Gestão de Pessoas

Juntos, mãe e filho encontraram na corrida prazer e diversão

O PAF, Plano de Ação Familiar, projeto realizado desde 2012 pelo Instituto C, trabalha de forma consistente e atenta em busca de fornecer auxílio às diversas famílias que se encontram em situações de vulnerabilidade social. Em outubro de 2020, Janaina Muniz da Silva e seu filho Erick Muniz Azevedo ingressaram no projeto – e já com boas histórias para contar.

Erick tem 12 anos e possui o diagnóstico de paralisia cerebral. Logo em seu primeiro ano de vida, ele foi encaminhado para a Associação de Assistência à Criança Deficiente, a AACD, onde iniciou seus atendimentos. Inclusive, foi lá que Janaina conheceu uma amiga que, anos mais tarde, lhe apresentou a corrida. Há dois anos, e já no Instituto C, a mãe procurou desenvolver ainda mais sua autonomia e, claro, autoestima.

“Ao chegar no Instituto C, o maior objetivo da Janaina era ampliar seus conhecimentos, sua rede de apoio e sua autonomia na luta e busca ativa por garantia de direitos para seu filho”, conta a pedagoga e técnica de referência da família, Lualinda Toledo. Em diversos momentos de sua vida, a mãe passou por situações constrangedoras na busca de uma vida melhor para Erick. “Por eu ser de uma família humilde, encontrei muitos médicos que mal me explicavam o diagnóstico do Erick – e eu achava que era normal ser tratada de forma hostil por eles. Depois que eu conheci o Instituto, eu aprendi que eu tenho valor e eu preciso me posicionar em determinados momentos. Eu não procuro a cura do meu filho, mas sim o melhor para ele se desenvolver”, explica Janaina. “Se algo é direito meu, eu tenho que ir atrás, sem ter medo do que o outro vai pensar ou achar”, completa.

Mãe dedicada, o ritmo da família é acelerado: fisioterapias, aulas, terapias, natação e outras atividades – em um esforço visceral de Janaina para fornecer o máximo para que seu filho tenha uma vida de qualidade. E é nesse mesmo ritmo que ela encontrou uma forma de se fortalecer junto dele: a corrida. “Em 2019 uma amiga me chamou para ir a uma corrida promovida pelo Instituto Olga Kos. Eu topei e o Erick gostou muito. Começamos a correr sempre que tinham esses eventos – e que alguém poderia nos emprestar um triciclo”, conta. 

Em janeiro deste ano, a prática de correr se intensificou ainda mais. Um colega que também participa desses eventos reuniu alguns amigos e, juntos, compraram um triciclo para o Erick. “O presente veio bem perto do aniversário dele e, desde então, corremos todos os dias! A gente ainda está fazendo 10 quilômetros e encontramos muitas dificuldades, como a péssima qualidade das calçadas, mas ver a alegria dele e as mudanças na minha vida é maravilhoso”. 

Nas rodas de conversa do PAF, a autoestima é uma questão muito debatida. “Para nós, é muito importante que essas mães se sintam não só mães, mas também mulheres para dar conta de todas as demandas da vida”, afirma Lualinda. A técnica ainda relata que conversar com Janaina sobre a prática da corrida é delicioso. “Eu vejo o quanto ela se sente mais saudável e disposta por estar fazendo exercício físico todos os dias. Isso sem contar na aproximação dela com o Erick, que agora tem uma atividade prazerosa em comum”, conta. 

Dessa forma, os benefícios da corrida também se estendem à mãe, que já perdeu peso com a prática que realiza todas as manhãs junto com o filho. “Eu só empurro a cadeira dele, ele que me leva e me impulsiona a vencer cada dia”, finaliza Janaina. 

Cidadania em Rede

Cidadania em Rede passa a ter sistema de dados integrado

Em tempos de era digital, sabe-se o quanto a organização de dados e informações foi beneficiada por programas e softwares que integram funcionalidades e entregam resultados de forma rápida e prática. Com o Instituto C não é diferente! Agora, o projeto Cidadania em Rede passa a contar também com um sistema que antes era utilizado apenas no PAF, o Plano de Ação Familiar.

“Começamos a desenvolver esse sistema em 2016 e, desde o princípio, havia como norte ele gerar dados e indicadores de performance para a tomada de decisões. De lá para cá, esse sistema vem recebendo atualizações e funcionalidades conforme demandas aparecem – tanto para análises dos atendimentos quanto para o administrativo do Instituto”, diz Luis Pestana, um dos responsáveis pela criação do sistema. Os anos passaram e hoje o IC está crescendo ainda mais, o que faz com que os dados sejam muito mais necessários. “Tudo no sistema funciona para gerar informações de forma rápida, facilitando a tomada de decisões. Também temos indicadores sobre famílias que facilitam a visualização da evolução nos atendimentos”, explica.

A base do sistema é a mesma utilizada no PAF, o desafio foi desenvolver a questão da triagem – essencial no Cidadania em Rede. “O Plano de Ação Familiar está todo voltado em torno da criança, por isso o sistema foi estruturado tendo o menor como eixo principal. Agora, tivemos que migrar o sistema para esse novo eixo, que está no responsável”, conta Talita Lima, líder do projeto.

“O sistema é muito importante para mantermos todos os registros dos atendimentos. Estamos falando de mais de 600 famílias que já passaram por aqui e temos registro de todos os atendimentos de cada um de seus membros. Existe uma importância institucional muito grande já que se um profissional deixa o Instituto hoje, amanhã conseguimos dar continuidade no trabalho por termos todas as informações”, reflete Diego Schultz, Diretor Administrativo do Instituto C.

Ele é vital para começarmos esse trabalho no Cidadania em Rede corretamente e conseguir, não só guardar essas informações, como também mostrar resultados com facilidade para os apoiadores”, acrescenta Diego. O diretor também cita a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, de 2018, como fator importante: “Temos muitas restrições em relação às informações que temos dos usuários e, com o sistema, conseguimos restringir as pessoas que têm acesso a elas. Dados gerenciais ou atendimentos, por exemplo, não são todos os profissionais que podem acessar”

Talita reforça que a área de captação também foi muito beneficiada por essa implementação. “Extrair informações para análises semanais e mensais de forma rápida é essencial. Antes, precisávamos fazer isso à mão, um a um, e agora conseguimos ter a visão do todo da família rapidamente. Isso facilita o trabalho do técnico e faz com que a gente possa investir esse tempo em outras atividades – beneficiando não só nós, profissionais, como também as famílias atendidas”, finaliza a líder.

Gestão de PessoasPAF

Famílias celebram a conquista da casa própria e se despedem

Um dos objetivos do PAF, o Plano de Ação Familiar, é o fortalecimento emocional das famílias atendidas. O projeto atende famílias de crianças e adolescentes que apresentam alguma doença grave ou crônica, e que vivem em situação de vulnerabilidade social. No dia 23 de março, mais um ciclo de atendimento se encerra ­– com conquistas que merecem ser celebradas.

Duas delas são as realizações de Vanessa e Adrieli que, após passarem alguns anos com o Instituto C, fortaleceram-se como mulheres e mães – e, através da busca por seus direitos, conquistaram suas próprias casas. “É muito honroso acompanhar a trajetória dessas mulheres e vê-las construindo diariamente um outro futuro para suas famílias”, diz Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto PAF-Plano de Ação Familiar e técnica de referência delas.

Vanessa Eloísa dos Santos, por exemplo, está em atendimento pelo Instituto C há três anos e oito meses. Mãe de cinco filhos, durante esse período ela conquistou o Auxílio Aluguel e o Benefício de Prestação Continuada. Inscreveu-se no CDHU, Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo e, agilizada pelos laudos do Jair, seu filho de 17 anos, obteve sua casa própria em menos de dois anos. “Eu cheguei ao Instituto por indicação do Hospital Santa Casa e, no início, acreditei que seria uma ajuda apenas para o meu filho, que tem uma questão de saúde, mas não. Eles ajudaram minha família inteira”, conta.

Com auxílio das psicólogas e técnicas de referência, Vanessa conseguiu os benefícios a que tinha direito e também se divorciou. “Minha família chegou muito debilitada e o Instituto nos recebeu de braços abertos. Achava que não conseguiria sobreviver sozinha com meus cinco filhos, mas eles me orientaram, me ouviram com paciência e hoje eu celebro essa conquista. Só tenho a agradecer”, afirma. “Eu acompanhei a Vanessa em momentos muito críticos e vê-la aspirando e conquistando tantos sonhos é maravilhoso”, relata Nayara.

E Vanessa não está sozinha. Adrielly Conceição Bulhões também se despede agora do PAF com a chave da casa própria em mãos. Mãe de três filhos, ela também chegou ao Instituto C por orientação do Hospital Santa Casa. “As psicólogas do IC me deram outra visão de mundo. Estava com minha autoestima muito baixa e em um relacionamento abusivo, e elas me ajudaram e enxergar o que eu não estava enxergando”, conta Adrieli. A conquista da moradia foi a cereja do bolo – e ainda veio como um presente: “Eu peguei a chave no dia 18 de fevereiro, e o meu aniversário foi dia 25. Estou muito feliz, sobretudo porque agora me olho no espelho e vejo uma mulher forte”, completa.

“O papel do Instituto é, sobretudo, ser um articulador em relação aos direitos das famílias e a rede assistencial como um todo”, afirma Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto C. Dentro do PAF, tanto Vanessa quanto Adrieli puderam ter o apoio e as informações necessárias para que elas pudessem alcançar a autonomia, superar dificuldades e conquistar seus direitos.

Nayara, a técnica de referência da família, também reflete sobre outros benefícios, para além da moradia, que elas alcançaram: “A Lara, filha de Adrieli de 6 anos, diz que a maior felicidade dela agora é ter uma porta no banheiro e no quarto. A gente pode achar essa conquista pequena, mas a vida que elas poderão construir nesse novo lar é muito mais fortalecida. Em quase esses três anos com a gente, ela entendeu que é importante cuidar de si, do seu lar interno, para agora cuidar também desse lar físico”.

O ciclo do PAF na qual as famílias de Vanessa e Adrieli estão se encerrou no dia 23 de março para que novas famílias possam chegar!

Cidadania em Rede

Novo polo de atendimento já está funcionando – conheça!

De casa nova na Zona Norte, o Instituto C começa março dando sequência aos sonhos e fortalecendo o projeto Cidadania em Rede em seu novo polo localizado no bairro da Freguesia do Ó, em São Paulo. O sentimento com o espaço novo não poderia ser outro: felicidade, e, claro, vontade de seguir fazendo a diferença.

“Ela é linda! A gente tinha tanta vontade de realmente ter o nosso espaço, ter maior liberdade e autonomia, que a mudança não foi algo pesado, foi tranquilo. Houve muita harmonia nesse movimento todo e entre toda a equipe”, introduz Graziele Alessandro, uma das responsáveis pela triagem dos atendimentos – que já estão acontecendo nas áreas de pedagogia e psicologia. 

Com uma mudança “que já deu certo”, como diz Talita Lima, líder do projeto, a ideia é receber novas famílias já neste mês de março – além de manter o atendimento às já contempladas. “Nós começamos efetivamente essa semana e estamos, tanto com o time que já estava conosco, e também com a equipe nova”, completa a responsável. 

A área de triagem e monitoramento é um novo departamento do Instituto C, instituído no projeto Cidadania em Rede, que ficará responsável tanto para triar e acolher as famílias, quanto fazer o trabalho de divulgar e explorar o território novo do polo Zona Norte. “Antes, éramos nós quem fazíamos tanto os atendimentos, como as triagens. Agora eu e a Grazi estaremos focadas na triagem e monitoramento para poder enviar para as áreas específicas, que farão o atendimento, de forma mais certeira”, esclarece Kátia Souza, também responsável pelo departamento. E, se a casa é nova, o tamanho dos sonhos também: a ideia agora é atender até 500 famílias. “Com essa meta, a gente imagina que, para atender 500, precisaremos fazer a triagem de pelo menos o triplo de famílias”, indica Talita. 

“A triagem faz parte do nosso sistema de atendimento e inclui as principais informações, como nome, residência, idade e o tipo de acesso que essa família precisa na rede. O processo é moldado pensando em cada um dos cinco núcleos de atendimento: Saúde Emocional e Nutricional, Educação de Qualidade, Desenvolvimento Infantil, Inclusão Produtiva e Garantia de Direitos”, afirma Talita. A base da triagem já existia, mas agora há um compilado maior de dados.

Vale lembrar que o polo de atendimento na Santa Cecília se mantém – e que o processo de entrada das famílias ao Instituto C se dá por encaminhamento de serviço ou pela busca ativa. “A gente tem um recorte, que é o atendimento de famílias que estejam em vulnerabilidade social e que tenham uma criança ou adolescente, de 0 a 17 anos, mas a ideia do espaço é que ele fique de portas abertas”, explica Graziele. “Queremos que o bairro nos conheça para que aqui se torne um local de referência e mais pessoas queiram participar do projeto”, finaliza Talita. 

Conheça o nosso espaço na Zona Norte de São Paulo:

Endereço: Rua Hanna Abduch, 316

Telefone: 11 3459-1406

Horário de atendimento: de segunda a quinta-feira, das 8h às 17h

Voluntariado

A importância do voluntariado e as NFPs

NFP é a sigla para Nota Fiscal Paulista e o termo corresponde ao nome de um dos principais programas de incentivo à cidadania fiscal, criado pelo governo do estado de São Paulo em 2007. Caso não esteja associando a prática ao termo, o projeto é o responsável pela clássica pergunta feita aos consumidores: “Deseja CPF na nota?”. Isso porque quando um cidadão responde positivamente, o estabelecimento em questão é obrigado a declarar a venda e pagar o imposto referente. 

Na época de abertura, para que o programa entrasse na rotina dos brasileiros, o valor gerado em créditos e “devolvido” era considerado alto e atraente. Hoje, porém, o governo modificou alguns padrões com a finalidade de beneficiar as ONGs, diminuindo a quantia recebida por CPF. Inclusive, há 5 anos, a doação de cupons fiscais para instituições filantrópicas passou a existir também de forma automática, gerando mais vantagens às organizações. Para se ter uma ideia, 20% da receita anual do Instituto C corresponde à doação por NFPs e, justamente por isso, há uma grande importância em recrutar voluntários para o processo de recolhimento e cadastramento dessas notas. 

“Nós temos comércios parceiros espalhados pela cidade. Basicamente, eles disponibilizam urnas em seus estabelecimentos para que as pessoas possam depositar suas notas fiscais após as compras. O cidadão opta por não preencher o documento e, ao invés de jogar fora, ele coloca na urna. Semanalmente, nós fazemos a coleta e alguns voluntários ajudam nessa etapa. Mas, o trabalho principal é na sede, onde as notas são separadas, organizadas e cadastradas”, explica Breno Yves, analista de captação de recursos do Instituto C. 

A atividade é relativamente simples, mas de uma enorme importância devido ao valor que ela gera aos projetos da instituição. Exatamente por isso, o Instituto C está sempre em busca de novos voluntários para a função, como conta Paloma Costa, responsável pela área de Captação de Recursos: “A renda gerada pela Nota Fiscal Paulista é muito importante porque por meio dela a gente consegue pagar contas que não conseguimos colocar no orçamento dos projetos – como as despesas administrativas e aluguel, por exemplo. Em geral, as empresas parceiras financiam as despesas que geram um impacto direto, ou seja, pagamento da equipe técnica que atende as famílias, benefícios que são doados para as famílias e outras ações diretamente ligadas aos projetos, então, o valor que recebemos pela Nota Fiscal Paulista, faz muita diferença para as despesas descobertas da organização”, pontua. 

Além de ter horários ajustáveis, o trabalho voluntário para organizar e lançar as notas fiscais doadas pode ser feito remotamente ou na sede do Instituto C. Na segunda opção há a vantagem de interação com as atividades dos projetos e a troca com os demais voluntários e famílias beneficiadas, o que com toda certeza engrandece o voluntariado – este que por si só já proporciona uma realização para todas as partes envolvidas, como relata o voluntário José Augusto. “Cheguei ao Instituto C por meio de amigos e, logo no primeiro momento, gostei muito. A proposta vai além do atendimento especializado, ela capacita as famílias a terem autonomia, o que considero um diferencial. Além disso, a possibilidade de trabalhar de forma remota durante o isolamento social permitiu com que, apesar da rotina, eu consiga estar presente no cadastramento de cupom e reverter isso em caixa para que essas famílias possam ser amparadas e capacitadas. A experiência é muito gratificante, principalmente quando você chega no Instituto e vê o sorriso no rosto de quem é beneficiado com essas ações”, conta. 

 

Como se inscrever para o voluntariado?

 

“Quanto maior a equipe de voluntários melhor será para a instituição. No momento, nós não expandimos o número de comércios parceiros porque não temos capacidade de cadastramento das notas dentro do prazo de validade”, ressalta Breno. Daí, a importância de mais voluntários. 

 

O processo de inscrição acontece da mesma forma das outras áreas de voluntariado do Instituto C. Os interessados precisam demonstrar disponibilidade por meio do e-mail voluntario@institutoc.org.br. Após o envio, ele será chamado para uma reunião de voluntários – um primeiro contato com a Flávia, responsável pelos voluntários da organização que faz uma apresentação institucional e explica todas as possíveis áreas em que o voluntário pode atuar. Em seguida, acontece uma visita presencial na sede, onde cada interessado verá na prática um pouco de cada atividade e, assim, decidirá pela que mais se identifica. Também é alinhado o dia e a frequência que cada um irá cumprir o voluntariado. Com tudo isso acertado, ele já é convidado a começar o seu trabalho na área de preferência.

PAF

Os resultados do PAF – Plano de Ação Familiar 2021

O primeiro projeto realizado pelo Instituto C é o PAF – Plano de Ação Familiar, que acontece há 11 anos, com sua metodologia inspirada pelo Instituto Dara. Desde então, muitas famílias em vulnerabilidade social foram beneficiadas pela escuta atenta e atendimentos qualificados. Só no ano passado, 258 famílias passaram pelo projeto – foram 1.015 pessoas atendidas. “Nosso olhar cuidadoso, somado à nova metodologia do técnico de referência, possibilitou alcançarmos resultados muito bons mesmo em meio a pandemia”, comemora Katia Moretti, coordenadora do projeto. 

Em 2021, o PAF alcançou o marco de 200 famílias sendo atendidas por mês, e a perspectiva é crescer para poder atender cada vez mais. “Estamos trabalhando com lista de espera com média de 78 famílias aguardando para fazer triagem e participar do projeto”, conta Katia.

Entre os resultados do projeto de 2021, alguns dos destaques são: dos adultos que não trabalhavam, 85% estão trabalhando hoje; 99% das famílias estão com acesso a serviços municipais de saúde, 89% dos responsáveis com participação ativa na escola e 33% passaram a ter hábitos alimentares mais saudáveis. “Em um ano de pandemia, conseguir um trabalho é algo muito importante e expressivo. Outro ponto interessante é que 9% das famílias relataram que conseguiram poupar parte da renda, ou seja, fazer um cofrinho para emergências”, diz a líder.

Mais um parâmetro bacana é em relação à autoestima: 100% das famílias relataram que tiveram uma melhora em sua confiança. Myrian Costa, de 34 anos, é exemplo desse avanço na autoestima. Após uma gravidez tranquila, sua bebê teve complicações na hora do parto, desenvolvendo sequelas como paralisia cerebral, microcefalia e epilepsia. “A partir dali, a minha vida passou a girar somente em torno da Lizie”, conta. A família de Myrian chegou ao Instituto C com dificuldades financeiras, mas obteve um retorno ainda mais valioso. “Eu fui com a expectativa da cesta básica e saí com outra visão do mundo e de mim mesma. Percebi que eu, que era tão vaidosa e cuidadosa, me abandonei desde o nascimento da minha bebê. Os atendimentos fizeram com que eu entendesse que eu podia ser mãe da Lizie e ser eu ao mesmo tempo. Fiz uma mudança radical em meu cabelo, estou sendo atendida por nutricionistas e me propus a mudar. A experiência com o PAF foi renovadora. Hoje me sinto livre, linda e liberta”, relata Myrian.

Das famílias que não recebiam benefícios sociais, 82% passaram a receber. Natália Oliveira, mãe da Kessy de 2 anos, não sabia que poderia ter acesso à eles. “Antes de participar do projeto, eu não tinha noção de alguns direitos que a minha filha tinha. O PAF me proporcionou uma condição de vida melhor para a minha família, tanto no financeiro quanto no psicológico”, conta.

A pandemia do coronavírus escancarou ainda mais as discrepâncias sociais. “Muitas famílias perderam o acesso a setores importantes, principalmente na área da saúde. O trabalho do Instituto C auxiliou também nesse sentido, a recuperar o acesso”, relata Kátia. A líder também ressalta a importância da nova metodologia utilizada, o técnico de referência. “Ela ajudou a gente a ter um olhar mais aprofundado para a família de forma individual. Pudemos entender e trabalhar as demandas que ela necessitava, gerando ótimos resultados”, completa.

Entre os relatos das famílias participantes, a gratidão é unanimidade. “Sou muito grata a cada pessoa envolvida. Tenho certeza de que todas as pessoas que ainda participarão do projeto, sairão também mais felizes dele”, finaliza Natália.

Cidadania em Rede

Cidadania em Rede saindo do papel

Depois de alguns meses estudando e planejando os próximos cinco anos do Instituto C, 2022 começou já colocando alguns objetivos em prática. Como definido em dezembro, os três projetos – Educação em Rede, Primeira Infância e Plano de Ação Familiar – se unem em um único, o Cidadania em Rede. “Escrevemos e fizemos o formato deste novo projeto. Também já conseguimos patrocínios e agora estamos realizando a triagem para contratar novos profissionais”, comemora Talita Lima, coordenadora do Cidadania em Rede.

O projeto, que acontecerá de janeiro a dezembro, possui partes sendo executadas, como o que seria o antigo Educação em Rede, que já migrou para o novo formato. Para auxiliar nas metodologias já utilizadas e novas demandas serão necessárias contratações: “São 12 vagas abertas e agora estamos na etapa de seleção dos currículos e entrevistas. Nosso prazo para o início efetivo de todo o projeto será em março”, conta.

Em relação aos patrocínios, o Cidadania em Rede contará com dois apoiadores, sendo um deles público, o CONDECA – Conselho de Direitos que atua na defesa de Direitos de Crianças e Adolescentes, e o Instituto Credit Suisse Hedging-Griffo, que já custeava o Educação em Rede e agora abraçou esse projeto maior. “Será um ano com bastante trabalho e demanda, por isso ainda há espaço para novos apoiadores. O Cidadania em Rede é um projeto bastante robusto”, lembra Vera Oliveira, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto C.

O projeto Cidadania em Rede será dividido em cinco núcleos de atendimento: Saúde Emocional e Nutricional, Educação de Qualidade, Desenvolvimento Infantil, Inclusão Produtiva e Garantia de Direitos. “O Educação de Qualidade já está acontecendo, e os outros quatro começam a partir de março”, explica Talita. “Antigamente, nos três projetos a família passava obrigatoriamente por todas as áreas. Agora não mais! A ideia é que ela inicie por uma triagem que vai direcioná-la para a área específica. Depois, o profissional vai analisar o caso e definir o prazo e os núcleos necessários para as demandas individuais dela. A família, então, vai ter muito mais autonomia até para nos dizer quais atendimentos ela quer receber”, acrescenta.

A estimativa é que o Cidadania em Rede atenda 500 famílias por mês até o final do ano. 

“Faremos em conjunto com cada família atendida o acompanhamento de cada demanda e a avaliação da necessidade dela continuar ou não sendo atendida em cada área. Ela poderá encerrar o atendimento quando não tiver a demanda em um núcleo e continuar sendo atendida no outro. Acreditamos que assim os ciclos de atendimento serão mais rápidos e poderemos beneficiar mais famílias simultaneamente”,  reflete Talita. 

As expectativas para os benefícios de todos são muito boas. “As famílias serão ainda mais beneficiadas com o que queremos oferecer aqui na comunidade e saber que iremos contribuir para isso, para a autonomia e o desenvolvimento delas, não tem preço. Sem dúvidas teremos um grande impacto na vida dessas famílias e estou muito feliz de fazer parte dessa mudança”, finaliza Katia Souza, assistente social do projeto Cidadania em Rede.

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Instituto C celebra formatura do curso de berçaristas

Na última semana, nos dias 26 e 27 de janeiro, o Instituto C realizou a formatura do curso de berçarista – projeto que visa a formação de mulheres cuidadoras para a primeira infância. Foram no total 77 certificados entregues pela conclusão de nove meses de atividades teóricas e práticas em um evento repleto de felicidade e realização. “Foi tão lindo e de uma emoção tamanha que ainda me faltam palavras. Tivemos muitos discursos potentes no sentido do quanto o curso foi significativo na vida dessas mulheres”, afirma a Graziele Alessandro, líder do projeto Primeira Infância. 

O projeto foi desenvolvido em parceria com a ONG dha Q Brada, que nos cedeu seu espaço e auxiliou em toda a articulação com a comunidade e com o Manduí Educação, escola de educação especializada na primeira infância, e reuniu quatro turmas, duas vezes por semana, na comunidade Minas Gás, que fica na Zona Norte de São Paulo. “Tínhamos mulheres que se inscreveram com o desejo de entender melhor os filhos, aprender os aspectos básicos dos cuidados e aplicar em casa. E também as que traziam a questão da recolocação profissional dentro da área educacional com crianças ou até mesmo no setor informal – muito comum nas comunidades”, conta Graziele.

Além das aulas técnicas, as alunas passaram a interagir com as crianças da região em experiências enriquecedoras de troca e cuidado. “Esse ano que estivemos juntas foi a melhor das pontes que já pude colaborar para a construção. Uma intersecção entre a zona central e periférica da cidade, entre o conhecimento profundo sobre a vida que as participantes têm e o nosso sobre a primeira infância. Vê-las formadas alimenta a minha esperança e me ajuda a continuar acreditando que,  sim, ainda temos um caminho para fazer um mundo melhor – e esse caminho é feito de educação e pontes”, celebra Thais Abrahão, educadora do curso berçarista, supervisora pedagógica e sócia do Manduí. 

Uma das mulheres que concluíram o curso foi Angela Miranda da Fonseca, que se diz grata à oportunidade e aos profissionais envolvidos. “Estou com o meu certificado em mãos e pronta para conseguir um trabalho na área, portanto eu só tenho a agradecer por todo o aprendizado”, diz Angela. 

Na formatura, cada participante recebeu um diploma, canudo, um avental para a prática de berçarista, uma rosa e um porta-retrato com a foto do grupo. Veja os cliques do momento aqui!

A líder, Grazi, revela que o curso e as turmas participantes já deixaram saudades: “Eu também sou psicóloga, então acompanhei essas mulheres de perto. É nítido o desenvolvimento delas, de como elas chegaram silenciadas ou fragilizadas, e o quanto elas se reconhecem hoje enquanto mulheres atuantes e com um diploma”.

Vejam as fotos dessa comemoração linda no link – https://drive.google.com/drive/folders/1KrBxfK1XXD9aVslQiWQN_sVeCQV2glJN?usp=sharing

Gestão de PessoasSem categoria

Um olhar atento e a esperança renovada

Em meio a tantos trabalhos e projetos, uma das principais missões do Instituto C é manter atendimentos profundos, que estimulem a autonomia das famílias, por meio de uma escuta cuidadosa. Algumas histórias revelam que esse não é apenas um objetivo, mas algo sendo concretizado no trabalho diário. O caso do Vinícius, por exemplo, é prova disso. O garoto, de 17 anos, possui três diagnósticos diferentes – deficiência intelectual, dermatite atópica e cranioestenose. 

Vinícius recebia atendimento médico pelo Hospital das Clínicas e sua família chegou ao Instituto por indicações. “Quando eu conversei com a Elo, em um primeiro momento, ela me trouxe uma questão familiar: ela tem uma família muito unida e estruturada, um marido participativo, mas sentia falta dele ser mais participativo com os cuidados  com o Vinícius e tarefas diárias da casa, que deixavam a Elo sobrecarregada – um cenário muito comum entre as mães”, conta Lualinda Toledo, pedagoga e técnica de referência da família.

Depois, em um segundo atendimento, a pedagoga recebeu também o marido de Eloisa para uma conversa, que entendeu o desgaste da esposa, mudando a relação dos dois como casal e pais. 

No caminhar dos atendimento, ao receber informações e conhecer pessoalmente o Vinícius, a técnica percebeu que algo precisava ser feito por ele também. “A dermatite dele é uma doença que causa diversas fissuras na pele e impacta de maneira severa a rotina e condição de sua família, principalmente sua mãe”, conta Lualinda. “Olhando para o garoto, eu entendi que a angústia era maior do que ela estava me passando. Ela precisava, primeiramente, dar conta desse sofrimento como mulher, para dar conta do sofrimento enquanto mãe”. Por meio dessa escuta atenta, a família e Dr. Gustavo Villen Chami, médico voluntário do Instituto, tiveram seus caminhos cruzados.

“A escuta que fiz com a Elo foi bem dolorida. Eu percebi o quanto essa mãe já sofreu procurando diferentes hospitais e tratamentos para lidar com as questões do Vinícius – tudo em meio a uma situação financeira instável. Ela sempre foi uma mulher que atuou para garantir os direitos do filho e isso me virou a chave para contar sobre o caso para o Dr. Gustavo”, conta Lualinda. 

O médico quis entender toda a situação de saúde do Vinícius. “Daí, contou que estava participando de um projeto de estudo com cannabis e propôs a tentativa para Eloisa”, relatou a pedagoga. A mãe, cheia de esperança, topou e logo no início de janeiro o medicamento já estava em suas mãos.

Gustavo Villen Chami, médico de família e comunidade e pós-graduado em cuidados integrativos, chegou ao Instituto há oito meses como voluntário. A organização lhe apresentou o caso de Vinícius mais recentemente e a jornada se iniciou: “Como existia a necessidade de uma possível nova medicação, e também a importância de esclarecer algumas dúvidas sobre os remédios que vinham sendo usados, fui conhecer a família do Vinícius”, conta o médico.

Com o quadro de dermatite atópica, as medicações em uso crônico podem apresentar alguns problemas ao paciente. As recomendações de tratamento mais utilizadas envolvem medicações que também possuem alguns riscos associados. A maconha, por outro lado, de uns anos para cá, vem sendo utilizada como alternativa para diversas condições de saúde. “O canabidiol apresenta um papel importante durante a regulação do sistema imunológico e anti-inflamatório. Inclusive, a planta é utilizada pela humanidade há pelo menos 5 mil anos com diversos propósitos,”, esclarece o médico.

No caso do Vinícius, a irritação causada pela dermatite não estava controlada e hoje o canabidiol introduzido como medicação não apresenta os mesmos riscos. “Entrei em contato com a equipe que o acompanhava no HC para pensarmos em uma união. A ideia é oferecer algo que tem uma boa perspectiva e uma baixa toxicidade”, afirma Dr. Gustavo – que também conseguiu a doação dos medicamentos através da Associação Flor da Vida

“A Elo, mãe de Vinícius, esteve no Instituto recentemente e é outra mulher. Uma alegria de ver! Chegou contando para todos nós que o Vinícius dormiu uma noite inteira depois de fazer uso do medicamento, que está se coçando menos e está respirando melhor”, comemora a pedagoga. “Estamos utilizando ainda uma dose muito baixa, onde nem esperávamos um resultado, apenas monitorar possíveis reações. Agora precisamos entender se a melhora do sono está relacionada a uma redução da ansiedade, um alívio da dermatite no período noturno ou algum outro fator”, conta Dr. Gustavo Villen Chami sobre esse início já positivo.

Agora o sentimento do Instituto e da família é de esperança para que o tratamento faça ainda mais efeito – e que Vinícius ganhe qualidade de vida. “Estou muito feliz por ter conhecido todo o pessoal do IC. O Vinícius nunca foi um peso para mim, pelo contrário, sempre foi a alegria da minha casa. Estou muito feliz por essa ajuda, mesmo!”, celebra a mãe.

Áreas de atendimentoVoluntariado

Rede de voluntários de Psicologia: somar para acolher

O cuidado com a saúde mental se tornou uma das maiores lacunas em tempos de pandemia. O que já era urgente, ganhou proporções ainda maiores por conta do coronavírus – deixando brasileiros ainda mais inseguros, ansiosos e preocupados. Compreendendo essa carência, o Instituto C colocou em prática um desejo antigo e iniciou uma rede de voluntários de psicologia para prestar assistência às famílias atendidas em seus projetos. “A criação da rede começou por conta do momento da pandemia, onde identificamos várias questões de saúde mental. Nós sempre encaminhamos para o Sistema Único de Saúde, mas este apresenta uma superlotação. Então surgiu a ideia de criar esse banco de voluntários”, conta Graziele Alessandro, psicóloga e líder do projeto Primeira Infância. 

As inscrições acontecem a partir de um formulário divulgado nas redes da Instituição e os atendimentos, em geral, estão acontecendo no formato virtual – havendo a possibilidade de presencial para as famílias que desejarem. Além disso, o Instituto também realiza uma supervisão com os profissionais a cada dois ou três meses para entender como estão os casos. 

Com essa rede de apoio à saúde mental sendo colocada em prática há alguns meses, o novo desafio é encontrar ainda mais profissionais da psicologia para assim somarem ao grupo de voluntários. Afinal, a lista é extensa e a necessidade urgente – atualmente são 9 voluntários e 16 famílias sendo atendidas, além de uma lista de urgência com mais de 20. “Falar de saúde mental, ainda mais com demandas complexas como as que nossas famílias apresentam, é um trabalho a longo prazo. Nossa lista, além de extensa, gira devagar. Na hora de encaminhar, nós escolhemos a urgência da urgência, mas desses que já estão sendo realizados, eu percebo a imensa importância da iniciativa”, afirma Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto PAF-Plano de Ação Familiar. 

Otavio Hideki Chinen é dos um dos psicólogos voluntários da rede e confirma as vantagens que a ação proporciona para ambos os lados: “O que me levou a me inscrever no Instituto C é que acredito que se deve ter um olhar mais voltado para a população que não tem condições de pagar uma análise ou uma terapia. Acho que a experiência é enriquecedora, tanto para nós profissionais, quanto para quem é atendido. Tem sido simplesmente maravilhoso, agregador e enriquecedor”.

A pandemia escancarou uma demanda antiga: a importância dos voluntários de psicologia. Agora o trabalho precisa continuar sendo executado e, para isso, novos profissionais são buscados todos os dias. “Como a gente trabalha com a população em vulnerabilidade, percebemos um adoecimento mental que não é falado. A rede de voluntários é um recurso criado para poder dar esse atendimento às famílias”, acrescenta Graziele. “É um projeto muito potente, que ainda está no comecinho. Precisamos de novos voluntários para seguir colhendo bons resultados”, finaliza Nayara. 

E como se inscrever? 

A inscrição para os voluntários de psicologia é feita através de um formulário online (clique aqui). Basta ser um psicólogo ou psicóloga e ter disponibilidade de uma hora semanal, ou mais. Depois do envio das informações e cadastro, o Instituto C entra em contato para agendamento de uma entrevista.