Categoria: PAF

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PAF ganha ainda mais força com novidades

Em outubro o PAF – Plano de Ação Familiar ganhou ainda mais força com algumas novidades que ampliarão a atuação da equipe técnica do projeto junto às famílias. A entrada de novos membros na equipe, novas parcerias e uma nova liderança para o projeto são algumas das conquistas que o PAF celebrou nas últimas semanas.

  

A primeira novidade diz respeito às parcerias com outras instituições da rede socioassistencial, como o Centro de Referência e Atendimento ao Imigrante (CRAI) e a Delegacia da Mulher do Bela Vista. “A parceria é um estreitamento de laços, tanto da gente conhecer mais do trabalho deles, como eles conhecerem mais do nosso trabalho. Fizemos algumas reuniões e aprendemos ainda mais sobre os serviços destes novos parceiros”, comentou Katia Moretti, responsável pelo projeto. Para ela, esta proximidade facilitará ainda mais o direcionamento das famílias, já que agora o projeto tem um contato direto dentro de cada um destes parceiros. “Atendemos algumas famílias que são imigrantes e agora poderemos fazer encaminhamentos direcionados, discussão de caso com a rede e um acompanhamento mais específico das demandas, dessa forma também orientamos melhor as famílias e ampliamos a sua rede de apoio.”

Algumas contratações e movimentações na equipe também ajudam a fortalecer o projeto, entre elas, a contratação de uma nutricionista, Ana Hummel, e uma nova Assistente Social, Karen Magri, completando assim o atendimento multidisciplinar característico do PAF. O projeto também está com uma nova liderança, Katia Moretti, responsável pela área de Educação Financeira há dois anos e que agora passará a liderar a equipe do PAF. “Estamos muito felizes e confiantes com essa decisão de ter a Katia como líder do projeto. Desde janeiro estávamos com esta posição em aberto e analisando com calma quem poderia encarar este desafio. Não poderíamos ter feito escolha melhor.”, comentou Vera Oliveira, Gerente Geral do Instituto C.

E não acaba por aí, durante o Grupo de Encerramento na última semana, a equipe técnica do PAF anunciou que ficará à disposição das famílias, que estão deixando o projeto, por telefone e whatsapp. Novidade que só foi possível por conta da pandemia que levou o projeto a fazer atendimentos virtuais. “Eu só tenho a agradecer mesmo por tudo, ainda mais agora que vocês deixaram a comunicação em aberto, qualquer coisa que precisar a gente pode mandar mensagem, eu acredito que eu vou mandar.” comentou Mislene, atendida pelo PAF desde 2018. 

“A importância de tudo isso é que conseguiremos qualificar ainda mais o nosso atendimento com as famílias.”, finalizou Katia.  

PAF

Emoções que se misturam no Grupo de Encerramento do PAF

“Já sinto saudade” foi a frase mais repetida pelas famílias durante o grupo de encerramento que aconteceu na última sexta-feira, 16 de outubro, na sede do Instituto C. “Este é um momento muito especial, muito importante e emocionante para todos nós. Eu estou aqui há um ano acompanhando essas famílias, então, para mim é uma alegria, ao mesmo tempo que o coração fica triste com este encerramento de ciclo.”, anunciou Nayara Oliveira, Psicóloga do projeto, na abertura do encontro.

Este foi o primeiro grupo de famílias a encerrarem a participação no projeto PAF – Plano de Ação Familiar desde que a pandemia teve início, então, a equipe técnica precisou usar a criatividade para garantir que o encontro tivesse a troca de afetos, tão comum neste momento. “Nós sabemos, pelos outros grupos de encerramento, que é um momento que nós temos muita vontade de trocar carinho em forma de abraço e infelizmente, agora, não podemos. O abraço, nós acreditamos, simboliza muitas coisas. Há pesquisas que mostram que podemos até nos curar por meio do abraço. Mais do que isso, é o encontro de dois corações, é um momento que dá contorno ao nosso corpo, quando a angústia extravasa o nosso corpo, mas poder encontrar uma outra pessoa que contorna, conforta e acolhe é muito importante. Sentimos muito por não poder dar esse abraço hoje, por isso, fizemos corações de papel e estimulamos as famílias a entregarem este afeto.”, explicou Nayara.      

Após a abertura, a equipe técnica do PAF fez a leitura das trajetórias de cada família, as quais se levantaram uma a uma para pegar o certificado de participação e uma carta com fotos e um texto parabenizando a jornada. O trabalho de toda a equipe técnica do PAF salta aos olhos neste momento de agradecimento. “Neste tempo, eu consegui me redescobrir como mãe, porque, assim, eu estava com aquelas crianças todas, sozinha, perdida, eu acabei me deixando de lado para cuidar deles. Eu consegui tirar um tempinho para me cuidar mais como mulher, porque eu já não me sentia mulher mais, consegui tempo, porque eu não tinha esse tempo.”, explicou Mislene Campos, mãe de cinco filhos, sendo quatro deles com necessidades especiais, e que contou com o auxílio da Psicóloga para isso desde janeiro de 2018. Conforto e cuidado também encontrados por Fernanda Moreira, mãe da Alice que entrou no projeto em junho de 2018. “Já tinha uns três anos que eu tomava remédio e medicamento para poder ter um ânimo, para poder me manter acordada para fazer as coisas, porque eu estava muito desanimada, passando por uma dificuldade psicológica. Hoje eu não tomo mais medicamento, estou há bastante tempo sem tomar e graças a toda conversa e orientação, hoje, eu consigo ser uma pessoa mais segura”.

Para Mislene, outra área importante nestes quase dois anos e meio de atendimentos foi o Serviço Social. “Eu sabia de alguns benefícios, mas não sabia de todos, mesmo os que eu sabia, eu não sabia como ir atrás e o Instituto C me auxiliou. Eu consegui os bilhetes, dar entrada no BPC de duas das crianças.”, comentou. Enquanto, Danuza Silva, mãe do Gabriel, que entrou no projeto em março de 2018, narrava os últimos encontros. “Consegui o passe livre, com a Assistente Social, para viajar com meu filho para visitar meus pais. Eles moram lá em Campo Grande, eu consegui viajar duas vezes, em janeiro e em julho. Eu estou conseguindo tentar o BPC”.

A área de Nutrição também teve papel fundamental na jornada de todas estas mulheres no Instituto C. “O Mateus tem Síndrome de Down e apresenta uma diarréia crônica. Aqui, com o apoio, com as ajudas que eu tive, eu consegui entender que eu não tinha que mudar a alimentação dele, eu tinha que mudar a alimentação da minha família, da minha casa e isso seria mais fácil para ele também. Aqui eu consegui entender que era desta forma que poderia acontecer. E através disso, eu consegui ver uma melhora muito grande no desenvolvimento do Matheus”, disse Mislene. Fernanda também percebeu a atenção e seriedade do trabalho. “Nós não tínhamos nem a dieta da Alice, não tinha nem o encaminhamento de dieta, nem nada, o pessoal da nutrição, a Jordana, me ajudou muito, tanto aos cuidados da Alice quanto aos cuidados da Jessica também, que com tudo isso ficou até esquecida, vamos dizer assim”.

 Felicidade e tristeza, emoções que se misturam entre todos os presente, mas elas reconhecem que é preciso seguir em frente e abrir possibilidades para que outras famílias ingressem no projeto e passem pela mesma transformação que elas passaram. “Hoje é o encerramento, vou sentir falta, vou sentir saudades. Fui muito bem recebida aqui”, disse Joana dos Santos Lima, que entrou no projeto em janeiro de 2019. Para Danuza, as mudanças representaram um crescimento importante. “A Danuza que entrou é uma Danuza que tinha um pouco de medo, mas que não tinha vergonha de se expor e correr atrás das coisas, tinha medo de não conseguir. Hoje eu sou uma Danuza diferente, eu sou uma Danuza que tem menos medo que eu tinha antes, eu estou muito feliz, cresci muito e aprendi muito com vocês, graças a Deus.”.

“Agradecemos a trajetória, a confiança das famílias no nosso trabalho, em partilhar histórias, medos, dificuldades, ao mesmo tempo, poder pedir e oferecer ajuda. Porque eu acredito que é uma troca, estamos aqui não só para oferecer cuidado, mas também somos cuidadas pelas famílias, aprendemos muito com todas  as famílias que passam pelo projeto.”, finalizou Nayara.

Ao todo 11 famílias encerraram sua participação no PAF, mas apenas 8 participaram do encontro presencial, são elas: Danuza Silva, Fernanda Moreira, Joana dos Santos, Mislene Campos, Fabiana de Jesus, Toil Vertu, Rosangela Maria de Oliveira, Maristela Gonçalves de Oliveira

PAFRodas de Conversa

Rodas de Conversa – Cuidado e Autocuidado

As Rodas de Conversa voltaram a acontecer no Instituto C depois de 5 meses e o primeiro assunto não podia ser diferente, Cuidado e Autocuidado. A Roda de Conversa é um dos momentos mais aguardados pelas famílias e pelos projetos, isso porque, a troca de experiências em conjunto acaba potencializando muito os avanços individuais. “Muitas transformações acontecem em conjunto, neste sentido, a Roda de Conversa é este espaço de troca e aprendizado horizontal. Mesmo com as singularidades, durante a Roda, nos sentimos parte de um todo e juntas conseguimos nos reconhecer e avançar nestes processos.”, comentou Nayara Oliveira, psicóloga do PAF.

A primeira Roda aconteceu virtualmente e as demais em pequenos grupos, formados por até 5 famílias, de forma a respeitar o distanciamento necessário na sede do Instituto C. “Percebemos que a roda virtual tem seus desafios, mas foi uma ótima experiência para as participantes, assim como no presencial, de compartilhamento das histórias comuns a todas as mães e responsáveis pelas famílias.”, explicou Nayara.

Gustavo Louver, que trabalha na área de Comunicação do Instituto C acompanhou uma dessas rodas em setembro e teve a oportunidade de conhecer um pouco mais das histórias da Tainá, Carlos, Jusivaldo e Manoucheca. “Fico muito feliz em estar de volta”, comentou Tainá minutos antes da atividade ser iniciada. 

Para começar, Katia Moretti, Analista do PAF, propôs aos participantes que falassem um pouco sobre Cuidado em dois momentos diferentes. “Gostaria que vocês falassem sobre quem cuidou de vocês na infância e de quem vocês cuidam hoje em dia.”. Para isto, ela colocou um pouco de hidratante nas mãos de cada um dos participantes, os quais deveriam massagear as próprias mãos enquanto falavam. “A ideia do hidratante é estimular uma percepção sobre o corpo e buscar, por meio da automassagem, um lugar de memória sobre o que é o cuidado”, explicou Kátia.

“Minha mãe nunca deixou faltar nada pra gente, apesar das dificuldades. Trocava mangaba por arroz em palha, pisava no pilão e fazia pra gente comer. Tenho o maior orgulho! Ela cuidava da gente no foice e na enxada, nunca faltou nada graças a Deus!”, comentou Carlos sobre os tempos de criança, quando ainda morava em Montezuma (nordeste de Minas Gerais). “Hoje, eu cuido dos meus filhos do mesmo jeito, mesma educação. Eu e minha companheira cuidamos um do outro.”, acrescentou na sequência.

Por fim, os participantes olharam por alguns segundos uma caixa fechada com um objeto dentro estimulados por Katia. Ao final, cada um pode falar um pouco sobre o que estava sentindo naquele momento e com aquela atividade. “Não sei se tem sentido com a atividade, mas lembrei da minha infância. No quintal da minha  mãe tinha um pé de tamboril. Juntava toda a molecada para brincar no pé da árvore, alí comíamos araça, roíamos o pequi e jogávamos a castanha fora. Queria criar meus filhos assim, mas hoje em dia aqui em São Paulo, é tão difícil deixar as crianças saírem na rua.”, comentou Carlos ao ver seu rosto refletido em um pequeno espelho dentro da caixa, objeto que disparou as reflexões e diálogos que ampliaram a questão do autocuidado, convidando o participante a olhar para si, suas marcas e trajetórias, sentimentos acolhidos carinhosamente pelo grupo.

PAF

Gestão do Conhecimento garante avanços importantes ao PAF

São vários os avanços e melhorias na metodologia do PAF – Plano de Ação Familiar desde o início da sua aplicação pelo Instituto C em 2011. Isso porque, a tecnologia social desenvolvida pela Associação Saúde Criança encontrou em São Paulo terreno fértil para diversas adaptações. “Conforme os anos foram passando e a equipe foi se renovando, incorporamos novas ideias no projeto. Além disso, ao longo dos anos, a realidade de cada uma  das famílias atendidas transformou o nosso olhar sobre alguns processos.”, comenta Vera Oliveira, Gerente Geral e Fundadora do Instituto C.

Para Vera, a rotina agitada da equipe por conta dos atendimentos diários, rodas de conversa e estudos de casos, fazia com que muitos destes avanços não fossem necessariamente aplicado todos. “Entendemos que era melhor parar e escrever tudo aquilo que nós tínhamos de ferramentas para que as pessoas pudessem consultar, tirar dúvidas, deixando de ser um conhecimento que passa de pessoa para pessoa.”. 

Para garantir a eficiência na circulação destas informações e do aprendizado nestes 9 anos, a equipe responsável pelo projeto arregaçou as mangas durante o isolamento social para colocar no papel (literalmente) um sonho antigo, criar um documento com os processos estruturados de forma a dar ainda mais agilidade ao trabalho. “Desde o ano passado, estamos pensando nisso, então, quando começou a quarentena, percebemos que este era um ótimo momento. Uma das tarefas durante o home office era elencar quais os treinamentos que cada uma das técnicas conseguiriam produzir e aplicar para o restante da equipe.”, acrescentou. 

O sonho virou realidade e o material que foi finalizado no mês de agosto, já serviu de base para a criação de treinamentos para as novas contratações do projeto. “O treinamento foi pensado para a chegada das novas colaboradoras, agora no segundo semestre. Quais são os critérios para uma família entrar no PAF? Como é que acontece a triagem? Como as famílias chegam até a gente? Como é que funciona a metodologia do PAF? Como funciona o Chaku (formato de atendimentos simultâneos que funcionam como um carrosel), porque acontece desse jeito? Como a gente faz a roda de conversa? Como são os estudos de caso, como são feitos, elaborados? Foram algumas das perguntas respondidas e formalizadas neste documento.”, finaliza Vera. 

Foto: Equipe do PAF durante treinamento virtual junto da Gerente Geral, Vera Oliveira.