Áreas de atendimento

Nutrição: como as orientações impactam a vida das famílias

Entre as diversas orientações que as famílias recebem ao participarem dos projetos do Instituto C estão as relacionadas à alimentação. Saúde Emocional e Nutricional, inclusive, é um dos núcleos de atendimento do Cidadania em Rede. O trabalho das profissionais inclui desmistificar o tema e dar dicas práticas para que consigam melhorar seus hábitos alimentares. “Muitas famílias acreditam que a nutrição vai de alguma forma problematizar o que elas têm em suas casas, mas nosso objetivo é o contrário”, afirma Silmara Souza do projeto.

A nutricionista explica que a equipe se utiliza de figuras e imagens didáticas de fácil compreensão para mostrar que é possível utilizar os itens básicos para melhorar o hábito – como a substituição de temperos industrializados por naturais, que já é muito benéfica. “Assim, as famílias têm se mostrado bem mais tranquilas quando mostramos que com o que elas têm em sua casa­­ – ­alimentos adquiridos de acordo com o poder aquisitivo de cada – podemos melhorar nossos hábitos alimentares de forma saudável e tranquila”, acrescenta.

No Plano de Ação Familiar, o PAF, não é diferente. “As orientações são sempre baseadas no Guia Alimentar da População Brasileira, que é um material inclusivo e leva em consideração as diversas culturas e condições, sem se utilizar dos sensacionalismos que vemos por aí”, conta Ana Paula Hümmel, nutricionista do projeto. “A oferta de ultraprocessados que se dizem saudáveis é enorme e dificulta muito o trabalho, além das informações equivocadas que a internet vende como chás emagrecedores, gominhas para o cabelo e dietas milagrosas. O primeiro trabalho é desmistificar tudo isso”, completa.

Já as informações para as crianças recebem ainda mais atenção – já que a seletividade alimentar é muito presente no Transtorno do Espectro Autista, por exemplo. “Eu entendo a demanda e necessidade de cada família e encaminho para os serviços adequados”, diz Ana.

Aos poucos, as famílias vão ganhando mais consciência alimentar e mudando seus hábitos. “A observação das mudanças é mais difícil quando se tem uma abordagem mais humanizada, como o nosso caso, mas tenho retornos muito positivos. Algumas felizes porque passaram a se alimentar melhor e sentiram diferença no dia a dia, outras porque o filho está comendo bem – e para mim não tem notícia melhor que essa”, celebra Ana, que também lembra uma situação positiva: “Tive recentemente o retorno de uma família que a responsável perdeu 5 quilos. Ela disse que não sabia que poderia ter uma alimentação mais saudável tão fácil assim, que eu era uma nutricionista diferente”.

E, claro, a alta dos preços tem dificultado a aquisição não só de alimentos como também a sua diversificação. “Estamos trabalhando com o que pode ser adquirido por preços mais acessíveis, como as carnes suínas, aves e ovos. Também estamos com o foco para ensinar as famílias aproveitarem os alimentos de forma integral, como preparações de hortaliças não desprezando cascas de alguns alimentos em refogados ou sucos”, conta Silmara.

Partindo do princípio que é um privilégio poder escolher o que se vai comer, as orientações não pretendem vilanizar os alimentos ultra processados, já que muitas vezes são eles em que a família tem acesso – mas pensar em opções que possam ajudar no equilíbrio. “Saber onde fica a feira mais próxima, buscar o horário da xepa, aprender técnicas de armazenamento para que os alimentos durem mais, variar os preparos desses ingredientes, como dos ovos por exemplo… Tudo isso já são mudanças positivas nos hábitos alimentares de todos”, finaliza Ana.

Doação

Aniversário Solidário propõe doações no lugar de presente

A ação atribui um valor social a uma data especial. Essa é a proposta do Aniversário Solidário. Aniversariantes que irão celebrar seu aniversário em encontros ou festas, podem pedir aos seus convidados doações ao invés de presentes. “É uma forma de ajudar um projeto social que você acredita e deixar o seu aniversário ainda mais especial”, explica Paloma Costa, responsável pela área de Captação de Recursos do Instituto C.

A ação, além de ser uma importante fonte de arrecadação para os projetos sociais, também é uma forma de promover a cultura da doação e da solidariedade entre os convidados dessas celebrações. “No ano passado tivemos vários  Aniversários Solidários em prol do Instituto C e também um Casamento Solidário que foi uma experiência inédita e muito especial. Todas as pessoas que toparam realizar a ação com a gente nos deram feedbacks muito positivos do quanto se sentiram mais realizadas em poder ajudar quem mais precisa do que em ganhar presentes” conta Paloma.  

A responsável pela área de Captação de Recursos diz que a forma mais efetiva de colocar essa doação em prática é através do convite aos aniversariantes do mês – via mailing de colaboradores e doadores do Instituto. “Quando a pessoa topa a ação, criamos uma página de doação personalizada para o aniversário dela, com foto e texto que ela preferir. Alinhamos também os valores: alguns preferem já determinar opções fixas de doação financeira, outros sugerir doações de produtos, como fraldas ou latas de leite, por exemplo. Tudo de acordo com o que o aniversariante achar que tem o perfil dos seus convidados”, diz Paloma.

Agora, o Instituto C está com duas campanhas de Aniversário Solidário ativas, uma delas é a do Francisco Fortes, membro do conselho de administração do Instituto C. “Eu já havia visto algumas pessoas fazendo o Aniversário Solidário e dessa vez quis fazer também. Tem tanta carência por aí que, ao invés de eu receber um presente, quero que ele vá para alguém que precisa mais do que eu. É uma forma também da gente sensibilizar outras pessoas a também ajudarem”, conta Francisco, que comemora a data no dia 31 de maio.

Para o conselheiro, a atitude fará de seu aniversário algo ainda mais especial. “Para mim, essa ação representa uma atitude prática de ajudar. Estamos canalizando todas as doações para leites que irão para crianças. É difícil de ver algo mais essencial do que isso, não acha? Sei que esse aniversário vai ter outro significado para mim, muito maior do que os outros em que eu não fiz uma ação desse tipo”, finaliza Francisco.

E se você curtiu esse modelo de ação e deseja atribuir um valor social a suas comemorações entre em contato com a Paloma ela vai te dar todo apoio necessário:

E-mail: paloma.costa@institutoc.org.br 

Áreas de atendimentoInstitucionalServiços IC

Você sabe como funcionam os bastidores de uma ONG?

Você com certeza já teve contato com uma ONG, isto é, uma Organização Não Governamental. Conhecidas também como empresas do terceiro setor, são atividades beneficentes desenvolvidas em favor da sociedade e sem objetivo de lucro. O conceito foi criado nos Estados Unidos e define como primeiro setor aquele que é constituído pelo Estado e o segundo pelos entes privados que buscam fins lucrativos.

Apesar desta divisão, segundo e terceiro setor possuem uma estrutura muito semelhante para o bom funcionamento. “Em termos de estruturação, não existe muita diferença entre uma ONG e uma empresa. O diferencial é o que a gente vende, que no nosso caso é o impacto social”, afirma Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto C.

Flávia Almeida, Analista Administrativa Financeira do IC, completa nove anos de trabalho no terceiro setor e lembra-se da diferença que sentiu ao ingressar no time do Instituto e deixar uma metalúrgica. “Eu tenho o meu salário e ele é muito importante, mas não é ele que motiva a gente levantar todos os dias da cama”, conta. E, assim como qualquer empresa, uma ONG também tem seu setor de Recursos Humanos, Administrativo, Financeiro, Comunicação e outros. “Aqui, o que entra para a gente não é proveniente da venda de uma mercadoria, mas sim de doação”, analisa.

Além dessa estrutura semelhante ao segundo setor, também existem as contas a pagar – como salários, fornecedores e aluguel. “Esse é o grande desafio das ONGs, a migração para um apoio institucional, de forma geral, para que a própria organização tenha maturidade em saber como investir o dinheiro”, afirma Vera, relembrando que os quase 30 funcionários do Instituto C possuem carteira assinada e recebem os benefícios garantidos por lei. “É um trabalho mesmo”, brinca. Inclusive, dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), em 2019, mostram que as organizações do ramo empregam, formalmente, 3 milhões de pessoas.

Em contrapartida, um grande diferencial das empresas do terceiro setor está na transparência e gestão na auditoria financeira. “A gente precisa zelar pela acuracidade do que a gente faz para ter o retorno necessário que garanta a continuidade de nosso trabalho”, afirma Vera. “As burocracias existem e muitas vezes são até maiores”, afirma Diego Schultz, Diretor Administrativo.

Diego também comenta que as pessoas que decidem trabalhar no terceiro setor têm uma ambição maior que a financeira. “Todos recebem salários dignos, é claro, mas o foco principal faz parte de um entendimento coletivo – e todos têm o mesmo objetivo. Além disso, outro grande diferencial é que em uma ONG você vê a mudança acontecendo, bem na sua frente, e isso traz uma energia maior para o trabalho. A mudança de vida através do impacto social, ou seja, o nosso produto de venda, é visível”, diz.

Sendo assim, o produto que uma ONG tem para entregar, pode ser relacionado ao meio ambiente, segurança, alimentação ou outros. “O Instituto C entrega impacto social, não um serviço como no segundo setor, e esse produto é revertido para a sociedade. Todos saem ganhando”, finaliza Vera.

Áreas de atendimentoInstitucional

Mães sim, mas antes de tudo: mulheres

A potência feminina tem protagonismo no Instituto C. Entre mães, avós, irmãs, tias e até mesmo colaboradoras e profissionais que trabalham nos atendimentos, as mulheres ocupam grande parte do espaço. Dados de 2021 mostram que 40% das famílias atendidas são compostas apenas por mães. No PAF (Plano de Ação Familiar), 61% são chefiadas por mulheres.

“Aqui, esse protagonismo da mulher fica ainda mais evidente. Muitas vezes, quando a criança recebe um diagnóstico, são as mães que tomam à frente da situação”, conta Katia Moretti, coordenadora do projeto, que é realizado desde 2012.

No Projeto Cidadania em Rede não é diferente. “São elas que cuidam, que falam e que vêm nos atendimentos. São elas que batalham pelos direitos de seus filhos, mesmo quando têm um companheiro dentro de casa”, diz Talita Lima, líder do projeto.

Para Nayara Oliveira, psicóloga do PAF, esse cenário faz parte de uma estrutura social e política produzida com base na divisão sexista de tarefas, também de raça e classe. “Isso reverbera na possibilidade de negligência de si porque a potência dessas mulheres é ensinada tendo o amor como doação aos seus filhos e aos outros. Força elas têm, mas falta apoio para dar conta de tudo”, relata.

Mães no Instituto C: Protagonismo e Empoderamento

O Instituto vai na contramão desse histórico social e reforça o empoderamento feminino, o autocuidado e a autoconfiança dessas mães que, sobretudo, são mulheres.

“Faz parte do nosso trabalho ser uma rede de apoio para que elas consigam exercitar não só a maternidade, como também a sua potência enquanto mulher em várias outras instâncias”, explica Nayara.

 

Isso é muito por conta de um recorte predominante nos atendimentos: a família itinerante. “Atendemos muitas mulheres que vieram de outros estados para São Paulo em busca de trabalho e aqui acabam ficando sozinhas. Percebemos pela fala delas que elas se esquecem delas mesmas como pessoas por se doarem demais”, diz Talita.

Katia também lembra uma situação muito comum dentro do PAF: “As mulheres que passam por aqui costumam estar frequentemente em hospitais e lá elas são tratadas como ‘mãe’ e ‘mãezinha’, elas não têm nome. Aqui a gente faz questão de chamá-las pelos nomes”.

O Dia das Mães, então, não é uma data celebrada pelo Instituto C – assim como outras datas comemorativas, como Dia das Crianças e Dia dos Pais, por entenderem que cada família tem uma composição. Assim, mais do que lembrá-las de que são mães, a tarefa é exaltá-las como mulheres.

“As crianças e adolescentes são de responsabilidade do estado, da sociedade civil, e também da família como um todo, não só dessas mulheres que já dão conta de muito – e ainda precisam dar conta de si!”, finaliza Nayara.

 

Cidadania em RedeParcerias

Cidadania em Rede: parcerias para fazer projetos acontecerem

Entre tantas novidades, demandas e desafios, o Cidadania em Rede está empenhado para fortalecer seus contatos, parcerias e alianças em seu novo polo localizado no bairro da Freguesia do Ó, em São Paulo e, com isso, melhorar o atendimento de famílias que buscam auxílio para superar suas vulnerabilidades. “Sozinho, a gente não faz a roda girar. Não tem como”, afirma Liliane Moura, assistente social institucional. 

Em desenvolvimento desde janeiro, o projeto já realizou algumas pontes. “Nós desenvolvemos parcerias com a rede, então a equipe tem buscado parceiros, sejam eles ONGs, rede assistencial ou serviços que estão aqui no nosso entorno, com o objetivo de alinhar parcerias em relação aos atendimentos que a gente realiza. Além de serem fontes encaminhadoras de famílias, para complementar o trabalho que a gente faz aqui”, conta Talita Lima, líder do projeto Cidadania em Rede.

O bom funcionamento do Instituto C depende fortemente do apoio de uma rede que conta com alguns equipamentos, já que famílias chegam ao IC com demandas que não se solucionam ali. “Essa necessidade de parceria sempre existiu em todos os projetos do Instituto”, lembra Talita.

Diante desse contexto, a equipe busca encontrar esses órgãos para parceria de diversas formas. “Nós vamos para as ruas, mapeamos UBS, escolas e serviços do entorno. Também temos material de divulgação impresso, folder, cartaz – panfletagem mesmo, sabe? Distribuímos na porta da escola abordando os pais, na UBS, conversando com os profissionais. E, claro, fazemos isso virtualmente também”, explica a líder.

Liliane, por exemplo, aprofundou-se no papel dessas instituições parceiras. “Existe uma questão da articulação em rede, da assistência social, que agora está intensa porque estamos conhecendo o entorno e nos apropriando da realidade deste território. Porém, na verdade , ela é muito importante em todos os momentos, afinal a articulação de uma rede dos atores sociais, como UBS, CRAS e escolas, nos ajuda a ter uma visão ampliada da realidade de cada região em que atuamos”, afirma a assistente social. 

Hoje, as parcerias do Instituto C no polo Zona Norte acontecem a partir da aliança com algumas organizações, como a Estação Sustentar – Acciona (empresa em parceria com o SENAC para cursos profissionalizantes), UBS Vila Palmeiras, CRAS Casa Verde, Instituto Responsa (que fornece emprego para ex-presidiários) e ONG Nova Mulher. Isabel Pinheiro, analista de renda, mostra como uma rede fortalecida é essencial para bons resultados, exemplificando a história de uma estação de metrô que está sendo construída na região. “A construtora contratou a Estação Sustentar Acciona, uma empresa para falar sobre impactos social e ambiental e, essa empresa, oferece cursos profissionalizantes para melhorar a empregabilidade das pessoas do entorno. Fizemos uma reunião onde eles nos apresentaram os cursos para que possamos oferecer às nossas famílias, o que já impacta positivamente na renda delas. A relação também é de mão dupla, já que a empresa também nos permitiu levantar as necessidades de cursos e interesses das famílias que atendemos para que eles possam oferecê-los na região”, diz Isabel.

Sendo assim, a articulação de rede é fundamental para o fortalecimento de todos os envolvidos e para ajudar quem está na ponta, de fato, das necessidades. A rede, então, é literal: “A palavra vem da junção de unir vários pontos com o objetivo maior, que é atender os nossos assistidos, as pessoas em situação de vulnerabilidade social”, finaliza Liliane.

Áreas de atendimento

Crianças com deficiências e a importância da educação digna

Entre todos os atendimentos do Instituto C, está também o incentivo à educação das crianças com deficiência – com o objetivo de incluir esses jovens no sistema educacional, melhorando a qualidade de vida deles e de toda a sua família. Para entender um pouco mais sobre esse panorama, Katia Moretti, coordenadora do PAF – Plano de Ação Familiar, projeto realizado desde 2012, afirma que é um direito de toda e qualquer criança, com ou sem deficiência, frequentar a escola. “A presença delas no ambiente educacional contribui muito para o seu desenvolvimento, sobretudo nesses casos”, diz. 

Os desafios desse processo são vários, e um dos primeiros é a conscientização da mãe para que ela entenda a importância de sua criança ter educação escolar. “Os cenários são muito diferentes, então a gente tem que entender que, se a mãe está consciente desse direito, ela tem autonomia para fazer escolhas”, explica Lualinda Toledo, pedagoga e técnica de referência. De acordo com as leis brasileiras, toda criança deve acessar a escola obrigatoriamente a partir dos 4 anos de idade – e, a criança com deficiência tem os mesmos direitos à uma educação inclusiva na escola regular.

A pedagoga ainda relembra que, historicamente, as pessoas com deficiência, assim como diversas outras minorias, não acessam os mesmos espaços da sociedade. “A falta de conhecimento de seus direitos e a ideia de não-protagonismo daquela criança dificulta que esses pais e responsáveis compreendam essa garantia”, argumenta Lualinda.

O PAF ressalta que o trabalho de entender a importância da inserção das crianças passa por diferentes frentes e profissionais. Muitas vezes ele não é tão evidente, e requer também o trabalho de pedagogas, psicólogas, nutricionistas e médicos neste processo.

No Instituto C existem dois casos de adolescentes de 17 anos que nunca acessaram a educação, conta Lualinda. “Isso representa jovens que passaram suas vidas inteiras no sofá da sala ou do quarto. Muitas mães nessa situação afirmam que não sabiam que os filhos tinham direito de estudar, uma realidade tão triste quanto cotidiana em famílias brasileiras com crianças deficientes. Ninguém sente falta dessas crianças no ambiente escolar”, lamenta a pedagoga. 

Outro ponto no processo de conscientização familiar é a compreensão de que a escola não é apenas para aprender a ler e escrever, mas também para socializar e interagir com o mundo exterior – e conviver com outras crianças.

Enquanto isso, do outro lado da batalha pela educação de crianças com deficiência, está também a necessidade de toda uma estrutura de qualidade para que a criança frequente a escola – do transporte aos profissionais responsáveis pela medicação, por exemplo. “E aí começa a luta”, afirma Lualinda. Então, além da conscientização, o Instituto também entra na batalha para preparar a escola para que essa rotina seja fluída – afinal muitas mães não se sentem seguras em deixar o filho na escola. 

Acesso, frequência e permanência são palavras chave no momento de observar como esse cotidiano na escola está ocorrendo, segundo a pedagoga. “A gente trabalha com a família a ideia de ter a escola como um parceiro, não um enfrentamento. É uma função de entrar em contato, explicar, auxiliar e buscar soluções juntos”, acrescenta Lualinda. 

Por fim, é importante lembrar que a criança estando na escola, a qualidade de vida das mães também encontra melhorias. “Essa mãe tem mais tempo para dar conta de demandas da vida dela, como arrumar a casa e ter um momento de autocuidado”, afirma Katia. Além de outros benefícios, como até mesmo a alimentação fornecida pela escola.

“A gente precisa ter cuidado com a família, porque estamos falando de uma criança que tem direitos violados e os responsáveis também sentem essa violação. Se o ambiente educacional não for acolhedor para criança, as famílias não vão levar seus filhos até lá. Então, a gente trabalha no fortalecimento dessas pessoas para que elas tenham autonomia para lutar por seus direitos. Se a escola já é difícil para alguém que não tem deficiência, imagina para quem tem…”, reflete Katia.

Gestão de Pessoas

Juntos, mãe e filho encontraram na corrida prazer e diversão

O PAF, Plano de Ação Familiar, projeto realizado desde 2012 pelo Instituto C, trabalha de forma consistente e atenta em busca de fornecer auxílio às diversas famílias que se encontram em situações de vulnerabilidade social. Em outubro de 2020, Janaina Muniz da Silva e seu filho Erick Muniz Azevedo ingressaram no projeto – e já com boas histórias para contar.

Erick tem 12 anos e possui o diagnóstico de paralisia cerebral. Logo em seu primeiro ano de vida, ele foi encaminhado para a Associação de Assistência à Criança Deficiente, a AACD, onde iniciou seus atendimentos. Inclusive, foi lá que Janaina conheceu uma amiga que, anos mais tarde, lhe apresentou a corrida. Há dois anos, e já no Instituto C, a mãe procurou desenvolver ainda mais sua autonomia e, claro, autoestima.

“Ao chegar no Instituto C, o maior objetivo da Janaina era ampliar seus conhecimentos, sua rede de apoio e sua autonomia na luta e busca ativa por garantia de direitos para seu filho”, conta a pedagoga e técnica de referência da família, Lualinda Toledo. Em diversos momentos de sua vida, a mãe passou por situações constrangedoras na busca de uma vida melhor para Erick. “Por eu ser de uma família humilde, encontrei muitos médicos que mal me explicavam o diagnóstico do Erick – e eu achava que era normal ser tratada de forma hostil por eles. Depois que eu conheci o Instituto, eu aprendi que eu tenho valor e eu preciso me posicionar em determinados momentos. Eu não procuro a cura do meu filho, mas sim o melhor para ele se desenvolver”, explica Janaina. “Se algo é direito meu, eu tenho que ir atrás, sem ter medo do que o outro vai pensar ou achar”, completa.

Mãe dedicada, o ritmo da família é acelerado: fisioterapias, aulas, terapias, natação e outras atividades – em um esforço visceral de Janaina para fornecer o máximo para que seu filho tenha uma vida de qualidade. E é nesse mesmo ritmo que ela encontrou uma forma de se fortalecer junto dele: a corrida. “Em 2019 uma amiga me chamou para ir a uma corrida promovida pelo Instituto Olga Kos. Eu topei e o Erick gostou muito. Começamos a correr sempre que tinham esses eventos – e que alguém poderia nos emprestar um triciclo”, conta. 

Em janeiro deste ano, a prática de correr se intensificou ainda mais. Um colega que também participa desses eventos reuniu alguns amigos e, juntos, compraram um triciclo para o Erick. “O presente veio bem perto do aniversário dele e, desde então, corremos todos os dias! A gente ainda está fazendo 10 quilômetros e encontramos muitas dificuldades, como a péssima qualidade das calçadas, mas ver a alegria dele e as mudanças na minha vida é maravilhoso”. 

Nas rodas de conversa do PAF, a autoestima é uma questão muito debatida. “Para nós, é muito importante que essas mães se sintam não só mães, mas também mulheres para dar conta de todas as demandas da vida”, afirma Lualinda. A técnica ainda relata que conversar com Janaina sobre a prática da corrida é delicioso. “Eu vejo o quanto ela se sente mais saudável e disposta por estar fazendo exercício físico todos os dias. Isso sem contar na aproximação dela com o Erick, que agora tem uma atividade prazerosa em comum”, conta. 

Dessa forma, os benefícios da corrida também se estendem à mãe, que já perdeu peso com a prática que realiza todas as manhãs junto com o filho. “Eu só empurro a cadeira dele, ele que me leva e me impulsiona a vencer cada dia”, finaliza Janaina. 

Cidadania em Rede

Cidadania em Rede passa a ter sistema de dados integrado

Em tempos de era digital, sabe-se o quanto a organização de dados e informações foi beneficiada por programas e softwares que integram funcionalidades e entregam resultados de forma rápida e prática. Com o Instituto C não é diferente! Agora, o projeto Cidadania em Rede passa a contar também com um sistema que antes era utilizado apenas no PAF, o Plano de Ação Familiar.

“Começamos a desenvolver esse sistema em 2016 e, desde o princípio, havia como norte ele gerar dados e indicadores de performance para a tomada de decisões. De lá para cá, esse sistema vem recebendo atualizações e funcionalidades conforme demandas aparecem – tanto para análises dos atendimentos quanto para o administrativo do Instituto”, diz Luis Pestana, um dos responsáveis pela criação do sistema. Os anos passaram e hoje o IC está crescendo ainda mais, o que faz com que os dados sejam muito mais necessários. “Tudo no sistema funciona para gerar informações de forma rápida, facilitando a tomada de decisões. Também temos indicadores sobre famílias que facilitam a visualização da evolução nos atendimentos”, explica.

A base do sistema é a mesma utilizada no PAF, o desafio foi desenvolver a questão da triagem – essencial no Cidadania em Rede. “O Plano de Ação Familiar está todo voltado em torno da criança, por isso o sistema foi estruturado tendo o menor como eixo principal. Agora, tivemos que migrar o sistema para esse novo eixo, que está no responsável”, conta Talita Lima, líder do projeto.

“O sistema é muito importante para mantermos todos os registros dos atendimentos. Estamos falando de mais de 600 famílias que já passaram por aqui e temos registro de todos os atendimentos de cada um de seus membros. Existe uma importância institucional muito grande já que se um profissional deixa o Instituto hoje, amanhã conseguimos dar continuidade no trabalho por termos todas as informações”, reflete Diego Schultz, Diretor Administrativo do Instituto C.

Ele é vital para começarmos esse trabalho no Cidadania em Rede corretamente e conseguir, não só guardar essas informações, como também mostrar resultados com facilidade para os apoiadores”, acrescenta Diego. O diretor também cita a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, de 2018, como fator importante: “Temos muitas restrições em relação às informações que temos dos usuários e, com o sistema, conseguimos restringir as pessoas que têm acesso a elas. Dados gerenciais ou atendimentos, por exemplo, não são todos os profissionais que podem acessar”

Talita reforça que a área de captação também foi muito beneficiada por essa implementação. “Extrair informações para análises semanais e mensais de forma rápida é essencial. Antes, precisávamos fazer isso à mão, um a um, e agora conseguimos ter a visão do todo da família rapidamente. Isso facilita o trabalho do técnico e faz com que a gente possa investir esse tempo em outras atividades – beneficiando não só nós, profissionais, como também as famílias atendidas”, finaliza a líder.

Gestão de PessoasPAF

Famílias celebram a conquista da casa própria e se despedem

Um dos objetivos do PAF, o Plano de Ação Familiar, é o fortalecimento emocional das famílias atendidas. O projeto atende famílias de crianças e adolescentes que apresentam alguma doença grave ou crônica, e que vivem em situação de vulnerabilidade social. No dia 23 de março, mais um ciclo de atendimento se encerra ­– com conquistas que merecem ser celebradas.

Duas delas são as realizações de Vanessa e Adrieli que, após passarem alguns anos com o Instituto C, fortaleceram-se como mulheres e mães – e, através da busca por seus direitos, conquistaram suas próprias casas. “É muito honroso acompanhar a trajetória dessas mulheres e vê-las construindo diariamente um outro futuro para suas famílias”, diz Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto PAF-Plano de Ação Familiar e técnica de referência delas.

Vanessa Eloísa dos Santos, por exemplo, está em atendimento pelo Instituto C há três anos e oito meses. Mãe de cinco filhos, durante esse período ela conquistou o Auxílio Aluguel e o Benefício de Prestação Continuada. Inscreveu-se no CDHU, Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo e, agilizada pelos laudos do Jair, seu filho de 17 anos, obteve sua casa própria em menos de dois anos. “Eu cheguei ao Instituto por indicação do Hospital Santa Casa e, no início, acreditei que seria uma ajuda apenas para o meu filho, que tem uma questão de saúde, mas não. Eles ajudaram minha família inteira”, conta.

Com auxílio das psicólogas e técnicas de referência, Vanessa conseguiu os benefícios a que tinha direito e também se divorciou. “Minha família chegou muito debilitada e o Instituto nos recebeu de braços abertos. Achava que não conseguiria sobreviver sozinha com meus cinco filhos, mas eles me orientaram, me ouviram com paciência e hoje eu celebro essa conquista. Só tenho a agradecer”, afirma. “Eu acompanhei a Vanessa em momentos muito críticos e vê-la aspirando e conquistando tantos sonhos é maravilhoso”, relata Nayara.

E Vanessa não está sozinha. Adrielly Conceição Bulhões também se despede agora do PAF com a chave da casa própria em mãos. Mãe de três filhos, ela também chegou ao Instituto C por orientação do Hospital Santa Casa. “As psicólogas do IC me deram outra visão de mundo. Estava com minha autoestima muito baixa e em um relacionamento abusivo, e elas me ajudaram e enxergar o que eu não estava enxergando”, conta Adrieli. A conquista da moradia foi a cereja do bolo – e ainda veio como um presente: “Eu peguei a chave no dia 18 de fevereiro, e o meu aniversário foi dia 25. Estou muito feliz, sobretudo porque agora me olho no espelho e vejo uma mulher forte”, completa.

“O papel do Instituto é, sobretudo, ser um articulador em relação aos direitos das famílias e a rede assistencial como um todo”, afirma Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto C. Dentro do PAF, tanto Vanessa quanto Adrieli puderam ter o apoio e as informações necessárias para que elas pudessem alcançar a autonomia, superar dificuldades e conquistar seus direitos.

Nayara, a técnica de referência da família, também reflete sobre outros benefícios, para além da moradia, que elas alcançaram: “A Lara, filha de Adrieli de 6 anos, diz que a maior felicidade dela agora é ter uma porta no banheiro e no quarto. A gente pode achar essa conquista pequena, mas a vida que elas poderão construir nesse novo lar é muito mais fortalecida. Em quase esses três anos com a gente, ela entendeu que é importante cuidar de si, do seu lar interno, para agora cuidar também desse lar físico”.

O ciclo do PAF na qual as famílias de Vanessa e Adrieli estão se encerrou no dia 23 de março para que novas famílias possam chegar!

Cidadania em Rede

Novo polo de atendimento já está funcionando – conheça!

De casa nova na Zona Norte, o Instituto C começa março dando sequência aos sonhos e fortalecendo o projeto Cidadania em Rede em seu novo polo localizado no bairro da Freguesia do Ó, em São Paulo. O sentimento com o espaço novo não poderia ser outro: felicidade, e, claro, vontade de seguir fazendo a diferença.

“Ela é linda! A gente tinha tanta vontade de realmente ter o nosso espaço, ter maior liberdade e autonomia, que a mudança não foi algo pesado, foi tranquilo. Houve muita harmonia nesse movimento todo e entre toda a equipe”, introduz Graziele Alessandro, uma das responsáveis pela triagem dos atendimentos – que já estão acontecendo nas áreas de pedagogia e psicologia. 

Com uma mudança “que já deu certo”, como diz Talita Lima, líder do projeto, a ideia é receber novas famílias já neste mês de março – além de manter o atendimento às já contempladas. “Nós começamos efetivamente essa semana e estamos, tanto com o time que já estava conosco, e também com a equipe nova”, completa a responsável. 

A área de triagem e monitoramento é um novo departamento do Instituto C, instituído no projeto Cidadania em Rede, que ficará responsável tanto para triar e acolher as famílias, quanto fazer o trabalho de divulgar e explorar o território novo do polo Zona Norte. “Antes, éramos nós quem fazíamos tanto os atendimentos, como as triagens. Agora eu e a Grazi estaremos focadas na triagem e monitoramento para poder enviar para as áreas específicas, que farão o atendimento, de forma mais certeira”, esclarece Kátia Souza, também responsável pelo departamento. E, se a casa é nova, o tamanho dos sonhos também: a ideia agora é atender até 500 famílias. “Com essa meta, a gente imagina que, para atender 500, precisaremos fazer a triagem de pelo menos o triplo de famílias”, indica Talita. 

“A triagem faz parte do nosso sistema de atendimento e inclui as principais informações, como nome, residência, idade e o tipo de acesso que essa família precisa na rede. O processo é moldado pensando em cada um dos cinco núcleos de atendimento: Saúde Emocional e Nutricional, Educação de Qualidade, Desenvolvimento Infantil, Inclusão Produtiva e Garantia de Direitos”, afirma Talita. A base da triagem já existia, mas agora há um compilado maior de dados.

Vale lembrar que o polo de atendimento na Santa Cecília se mantém – e que o processo de entrada das famílias ao Instituto C se dá por encaminhamento de serviço ou pela busca ativa. “A gente tem um recorte, que é o atendimento de famílias que estejam em vulnerabilidade social e que tenham uma criança ou adolescente, de 0 a 17 anos, mas a ideia do espaço é que ele fique de portas abertas”, explica Graziele. “Queremos que o bairro nos conheça para que aqui se torne um local de referência e mais pessoas queiram participar do projeto”, finaliza Talita. 

Conheça o nosso espaço na Zona Norte de São Paulo:

Endereço: Rua Hanna Abduch, 316

Telefone: 11 3459-1406

Horário de atendimento: de segunda a quinta-feira, das 8h às 17h