pais dela. No projeto desde maio de 2019, Jeane, que também faz acompanhamento no CAPs, foi sempre muito engajada nas orientações e na educação dos filhos. “Ela pega muitos livros emprestados na biblioteca do Instituto C, tanto para ela como para os filhos, ela tem uma filha que adora poesias.”, comenta Nayara. Após um momento de crise, Jeane entendeu que precisava retomar a autonomia da sua vida para reconquistar sua independência. Durante as conversas, ela diz entender no estudo esse lugar de potência e de transformação da realidade que ela está vivendo, então, está estudando para a prova do Enem para concluir o ensino médio e ingressar na faculdade. “Histórias como essas são uma vitória para o projeto, na medida em que elas assumem o protagonismo nessa transformação de realidade.”, finaliza Nayara.

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Primeira Infância volta com atividades na Comunidade

Reformulado para atender diferentes demandas, o Primeira Infância passou a oferecer curso para berçaristas, pensando na importância da educação de qualidade para todos, além do apoio social e psicológico para as participantes. Isso porque, o projeto que antes  acontecia nos CEIs, agora tem suas atividades desenvolvidas dentro da Comunidade Minas Gás, colocando o Instituto C em contato direto com as cuidadoras e com as crianças que estão sem acesso às creches. “Fizemos um levantamento inicial e percebemos que haviam muitas mães que ficavam em casa cuidando de seus filhos e, mais do que isso, cuidavam de filhos de outras mães que precisavam sair para trabalhar. Elas se mostraram interessadas em um curso de berçaristas que também desse a elas uma possibilidade de conseguir renda”, comenta Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto.

A procura pelo projeto foi muito maior do que o esperado, durante a triagem, que aconteceu em abril, foram mais de 300 inscrições e destas selecionamos 100 candidatas para participar do projeto. Elas foram divididas em quatro turmas, sendo que duas turmas têm atividades pela manhã e outras duas de tarde. “Para selecionar quem participaria do curso, primeiro levamos em conta quem é mãe de crianças na primeira infância e quem cuida de crianças na primeira infância. Pensamos também na localidade em que moram, dando preferência para quem mora perto na Minas Gás pois infelizmente, não conseguimos atender todas que nos procuraram nesse momento.”, comentou Graziele Alessandro, líder do projeto e recém chegada ao Instituto C.

Outra novidade ficou por conta de uma parceria muito importante com a Manduí, que é responsável por capacitar as participantes do projeto como Berçaristas. “A parceria com a Manduí vem para enriquecer o projeto. Eles têm Educadores capacitados e especializados na primeira infância, trazendo uma bagagem muito rica para o desenvolvimento infantil.” explica Graziele.

Baseado em quatro pilares, como respeito, cuidado e escuta, espaço e natureza e educação para todos, alinhados aos nossos valores, a Manduí é uma casa para bebês que visa tecer uma rede de corresponsabilidades para o cuidado com as crianças. “A forma como o curso vêm acontecendo, a formação é através de rodas de conversa, então, acontece um processo de sensibilização das mães, durante os atendimentos elas trazem ao projeto como um espaço de acolhimento ”, comenta Graziele. O curso acontece duas vezes por semana e tem duas horas de duração. Além disso,  uma vez por mês, as famílias têm  acesso ao atendimento social e de psicologia, momento em que acontece o acolhimento das mães, identificação de demanda e encaminhamento para a rede socioassistencial.

Em maio aconteceram os primeiros encontros presenciais na CUFA Minas Gás, com rodas de conversas e atendimentos, e em junho teve início o curso berçarista, com uma abordagem muito participativa e que está encantando a todas as participantes. “Quando eu comecei esse curso eu achei que ele foi muito bom para mim, porque está me mudando o jeito de ver o olhar das crianças. Estou mais aconchegada com as minhas filhas, com o meu filho, estou dando mais espaço para eles brincarem, terem a hora deles. Deixar eles falarem, não somente nós, eles também falarem. Está sendo um grande aprendizado na minha vida. Eu já estou vendo mudanças no comportamento da criança, porque a criança aprende brincando e eu estou aprendendo isso aqui no curso. Então, para mim está sendo muito bom, uma experiência muito boa.”, comentou Viviane Teles Amaral, mãe participante do projeto .

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Roda de Conversa Virtual é sobre Emoções e suas Reações

Em abril, aconteceu a primeira Roda de Conversa virtual do PAF – Plano de Ação Familiar de 2021, que reuniu 13 famílias atendidas pelo projeto. O tema da roda foi Emoções e trouxe aos participantes algumas reflexões  importantes em meio a pandemia. “O que são as emoções? Qual a diferença entre emoção e sentimento. Quais são as reações que o nosso corpo tem, as alterações na nossa fala, a maneira como expressamos aquilo que estamos sentindo?”, questionou Karen Magri, Assistente Social do projeto, logo após o início da Roda de Conversa.

Durante o encontro, as participantes puderam falar um pouco como estavam se sentindo nesse momento. “Eu sinto muita ansiedade, então, eu acabo comendo fora do normal de nervoso. Devido ao isolamento, as crises de convulsão do meu filho estão se agravando mais ainda, então, eu acho que o isolamento está fazendo muito mal para gente.”, comentou Graziela.

Para a maioria das mães, a oscilação de humor é constante, mas o medo e a angústia acabam tomando conta do dia. “Eu estou com uma angústia muito grande, muito medo, só saio para ir com a Eloisa e a Manuela no médico. E é muita angústia. Tem dias que eu preciso ir para o pronto socorro, porque me bate aquela falta de ar, é muito nervoso. Tem dia que eu estou bem, tem dia que eu não estou.” contou Rosimeire. Sentimento que também foi compartilhado por Lourdes. “Ansiedade, hoje mesmo eu to com uma falta de ar, mas eu sei que não é um problema, é a ansiedade da gente muito tempo preso, a gente virou prisioneira, vem a ansiedade, vem a angústia, hoje eu to um pouco chorona e também com esta falta de ar.”.

A Psicóloga do projeto, Nayara Oliveira, alertou para a importância de conhecermos e reconhecermos o que estamos sentindo. “É importante pensar no que a Karen falou porque a emoção traz uma reação corporal. A gente sente coisas no nosso corpo, por exemplo, quando a gente sente nojo, o nosso corpo quer expulsar aquilo, a gente sente uma reação de afastamento daquilo que nos provocou nojo. O nosso corpo recua. Às vezes é difícil diferenciar as emoções porque as reações produzidas no nosso corpo, elas são semelhantes, como o fato de chorarmos de alegria e de tristeza. O choro é uma reação corporal às duas emoções, mas são duas emoções muito diferentes.”.

“Por isso é importante saber o que está acontecendo, conversamos muito isso nos atendimentos da psicologia, a importância de nomear o que estamos sentindo e não só nomear, mas se perceber, voltar a si e sacar o que está acontecendo no nosso corpo, quais afetos estão surgindo.” acrescentou Nayara.

Para finalizar a roda, a Assistente Social, Liliane Moura, ensinou uma técnica de relaxamento e incentivou a todas a usarem a técnica nos momentos de estresse e agitação do dia-a-dia. A técnica utilizada consiste em prestar atenção na respiração, o que ajuda no processo de acalmar, olhar para si e olhar para as emoções. “Você respira três vezes, muito profundamente, então, começa respirando e vai até o final da respiração, pelo nariz e solta pela boca. Após as três vezes, você começa a deixar os pulmões a trabalharem naturalmente, porque não precisa forçar ele. E aos poucos você vai prestando atenção na sua respiração, como o pulmão faz um trabalho todo automaticamente. Fechar os olhos, prestar atenção em como funciona a respiração, como o ar frio entra e o ar quente sai.”, conduziu a técnica.

As participantes agradeceram o espaço de acolhimento e escuta que sempre acontece durante as Rodas de Conversa. “Está sendo uma situação muito difícil, lidar com três crianças dentro de casa, brigando. E foi até bom essa reunião porque a gente desabafa um pouco, porque a gente sente falta de conversar com alguém. É totalmente diferente.”, agradeceu Ana Paula.

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Educação em Rede encerra mais uma turma

No dia 01 de março, aconteceu o encerramento da segunda turma de 2020 do projeto Educação em Rede na sede do Instituto C. A turma teve início em dezembro do ano passado e contou com 48 novos alunos, os quais foram atendidos de forma presencial e remota. “Esse não é um adeus definitivo, esse aqui é o momento em que encerraremos as atividades, estamos celebrando o fim, mas é importante dizer que seguiremos apoiando as famílias de outras formas. Fizemos a devolutiva com cada uma das famílias nas últimas semanas e ouvimos muito “e agora? como que eu sigo?”. Nós ainda temos o grupo de whatsapp, entraremos em contato com as famílias para fazer um monitoramento, saber como todos estão e estaremos disponíveis para qualquer orientação ou auxílio. Não será igual, não será toda a semana, mas estaremos aqui para dar todo o suporte que eles precisarem.“ explicou a líder do projeto, Talita Lima.

O segundo ciclo do projeto precisou ser um pouco mais enxuto do que o primeiro para não coincidir com o início das turmas de 2021. Isso porque, a pandemia fez com que o primeiro ciclo fosse esticado até novembro. “Com a pandemia, as coisas foram interrompidas, começamos a perder muito o contato com as famílias, o contato de telefone mesmo, de não conseguir falar. Então, o primeiro ciclo foi um tanto quanto arrastado. Por isso, tínhamos o desejo de ajudar essas crianças, principalmente levando em conta o que elas estavam passando com a pandemia, sem aulas, trancados em casa, totalmente desamparadas.”, comentou Talita. Para a Psicóloga do projeto, Mariana Benedetti, o menor tempo junto dos alunos não atrapalhou a conexão necessária para o desenvolvimento das atividades. “Mesmo mais curtinho, neste ciclo, nós conseguimos uma presença maior dos alunos (clique aqui), o que é muito importante para o trabalho desenvolvido. Eu percebi que, por mais que o tempo fosse menor, os atendimentos foram muito importantes. Os alunos aproveitaram muito mais, contribuindo muito positivamente.”, acrescentou.

O encerramento foi emocionante e contou com a presença de apenas parte das famílias para evitar aglomerações. Para iniciar, uma dinâmica com bexigas azuis chamou a atenção para a dificuldade que muitas famílias encontram no dia a dia para dar conta das diversas tarefas, as quais ficam muito mais fáceis com a ajuda de outras pessoas. Logo após, as mães e os pais, responsáveis, responderam o questionário final que avaliava o impacto do projeto em suas vidas. Enquanto isso, os filhos pintaram azulejos com mensagens que ficarão guardadas no Instituto C. “Conhecemos o Instituto C faz uns 2 anos, meu filho mais velho também participou do projeto. Foi muito bom, eu me sinto muito acolhida aqui. O atendimento com a Psicóloga é maravilhoso, a gente consegue mostrar o nosso ponto de vista, consegue expor nossas dificuldades. Meu filho gosta muito daqui, ele gosta muito da Tabata que faz atividades artísticas com ele e também didáticas. Ele leva isso pra casa e usa durante toda a semana. É muito bom. Me sinto muito bem aqui. Quando me perguntam onde o Gabriel está passando, eu sempre indico vocês.” comentou Silvana, mãe do Gabriel, durante o encontro.

Alguns alunos também fizeram uma atividade final com a estagiária de Pedagogia, Tabata Cardenuto, que avaliou o avanço dos alunos neste período. “Este ciclo foi muito desafiador, porque todas as crianças tinham muitas dificuldades. E como foi um ciclo de só 9 semanas, eu precisei focar bastante em determinadas atividades para tentar conseguir uma evolução com eles, mas em contrapartida, foi um ciclo muito bom porque as crianças estavam muito engajadas, as crianças estavam muito animadas, com vontade de aprender. Eu vejo que todo este esforço, tanto da nossa parte quanto da parte das crianças foi essencial para alcançarmos os resultados.”, explica Tabata.

Por fim, todos se reuniram novamente para leitura e recebimento do certificado pelos alunos. “Estamos muito felizes com este ciclo e só conseguimos realizá-lo com a ajuda de toda a equipe do IC que, desde o início, nos ajudaram com as triagens, encaminhamentos do PAF e todo o suporte necessário. Todos, sem exceção, nos ajudaram bastante.”, finaliza Talita.

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Direito garantido para Mellanie

Em fevereiro, a equipe do PAF – Plano de Ação Familiar, em parceria com o Dr. Raphael Scorpião, Defensor voluntário, celebrou uma conquista super importante para a pequena Mellanie (4) e sua família, o fornecimento de medicamentos de uso contínuo que não são fornecidos pelo SUS. “Recebemos a resposta que a ação foi julgada favorável e a criança terá esse direito garantido pelo Estado. Estamos muito felizes em compartilhar essa conquista de muitas que virão.”, comemorou a líder do projeto Kátia Moretti.

O caminho que desembocou no deferimento da ação judicial pelo juiz de Bragança Paulista, que determinou que o município forneça a medicação solicitada no laudo médico no último dia 15 de fevereiro, foi longo. “Participei do processo como intermediário entre a família, a Liliane e o Dr. Raphael. Foi muito legal porque a família sempre foi muito engajada e isso facilitou o processo. Mesmo assim, pudemos ver na prática o que as famílias passam quando precisam de algum benefício do Estado, realmente é algo bem burocrático, tudo muito complicado.”, comentou Breno Pereira, responsável pela parte de medicações do Instituto C.

Durante este período, a Fernanda, mãe da Mellanie, contou com todo o apoio e suporte do time multidisciplinar do PAF, em especial, a Assistente Social, Liliane Moura. “Nosso maior objetivo dentro do projeto é estimular a autonomia das famílias, então, essa conquista é um reflexo disso, é o cumprimento deste objetivo. A Fernanda entrou no Instituto C em setembro de 2019 e com acesso à informação, ela entendeu que era preciso buscar o direito dela. Caso ela não tivesse estas medicações fornecidas pelo Estado, como seria a vida desta família após o projeto?”.

Diagnosticada com microcefalia, Mellanie costuma apresentar graves crises convulsivas, quadro que só foi controlado após a prescrição de dois remédios que não estão na lista de remédios fornecidos pelo SUS. “Em Bragança Paulista, tem o postinho que a gente chama de Sáude Mental. Lá as pessoas pegam o remédio controlado para convulsão, alzheimer, um monte de doenças, mas eles não fornecem os remédios prescritos pela neurologista, eles fornecem o genérico. Não adianta dar esses remédios para Mel porque as crises convulsivas dela não são controladas pelos genéricos. Falando o dito popular, não faz nem cosquinhas.”, explicou Fernanda.

Ao entrar no projeto PAF, Fernanda passou a receber as duas medicações do Instituto C. “Eu comecei a comprar os remédios por um tempo, porque não adiantava nem dar os genéricos. Só que foi ficando muito pesado para mim, eu não trabalho, meu marido é freelancer. Desde que eu cheguei no Instituto C, graças a Deus, o Instituto tem comprado os remédios para mim. E é um alívio muito grande poder dar esses remédios para minha filha.”, comentou Fernanda.

Em novembro do ano passado, em parceria com o Dr. Raphael Scorpião, Defensor Voluntário, a equipe do PAF, juntamente com o Breno, começou a analisar as famílias atendidas que faziam uso de medicações que não estavam previstas na rede pública. A família da Mellanie tinha esta característica, então, foi orientada sobre os procedimentos necessários para que as medicações para o tratamento da Mellanie fossem garantidas pela rede pública, ou seja, pelo Estado, conforme preconiza a Constituição. Para isso, foi primordial o empenho da Fernanda em obter os laudos médicos, bem como todos os documentos necessários. “Eu agradeço muito a Deus e a vocês no Instituto C, porque nós só recebemos um salário mínimo e, se você for colocar na balança, não dá pra nada. Sabendo que foi aprovado, que o juiz decidiu aprovar em arcar com estes custos, para mim foi maravilhoso, porque esse dinheiro eu teria que desembolsar, agora eu posso fazer outros tipos de coisas para ela, comprar outras coisas que ela precisa. A medicação é o mais importante. Foi um presente! Uma criança especial requer muito cuidado, tudo que vai comprar é mais caro, desde um sapatinho até uma cadeira de rodas. E é muito importante a gente ter uma assistência do Estado. Saber que nossos direitos estão sendo cumpridos.”, finaliza Fernanda.

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Saúde Mental marca o retorno das Rodas de Conversa do ER

Janeiro marcou o retorno das Rodas de Conversa no projeto Educação em Rede e o tema escolhido levou em consideração o calendário estabelecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que definiu o primeiro mês do ano como o melhor momento para chamar a atenção para a importância dos cuidados com a Saúde Mental. “Colocar este tipo de tema para discussão se faz ainda mais importante depois de um ano como o que passamos. Muita gente ainda acha que psicólogo é coisa pra louco. Falar de ansiedade, então, é falta do que fazer ou as pessoas acham que é frescura.”, explicou Talita Lima, líder do projeto.

Antes de dar início à discussão do tema com os responsáveis, Talita convidou os presentes para uma reflexão sobre o ano que passou e perguntou a todos se, depois de tudo isso, eles haviam parado para planejar 2021. “Independente se o ano é ruim ou bom, a gente nunca deixa de sonhar. Eu acredito que planejamento é automaticamente um sonho. O ano na verdade só virou, mas continua o mesmo, é só uma data, então, quem vai decidir isso é a gente, então, eu fiz muitos planos para este ano. Um deles é estudar, eu quero aprender alguma coisa este ano.”, comentou Flávia Araújo Gonçalves de Jesus, mãe da Ana Clara Araújo de Jesus.

Para Talita, geralmente, estes planejamentos estão ligados à conquista de bens materiais e as pessoas deixam de lado questões como os cuidados consigo mesmos. “Poucas vezes colocamos o cuidado com a saúde nestas listas e quando colocamos, está ligado à saúde física, como ir ao médico, por exemplo, que também é importante, mas esquecemos da saúde mental e emocional, que são importantes, principalmente, depois de um ano de isolamento social”.

Silvana Andrade Lopes, mãe de André Henrique Lopes Rios, concorda. “Esse ano foi um ano muito difícil, foi ruim para nós lidarmos com isso. Perdemos o emprego, ficamos com medo e insegura. As crianças estavam muito agitadas, precisei levar meu mais novo no médico, ele estava com dificuldade para dormir. Eu quase surtei.”. Por este e outros tantos motivos, Talita apresentou nove dicas para cuidar de si mesmos. Pequenas ações no nosso dia a dia que ajudam a cuidar da saúde mental, como a prática de exercícios físicos, meditação, leituras, brincadeiras com os filhos, hobbies entre outros. “Nós sabemos que as realidades das famílias são complexas e muitas vezes é difícil parar para pensar em si, mas é importante trabalharmos a prevenção, por isso, trouxemos dicas simples que não envolvem investimento financeiro.”, finalizou Talita.

A Roda de Conversa também teve uma versão online no dia 20 de janeir  às 15h para as famílias que seguem em atendimento remoto.