PAF

Emoções que se misturam no Grupo de Encerramento do PAF

“Já sinto saudade” foi a frase mais repetida pelas famílias durante o grupo de encerramento que aconteceu na última sexta-feira, 16 de outubro, na sede do Instituto C. “Este é um momento muito especial, muito importante e emocionante para todos nós. Eu estou aqui há um ano acompanhando essas famílias, então, para mim é uma alegria, ao mesmo tempo que o coração fica triste com este encerramento de ciclo.”, anunciou Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto, na abertura do encontro.

Este foi o primeiro grupo de famílias a encerrarem a participação no projeto PAF – Plano de Ação Familiar desde que a pandemia teve início, então, a equipe técnica precisou usar a criatividade para garantir que o encontro tivesse a troca de afetos, tão comum neste momento. “Nós sabemos, pelos outros grupos de encerramento, que é um momento que nós temos muita vontade de trocar carinho em forma de abraço e infelizmente, agora, não podemos. O abraço, nós acreditamos, simboliza muitas coisas. Há pesquisas que mostram que podemos até nos curar por meio do abraço. Mais do que isso, é o encontro de dois corações, é um momento que dá contorno ao nosso corpo, quando a angústia extravasa o nosso corpo, mas poder encontrar uma outra pessoa que contorna, conforta e acolhe é muito importante. Sentimos muito por não poder dar esse abraço hoje, por isso, fizemos corações de papel e estimulamos as famílias a entregarem este afeto.”, explicou Nayara.      

Após a abertura, a equipe técnica do PAF fez a leitura das trajetórias de cada família, as quais se levantaram uma a uma para pegar o certificado de participação e uma carta com fotos e um texto parabenizando a jornada. O trabalho de toda a equipe técnica do PAF salta aos olhos neste momento de agradecimento. “Neste tempo, eu consegui me redescobrir como mãe, porque, assim, eu estava com aquelas crianças todas, sozinha, perdida, eu acabei me deixando de lado para cuidar deles. Eu consegui tirar um tempinho para me cuidar mais como mulher, porque eu já não me sentia mulher mais, consegui tempo, porque eu não tinha esse tempo.”, explicou Mislene Campos, mãe de cinco filhos, sendo quatro deles com necessidades especiais, e que contou com o auxílio da Psicóloga para isso desde janeiro de 2018. Conforto e cuidado também encontrados por Fernanda Moreira, mãe da Alice que entrou no projeto em junho de 2018. “Já tinha uns três anos que eu tomava remédio e medicamento para poder ter um ânimo, para poder me manter acordada para fazer as coisas, porque eu estava muito desanimada, passando por uma dificuldade psicológica. Hoje eu não tomo mais medicamento, estou há bastante tempo sem tomar e graças a toda conversa e orientação, hoje, eu consigo ser uma pessoa mais segura”.

Para Mislene, outra área importante nestes quase dois anos e meio de atendimentos foi o Serviço Social. “Eu sabia de alguns benefícios, mas não sabia de todos, mesmo os que eu sabia, eu não sabia como ir atrás e o Instituto C me auxiliou. Eu consegui os bilhetes, dar entrada no BPC de duas das crianças.”, comentou. Enquanto, Danuza Silva, mãe do Gabriel, que entrou no projeto em março de 2018, narrava os últimos encontros. “Consegui o passe livre, com a Assistente Social, para viajar com meu filho para visitar meus pais. Eles moram lá em Campo Grande, eu consegui viajar duas vezes, em janeiro e em julho. Eu estou conseguindo tentar o BPC”.

A área de Nutrição também teve papel fundamental na jornada de todas estas mulheres no Instituto C. “O Mateus tem Síndrome de Down e apresenta uma diarréia crônica. Aqui, com o apoio, com as ajudas que eu tive, eu consegui entender que eu não tinha que mudar a alimentação dele, eu tinha que mudar a alimentação da minha família, da minha casa e isso seria mais fácil para ele também. Aqui eu consegui entender que era desta forma que poderia acontecer. E através disso, eu consegui ver uma melhora muito grande no desenvolvimento do Matheus”, disse Mislene. Fernanda também percebeu a atenção e seriedade do trabalho. “Nós não tínhamos nem a dieta da Alice, não tinha nem o encaminhamento de dieta, nem nada, o pessoal da nutrição, a Jordana, me ajudou muito, tanto aos cuidados da Alice quanto aos cuidados da Jessica também, que com tudo isso ficou até esquecida, vamos dizer assim”.

 Felicidade e tristeza, emoções que se misturam entre todos os presente, mas elas reconhecem que é preciso seguir em frente e abrir possibilidades para que outras famílias ingressem no projeto e passem pela mesma transformação que elas passaram. “Hoje é o encerramento, vou sentir falta, vou sentir saudades. Fui muito bem recebida aqui”, disse Joana dos Santos Lima, que entrou no projeto em janeiro de 2019. Para Danuza, as mudanças representaram um crescimento importante. “A Danuza que entrou é uma Danuza que tinha um pouco de medo, mas que não tinha vergonha de se expor e correr atrás das coisas, tinha medo de não conseguir. Hoje eu sou uma Danuza diferente, eu sou uma Danuza que tem menos medo que eu tinha antes, eu estou muito feliz, cresci muito e aprendi muito com vocês, graças a Deus.”.

“Agradecemos a trajetória, a confiança das famílias no nosso trabalho, em partilhar histórias, medos, dificuldades, ao mesmo tempo, poder pedir e oferecer ajuda. Porque eu acredito que é uma troca, estamos aqui não só para oferecer cuidado, mas também somos cuidadas pelas famílias, aprendemos muito com todas  as famílias que passam pelo projeto.”, finalizou Nayara.

Ao todo 11 famílias encerraram sua participação no PAF, mas apenas 8 participaram do encontro presencial, são elas: Danuza Silva, Fernanda Moreira, Joana dos Santos, Mislene Campos, Fabiana de Jesus, Toil Vertu, Rosangela Maria de Oliveira, Maristela Gonçalves de Oliveira

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Artigo | Vera Oliveira e os 9 anos do Instituto C

O primeiro pensamento que vem a minha cabeça quando penso nos 9 anos do Instituto C, completados no dia 12 de outubro, é um famoso clichê “como o tempo passa rápido”.

Passou rápido demais, mas ainda quando fecho os olhos e respiro fundo,  volta a mesma angústia no peito que eu sentia toda vez que pensava que gostaria de trabalhar com alguma coisa que me trouxesse sentido, e que pelo menos o meu pedaço nesse mundão eu estaria contribuindo com a força do meu trabalho.

 Foi um período grande de busca por esse sentido, e valorizo muito cada uma das conversas, descobertas e pessoas especiais que me ajudaram a encontrar um caminho que faz todo o sentido pra mim.

 E desde esse dia que senti o “click”, toda a construção do Instituto C, as ideias iniciais, o início como uma franquia social da Associação Saúde Criança, a parceria com a Santa Casa para o encaminhamento das famílias, a espera muito ansiosa pelas primeiras famílias, imaginando qual seria a história delas, o que poderíamos fazer para auxiliá-las… são muitos momentos especiais dessa história transformadora.

 E nesses 9 anos que se passaram, desde o Dia das Crianças de 2011, o trabalho do Instituto C amadureceu, expandiu-se e fico emocionada quando penso que aquela inquietação e desejo de fazer o bem lá atrás se transformou em algo robusto e sólido.

 Nesse mês completamos 1.000 famílias atendidas por nós, no Instituto C. São 1.000 famílias que começaram a conhecer os seus direitos, passaram a acessar e ter conhecimento da rede socioassistencial e principalmente, que confiaram em nós, dividiram suas histórias conosco. Desenvolveram sua autonomia e passaram a ter mais qualidade de vida.

 Trabalhar com pessoas tão incríveis, sensíveis e motivadas, um time muito especial de colaboradores, nossos queridos conselheiros e voluntários, além de parceiros muito parceiros é o motor para que esse desejo profundo que começou a se concretizar dia 12/10/11 esteja cada vez mais vivo.

 Sou muito feliz em participar no dia a dia como uma pecinha dessa história. E desejo que o caminho do Instituto C seja abundante e potente e que a cada dia possamos trabalhar mais na direção das palavras que inspiraram o nome do Instituto C: as crianças, o cuidado e o cidadão.

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Pausa para avaliação no Educação em Rede

Fazer a devolutiva para as famílias atendidas pelo projeto Educação em Rede é sempre um momento importante para todos os envolvidos. O momento, que acontecia sempre ao final do ciclo, em anos anteriores, ganhou outros dois encontros em 2020.

 Realizar mais de um encontro com os pais e responsáveis foi uma mudança definida no final de 2019 para o projeto em 2020, isto porque, a equipe identificou que muitas informações importantes apareciam neste momento, mas por ser o final do ciclo, acabavam não sendo trabalhadas pelas técnicas nos atendimentos. “Ouvir os responsáveis contando sobre as mudanças notadas por eles durante os atendimentos, nos possibilita obter novas informações importantes que irão auxiliar o nosso trabalho como um todo.”, explicou Vanessa Gonçalves, Assistente Social do Educação em Rede.

 Outro ponto é que os responsáveis acabavam procurando as técnicas de Psicologia e Pedagogia, antes ou depois dos atendimentos com as crianças, para falar coisas que eles achavam relevantes. “Todos os projetos do Instituto C sempre tiveram como norte, atender a família como um todo, apesar da porta de entrada ser a criança e o adolescente. Nos moldes anteriores, os pais só tinham contato com a Assistente Social e as outras áreas apenas com a criança. Ficava uma divisão muito cristalizada e fazia com que deixássemos algumas lacunas, de demandas das famílias, em aberto.”, explicou Talita Lima, Analista do Educação em Rede. 

  “Eu tenho muito contato com os responsáveis e achei incrível a mudança que houve no projeto, trazendo este olhar para a escuta da família não somente ao final do ciclo, mas sim durante o seu percurso.” comentou Vanessa, que participou pela primeira vez das devolutivas coletivas para cada família. “Participar da devolutiva com as outras áreas do projeto, mesmo num lugar de escuta, me ajudou a compreender ainda mais as crianças e os adolescentes que estamos atendendo.”, acrescentou. Isso porque, normalmente, o papel do Serviço Social é ouvir a devolutiva da família avisando se conseguiu acessar o serviço ao qual foi encaminhado durante as orientações.

 Independente do momento, a equipe do projeto organiza as informações com todo o cuidado para garantir uma conversa assertiva com os responsáveis. “Na ocasião, a equipe técnica divide com os pais e mães o percurso e desafios encontrados nos atendimentos com seus filhos, mas também acaba aprendendo muito sobre a dinâmica de cada família, calibrando os próximos encontros.”, finalizou Mariana Benedetti, Psicóloga do Educação em Rede. 

 

PAFRodas de Conversa

Rodas de Conversa – Cuidado e Autocuidado

As Rodas de Conversa voltaram a acontecer no Instituto C depois de 5 meses e o primeiro assunto não podia ser diferente, Cuidado e Autocuidado. A Roda de Conversa é um dos momentos mais aguardados pelas famílias e pelos projetos, isso porque, a troca de experiências em conjunto acaba potencializando muito os avanços individuais. “Muitas transformações acontecem em conjunto, neste sentido, a Roda de Conversa é este espaço de troca e aprendizado horizontal. Mesmo com as singularidades, durante a Roda, nos sentimos parte de um todo e juntas conseguimos nos reconhecer e avançar nestes processos.”, comentou Nayara Oliveira, psicóloga do PAF.

A primeira Roda aconteceu virtualmente e as demais em pequenos grupos, formados por até 5 famílias, de forma a respeitar o distanciamento necessário na sede do Instituto C. “Percebemos que a roda virtual tem seus desafios, mas foi uma ótima experiência para as participantes, assim como no presencial, de compartilhamento das histórias comuns a todas as mães e responsáveis pelas famílias.”, explicou Nayara.

Gustavo Louver, que trabalha na área de Comunicação do Instituto C acompanhou uma dessas rodas em setembro e teve a oportunidade de conhecer um pouco mais das histórias da Tainá, Carlos, Jusivaldo e Manoucheca. “Fico muito feliz em estar de volta”, comentou Tainá minutos antes da atividade ser iniciada. 

Para começar, Katia Moretti, Analista do PAF, propôs aos participantes que falassem um pouco sobre Cuidado em dois momentos diferentes. “Gostaria que vocês falassem sobre quem cuidou de vocês na infância e de quem vocês cuidam hoje em dia.”. Para isto, ela colocou um pouco de hidratante nas mãos de cada um dos participantes, os quais deveriam massagear as próprias mãos enquanto falavam. “A ideia do hidratante é estimular uma percepção sobre o corpo e buscar, por meio da automassagem, um lugar de memória sobre o que é o cuidado”, explicou Kátia.

“Minha mãe nunca deixou faltar nada pra gente, apesar das dificuldades. Trocava mangaba por arroz em palha, pisava no pilão e fazia pra gente comer. Tenho o maior orgulho! Ela cuidava da gente no foice e na enxada, nunca faltou nada graças a Deus!”, comentou Carlos sobre os tempos de criança, quando ainda morava em Montezuma (nordeste de Minas Gerais). “Hoje, eu cuido dos meus filhos do mesmo jeito, mesma educação. Eu e minha companheira cuidamos um do outro.”, acrescentou na sequência.

Por fim, os participantes olharam por alguns segundos uma caixa fechada com um objeto dentro estimulados por Katia. Ao final, cada um pode falar um pouco sobre o que estava sentindo naquele momento e com aquela atividade. “Não sei se tem sentido com a atividade, mas lembrei da minha infância. No quintal da minha  mãe tinha um pé de tamboril. Juntava toda a molecada para brincar no pé da árvore, alí comíamos araça, roíamos o pequi e jogávamos a castanha fora. Queria criar meus filhos assim, mas hoje em dia aqui em São Paulo, é tão difícil deixar as crianças saírem na rua.”, comentou Carlos ao ver seu rosto refletido em um pequeno espelho dentro da caixa, objeto que disparou as reflexões e diálogos que ampliaram a questão do autocuidado, convidando o participante a olhar para si, suas marcas e trajetórias, sentimentos acolhidos carinhosamente pelo grupo.

PAF

Gestão do Conhecimento garante avanços importantes ao PAF

São vários os avanços e melhorias na metodologia do PAF – Plano de Ação Familiar desde o início da sua aplicação pelo Instituto C em 2011. Isso porque, a tecnologia social desenvolvida pela Associação Saúde Criança encontrou em São Paulo terreno fértil para diversas adaptações. “Conforme os anos foram passando e a equipe foi se renovando, incorporamos novas ideias no projeto. Além disso, ao longo dos anos, a realidade de cada uma  das famílias atendidas transformou o nosso olhar sobre alguns processos.”, comenta Vera Oliveira, Gerente Geral e Fundadora do Instituto C.

Para Vera, a rotina agitada da equipe por conta dos atendimentos diários, rodas de conversa e estudos de casos, fazia com que muitos destes avanços não fossem necessariamente aplicado todos. “Entendemos que era melhor parar e escrever tudo aquilo que nós tínhamos de ferramentas para que as pessoas pudessem consultar, tirar dúvidas, deixando de ser um conhecimento que passa de pessoa para pessoa.”. 

Para garantir a eficiência na circulação destas informações e do aprendizado nestes 9 anos, a equipe responsável pelo projeto arregaçou as mangas durante o isolamento social para colocar no papel (literalmente) um sonho antigo, criar um documento com os processos estruturados de forma a dar ainda mais agilidade ao trabalho. “Desde o ano passado, estamos pensando nisso, então, quando começou a quarentena, percebemos que este era um ótimo momento. Uma das tarefas durante o home office era elencar quais os treinamentos que cada uma das técnicas conseguiriam produzir e aplicar para o restante da equipe.”, acrescentou. 

O sonho virou realidade e o material que foi finalizado no mês de agosto, já serviu de base para a criação de treinamentos para as novas contratações do projeto. “O treinamento foi pensado para a chegada das novas colaboradoras, agora no segundo semestre. Quais são os critérios para uma família entrar no PAF? Como é que acontece a triagem? Como as famílias chegam até a gente? Como é que funciona a metodologia do PAF? Como funciona o Chaku (formato de atendimentos simultâneos que funcionam como um carrosel), porque acontece desse jeito? Como a gente faz a roda de conversa? Como são os estudos de caso, como são feitos, elaborados? Foram algumas das perguntas respondidas e formalizadas neste documento.”, finaliza Vera. 

Foto: Equipe do PAF durante treinamento virtual junto da Gerente Geral, Vera Oliveira.

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Adaptações do Educação em Rede garantem atividades no remoto

Depois de 5 meses de atendimento exclusivamente remoto e com foco no social, ou seja, atendendo apenas as famílias do projeto que buscavam auxílio e apoio que se agravou por conta da pandemia, o projeto Educação em Rede precisou ser repensado para dar início efetivo às atividades e garantir assim o atendimento de famílias remotamente e presencialmente.

 Isso porque, depois de realizar uma sondagem com as famílias para saber sobre uma possível adesão ao atendimento presencial, a equipe do projeto constatou que uma parte delas estava disposta a voltar, uma vez que tinham muitas dificuldades em manter o atendimento de forma remota, seja por falta de espaço no local de moradia, internet ou até mesmo por não ter aparelhos eletrônicos.

 Com base nas respostas e nos protocolos de distanciamento social, as atividades multidisciplinares tiveram início este mês de forma híbrida (presencial e remoto). Para isto, as famílias que optaram pelo presencial, que representa 30% das famílias participantes do projeto, foram divididas em turmas (manhã e tarde) garantindo um intervalo maior entre os atendimentos que passaram a acontecer em dois dias da semana. Nos outros três dias a equipe técnica segue com atendimentos remotos de outros 40% das crianças. “Apesar do esforço da equipe em fornecer atendimento para todas as famílias inscritas no projeto, ainda há crianças das quais não conseguimos alcançar. Infelizmente, são os mesmos alunos que também não estão acessando as aulas remotas da escola, muitos deles não são nem localizados pelo simples fato das famílias terem trocado de número de telefone, outros pela falta de disponibilidade e condições de manter os atendimentos e as aulas à distância. Algumas famílias com a Pandemia acabaram se mudando de São Paulo.”, explicou a Analista do Projeto, Talita Lima.

 A retomada exigiu uma adaptação por parte da equipe que se viu diante de vários desafios a fim de garantir que todas as crianças pudessem acompanhar as atividades propostas pelas áreas técnicas. “Enviamos um kit com materiais escolares e material pedagógico desenvolvido pelo Instituto C para a residência dos alunos que optaram pelo atendimento remoto. Foi importante para que eles tivessem os meios necessários e se sentissem estimulados, desta maneira, a acompanhar as aulas e realizar as atividades.”, explicou a estagiária de Pedagogia, Tabata Cardenuto. “Nunca tínhamos feito nenhum tipo de trabalho à distância, as aulas de reforço aconteciam apenas dentro do nosso espaço. Proporcionar o reforço escolar remotamente representou um grande desafio, porque foi necessário identificar a necessidade de cada aluno e criar um material de acordo com cada criança. E tudo isso com o cuidado para que não fosse mais uma atividade que a sobrecarregasse a criança, mas que de fato pudéssemos auxiliá-los em suas dificuldades de aprendizagem.”, acrescentou Talita.

 No kit enviado também havia um material desenvolvido pela E. E. Conselheiro Antônio Prado, para que as crianças pudessem acompanhar os temas que estão sendo abordados em suas salas de aula. “Em contato com a escola parceira, nós soubemos que os alunos e as famílias estão encontrando certa dificuldade com as plataformas  Google ClassRoom ou Whatsapp, onde os professores disponibilizam o material que será trabalhado nas aulas. Muitas famílias que atendemos nem conhecem o aplicativo do Centro de Mídias, onde as aulas da rede de ensino estadual são disponibilizadas. Por isso, estamos atuando de forma a ajudá-los a acessar estes conteúdos.”, comentou a Psicóloga, Mariana Bennedeti. 

 Já a Assistente Social, Vanessa Gonçalves, continua atendendo as famílias em relação às suas necessidades. “O trabalho de agora é uma continuação do que venho fazendo com as famílias desde antes da pandemia. Inicialmente orientei muitas famílias em relação ao benefício emergencial oferecido pelo governo e entendia com cada uma delas quais eram as outras informações que elas precisavam, muitas famílias tinham dúvidas sobre como acessar o Merenda em Casa, benefício disponibilizado pelo Estado para as crianças que frequentam a rede de ensino estadual, por exemplo.”. Com o início do atendimento híbrido, a demanda das famílias mudou. “Aos poucos, a rede socioassistencial está abrindo e muitas famílias me procuram para saber onde podem buscar um emprego. Percebo que com a pandemia muitas ficaram desempregadas e agora querem retornar ao mercado de trabalho” finalizou Vanessa. 

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Um mergulho do PAF no atendimento virtual

Não é novidade que a pandemia trouxe diversas adaptações no dia a dia de todos nós, mas o que você não sabe é que ela também acelerou alguns processos que estavam no radar do PAF – Plano de Ação Familiar há muito tempo.

Foram várias as adaptações do projeto, mas uma das mais impactantes foi a migração de todo o nosso atendimento presencial para o formato remoto, uma vez que o PAF atende famílias com crianças com doenças graves ou crônicas, consideradas  grupo de risco na pandemia. “Já estávamos pensando em expandir o nosso trabalho por meio do uso da internet e smartphones antes da pandemia, mas não fizemos isso antes por ainda acreditar que a implementação de um atendimento virtual era muito custoso e que possivelmente ainda não estávamos preparados para isso.”, explicou Vera Oliveira, Gerente Geral do Instituto C.

“Tivemos que agir muito rápido e pensar na melhor forma de preservar os nossos atendimentos e o contato direto com cada uma das famílias que atendemos. Disponibilizamos celulares para todos da equipe e a cada dia fomos sentindo com as famílias qual é o melhor jeito para falarmos com cada uma delas.”, acrescentou Vera, que viu o atendimento, que acontecia presencialmente há 8 anos, tornar-se totalmente online em apenas 3 dias.  

Logicamente que o atendimento virtual trouxe diversos desafios, como o acesso a internet, falta de privacidade em casa e o fato de que a responsável pela família tem uma demanda muito grande dentro de casa no dia a dia dificultando o foco no atendimento. Porém, os ganhos também são enormes nesse período, como a possibilidade da família acessar as profissionais do Instituto C com maior frequência, conforme a sua necessidade, todos poderem ser atendidos sem ter que enfrentar um longo deslocamento em transporte público até o Instituto C, economizando muitas vezes 4 horas. Outro benefício está no fato do atendimento remoto proporcionar o atendimento de um número maior de famílias.

“Estamos estudando a possibilidade de estender o atendimento virtual para além da pandemia.”, comentou Vera.

Até a roda de conversa, única atividade do projeto PAF que não tinha acontecido até então durante a pandemia já teve sua estreia virtual (foto). “As famílias que atendemos sempre adoraram se encontrar no Instituto C, chegam lá e já vão abraçando as outras famílias, os nossos voluntários e colegas do PAF. Foi pensando nesse afeto e na importância da troca entre todos que pensamos na roda de conversa virtual. Estamos animados com essa nova possibilidade”, explicou Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto.

Trabalho Remoto

No início, as técnicas do projeto divulgaram os telefones de cada uma das áreas e ficaram à disposição para dúvidas, orientações e o que mais as famílias precisassem, depois, nos dias de atendimentos, de forma ativa, as técnicas enviaram mensagens retomando os atendimentos e focando nas demandas específicas de cada família. “A mudança no atendimento foi necessária para a segurança de todos e apesar da falta que faz o contato pessoal, o olho no olho, as famílias compreenderam que durante um tempo, essa seria nossa forma de contato. Recebemos muito carinho e agradecimento de forma virtual. Um desafio contínuo é que muitas famílias, às vezes, ficam sem internet para nos responder e algumas não têm whatsapp, quando isso acontece, o contato é por meio de ligação telefônica mesmo, e assim conseguimos falar com todas.”, explicou Katia Moretti, Analista do PAF. 

 

Planos de Retomada

O projeto já começa a ensaiar a sua volta. Em julho, a equipe responsável pelo PAF, Katia Moretti e Nayara Oliveira, iniciou uma sondagem junto às famílias para o retorno das atividades presenciais. O levantamento mostrou que mais de 70% das famílias ainda não sentiam segurança para o retorno em agosto,  levando o projeto a permanecer com o atendimento exclusivamente remoto.

A partir de setembro, o Instituto C dará início aos atendimentos presenciais, apenas com as famílias que se sentirem à vontade para retomar os atendimentos de forma presencial, respeitando todas as regras de distanciamento social e com um número ainda muito restrito de pessoas na nossa sede.

Foto: Roda de Conversa Online

Benefícios Emergenciais

Parceria com Farmácias gera equilíbrio nos gastos do IC

Com o início da quarentena, em março, a área administrativa do Instituto C precisou enfrentar diversos desafios de logística, entre eles, a entrega de medicamentos às famílias atendidas pelo PAF – Plano de Ação Familiar, uma vez que, com o isolamento social, estes medicamentos passariam a ser entregues em casa e o valor do frete geraria um aumento grande no custo final.

 Por este motivo, a equipe responsável pela compra dos medicamentos começou um trabalho forte para procurar e mapear as farmácias nas principais regiões em que as famílias atendidas moram e verificar se atendiam todas as necessidades. “Era preciso encontrar estabelecimentos que aceitassem pagamento via transferência bancária e emitissem a DANFE, por exemplo.”, explicou Breno Pereira, responsável pela compra dos medicamentos.

 Ao entrar em contato com as farmácias, Breno foi surpreendido com diversas outras formas de parcerias, como descontos especiais, frete reduzido dependendo da localização da família, apoio e orientação às famílias quanto à forma de tomar os medicamentos, entre outros. “Os benefícios trazem grande equilíbrio para as finanças do Instituto, com essas parcerias foi possível manter a média de gastos com medicamentos e até ter pequenas economias, como foi no mês de Maio, economias essas que em um momento tão delicado fazem toda diferença.”, comentou Breno.

Os estabelecimentos parceiros são muitos e estão por toda a cidade de São Paulo, região metropolitana e interior, mas duas farmácias estão sendo fundamentais nesse momento, são elas: a Rede Drogatacadão, em Osasco, e a Nova Farma Prime que fica no Parque São Lucas na Zona Leste de São Paulo. “Essa parcerias chamaram a atenção dos farmacêuticos para o nosso trabalho, eles gostaram do Instituto e querem ser voluntários futuramente.”, finalizou Breno.

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Perfil das Famílias atendidas pelo PAF

Com o início do isolamento social em março, adaptamos o formato das histórias inspiradoras das mães atendidas pelo PAF – Plano de Ação Familiar, uma vez que as entrevistas eram feitas presencialmente, no escritório do Instituto C. Desde então, começamos a publicar na nossa página do instagram e facebook um perfil destas famílias escrito pelas nossas colaboradoras, Katia Moretti e Nayara Paula, responsáveis pelo atendimento no PAF e, por isto, com total conhecimento para contar um pouco sobre cada uma destas famílias.

Ao todo, já foram publicadas 11 histórias, as quais você pode acessar nos nossos canais. A partir de agora, faremos um compilado, aqui no nosso blog, das últimas histórias publicadas no mês, confira!

Essa é a família do Lucas

Essa é a família do Lucas (4), ele e sua mãe Gildete chegaram ao Instituto C em outubro de 2019, por meio de uma indicação de uma mãe que já participava do projeto PAF – Plano de Ação Familiar. Apesar do pouco tempo, eles já contagiaram não só toda a equipe e voluntários, como têm tecido boas amizades com outras mães e famílias, amizades estas que vão compondo e fazendo parte de sua rede de apoio aqui em São Paulo, depois de sua vinda da Bahia.

Mãe solo, Gildete compartilhou conosco como foi difícil receber o diagnóstico de Síndrome de Down, quando Lucas completou 1 mês de vida. Muitas expectativas precisaram ser revistas e desconstruídas, para que ela aprendesse junto com seu filho questões sobre a maternidade e como lidar com os impasses de uma sociedade ainda pouco inclusiva, desigual em oportunidades e acesso aos direitos básicos.

Nesse percurso, eles têm enfrentado muitas dificuldades, mas sempre com esse sorriso bonito que vemos na foto que nos transmite muita força e desejo de continuar educando seu filho com amor e cidadania, entendendo cada vez mais a importância de seu protagonismo na tessitura da sua história, o papel transformador da educação em suas vidas e o alcance de sua autonomia.

Com a rotina atravessada por muitos tratamentos de saúde e desenvolvimento de Lucas, Gildete não consegue um trabalho fixo e formalizado, ressaltando ainda mais a importância de acessar a rede de apoio socioassistencial, para alcançarem o que entendemos como a saúde em sua amplitude, biopsicossocial.

Estaremos juntas e juntos nessa caminhada durante o projeto, com ótimas expectativas de partilharmos aí importantes vitórias!

Essa é a família do Miguel

Esta é a família do Miguel (1), ele está no colo da sua mãe Suelen, junto de seu irmão Nicolas (8) e de sua avó materna Omara. Miguel chegou ao Instituto C para participar do projeto PAF – Plano de Ação Familiar em agosto de 2019, quando estava internado para a realização de uma cirurgia cardíaca para correção de uma má formação. Foram momentos difíceis e de muita preocupação com a saúde dele. 

 

Neste momento, quem frequentava os atendimentos era a sua avó, que nunca perdia a esperança de que o neto se recuperaria. Alguns meses depois, com Miguel recuperado da cirurgia, Suelen passou a frequentar o projeto.

 

Aqui a família recebeu orientações em todas as áreas de atendimento, teve acesso e conhecimento sobre seus direitos e qual caminho percorrer para conquistá-los. Já tiveram muitos avanços, Suelen é engajada e não mede esforços para garantir tudo o que possa melhorar a qualidade de vida da família. Estão aguardando aprovação de alguns benefícios, pois a jornada de tratamento de Miguel ainda não está encerrada; mas enquanto isso, Suelen busca formas alternativas de garantir a renda da família e tem se dedicado a venda de bolos de pote. Suelen tem refletido sobre seu empoderamento e demonstrando resiliência e força para superar cada obstáculo.

 

Nós continuamos acompanhando e apoiando a caminhada dessa família, nos unindo na certeza que Miguel veio para trazer muitos ensinamentos e revelar toda a potencialidade que sua família pode ter. Somos gratos por ter conhecido essa família tão especial e por toda troca e carinho demonstrados até o momento.

 

Miguel tem outros dois irmãos, Gabriel (15) e Ana Beatriz (12).

 

Essa é a família do Lucas

Esta é a família do Lucas (2), que está no colo de sua mãe Jeane, mas a família toda não está nesta foto. A expressão do amor e do cuidado que eles transmitem uns com os outros e com todo o Instituto C também não caberia nela.

Jeane é mãe solo de cinco filhos, Samuel (5), Sara (10), Mateus (13) e Gabriel (15) e Lucas (2), que chegou ao projeto PAF – Plano de Ação Familiar em maio de 2019, encaminhados pelo Hospital Santa Casa, onde o mais novo faz tratamento de uma má formação congênita rara, chamada hipospádia e bronquiolite. Eles moram na Zona Norte de São Paulo com seus avós maternos, compondo assim essa grande família.

São muitos afetos que atravessam e potencializam os atendimentos desta família, desde as poesias deixadas com muita sabedoria por Sara na brinquedoteca, pela participação dela e Samuel nas oficinas da nutrição lá na nossa cozinha, ou pelo engajamento de Jeane em todas as orientações trocadas pela equipe multiprofissional.

Juntos, refletimos muito sobre seu empoderamento, auto estima, ampliação de sua rede de apoio, conhecimento sobre a rede socioassistencial e os serviços disponíveis de acesso à direitos sociais. 

Aos poucos, sua autonomia vem sendo fortalecida, na medida em que acessa novos conhecimentos e vai reconhecendo seu protagonismo. Acreditamos que ainda virão muitas vitórias e boas novas na trajetória de todos, que teremos o prazer de partilhar!

Essa é a família do Yann

Esse garotinho é o Yann, ele tem 10 anos e participa do projeto PAF – Plano de Ação Familiar desde outubro de 2019.

Ele mora com a avó materna, Maria de Lourdes, desde bebê. Ela é a responsável pelos cuidados de Yann, os dois são muito unidos e fazem tudo juntos. Maria de Lourdes está sempre preocupada em proporcionar o melhor para o neto que é autista. Eles foram encaminhados para o Instituto C para serem orientados sobre os benefícios que Yann tem direito, além de ter mais clareza sobre outros assuntos, a fim de ganharem mais autonomia, garantindo assim a qualidade de vida da criança.

Yann é super carismático e inteligente, adora quando é o dia de atendimento, momento em que ele vai encontrar com as tias da nossa brinquedoteca. Ele já conquistou o coração de todos aqui com seu jeitinho todo especial.

Essa semana recebemos uma mensagem de Maria de Lourdes contando que Yann não vê a hora de retornar aos atendimentos presenciais para reencontrar as tias <3. Nós ficamos muito felizes com o vínculo criado e também estamos morrendo de saudades de encontrar o Yann e muitas outras crianças que assim como ele preenchem nossa brinquedoteca com sons, cores e sorrisos. 

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Estatuto da Criança e do Adolescente completa 30 anos

Ontem, 13 de julho, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 30 anos  sendo o principal marco regulatório dos direitos da criança e do adolescente no Brasil, mas apesar dos avanços conquistados nesses anos, algumas medidas ainda pedem muita atenção, principalmente em tempos de pandemia.

 Queda na mortalidade infantil, aumento no número de registros civis, aumento de matrículas nas escolas e diminuição do trabalho infantil estão entre as conquistas das últimas três décadas, mas que ainda precisam avançar, principalmente entre a parcela mais vulnerável da população que, com o início do isolamento social, viu sua renda diminuir consideravelmente, além de ter escancarada a deficiência e o despreparo das escolas para que seus filhos seguissem com o ensino à distância. (leia mais aqui).

 Sendo assim, o novo coronavírus trouxe consigo novos desafios para as comemorações dos 30 anos de ECA, uma vez que, ao agravar a situação de vulnerabilidade social das crianças e adolescentes, pode torná-las as maiores vítimas deste momento, mesmo não sendo consideradas grupos de risco nessa pandemia. Afinal de contas, elas são afetadas direta e indiretamente, seja por conta dos impactos econômicos e/ou desemprego que a sua família esteja enfrentando, a falta de acesso à educação a distância, falta de alimentação, saneamento básico, moradia, aumento considerável da violência doméstica, maior risco de exploração sexual, trabalho infantil e insegurança alimentar, questões que se agravam ainda mais durante a pandemia. 

 Por isto, é preciso reafirmar o nosso compromisso com o ECA a todo instante, priorizando absolutamente a infância e adolescência no Brasil, conforme previsto pelo Artigo nº 227 da Constituição Federal, obrigações quanto às crianças e aos adolescentes são do Estado, da sociedade e da família. 

 Totalmente conectado ao Estatuto da Criança e do Adolescente, os programas desenvolvidos pelo Instituto C levam ao conhecimento das famílias atendidas todas as informações importantes sobre o tema nos diversos encontros realizados durante os respectivos ciclos. Além de proporcionar um olhar multidisciplinar para estas questões, atuando com foco na primeira infância, momento que pede uma atenção para o desenvolvimento pleno das crianças, garantindo um ambiente favorável com estímulos, proteção e cuidado (Primeira Infância), mas que se estende com o trabalho de fortalecimento dos vínculos familiares, articulação da rede de apoio e participação da criança na escola durante a jornada destes jovens (Educação em Rede).   

 Essa semana, nós paramos para celebrar a criação da Lei n° 8.069/90, afinal de contas, ela é fruto de uma luta diária de diversas pessoas que atuam na área, as quais não medem esforços para assegurar os direitos da infância e adolescência. Mas também aproveitamos a data para repensar a melhor maneira de alcançarmos os objetivos para os próximos anos, chamando a atenção da sociedade como um todo para esta caminhada. 

Texto escrito por Vanessa Gonçalves, Assistente Social do projeto Educação em Rede do Instituto C