O método de técnico de referência e os avanços para o PAF
No primeiro semestre deste ano, o PAF – Plano de Ação Familiar passou a ser gerido com uma nova metodologia que trouxe muitos benefícios – aos técnicos e, sobretudo, às famílias atendidas. “A metodologia de técnico de referência trouxe um olhar mais aprofundado para cada história atendida por nós, além de reforçar o vínculo das famílias com o Instituto C”, afirma Katia Moretti, líder do projeto.
Para entender a nova metodologia é preciso dar um passo para trás. Antigamente, não havia um controle de tempo para os atendimentos. “A família chegava até nós, participava de uma roda conversa e depois era encaminhada para uma das áreas técnicas, mas sem um horário determinado para isso. A conversa podia durar 15 minutos ou uma hora”, relembra Katia.
Em 2018, o projeto PAF recebeu uma consultoria da Porsche para organizar melhor a questão dos horários. A partir daí, foi estabelecida uma metodologia em espécie de carrossel chamada Chaku, na qual as famílias passavam por todas as áreas técnicas durante 15 minutos. “Conseguimos organizar a questão do tempo, mas o método trouxe também uma angústia por ser tão pouco”, aponta a líder.
Então, neste ano, com o retorno dos atendimentos de maneira híbrida após o período mais restrito da pandemia, e a partir de uma sugestão da Liliane Moura, uma das assistentes sociais do Instituto C, o PAF uniu uma nova metodologia: a de técnico de referência. “Nós mesclamos os dois métodos. Em um mês, a família é atendida pela rodada de conversa rápida e passando por todas as áreas e, no outro, ela tem uma hora com o técnico que é a sua referência”, explica Katia.
O técnico de referência, então, é capaz de realizar um atendimento mais aprofundado durante o tempo que tem com a família e, assim, ter um olhar de maior acolhimento. “Durante uma hora, o técnico consegue analisar as demandas da família com mais atenção e até criar um vínculo com eles”, analisa a líder.
Além dos benefícios apontados, os avanços já puderam ser percebidos também na prática. Recentemente, a pedagoga Lualinda Toledo conseguiu identificar que uma das crianças que atendemos, irmã da que estava em tratamento de saúde, tinha dificuldade escolar. “A partir desse atendimento mais acolhedor, a técnica entendeu que o problema era resultado de uma doença ocular. Depois de uma avaliação médica, foi constatado que a criança estava realmente perdendo a visão e uma cirurgia foi marcada”, conta Katia.
O desfecho da família poderia ter sido outro se não fosse o olhar sensível e aprofundado da técnica Lualinda que, com a metodologia de técnico de referência, teve tempo para entender melhor, não só a criança em tratamento de saúde, como também todos os membros da família.
Sobre o PAF:
Famílias em situação de vulnerabilidade e que tenham crianças ou adolescentes em tratamento de saúde recebem atendimento multidisciplinar no Plano de Ação Familiar. Os encontros são realizados mensalmente para que elas tenham atendimento individual focado em suas necessidades e possibilidades nas áreas de Renda, Serviço Social, Educação, Nutrição, Psicologia e Acompanhamento Familiar. Além de informações e orientações em rodas de conversa, os responsáveis também têm acesso a itens emergências, como cesta básica, fraldas, e remédios que não são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde.
Atualmente, cerca de 200 famílias são atendidas. Elas chegam até o PAF a partir de hospitais e redes socioassistenciais que fazem o encaminhamento para o projeto ou através da procura espontânea. Após uma triagem, a família é convidada para iniciar o ciclo de atendimento assim que uma vaga for disponibilizada.