Nutrição: como as orientações impactam a vida das famílias
Entre as diversas orientações que as famílias recebem ao participarem dos projetos do Instituto C estão as relacionadas à alimentação. Saúde Emocional e Nutricional, inclusive, é um dos núcleos de atendimento do Cidadania em Rede. O trabalho das profissionais inclui desmistificar o tema e dar dicas práticas para que consigam melhorar seus hábitos alimentares. “Muitas famílias acreditam que a nutrição vai de alguma forma problematizar o que elas têm em suas casas, mas nosso objetivo é o contrário”, afirma Silmara Souza do projeto.
A nutricionista explica que a equipe se utiliza de figuras e imagens didáticas de fácil compreensão para mostrar que é possível utilizar os itens básicos para melhorar o hábito – como a substituição de temperos industrializados por naturais, que já é muito benéfica. “Assim, as famílias têm se mostrado bem mais tranquilas quando mostramos que com o que elas têm em sua casa – alimentos adquiridos de acordo com o poder aquisitivo de cada – podemos melhorar nossos hábitos alimentares de forma saudável e tranquila”, acrescenta.
No Plano de Ação Familiar, o PAF, não é diferente. “As orientações são sempre baseadas no Guia Alimentar da População Brasileira, que é um material inclusivo e leva em consideração as diversas culturas e condições, sem se utilizar dos sensacionalismos que vemos por aí”, conta Ana Paula Hümmel, nutricionista do projeto. “A oferta de ultraprocessados que se dizem saudáveis é enorme e dificulta muito o trabalho, além das informações equivocadas que a internet vende como chás emagrecedores, gominhas para o cabelo e dietas milagrosas. O primeiro trabalho é desmistificar tudo isso”, completa.
Já as informações para as crianças recebem ainda mais atenção – já que a seletividade alimentar é muito presente no Transtorno do Espectro Autista, por exemplo. “Eu entendo a demanda e necessidade de cada família e encaminho para os serviços adequados”, diz Ana.
Aos poucos, as famílias vão ganhando mais consciência alimentar e mudando seus hábitos. “A observação das mudanças é mais difícil quando se tem uma abordagem mais humanizada, como o nosso caso, mas tenho retornos muito positivos. Algumas felizes porque passaram a se alimentar melhor e sentiram diferença no dia a dia, outras porque o filho está comendo bem – e para mim não tem notícia melhor que essa”, celebra Ana, que também lembra uma situação positiva: “Tive recentemente o retorno de uma família que a responsável perdeu 5 quilos. Ela disse que não sabia que poderia ter uma alimentação mais saudável tão fácil assim, que eu era uma nutricionista diferente”.
E, claro, a alta dos preços tem dificultado a aquisição não só de alimentos como também a sua diversificação. “Estamos trabalhando com o que pode ser adquirido por preços mais acessíveis, como as carnes suínas, aves e ovos. Também estamos com o foco para ensinar as famílias aproveitarem os alimentos de forma integral, como preparações de hortaliças não desprezando cascas de alguns alimentos em refogados ou sucos”, conta Silmara.
Partindo do princípio que é um privilégio poder escolher o que se vai comer, as orientações não pretendem vilanizar os alimentos ultra processados, já que muitas vezes são eles em que a família tem acesso – mas pensar em opções que possam ajudar no equilíbrio. “Saber onde fica a feira mais próxima, buscar o horário da xepa, aprender técnicas de armazenamento para que os alimentos durem mais, variar os preparos desses ingredientes, como dos ovos por exemplo… Tudo isso já são mudanças positivas nos hábitos alimentares de todos”, finaliza Ana.