Voluntariado

A importância do voluntariado e as NFPs

NFP é a sigla para Nota Fiscal Paulista e o termo corresponde ao nome de um dos principais programas de incentivo à cidadania fiscal, criado pelo governo do estado de São Paulo em 2007. Caso não esteja associando a prática ao termo, o projeto é o responsável pela clássica pergunta feita aos consumidores: “Deseja CPF na nota?”. Isso porque quando um cidadão responde positivamente, o estabelecimento em questão é obrigado a declarar a venda e pagar o imposto referente. 

Na época de abertura, para que o programa entrasse na rotina dos brasileiros, o valor gerado em créditos e “devolvido” era considerado alto e atraente. Hoje, porém, o governo modificou alguns padrões com a finalidade de beneficiar as ONGs, diminuindo a quantia recebida por CPF. Inclusive, há 5 anos, a doação de cupons fiscais para instituições filantrópicas passou a existir também de forma automática, gerando mais vantagens às organizações. Para se ter uma ideia, 20% da receita anual do Instituto C corresponde à doação por NFPs e, justamente por isso, há uma grande importância em recrutar voluntários para o processo de recolhimento e cadastramento dessas notas. 

“Nós temos comércios parceiros espalhados pela cidade. Basicamente, eles disponibilizam urnas em seus estabelecimentos para que as pessoas possam depositar suas notas fiscais após as compras. O cidadão opta por não preencher o documento e, ao invés de jogar fora, ele coloca na urna. Semanalmente, nós fazemos a coleta e alguns voluntários ajudam nessa etapa. Mas, o trabalho principal é na sede, onde as notas são separadas, organizadas e cadastradas”, explica Breno Yves, analista de captação de recursos do Instituto C. 

A atividade é relativamente simples, mas de uma enorme importância devido ao valor que ela gera aos projetos da instituição. Exatamente por isso, o Instituto C está sempre em busca de novos voluntários para a função, como conta Paloma Costa, responsável pela área de Captação de Recursos: “A renda gerada pela Nota Fiscal Paulista é muito importante porque por meio dela a gente consegue pagar contas que não conseguimos colocar no orçamento dos projetos – como as despesas administrativas e aluguel, por exemplo. Em geral, as empresas parceiras financiam as despesas que geram um impacto direto, ou seja, pagamento da equipe técnica que atende as famílias, benefícios que são doados para as famílias e outras ações diretamente ligadas aos projetos, então, o valor que recebemos pela Nota Fiscal Paulista, faz muita diferença para as despesas descobertas da organização”, pontua. 

Além de ter horários ajustáveis, o trabalho voluntário para organizar e lançar as notas fiscais doadas pode ser feito remotamente ou na sede do Instituto C. Na segunda opção há a vantagem de interação com as atividades dos projetos e a troca com os demais voluntários e famílias beneficiadas, o que com toda certeza engrandece o voluntariado – este que por si só já proporciona uma realização para todas as partes envolvidas, como relata o voluntário José Augusto. “Cheguei ao Instituto C por meio de amigos e, logo no primeiro momento, gostei muito. A proposta vai além do atendimento especializado, ela capacita as famílias a terem autonomia, o que considero um diferencial. Além disso, a possibilidade de trabalhar de forma remota durante o isolamento social permitiu com que, apesar da rotina, eu consiga estar presente no cadastramento de cupom e reverter isso em caixa para que essas famílias possam ser amparadas e capacitadas. A experiência é muito gratificante, principalmente quando você chega no Instituto e vê o sorriso no rosto de quem é beneficiado com essas ações”, conta. 

 

Como se inscrever para o voluntariado?

 

“Quanto maior a equipe de voluntários melhor será para a instituição. No momento, nós não expandimos o número de comércios parceiros porque não temos capacidade de cadastramento das notas dentro do prazo de validade”, ressalta Breno. Daí, a importância de mais voluntários. 

 

O processo de inscrição acontece da mesma forma das outras áreas de voluntariado do Instituto C. Os interessados precisam demonstrar disponibilidade por meio do e-mail voluntario@institutoc.org.br. Após o envio, ele será chamado para uma reunião de voluntários – um primeiro contato com a Flávia, responsável pelos voluntários da organização que faz uma apresentação institucional e explica todas as possíveis áreas em que o voluntário pode atuar. Em seguida, acontece uma visita presencial na sede, onde cada interessado verá na prática um pouco de cada atividade e, assim, decidirá pela que mais se identifica. Também é alinhado o dia e a frequência que cada um irá cumprir o voluntariado. Com tudo isso acertado, ele já é convidado a começar o seu trabalho na área de preferência.

PAF

Os resultados do PAF – Plano de Ação Familiar 2021

O primeiro projeto realizado pelo Instituto C é o PAF – Plano de Ação Familiar, que acontece há 11 anos, com sua metodologia inspirada pelo Instituto Dara. Desde então, muitas famílias em vulnerabilidade social foram beneficiadas pela escuta atenta e atendimentos qualificados. Só no ano passado, 258 famílias passaram pelo projeto – foram 1.015 pessoas atendidas. “Nosso olhar cuidadoso, somado à nova metodologia do técnico de referência, possibilitou alcançarmos resultados muito bons mesmo em meio a pandemia”, comemora Katia Moretti, coordenadora do projeto. 

Em 2021, o PAF alcançou o marco de 200 famílias sendo atendidas por mês, e a perspectiva é crescer para poder atender cada vez mais. “Estamos trabalhando com lista de espera com média de 78 famílias aguardando para fazer triagem e participar do projeto”, conta Katia.

Entre os resultados do projeto de 2021, alguns dos destaques são: dos adultos que não trabalhavam, 85% estão trabalhando hoje; 99% das famílias estão com acesso a serviços municipais de saúde, 89% dos responsáveis com participação ativa na escola e 33% passaram a ter hábitos alimentares mais saudáveis. “Em um ano de pandemia, conseguir um trabalho é algo muito importante e expressivo. Outro ponto interessante é que 9% das famílias relataram que conseguiram poupar parte da renda, ou seja, fazer um cofrinho para emergências”, diz a líder.

Mais um parâmetro bacana é em relação à autoestima: 100% das famílias relataram que tiveram uma melhora em sua confiança. Myrian Costa, de 34 anos, é exemplo desse avanço na autoestima. Após uma gravidez tranquila, sua bebê teve complicações na hora do parto, desenvolvendo sequelas como paralisia cerebral, microcefalia e epilepsia. “A partir dali, a minha vida passou a girar somente em torno da Lizie”, conta. A família de Myrian chegou ao Instituto C com dificuldades financeiras, mas obteve um retorno ainda mais valioso. “Eu fui com a expectativa da cesta básica e saí com outra visão do mundo e de mim mesma. Percebi que eu, que era tão vaidosa e cuidadosa, me abandonei desde o nascimento da minha bebê. Os atendimentos fizeram com que eu entendesse que eu podia ser mãe da Lizie e ser eu ao mesmo tempo. Fiz uma mudança radical em meu cabelo, estou sendo atendida por nutricionistas e me propus a mudar. A experiência com o PAF foi renovadora. Hoje me sinto livre, linda e liberta”, relata Myrian.

Das famílias que não recebiam benefícios sociais, 82% passaram a receber. Natália Oliveira, mãe da Kessy de 2 anos, não sabia que poderia ter acesso à eles. “Antes de participar do projeto, eu não tinha noção de alguns direitos que a minha filha tinha. O PAF me proporcionou uma condição de vida melhor para a minha família, tanto no financeiro quanto no psicológico”, conta.

A pandemia do coronavírus escancarou ainda mais as discrepâncias sociais. “Muitas famílias perderam o acesso a setores importantes, principalmente na área da saúde. O trabalho do Instituto C auxiliou também nesse sentido, a recuperar o acesso”, relata Kátia. A líder também ressalta a importância da nova metodologia utilizada, o técnico de referência. “Ela ajudou a gente a ter um olhar mais aprofundado para a família de forma individual. Pudemos entender e trabalhar as demandas que ela necessitava, gerando ótimos resultados”, completa.

Entre os relatos das famílias participantes, a gratidão é unanimidade. “Sou muito grata a cada pessoa envolvida. Tenho certeza de que todas as pessoas que ainda participarão do projeto, sairão também mais felizes dele”, finaliza Natália.

Cidadania em Rede

Cidadania em Rede saindo do papel

Depois de alguns meses estudando e planejando os próximos cinco anos do Instituto C, 2022 começou já colocando alguns objetivos em prática. Como definido em dezembro, os três projetos – Educação em Rede, Primeira Infância e Plano de Ação Familiar – se unem em um único, o Cidadania em Rede. “Escrevemos e fizemos o formato deste novo projeto. Também já conseguimos patrocínios e agora estamos realizando a triagem para contratar novos profissionais”, comemora Talita Lima, coordenadora do Cidadania em Rede.

O projeto, que acontecerá de janeiro a dezembro, possui partes sendo executadas, como o que seria o antigo Educação em Rede, que já migrou para o novo formato. Para auxiliar nas metodologias já utilizadas e novas demandas serão necessárias contratações: “São 12 vagas abertas e agora estamos na etapa de seleção dos currículos e entrevistas. Nosso prazo para o início efetivo de todo o projeto será em março”, conta.

Em relação aos patrocínios, o Cidadania em Rede contará com dois apoiadores, sendo um deles público, o CONDECA – Conselho de Direitos que atua na defesa de Direitos de Crianças e Adolescentes, e o Instituto Credit Suisse Hedging-Griffo, que já custeava o Educação em Rede e agora abraçou esse projeto maior. “Será um ano com bastante trabalho e demanda, por isso ainda há espaço para novos apoiadores. O Cidadania em Rede é um projeto bastante robusto”, lembra Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto C.

O projeto Cidadania em Rede será dividido em cinco núcleos de atendimento: Saúde Emocional e Nutricional, Educação de Qualidade, Desenvolvimento Infantil, Inclusão Produtiva e Garantia de Direitos. “O Educação de Qualidade já está acontecendo, e os outros quatro começam a partir de março”, explica Talita. “Antigamente, nos três projetos a família passava obrigatoriamente por todas as áreas. Agora não mais! A ideia é que ela inicie por uma triagem que vai direcioná-la para a área específica. Depois, o profissional vai analisar o caso e definir o prazo e os núcleos necessários para as demandas individuais dela. A família, então, vai ter muito mais autonomia até para nos dizer quais atendimentos ela quer receber”, acrescenta.

A estimativa é que o Cidadania em Rede atenda 500 famílias por mês até o final do ano. 

“Faremos em conjunto com cada família atendida o acompanhamento de cada demanda e a avaliação da necessidade dela continuar ou não sendo atendida em cada área. Ela poderá encerrar o atendimento quando não tiver a demanda em um núcleo e continuar sendo atendida no outro. Acreditamos que assim os ciclos de atendimento serão mais rápidos e poderemos beneficiar mais famílias simultaneamente”,  reflete Talita. 

As expectativas para os benefícios de todos são muito boas. “As famílias serão ainda mais beneficiadas com o que queremos oferecer aqui na comunidade e saber que iremos contribuir para isso, para a autonomia e o desenvolvimento delas, não tem preço. Sem dúvidas teremos um grande impacto na vida dessas famílias e estou muito feliz de fazer parte dessa mudança”, finaliza Katia Souza, assistente social do projeto Cidadania em Rede.

Sem categoria

Instituto C celebra formatura do curso de berçaristas

Na última semana, nos dias 26 e 27 de janeiro, o Instituto C realizou a formatura do curso de berçarista – projeto que visa a formação de mulheres cuidadoras para a primeira infância. Foram no total 77 certificados entregues pela conclusão de nove meses de atividades teóricas e práticas em um evento repleto de felicidade e realização. “Foi tão lindo e de uma emoção tamanha que ainda me faltam palavras. Tivemos muitos discursos potentes no sentido do quanto o curso foi significativo na vida dessas mulheres”, afirma a Graziele Alessandro, líder do projeto Primeira Infância. 

O projeto foi desenvolvido em parceria com a ONG dha Q Brada, que nos cedeu seu espaço e auxiliou em toda a articulação com a comunidade e com o Manduí Educação, escola de educação especializada na primeira infância, e reuniu quatro turmas, duas vezes por semana, na comunidade Minas Gás, que fica na Zona Norte de São Paulo. “Tínhamos mulheres que se inscreveram com o desejo de entender melhor os filhos, aprender os aspectos básicos dos cuidados e aplicar em casa. E também as que traziam a questão da recolocação profissional dentro da área educacional com crianças ou até mesmo no setor informal – muito comum nas comunidades”, conta Graziele.

Além das aulas técnicas, as alunas passaram a interagir com as crianças da região em experiências enriquecedoras de troca e cuidado. “Esse ano que estivemos juntas foi a melhor das pontes que já pude colaborar para a construção. Uma intersecção entre a zona central e periférica da cidade, entre o conhecimento profundo sobre a vida que as participantes têm e o nosso sobre a primeira infância. Vê-las formadas alimenta a minha esperança e me ajuda a continuar acreditando que,  sim, ainda temos um caminho para fazer um mundo melhor – e esse caminho é feito de educação e pontes”, celebra Thais Abrahão, educadora do curso berçarista, supervisora pedagógica e sócia do Manduí. 

Uma das mulheres que concluíram o curso foi Angela Miranda da Fonseca, que se diz grata à oportunidade e aos profissionais envolvidos. “Estou com o meu certificado em mãos e pronta para conseguir um trabalho na área, portanto eu só tenho a agradecer por todo o aprendizado”, diz Angela. 

Na formatura, cada participante recebeu um diploma, canudo, um avental para a prática de berçarista, uma rosa e um porta-retrato com a foto do grupo. Veja os cliques do momento aqui!

A líder, Grazi, revela que o curso e as turmas participantes já deixaram saudades: “Eu também sou psicóloga, então acompanhei essas mulheres de perto. É nítido o desenvolvimento delas, de como elas chegaram silenciadas ou fragilizadas, e o quanto elas se reconhecem hoje enquanto mulheres atuantes e com um diploma”.

Vejam as fotos dessa comemoração linda no link – https://drive.google.com/drive/folders/1KrBxfK1XXD9aVslQiWQN_sVeCQV2glJN?usp=sharing

Gestão de PessoasSem categoria

Um olhar atento e a esperança renovada

Em meio a tantos trabalhos e projetos, uma das principais missões do Instituto C é manter atendimentos profundos, que estimulem a autonomia das famílias, por meio de uma escuta cuidadosa. Algumas histórias revelam que esse não é apenas um objetivo, mas algo sendo concretizado no trabalho diário. O caso do Vinícius, por exemplo, é prova disso. O garoto, de 17 anos, possui três diagnósticos diferentes – deficiência intelectual, dermatite atópica e cranioestenose. 

Vinícius recebia atendimento médico pelo Hospital das Clínicas e sua família chegou ao Instituto por indicações. “Quando eu conversei com a Elo, em um primeiro momento, ela me trouxe uma questão familiar: ela tem uma família muito unida e estruturada, um marido participativo, mas sentia falta dele ser mais participativo com os cuidados  com o Vinícius e tarefas diárias da casa, que deixavam a Elo sobrecarregada – um cenário muito comum entre as mães”, conta Lualinda Toledo, pedagoga e técnica de referência da família.

Depois, em um segundo atendimento, a pedagoga recebeu também o marido de Eloisa para uma conversa, que entendeu o desgaste da esposa, mudando a relação dos dois como casal e pais. 

No caminhar dos atendimento, ao receber informações e conhecer pessoalmente o Vinícius, a técnica percebeu que algo precisava ser feito por ele também. “A dermatite dele é uma doença que causa diversas fissuras na pele e impacta de maneira severa a rotina e condição de sua família, principalmente sua mãe”, conta Lualinda. “Olhando para o garoto, eu entendi que a angústia era maior do que ela estava me passando. Ela precisava, primeiramente, dar conta desse sofrimento como mulher, para dar conta do sofrimento enquanto mãe”. Por meio dessa escuta atenta, a família e Dr. Gustavo Villen Chami, médico voluntário do Instituto, tiveram seus caminhos cruzados.

“A escuta que fiz com a Elo foi bem dolorida. Eu percebi o quanto essa mãe já sofreu procurando diferentes hospitais e tratamentos para lidar com as questões do Vinícius – tudo em meio a uma situação financeira instável. Ela sempre foi uma mulher que atuou para garantir os direitos do filho e isso me virou a chave para contar sobre o caso para o Dr. Gustavo”, conta Lualinda. 

O médico quis entender toda a situação de saúde do Vinícius. “Daí, contou que estava participando de um projeto de estudo com cannabis e propôs a tentativa para Eloisa”, relatou a pedagoga. A mãe, cheia de esperança, topou e logo no início de janeiro o medicamento já estava em suas mãos.

Gustavo Villen Chami, médico de família e comunidade e pós-graduado em cuidados integrativos, chegou ao Instituto há oito meses como voluntário. A organização lhe apresentou o caso de Vinícius mais recentemente e a jornada se iniciou: “Como existia a necessidade de uma possível nova medicação, e também a importância de esclarecer algumas dúvidas sobre os remédios que vinham sendo usados, fui conhecer a família do Vinícius”, conta o médico.

Com o quadro de dermatite atópica, as medicações em uso crônico podem apresentar alguns problemas ao paciente. As recomendações de tratamento mais utilizadas envolvem medicações que também possuem alguns riscos associados. A maconha, por outro lado, de uns anos para cá, vem sendo utilizada como alternativa para diversas condições de saúde. “O canabidiol apresenta um papel importante durante a regulação do sistema imunológico e anti-inflamatório. Inclusive, a planta é utilizada pela humanidade há pelo menos 5 mil anos com diversos propósitos,”, esclarece o médico.

No caso do Vinícius, a irritação causada pela dermatite não estava controlada e hoje o canabidiol introduzido como medicação não apresenta os mesmos riscos. “Entrei em contato com a equipe que o acompanhava no HC para pensarmos em uma união. A ideia é oferecer algo que tem uma boa perspectiva e uma baixa toxicidade”, afirma Dr. Gustavo – que também conseguiu a doação dos medicamentos através da Associação Flor da Vida

“A Elo, mãe de Vinícius, esteve no Instituto recentemente e é outra mulher. Uma alegria de ver! Chegou contando para todos nós que o Vinícius dormiu uma noite inteira depois de fazer uso do medicamento, que está se coçando menos e está respirando melhor”, comemora a pedagoga. “Estamos utilizando ainda uma dose muito baixa, onde nem esperávamos um resultado, apenas monitorar possíveis reações. Agora precisamos entender se a melhora do sono está relacionada a uma redução da ansiedade, um alívio da dermatite no período noturno ou algum outro fator”, conta Dr. Gustavo Villen Chami sobre esse início já positivo.

Agora o sentimento do Instituto e da família é de esperança para que o tratamento faça ainda mais efeito – e que Vinícius ganhe qualidade de vida. “Estou muito feliz por ter conhecido todo o pessoal do IC. O Vinícius nunca foi um peso para mim, pelo contrário, sempre foi a alegria da minha casa. Estou muito feliz por essa ajuda, mesmo!”, celebra a mãe.

Áreas de atendimentoVoluntariado

Rede de voluntários de Psicologia: somar para acolher

O cuidado com a saúde mental se tornou uma das maiores lacunas em tempos de pandemia. O que já era urgente, ganhou proporções ainda maiores por conta do coronavírus – deixando brasileiros ainda mais inseguros, ansiosos e preocupados. Compreendendo essa carência, o Instituto C colocou em prática um desejo antigo e iniciou uma rede de voluntários de psicologia para prestar assistência às famílias atendidas em seus projetos. “A criação da rede começou por conta do momento da pandemia, onde identificamos várias questões de saúde mental. Nós sempre encaminhamos para o Sistema Único de Saúde, mas este apresenta uma superlotação. Então surgiu a ideia de criar esse banco de voluntários”, conta Graziele Alessandro, psicóloga e líder do projeto Primeira Infância. 

As inscrições acontecem a partir de um formulário divulgado nas redes da Instituição e os atendimentos, em geral, estão acontecendo no formato virtual – havendo a possibilidade de presencial para as famílias que desejarem. Além disso, o Instituto também realiza uma supervisão com os profissionais a cada dois ou três meses para entender como estão os casos. 

Com essa rede de apoio à saúde mental sendo colocada em prática há alguns meses, o novo desafio é encontrar ainda mais profissionais da psicologia para assim somarem ao grupo de voluntários. Afinal, a lista é extensa e a necessidade urgente – atualmente são 9 voluntários e 16 famílias sendo atendidas, além de uma lista de urgência com mais de 20. “Falar de saúde mental, ainda mais com demandas complexas como as que nossas famílias apresentam, é um trabalho a longo prazo. Nossa lista, além de extensa, gira devagar. Na hora de encaminhar, nós escolhemos a urgência da urgência, mas desses que já estão sendo realizados, eu percebo a imensa importância da iniciativa”, afirma Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto PAF-Plano de Ação Familiar. 

Otavio Hideki Chinen é dos um dos psicólogos voluntários da rede e confirma as vantagens que a ação proporciona para ambos os lados: “O que me levou a me inscrever no Instituto C é que acredito que se deve ter um olhar mais voltado para a população que não tem condições de pagar uma análise ou uma terapia. Acho que a experiência é enriquecedora, tanto para nós profissionais, quanto para quem é atendido. Tem sido simplesmente maravilhoso, agregador e enriquecedor”.

A pandemia escancarou uma demanda antiga: a importância dos voluntários de psicologia. Agora o trabalho precisa continuar sendo executado e, para isso, novos profissionais são buscados todos os dias. “Como a gente trabalha com a população em vulnerabilidade, percebemos um adoecimento mental que não é falado. A rede de voluntários é um recurso criado para poder dar esse atendimento às famílias”, acrescenta Graziele. “É um projeto muito potente, que ainda está no comecinho. Precisamos de novos voluntários para seguir colhendo bons resultados”, finaliza Nayara. 

E como se inscrever? 

A inscrição para os voluntários de psicologia é feita através de um formulário online (clique aqui). Basta ser um psicólogo ou psicóloga e ter disponibilidade de uma hora semanal, ou mais. Depois do envio das informações e cadastro, o Instituto C entra em contato para agendamento de uma entrevista. 

Sem categoria

O que esperar para os próximos 5 anos do IC?

Após equipe e conselho se reunirem para o planejamento estratégico do Instituto C, os rumos dos próximos cinco anos foram traçados e objetivos foram definidos: os três projetos serão unificados em um só. “A nossa ideia é juntar a metodologia do PAF, Educação em Rede e Primeira Infância, olhando especificamente e de forma multidisciplinar a demanda de cada família, e atuar diretamente nas comunidades, começando pela Minas Gás”, celebra Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto C.

 

Para tal feito, a equipe do IC irá aumentar 40% e o espaço físico será ampliado. Como consequência, o número de famílias atendidas também crescerá bastante. “Hoje, atendemos 360 famílias por mês. Vamos passar a atender 200 na nossa sede e 500 na Minas Gás – serão 700 famílias ao todo”, diz.

 

A partir dessa unificação, a ideia é que qualquer família em vulnerabilidade social, e que tenha uma criança ou um adolescente de até 17 anos, possa ser atendida pelo projeto. “Após passar por uma equipe de triagem e monitoramento, que vai entender as suas demandas, essa família será encaminhada para a área específica, que englobará o que já existe hoje no PAF, no Educação em Rede e Primeira Infância – e funcionará em formato de núcleos de atendimento, em que cada família será atendida de acordo com as suas necessidades”, explica a Diretora. Educação de qualidade, Inclusão Produtiva, Saúde Emocional e Nutricional por exemplo, são alguns deles. 

 

“Agora, estamos adaptando nosso sistema de atendimento para que ele seja integrado ao que já existe no PAF. Estamos especificando toda a triagem e telas de atendimento para que nesse novo projeto, que chamará Cidadania em Rede, possamos realizar também todos os atendimentos por meio dele”, completa.

 

Para a implementação de todas essas novidades que são parte do planejamento estratégico recém-realizado, o IC trabalha com três tempos: curto, médio e longo prazo. “Primeiro, para 2022, a ideia é executar esse projeto piloto – contratando e treinando equipe. Em 2023 e 2024, ou seja, médio prazo, queremos encontrar outras duas comunidades para que também recebam polos de atendimento do Cidadania em Rede. Já em 2025 queremos expandir ainda mais essa metodologia do trabalho, capacitando outras instituições”, afirma Talita Lima, líder do projeto Educação em Rede. Todos têm a ganhar!

Áreas de atendimento

Parceria de Sucesso: Banco de Alimentos e Instituto C

No Brasil, com a pandemia da Covid-19, cerca de 117 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar – em graus leves, moderados ou graves – ou seja, sem garantia de que haverá comida na próxima refeição. Com toda essa questão, Ana Paula Hummel, nutricionista do Instituto C, preocupada com a falta de diversidade alimentar das famílias atendidas, sugeriu um contato com a ONG Banco de Alimentos para uma possível parceria – e, assim, receber itens perecíveis, como frutas e verduras, que eles costumam doar para Instituições. A ponte foi feita por José Luiz Lima, conselheiro do IC, e neste primeiro momento descobriu-se que, apesar do Instituto C não se aplicar a esse tipo de auxílio, caberia o cartão alimentação – dando início a uma parceria valiosa para o Instituto! 

Atualmente, através das entidades sociais parceiras, a ONG Banco de Alimentos atende mais de 23 mil pessoas diariamente oferecendo refeições dignas. E, neste Natal, a ONG se une ao Instituto C para a distribuição de um cartão alimentação no valor de R$100 para famílias atendidas nos projetos da Instituição. “Ao todo, serão 700 cartões que possibilitam à família comprar exatamente o que estiver precisando e complementar a cesta básica que já entregamos para cada uma delas. Estamos muito felizes com essa união”, celebra Diego Schultz, diretor administrativo do Instituto C.

 

No período pré-pandemia, o Instituto C realizava uma festa de final de ano. “Era uma celebração mesmo e ali, além da cesta básica, também era entregue uma cesta de Natal. A pandemia nos tirou isso, por conta da aglomeração. A parceria com o Banco de Alimentos veio, então, em uma hora perfeita”, completa Diego. 

Para Ana Paula Hummel, nutricionista do Instituto C, a campanha ajudará também na saúde dos beneficiados, que terão acesso a uma alimentação mais adequada, algo cada vez mais difícil de ser acessado por conta da alta nos preços de proteínas, frutas, legumes e outros. “Muitas das famílias que atendemos não estão conseguindo arcar financeiramente com alimentos básicos. A junção com a ONG Banco de Alimentos faz muito sentido para nós nesse momento”, afirma Ana. 

 

A nutricionista ainda reforça que, muitas vezes, a família não está passando fome no sentido literal, mas ela está passando pela chamada “insegurança alimentar”, quando não há garantia de comida para a próxima refeição. “Às vezes tem o almoço, mas não tem o jantar. O cartão ajuda as famílias irem na contramão dessa insegurança”, diz. 

 

A iniciativa já está sendo colocada em prática e vem para somar. Os cartões serão entregues até o final desta semana, ainda antes do Natal. A parceria tem como principal objetivo unir forças e auxiliar as famílias em vulnerabilidade social, potencializando ações e fazendo a diferença no combate à fome.

Premiações

Instituto C é uma das 100 melhores ONGs de 2021

Ontem, 9 de dezembro, ocorreu a cerimônia do Prêmio Melhores ONGs (Edição 2021), com transmissão pelo YouTube do Canal Futura. A cada ano são anunciadas as 100 organizações brasileiras vencedoras do terceiro setor – e o Instituto C se fez presente mais uma vez. “O prêmio é de suma importância para o nosso trabalho porque ele é um reconhecimento que atesta a efetividade e a transparência de tudo que a gente faz”, comemora Paloma Costa, Coordenadora de Parcerias do IC.

O Instituto C não apenas está presente, como também comemora seu penta: são cinco anos consecutivos de reconhecimento por suas iniciativas e boas práticas em quesitos como governança, transparência, comunicação e financiamento. Paloma afirma que, para manter o posto, o IC realiza um processo de aprimoramento de gestão e metodologias a cada ano. 

Com edições anuais, desde 2017, a celebração já é uma das mais importantes do setor e apenas em 2021 recebeu inscrições de 1033 organizações espalhadas pelo país. O prêmio é realizado pelo O Mundo que Queremos, pelo Instituto Doar e pelo Ambev VOA, com apoio de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Instituto Humanize, da Fundação Toyota do Brasil e do Canal Futura. O prêmio também atua como um canal de divulgação para doações ao proporcionar ainda mais a relevância aos projetos e iniciativas dos participantes. 

Toda a seleção é organizada por uma comissão geral, comissão avaliadora, equipe técnica e parceiros estratégicos. Para selecionar as 100 melhores organizações nacionais sua metodologia avalia cinco pilares: causa e estratégia de atuação, representação e responsabilidade, gestão e planejamento, estratégia de financiamento e comunicação e prestação de contas. O resultado oferece uma visão única das ONGs brasileiras e quais são as melhores organizações em termos de gestão e transparência. 

“Eu costumo dizer que o prêmio para nós é como se fossem as Olimpíadas. Por isso, nós, atletas, nos preparamos sempre em uma constante. Precisamos estar sempre evoluindo e realizando melhorias no processo. Ficamos muito felizes em estar mais uma vez na lista das 100 melhores ONGs do Brasil Na realidade, nossa conquista é ainda maior: somos uma das 10 organizações que foram premiadas em todos os anos”, finalizou Paloma. 

Gestão de Pessoas

8 anos que faço parte do Instituto C!

Quando mandei meu currículo e fui chamada para participar do processo seletivo para ser estagiária do Instituto C, não conhecia o universo das ONGs nem imaginava como seria e o que era trabalhar no terceiro setor, pois minha primeira e única experiência até aquele momento era em empresa.

Fui aprovada e, em novembro de 2013, me integrei a pequena equipe do Instituto C. Pequena apenas em quantidade de pessoas na equipe, mas lá trabalhavam mulheres gigantes, inteligentes, profissionais, fortes, dispostas, cheias de empatia, amor ao próximo e paixão pela causa do projeto, e sem dúvida foi essa convivência que agregou para minha formação como ser humano, mulher e profissional.

Como estagiária, eu atuava auxiliando nas rotinas administrativas financeiras, em compras, fazia a montagem e entrega de kits de benefícios entregues para as famílias e controle do estoque.

A cada oportunidade fui me dedicando e me aperfeiçoando. Na base da confiança e de treinamento, eu abracei a oportunidade e segui o meu caminho. Fui promovida a auxiliar administrativo no meu último ano de faculdade e, depois a assistente. Hoje, sou analista e integro a equipe administrativa- financeira, auxílio nas rotinas de RH, sou responsável pelo time de voluntários, atuo na gestão financeira dos projetos, fazendo as prestações de contas e também sou responsável pela manutenção da sede e do polo de atendimento que temos na comunidade.

Aqui no Instituto C, já vivenciei muitos momentos marcantes, que foram super importantes e que levarei pra sempre em minha memória. Conheci e conheço diariamente histórias de luta, força e superação que me toca muito como ser humano. Outro ponto que me marca muito é a bagagem dos profissionais que integram a equipe. É de se admirar a inteligência, a articulação, a troca e o trabalho dos profissionais de todas as áreas e funções.

Em um artigo não seria possível detalhar de fato toda minha vivência no Instituto C, que é muito intensa, desafiadora e gratificante. Lidar com pessoas e ter a responsabilidade de ocupar o cargo que ocupo é um grande desafio. Falar de 2020 e 2021 sem levar em consideração o impacto da pandemia não tem como…. trabalho, home office, filho, casa, marido, estudos. Foi tudo um enorme desafio, mas o que seria da minha vida sem eles? Com certeza, não seria quem eu sou hoje.

E, para finalizar, quero falar um pouco do trabalho do IC na vida das nossas famílias. Meu olhar por de trás disso, como alguém que está ali nos bastidores e não na linha de frente, é que nosso trabalho é movido por um propósito. Nosso lucro é ver vidas transformadas por meio dos nossos atendimentos, da acolhida, escuta atenta, vínculo, orientação, encaminhamentos e rodas de conversa. É motivador e faz com que eu sinta que estamos caminhando para a direção certa.

Como eu sempre digo, meu desejo é que o IC cresça a cada dia, para alcançarmos ainda mais famílias em situação de vulnerabilidade social e para manter pessoas empregadas e gerar ainda mais empregos. É por meio do crescimento e sucesso da organização que eu me concretizo pessoalmente, conquistando meus sonhos lá fora. Sou muito grata por estar junto nesta caminhada e pela existência desse projeto tão transformador, que inspira quem passa e orgulha muito quem faz parte.