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Três mulheres, um sonho: voltar a estudar para transformar

É comum nos atendimentos individuais do PAF – Plano de Ação Familiar ouvir das famílias atendidas a dificuldade de voltar a sonhar, afinal, na maioria das vezes, é preciso primeiro superar as dificuldades para conseguir encontrar forças, sendo este um dos objetivos mais importantes das orientações oferecidas pelo projeto, as quais estimulam o empoderamento destas mulheres. “Eu acredito que com a nossa intervenção, trabalhando a autoestima, valorização, o cuidado de si, a independência das crianças e o olhar para o desenvolvimento das crianças, essas mães, elas se sentem novamente na possibilidade de aspirar novos sonhos”, explica Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto.

Por isso, casos como o da Graziele, Juliana e Jeane são sempre celebrados no Instituto C. Apesar de não se conhecerem, estas três mulheres têm algo em comum, deixaram os estudos de lado para poderem se dedicar aos cuidados da casa e dos filhos. “Muitas vezes essas mulheres, pela divisão sexista de tarefas, acabam sendo limitadas à maternidade, sendo unicamente responsáveis por essas atividades. Durante os atendimentos, nós vamos trabalhando estes pontos, estimulando um olhar para os desejos dessas mulheres como uma forma de se reconectarem consigo mesmas, de se fortalecerem. E eu acredito que a Educação é uma via para essa libertação.”, comenta Nayara.

Graziele Divina, mora fora de casa desde os 11 anos, ela precisou parar os estudos para trabalhar como doméstica. De lá para cá, ela tentou retornar aos estudos algumas vezes, mas após o nascimento dos gêmeos de forma prematura e com algumas complicações, Graziele viu o seu sonho de terminar o Ensino Médio e cursar Psicologia ser interrompido. Com o início dos atendimentos no Instituto C em 2019, ela conseguiu avançar em diversas questões importantes. “Ela é uma mulher muito engajada em todas as orientações para construir a autonomia da sua família. Ela está muito focada na tentativa de firmar sua independência.”, comenta Nayara. Graziele retomou os estudos e está cursando o CIEJA – Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos para ingressar no ensino superior. “Quando eu comecei a participar das reuniões, aqui no Instituto C, a primeira coisa que eu pensava era, “o leite dos meus filhos está garantido”. Eu me recordo até hoje do primeiro dia que eu vim e na hora que eu peguei os benefícios eu saí com vontade de chorar. Nas rodas de conversa e nos atendimentos com a Psicóloga, eu fui abrindo meus olhos, dia a dia, de repente me deu uma luz, poxa, eu posso estudar. E hoje eu falo assim, eu quero estudar, eu quero me formar, por que eu quero um dia ser voluntária aqui na ONG, eu quero prestar esse atendimento aqui, e eu quero ajudar as pessoas. E é um sonho meu, eu sempre gostei muito de ouvir o outro, porque hoje em dia, as pessoas não sabem escutar, se escutam é para julgar depois, e tem pessoas que só querem desabafar, falar do que estão sentindo, o que estão pensando, mas as pessoas não têm mais paciência para isso. A ONG me ajudou muito nisso, a escutar o outro, como escutamos aqui nas rodas de conversa, a compreender o que o outro está sentindo e isso me estimulou muito. Então, de alguma forma, isso me mostrou que eu posso, eu quero e eu sou capaz.”, comemora Graziele, que está estudando de forma remota.

Para Juliana da Silva não foi diferente, com quatro filhos, ela chegou ao Instituto C em 2019. Mãe muito jovem, Juliana precisou adiar o sonho de ser enfermeira para cuidar da casa. “Ela está sempre cuidando de todo mundo, mas não cuidava de si mesma. Nas conversas individuais, ela ficou muito sensibilizada com essa questão e com a nossa roda de conversa, começou a tirar um tempo para ela, começou a caminhar. Com a renovação da auto estima, ela conseguiu encontrar o estímulo necessário para voltar a estudar. Ela começou o curso de enfermagem este ano e está muito feliz.”, celebra Nayara. Juliana entende o desafio que tem pela frente, mas também sabe a importância de mostrar aos filhos que isso é possível e que o futuro pode ser diferente para todos eles.

Já Jeane dos Santos sempre sonhou em cursar medicina. Ela saiu de casa muito cedo e depois de enfrentar muitas dificuldades, Jeane e seus cinco filhos voltaram para a casa dos pais dela. No projeto desde maio de 2019, Jeane, que também faz acompanhamento no CAPs, foi sempre muito engajada nas orientações e na educação dos filhos. “Ela pega muitos livros emprestados na biblioteca do Instituto C, tanto para ela como para os filhos, ela tem uma filha que adora poesias.”, comenta Nayara. Após um momento de crise, Jeane entendeu que precisava retomar a autonomia da sua vida para reconquistar sua independência. Durante as conversas, ela diz entender no estudo esse lugar de potência e de transformação da realidade que ela está vivendo, então, está estudando para a prova do Enem para concluir o ensino médio e ingressar na faculdade. “Histórias como essas são uma vitória para o projeto, na medida em que elas assumem o protagonismo nessa transformação de realidade.”, finaliza Nayara.

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Primeira Infância volta com atividades na Comunidade

Reformulado para atender diferentes demandas, o Primeira Infância passou a oferecer curso para berçaristas, pensando na importância da educação de qualidade para todos, além do apoio social e psicológico para as participantes. Isso porque, o projeto que antes  acontecia nos CEIs, agora tem suas atividades desenvolvidas dentro da Comunidade Minas Gás, colocando o Instituto C em contato direto com as cuidadoras e com as crianças que estão sem acesso às creches. “Fizemos um levantamento inicial e percebemos que haviam muitas mães que ficavam em casa cuidando de seus filhos e, mais do que isso, cuidavam de filhos de outras mães que precisavam sair para trabalhar. Elas se mostraram interessadas em um curso de berçaristas que também desse a elas uma possibilidade de conseguir renda”, comenta Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto.

A procura pelo projeto foi muito maior do que o esperado, durante a triagem, que aconteceu em abril, foram mais de 300 inscrições e destas selecionamos 100 candidatas para participar do projeto. Elas foram divididas em quatro turmas, sendo que duas turmas têm atividades pela manhã e outras duas de tarde. “Para selecionar quem participaria do curso, primeiro levamos em conta quem é mãe de crianças na primeira infância e quem cuida de crianças na primeira infância. Pensamos também na localidade em que moram, dando preferência para quem mora perto na Minas Gás pois infelizmente, não conseguimos atender todas que nos procuraram nesse momento.”, comentou Graziele Alessandro, líder do projeto e recém chegada ao Instituto C.

Outra novidade ficou por conta de uma parceria muito importante com a Manduí, que é responsável por capacitar as participantes do projeto como Berçaristas. “A parceria com a Manduí vem para enriquecer o projeto. Eles têm Educadores capacitados e especializados na primeira infância, trazendo uma bagagem muito rica para o desenvolvimento infantil.” explica Graziele.

Baseado em quatro pilares, como respeito, cuidado e escuta, espaço e natureza e educação para todos, alinhados aos nossos valores, a Manduí é uma casa para bebês que visa tecer uma rede de corresponsabilidades para o cuidado com as crianças. “A forma como o curso vêm acontecendo, a formação é através de rodas de conversa, então, acontece um processo de sensibilização das mães, durante os atendimentos elas trazem ao projeto como um espaço de acolhimento ”, comenta Graziele. O curso acontece duas vezes por semana e tem duas horas de duração. Além disso,  uma vez por mês, as famílias têm  acesso ao atendimento social e de psicologia, momento em que acontece o acolhimento das mães, identificação de demanda e encaminhamento para a rede socioassistencial.

Em maio aconteceram os primeiros encontros presenciais na CUFA Minas Gás, com rodas de conversas e atendimentos, e em junho teve início o curso berçarista, com uma abordagem muito participativa e que está encantando a todas as participantes. “Quando eu comecei esse curso eu achei que ele foi muito bom para mim, porque está me mudando o jeito de ver o olhar das crianças. Estou mais aconchegada com as minhas filhas, com o meu filho, estou dando mais espaço para eles brincarem, terem a hora deles. Deixar eles falarem, não somente nós, eles também falarem. Está sendo um grande aprendizado na minha vida. Eu já estou vendo mudanças no comportamento da criança, porque a criança aprende brincando e eu estou aprendendo isso aqui no curso. Então, para mim está sendo muito bom, uma experiência muito boa.”, comentou Viviane Teles Amaral, mãe participante do projeto .

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Parceria com Florescer Limpeza gera frutos

Poder oferecer oportunidades de emprego e geração de renda para as famílias atendidas pelo Instituto C sempre foi um caminho muito buscado por nós, visando a autonomia e independência financeira das famílias que atendemos. E é com esse viés que estabelecemos uma parceria com a Florescer Limpeza, que dará preferência para as pessoas atendidas no Instituto C para as suas vagas de emprego. “Parcerias como essa são muito importantes para potencializar o nosso trabalho em vários sentidos, pois além de ampliar a nossa rede de apoio para as famílias que atendemos ainda mostra o quanto as empresas podem apoiar projetos sociais relevantes associando suas marcas a causas sociais por meio do marketing de causa. É uma alegria poder contar com a Florescer”, comentou Paloma Costa, Coordenadora de Parcerias.

Responsável por prestar serviços de limpeza na cidade de São Paulo com um modelo diferente, que alia impacto social, responsabilidade ambiental e qualidade, a Florescer Limpeza presta serviços como limpeza de escritórios, consultórios e residências, desinfecção, limpeza de estofados e limpeza pós-obra. “Estabelecemos uma parceria inovadora, que permitirá alavancar o impacto social das iniciativas de ambas as organizações. Combinando as ações de assistência social do Instituto C e as oportunidades de geração de renda, trabalho e desenvolvimento na Florescer Limpeza, promoveremos mais intensamente as potencialidades das mães atendidas e de suas famílias, que é um objetivo compartilhado por todos nós.” celebrou Marcos Pulino, CEO da Florescer.

A parceria prevê a participação das famílias atendidas nos processos seletivos para compor a equipe da Florescer, sendo que nossas famílias terão preferência nas vagas de emprego que surgirem eventualmente. “A parceria com a Florescer Limpeza tem sido muito importante para o nosso trabalho. Saber que podemos contar com um parceiro que nos oferta vagas, além de entender o perfil e acolher as famílias, traz alívio e esperança.”, comemorou Katia Moretti, líder do projeto PAF. Além disso, a Florescer Limpeza também proporcionará apoio financeiro aos projetos, repassando um percentual do seu faturamento mensal.

Luana, uma das mães atendidas pelo projeto PAF, foi a primeira beneficiada com a parceria. Desempregada desde 2018, Luana vem contando com o apoio do atendimento na área de renda do PAF e buscando por um trabalho formal e, desde então, segue sempre atualizando seu currículo. “Ficamos extremamente felizes pela Luana, vibramos com essa conquista, pois sabemos o quanto ela buscou, se dedicou e acompanhamos os muitos “nãos” que ela recebeu até conquistar esse trabalho que, com certeza irá mudar a sua história e de sua família..” explicou Katia. Para Luana, a oportunidade de ter um trabalho com carteira assinada já era um sonho impossível, mas agora ela consegue ver sua autoestima sendo recuperada. “Era tudo o que eu mais queria. Eu estou muito feliz aqui na Florescer. É como se fosse uma família, eles me receberam muito bem, no momento, eu nem acreditei que isso estava acontecendo, graças a Deus eu estou empregada e registrada. Eu achei que, por tudo o que eu já passei na minha vida, eu achei que nunca ia ter uma oportunidade desta. Nunca imaginei que existia uma firma igual a essa. Aqui a gente tem aulas de português, matemática e yoga. É uma empresa que eu jamais achei que existiria, por isso, eu tinha perdido todas as expectativas, como eu ia conseguir um registro na carteira, é difícil encontrar uma oportunidade. Estar empregada, em uma situação desta, pandemia, está tão difícil de ter emprego.”.

Ao saber da Florescer Limpeza por meio das divulgações realizadas nos canais de comunicação do Instituto, Cristiane Riguzzi, que é voluntária do IC desde 2015, contratou a Florescer para a limpeza de seu apartamento após a realização de uma obra e ficou muito satisfeita com o resultado. “Fui atendida pela Isabel e pelo Marcos, agendamos o dia e o horário, eles foram fazer uma visita técnica para ver o tamanho do apartamento para verificar a necessidade de materiais e pessoas, chegaram na hora certa, levaram todos os materiais, materiais muito cheirosos, capricharam no serviço, deixaram o apartamento super limpinho, equipe muito educada, no final acabei pegando um monte de folhetos e distribuindo aqui pelo prédio, espero que eles consigam novos clientes, o serviço foi muito bem feito.”.

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Construção da nossa sede na Comunidade Minas Gás

Nos últimos meses, o Instituto C deu mais um passo para a concretização do espaço físico que abrigará as atividades na Comunidade Minas Gás, localizada na Zona Norte de São Paulo. “A interação da equipe com as famílias já está acontecendo de forma remota e tem sido muito positiva, quando a adaptação do espaço estiver concluída e for possível estar lá presencialmente, será ainda mais gratificante”, comentou Paloma Costa, Coordenadora de Parcerias do IC.

O espaço escolhido para a realização dos encontros com as famílias atendidas fica no barracão da escola de samba Unidos do Peruche, local que já abriga a sede da Cufa Minas Gás desde de julho de 2020 e foi construído com o apoio da comunidade. “A própria comunidade se uniu e ofereceu a mão de obra. Digamos que foi uma troca que a própria comunidade nos ofereceu, como eles tinham sido ajudados por estarem desempregados por um momento, eles vieram ajudar a criar a nossa sede. Então, foram 5 finais de semana trabalhando para conseguir montar a sede do jeito que ela é hoje.”, comentou Cezinha, líder da Cufa.

Apesar da reforma realizada pela Comunidade, o espaço ainda não era o suficiente para comportar a proposta de trabalho idealizada pelo Instituto C. Por isso, Paloma e o Gerente Institucional, Diego Schultz, precisaram correr contra o tempo para decidir qual seria o melhor caminho. “Pensamos em construir um espaço anexo à sede da Cufa, mas assim que fizemos um primeiro estudo e levantamento, ficou claro que não teríamos verba e tempo suficientes para isso.”, comentou Paloma.

Foi então que entrou em ação a segunda ideia que previa o aluguel de contêineres para o espaço. “Preparamos um espaço temporário na Comunidade com três contêineres, sendo dois deles escritórios e o terceiro banheiros, além de um espaço coberto com uma tenda grande com 36m2 para realização das atividades em grupo.”, explicou Diego. Além disso, o Instituto C também construiu um banheiro dentro da sede da Cufa.  “Estamos ajeitando as coisas para receber o toldo e os contêineres na próxima semana. Depois disso, teremos uma semana para organizar tudo e dar início efetivo às atividades do Primeira Infância. Isso porque, o projeto Educação em Rede já teve início de forma remota em meados de abril”, acrescentou.

Ao todo, os projetos Educação em Rede e Primeira Infância atenderão 170 famílias, impactando mais de 680 pessoas na Comunidade. Para Karina, responsável pela comunicação da Cufa Minas Gás, o Instituto C chegou para somar. “Nossa comunidade é carente de parcerias, de atividades, de qualquer coisa neste estilo, não temos quadra ou parques próximos. Essa parceria veio num momento ótimo!”.

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Instituto C expande atuação em Comunidade na Zona Norte

O Instituto C anunciou no início do mês a expansão de suas atividades com a abertura de um espaço na comunidade Minas Gás, localizado na Zona Norte de São Paulo. “A expansão das atividades do Instituto C sempre esteve presente em nosso planejamento estratégico e ela vem acontecendo a cada ano. E a ideia de ter núcleos de atendimento regional, localizados nas periferias da cidade, aproximando as atividades desenvolvidas pelo Instituto C da residência das famílias, era uma vontade antiga”, explicou Vera Oliveira, Fundadora e Gerente Geral do Instituto C.

Isso porque, em 2012, o Instituto C iniciou os atendimentos das famílias em situação de vulnerabilidade social com crianças com doenças crônicas ou graves por meio do projeto PAF – Plano de Ação Familiar, franquia social do antigo Saúde Criança, que eram encaminhadas por hospitais públicos parceiros. De lá pra cá, criou três novos projetos sendo o primeiro deles o Atelier C, em 2014, com foco na geração de renda para as famílias. No mesmo ano, o Primeiro Infância, voltado para profissionais, pais e responsáveis pelos cuidados de crianças de 0 a 6 anos a fim de prevenir riscos no desenvolvimento pleno destas. Em 2017, nasceu o Educação em Rede para o atendimento de crianças e jovens com dificuldades escolares. “Expandimos também a nossa atuação com o “portas abertas” que possibilitou que toda família que cumpra o perfil dos nossos projetos pudesse ser atendida sem que precisassem ser encaminhadas por um hospital ou escola parceira.”, acrescenta Vera.

Desta vez, o passo é ainda maior. A escolha da comunidade Minas Gás se deu por conta da falta de projetos sociais identificada pela Coordenadora de Parcerias do Instituto C, Paloma Costa, moradora da região. “Eu nasci, cresci e moro até hoje no bairro da Brasilândia, aqui e em bairros vizinhos, como o Jardim das Graças onde fica a comunidade Minas Gás, há muita pobreza e exclusão social, são inúmeras favelas, milhares de famílias vivendo em condições precárias e poucas oportunidades para as crianças e jovens. Lembro de quando eu era adolescente, da minha avó dizendo para mim e para os meus primos que a gente tinha que buscar cursos e emprego do “outro lado do rio” porque aqui desse lado não tinha nada além de tráfico de drogas e outros crimes.”, conta Paloma.

Para essa expansão, o primeiro passo foi encontrar uma ONG parceira na região que pudesse viabilizar a atuação do Instituto C. Foi assim que a Paloma conheceu o Cezinha, líder comunitário da Central Única das Favelas (CUFA) Minas Gás, que é a primeira parceria para a expansão do Instituto C em uma comunidade. “Inicialmente, nós imaginamos aplicar a metodologia do PAF, mas como a liberação dos recursos do Condeca exige um pouco mais de tempo, por ser um processo mais complexo, apresentamos a ideia de levar o Educação em Rede e o Primeira Infância, uma vez que estes dois projetos estavam atrelados ao encaminhamento de crianças por meio das escolas e creches parceiras, e que, por conta da pandemia, ficou um pouco prejudicado.”, explica Vera.

Uma vez definido o melhor caminho, a equipe do Instituto C fez uma reunião com as lideranças da Comunidade para apresentar quais as atividades seriam oferecidas para os moradores. Como forma de validar a proposta, em novembro de 2020, as famílias da Comunidade responderam um questionário que sondava o interesse em participar das atividades, em 24h, o Instituto já tinha 158 respostas favoráveis. Com estes dados em mãos, a equipe fechou o escopo e pegou o okay com os patrocinadores.

A previsão é iniciar as atividades na Comunidade em abril de 2020.

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Educação em Rede encerra mais uma turma

No dia 01 de março, aconteceu o encerramento da segunda turma de 2020 do projeto Educação em Rede na sede do Instituto C. A turma teve início em dezembro do ano passado e contou com 48 novos alunos, os quais foram atendidos de forma presencial e remota. “Esse não é um adeus definitivo, esse aqui é o momento em que encerraremos as atividades, estamos celebrando o fim, mas é importante dizer que seguiremos apoiando as famílias de outras formas. Fizemos a devolutiva com cada uma das famílias nas últimas semanas e ouvimos muito “e agora? como que eu sigo?”. Nós ainda temos o grupo de whatsapp, entraremos em contato com as famílias para fazer um monitoramento, saber como todos estão e estaremos disponíveis para qualquer orientação ou auxílio. Não será igual, não será toda a semana, mas estaremos aqui para dar todo o suporte que eles precisarem.“ explicou a líder do projeto, Talita Lima.

O segundo ciclo do projeto precisou ser um pouco mais enxuto do que o primeiro para não coincidir com o início das turmas de 2021. Isso porque, a pandemia fez com que o primeiro ciclo fosse esticado até novembro. “Com a pandemia, as coisas foram interrompidas, começamos a perder muito o contato com as famílias, o contato de telefone mesmo, de não conseguir falar. Então, o primeiro ciclo foi um tanto quanto arrastado. Por isso, tínhamos o desejo de ajudar essas crianças, principalmente levando em conta o que elas estavam passando com a pandemia, sem aulas, trancados em casa, totalmente desamparadas.”, comentou Talita. Para a Psicóloga do projeto, Mariana Benedetti, o menor tempo junto dos alunos não atrapalhou a conexão necessária para o desenvolvimento das atividades. “Mesmo mais curtinho, neste ciclo, nós conseguimos uma presença maior dos alunos (clique aqui), o que é muito importante para o trabalho desenvolvido. Eu percebi que, por mais que o tempo fosse menor, os atendimentos foram muito importantes. Os alunos aproveitaram muito mais, contribuindo muito positivamente.”, acrescentou.

O encerramento foi emocionante e contou com a presença de apenas parte das famílias para evitar aglomerações. Para iniciar, uma dinâmica com bexigas azuis chamou a atenção para a dificuldade que muitas famílias encontram no dia a dia para dar conta das diversas tarefas, as quais ficam muito mais fáceis com a ajuda de outras pessoas. Logo após, as mães e os pais, responsáveis, responderam o questionário final que avaliava o impacto do projeto em suas vidas. Enquanto isso, os filhos pintaram azulejos com mensagens que ficarão guardadas no Instituto C. “Conhecemos o Instituto C faz uns 2 anos, meu filho mais velho também participou do projeto. Foi muito bom, eu me sinto muito acolhida aqui. O atendimento com a Psicóloga é maravilhoso, a gente consegue mostrar o nosso ponto de vista, consegue expor nossas dificuldades. Meu filho gosta muito daqui, ele gosta muito da Tabata que faz atividades artísticas com ele e também didáticas. Ele leva isso pra casa e usa durante toda a semana. É muito bom. Me sinto muito bem aqui. Quando me perguntam onde o Gabriel está passando, eu sempre indico vocês.” comentou Silvana, mãe do Gabriel, durante o encontro.

Alguns alunos também fizeram uma atividade final com a estagiária de Pedagogia, Tabata Cardenuto, que avaliou o avanço dos alunos neste período. “Este ciclo foi muito desafiador, porque todas as crianças tinham muitas dificuldades. E como foi um ciclo de só 9 semanas, eu precisei focar bastante em determinadas atividades para tentar conseguir uma evolução com eles, mas em contrapartida, foi um ciclo muito bom porque as crianças estavam muito engajadas, as crianças estavam muito animadas, com vontade de aprender. Eu vejo que todo este esforço, tanto da nossa parte quanto da parte das crianças foi essencial para alcançarmos os resultados.”, explica Tabata.

Por fim, todos se reuniram novamente para leitura e recebimento do certificado pelos alunos. “Estamos muito felizes com este ciclo e só conseguimos realizá-lo com a ajuda de toda a equipe do IC que, desde o início, nos ajudaram com as triagens, encaminhamentos do PAF e todo o suporte necessário. Todos, sem exceção, nos ajudaram bastante.”, finaliza Talita.

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Direito garantido para Mellanie

Em fevereiro, a equipe do PAF – Plano de Ação Familiar, em parceria com o Dr. Raphael Scorpião, Defensor voluntário, celebrou uma conquista super importante para a pequena Mellanie (4) e sua família, o fornecimento de medicamentos de uso contínuo que não são fornecidos pelo SUS. “Recebemos a resposta que a ação foi julgada favorável e a criança terá esse direito garantido pelo Estado. Estamos muito felizes em compartilhar essa conquista de muitas que virão.”, comemorou a líder do projeto Kátia Moretti.

O caminho que desembocou no deferimento da ação judicial pelo juiz de Bragança Paulista, que determinou que o município forneça a medicação solicitada no laudo médico no último dia 15 de fevereiro, foi longo. “Participei do processo como intermediário entre a família, a Liliane e o Dr. Raphael. Foi muito legal porque a família sempre foi muito engajada e isso facilitou o processo. Mesmo assim, pudemos ver na prática o que as famílias passam quando precisam de algum benefício do Estado, realmente é algo bem burocrático, tudo muito complicado.”, comentou Breno Pereira, responsável pela parte de medicações do Instituto C.

Durante este período, a Fernanda, mãe da Mellanie, contou com todo o apoio e suporte do time multidisciplinar do PAF, em especial, a Assistente Social, Liliane Moura. “Nosso maior objetivo dentro do projeto é estimular a autonomia das famílias, então, essa conquista é um reflexo disso, é o cumprimento deste objetivo. A Fernanda entrou no Instituto C em setembro de 2019 e com acesso à informação, ela entendeu que era preciso buscar o direito dela. Caso ela não tivesse estas medicações fornecidas pelo Estado, como seria a vida desta família após o projeto?”.

Diagnosticada com microcefalia, Mellanie costuma apresentar graves crises convulsivas, quadro que só foi controlado após a prescrição de dois remédios que não estão na lista de remédios fornecidos pelo SUS. “Em Bragança Paulista, tem o postinho que a gente chama de Sáude Mental. Lá as pessoas pegam o remédio controlado para convulsão, alzheimer, um monte de doenças, mas eles não fornecem os remédios prescritos pela neurologista, eles fornecem o genérico. Não adianta dar esses remédios para Mel porque as crises convulsivas dela não são controladas pelos genéricos. Falando o dito popular, não faz nem cosquinhas.”, explicou Fernanda.

Ao entrar no projeto PAF, Fernanda passou a receber as duas medicações do Instituto C. “Eu comecei a comprar os remédios por um tempo, porque não adiantava nem dar os genéricos. Só que foi ficando muito pesado para mim, eu não trabalho, meu marido é freelancer. Desde que eu cheguei no Instituto C, graças a Deus, o Instituto tem comprado os remédios para mim. E é um alívio muito grande poder dar esses remédios para minha filha.”, comentou Fernanda.

Em novembro do ano passado, em parceria com o Dr. Raphael Scorpião, Defensor Voluntário, a equipe do PAF, juntamente com o Breno, começou a analisar as famílias atendidas que faziam uso de medicações que não estavam previstas na rede pública. A família da Mellanie tinha esta característica, então, foi orientada sobre os procedimentos necessários para que as medicações para o tratamento da Mellanie fossem garantidas pela rede pública, ou seja, pelo Estado, conforme preconiza a Constituição. Para isso, foi primordial o empenho da Fernanda em obter os laudos médicos, bem como todos os documentos necessários. “Eu agradeço muito a Deus e a vocês no Instituto C, porque nós só recebemos um salário mínimo e, se você for colocar na balança, não dá pra nada. Sabendo que foi aprovado, que o juiz decidiu aprovar em arcar com estes custos, para mim foi maravilhoso, porque esse dinheiro eu teria que desembolsar, agora eu posso fazer outros tipos de coisas para ela, comprar outras coisas que ela precisa. A medicação é o mais importante. Foi um presente! Uma criança especial requer muito cuidado, tudo que vai comprar é mais caro, desde um sapatinho até uma cadeira de rodas. E é muito importante a gente ter uma assistência do Estado. Saber que nossos direitos estão sendo cumpridos.”, finaliza Fernanda.

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Novo formato, dinamiza e amplia atendimento no PAF

Nos primeiros meses do ano, a equipe do PAF – Plano de Ação Familiar apresentou uma novidade às famílias atendidas pelo projeto, as técnicas de referência. “A técnica de referência é a pessoa responsável pelo caso daquela família, então, as principais demandas que a família apresentar, terão como referência essa técnica para cuidar. A ideia é que a técnica conheça mais profundamente a família e crie um vínculo ainda maior, resolvendo mais rapidamente as demandas.”, explica a líder do projeto Katia Moretti.

A ideia de estabelecer uma técnica de referência partiu da Assistente Social do PAF, Liliane Moura, que havia trabalhado desta forma em um hospital e percebeu que com este formato o projeto teria muitos ganhos para as famílias, bem como para a equipe. “Pensamos nesta nova metodologia de trabalho, a partir da experiência e do modelo adotado pelos CAPs, UBS, onde cada técnico é responsável por um número de pacientes, estabelecendo um vínculo mais próximo com o indivíduo, uma vez que, o técnico responsável enxergará aquele indivíduo na totalidade, fazendo os encaminhamentos adequados”.

A ideia inicial foi aprimorada após algumas reuniões entre a equipe, até ser apresentada para a Gerente Geral, Vera Oliveira. “Quando conheci a proposta da equipe do PAF, em relação aos técnicos de referência, fiquei muito feliz com o rumo que o projeto vem tomando. Acredito que com a técnica de referência vamos conseguir nos aprofundar ainda mais em cada história e oferecer um atendimento com mais agilidade para cada família atendida.”.

Na prática, as famílias continuarão a ser atendidas por todas as áreas (Renda, Nutrição, Serviço Social, Psicologia, Educação e Acompanhamento Familiar), mas isso ocorrerá apenas nos meses pares (Fevereiro, Abril, Junho, Agosto, Outubro e Dezembro) quando também haverão as Rodas de Conversa e a metodologia aplicada será o Chaku, que funciona como carrossel no qual as famílias passam por todos os atendimentos, com um tempo limitado com cada técnica.

Nos meses ímpares, o atendimento será com a técnica de referência que passará a ter 1 hora com cada família, entendendo mais profundamente as necessidades de cada uma delas e direcionando assim as demandas para as técnicas de referência no mês seguinte. “Esse arranjo se apoia na interdisciplinaridade, sendo este o grande desafio desta metodologia, unificar os saberes de profissões diversas, o que somente será possível com a interação e a troca de experiência entre todos do projeto”, acrescenta Liliane.

Entre os benefícios do novo formato estão: mais opções de horários para as famílias, menor fluxo de famílias no espaço, melhor organização para entrega de benefícios, tempo maior de engajamento nas ações propostas pela técnica para a família apresentar a devolutiva e realização de grupo de recepção mensalmente.

Sobre o PAF

O projeto PAF – Plano de Ação Familiar oferece atendimento multidisciplinar para as famílias em risco social com crianças em tratamento de saúde para que conheçam seus direitos, acessem a rede socioassistencial disponível e consigam assim ter mais qualidade de vida e autonomia. Mensalmente as famílias passam por atendimento individual focado em suas necessidades e possibilidades nas áreas de Renda, Serviço Social, Educação, Nutrição, Psicologia e Acompanhamento Familiar. Além disso, participam de rodas de conversa com temas variados e recebem itens emergenciais e remédios que o SUS não fornece.

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Educação em Rede comemora aumento no engajamento da turma

Dados preliminares apontam um aumento de 20% no engajamento da nova turma do projeto Educação em Rede, quando comparadas com a primeira turma de 2020. Para a líder do projeto, Talita Lima, este número é explicado por diversos fatores. “Neste ciclo, nós fizemos uma divulgação de vagas diferente do que fazíamos anteriormente, quando as crianças eram encaminhadas pelos parceiros da rede socioassistencial. Foram as próprias famílias que buscaram este serviço de forma ativa.”, explica.

O Educação em Rede é o projeto do Instituto C que atua com famílias de crianças e adolescentes em risco social que apresentam alguma queixa escolar, com o intuito de auxiliar no fortalecimento dos vínculos familiares, articulação da rede de apoio e participação da criança na escola. Por meio de atendimentos semanais, os alunos se reúnem em grupo para participar das atividades desenvolvidas pela área de psicologia e reforço escolar para consolidação do processo de alfabetização básica. Além disso, as famílias participam de atendimento junto ao Serviço Social para acompanhamento de seus filhos.

A busca direta é provavelmente um dos principais fatores que explicam o aumento expressivo do indicador que alcançou 76% ante os 56% registrados na última turma, mas o valor também pode ser atrelado ao formato de atendimento oferecido pelo projeto que apresentou diversas melhorias após adaptação inicial por conta da pandemia. “Neste ciclo (2), nós melhoramos o processo do atendimento remoto, até pela bagagem já adquirida. Saímos do Whatsapp para os atendimentos na plataforma Google Meet, deixando os encontros mais profissionais e organizados.”. Com esta melhoria, a técnica consegue visualizar toda a turma, o que era difícil de fazer no celular, além de conseguirem compartilhar arquivos que dão o suporte para o atendimento remoto, como exibir vídeos por exemplo.

Outro fator importante e que deve ser levado em conta é o perfil das famílias atendidas neste ciclo. “O número de famílias atendidas remotamente é maior do que presencialmente. Isso porque, identificamos que estas famílias estão com menos problemas envolvendo acesso à internet e o uso de aparelhos eletrônicos. Com os atendimentos remotos, nós conseguimos atender famílias de regiões mais distantes, expandindo a nossa atuação”.

Por fim, Talita explica que o impacto da pandemia na frequência assídua seja também porque os alunos não estão acessando as aulas e estão há quase 1 ano longe da escola. “As lacunas de aprendizagem estão gritantes e as famílias estão buscando desesperadamente por auxílio, porque mesmo aquelas que antes não tinham dificuldade de aprendizagem, hoje se encontram com lacunas em seu processo de aprendizagem pela falta da escola.”, finaliza.

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Saúde Mental marca o retorno das Rodas de Conversa do ER

Janeiro marcou o retorno das Rodas de Conversa no projeto Educação em Rede e o tema escolhido levou em consideração o calendário estabelecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que definiu o primeiro mês do ano como o melhor momento para chamar a atenção para a importância dos cuidados com a Saúde Mental. “Colocar este tipo de tema para discussão se faz ainda mais importante depois de um ano como o que passamos. Muita gente ainda acha que psicólogo é coisa pra louco. Falar de ansiedade, então, é falta do que fazer ou as pessoas acham que é frescura.”, explicou Talita Lima, líder do projeto.

Antes de dar início à discussão do tema com os responsáveis, Talita convidou os presentes para uma reflexão sobre o ano que passou e perguntou a todos se, depois de tudo isso, eles haviam parado para planejar 2021. “Independente se o ano é ruim ou bom, a gente nunca deixa de sonhar. Eu acredito que planejamento é automaticamente um sonho. O ano na verdade só virou, mas continua o mesmo, é só uma data, então, quem vai decidir isso é a gente, então, eu fiz muitos planos para este ano. Um deles é estudar, eu quero aprender alguma coisa este ano.”, comentou Flávia Araújo Gonçalves de Jesus, mãe da Ana Clara Araújo de Jesus.

Para Talita, geralmente, estes planejamentos estão ligados à conquista de bens materiais e as pessoas deixam de lado questões como os cuidados consigo mesmos. “Poucas vezes colocamos o cuidado com a saúde nestas listas e quando colocamos, está ligado à saúde física, como ir ao médico, por exemplo, que também é importante, mas esquecemos da saúde mental e emocional, que são importantes, principalmente, depois de um ano de isolamento social”.

Silvana Andrade Lopes, mãe de André Henrique Lopes Rios, concorda. “Esse ano foi um ano muito difícil, foi ruim para nós lidarmos com isso. Perdemos o emprego, ficamos com medo e insegura. As crianças estavam muito agitadas, precisei levar meu mais novo no médico, ele estava com dificuldade para dormir. Eu quase surtei.”. Por este e outros tantos motivos, Talita apresentou nove dicas para cuidar de si mesmos. Pequenas ações no nosso dia a dia que ajudam a cuidar da saúde mental, como a prática de exercícios físicos, meditação, leituras, brincadeiras com os filhos, hobbies entre outros. “Nós sabemos que as realidades das famílias são complexas e muitas vezes é difícil parar para pensar em si, mas é importante trabalharmos a prevenção, por isso, trouxemos dicas simples que não envolvem investimento financeiro.”, finalizou Talita.

A Roda de Conversa também teve uma versão online no dia 20 de janeir  às 15h para as famílias que seguem em atendimento remoto.