Rodas de Conversa | Expectativa x Realidade 2020
Em novembro, o PAF – Plano de Ação Familiar começou a tratar de um novo tema nas rodas de conversa: Expectativa x Realidade. A Psicóloga do projeto, Nayara Oliveira, conduziu o encontro com as famílias e iniciou a atividade com uma breve explicação sobre o tema escolhido. “Estamos chegando no fim do ano e como estamos fazendo rodízio entre as famílias, mês presencial, mês virtual, este é nosso último encontro. Por isso, lembramos daquela brincadeira da internet Expectativa x Realidade. Pensamos que seria interessante falar sobre as expectativas que tivemos no início do ano, sobre as realizações e sobre aquelas que não foram atendidas. Eu mesma fiz muitos planos no começo do ano e muitos não puderam ir para frente porque a realidade se mostrou diferente.”, explicou.
As participantes, na sua maioria mulheres, puderam falar um pouco sobre os anseios que tomaram conta das suas vidas com o início da pandemia em março deste ano. “Quando começou a quarentena, eu quase surtei em casa. Comecei o ano cheia de expectativas, tenho 3 crianças e sou apenas uma mãe, de repente estávamos todos trancados em casa, elas com toda aquela energia dentro de casa. Teve dias de não saber se era segunda, terça, perdi a noção. Minha sensação é a de que não fizemos nada. Você só vê passando os dias.”, comentou Ivete Santos de Almeida, que participava pela primeira vez da roda.
Para Nayara, é comum que esta relação com o tempo seja alterada em um momento como este. “Nos sentimos um pouco perdidas, uma sensação de mesmice, somado a isso, tememos a morte e, ver isso muito próximo, em uma realidade mundial, também tem efeitos, nós sentimos medo do que pode acontecer. Por isso, o ponto central aqui é se existe a possibilidade de deixar para trás esses medos, na esperança de alguma proteção, de que o ano que vem seja diferente, ou seja, uma vontade de ultrapassar este tempo”, comentou.
Edna Maria de Aquino, mãe da Ana Clara, que participa do PAF desde janeiro de 2020 concorda que o desejo é para que este ano acabe logo. “Estou tentando superar a cada dia, manter a paciência em casa. É o que tá tendo. A gente fica em pânico porque nossos filhos são do grupo de risco. A minha maior expectativa para o ano que vem é a vacina, somente quando tiver vacina, a gente conseguirá respirar novamente.”.
Na segunda parte da roda, as famílias sortearam um papel com o nome de outra pessoa presente na ocasião. A ideia era fazer um amigo secreto simbólico em que cada um escrevesse o que desejava ao outro para o próximo ano. O destaque ficou por conta da carta escrita pela Liliane para a Cristina, confira abaixo:
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“Bom dia Cristina, nesta carta começa aqui uma nova amizade. Quando você começou a falar vi em você uma mulher guerreira mas também uma pessoa bem alegre.
Cristina, o que dizer desse ano né. Vivemos com medo sem expectativa mas graças a Deus estamos bem. Nossa família bem também. Agora vamos falando.
Ano que vem que possamos nos encontrar com notícias boas para compartilharmos.
Te desejo tudo de bom que não falte em sua vida e mesmo em sua casa a paz e alegria o amor saúde e pão de cada dia e que seus planos e projetos desse ano não deram certo que ano que vem se realize todos e os que você almeja de melhor venha se realizar.”
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Para Nayara, as rodas de conversa proporcionam um momento de troca importante, no qual as famílias deixam de se sentir solitárias, fortalecendo umas às outras. “Ás vezes, precisamos inventar outra estratégia, um outro jeito, porque a realidade se mostra diferente. E essa realidade se apresenta de forma muito dura, produzindo traumas, medos, perdas… muitas perdas e a dificuldade de não poder viver o ritual destas perdas. (…) E eu ouço isso de maneira simbólica, as vezes, pelo simples fato de não estar convivendo próximo dos seus, sentimos nossa batalha solitária, mas ouvir das famílias que, ainda que tudo isso esteja acontecendo, elas estão mantendo a esperança e um desejo de esperança que ajuda a encontrar forças. Acredito que isso nos fortalece de alguma forma.” finaliza.