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Entendendo as rodas de conversa do Instituto C

As rodas de conversa, uma das atividades essenciais proporcionadas pelo Instituto C às famílias, são muito mais que simples encontros. Elas se configuram como verdadeiros elos de integração, promovendo um ambiente propício para conexões autênticas, escuta atenta e enriquecedor compartilhamento de conhecimentos e experiências.

Através desses diálogos significativos, as famílias aprendem sobre questões pertinentes e fortalecem os laços comunitários – proporcionando um espaço de acolhimento, aprendizado e apoio mútuo.

Aqui, você vai entender melhor como funcionam as rodas de conversa no Polo Centro e no Polo Zona Norte, a metodologia do Instituto C e a importância desse momento para cada família que por ali passa. 

Rodas de conversa: por que e como acontecem? 

A sede do Instituto C fica no Polo Centro, onde é executado o Plano de Ação Familiar – o primeiro projeto realizado pelo IC e com o qual iniciamos a testagem e modelagem da nossa metodologia de atendimento. 

No Polo Centro as rodas de conversa são bimestrais e fazem parte do plano de atendimento às famílias. Elas ocorrem em um esquema de alternância: um mês é dedicado ao atendimento individual com os técnicos de referência e no mês seguinte ocorre a roda de conversa, seguida pelos atendimentos multidisciplinares. “Temos um calendário prévio com os temas que vamos discutir ao longo do ano: no total são 6. Dividimos as famílias em grupos para garantir a inclusão de todas e, durante aproximadamente uma hora, elas participam das discussões”, explica Katia Moretti, coordenadora do Polo Centro.

Já o Polo Zona Norte foi inaugurado em março de 2022 e é onde executamos o projeto Cidadania em Rede – junção de toda expertise do Instituto C adquirida ao longo de uma década de atuação em um grande projeto que oferece atendimento a famílias em situação de vulnerabilidade com crianças e adolescentes, residentes em comunidades do entorno do Polo Zona Norte. Ali, as rodas de conversa são realizadas semanalmente, abordando um tema diferente a cada semana.

Ao contrário do Polo Centro, onde as rodas se repetem, no Polo Zona Norte há uma variedade contínua de assuntos discutidos. Além dos atendimentos individuais que as famílias recebem, há esse momento de conversa todas as segundas-feiras à tarde. Os temas são escolhidos com base nas observações feitas pelos técnicos nos atendimentos individuais, nas demandas recorrentes e em datas importantes, como o Setembro Amarelo, por exemplo.

“Cada semana é um técnico diferente que assume a responsabilidade pela roda. São sempre dois técnicos envolvidos: um define o tema e conduz a discussão, enquanto o outro auxilia na organização logística e outras tarefas necessárias. O técnico designado para o tema pode conduzi-lo pessoalmente ou convidar especialistas para enriquecer a discussão”, explica Talita Lima, coordenadora do Polo Zona Norte. 

O impacto das rodas de conversa no atendimento

As rodas de conversa são cuidadosamente preparadas pelas técnicas do Instituto C, que identificam demandas coletivas e realizam pesquisas para enriquecer as discussões. O objetivo é promover um ambiente de trocas e aprendizado mútuo, evitando transformar as rodas em meras palestras. São empregadas dinâmicas e atividades que estimulam a participação ativa das famílias, incentivando a partilha de experiências e conhecimentos.

O impacto das rodas de conversa nos atendimentos é significativo, como evidenciado pelas avaliações das famílias. “A média de satisfação é extremamente alta, com uma nota média de 9,95, e todas as famílias concordam plenamente que as rodas ajudam a lidar com temas desconhecidos”, garante Kátia. “Nas rodas tive informações atuais e conhecimento que eu nunca havia acessado”, avaliou Fernanda Lima Zerbatto de Lucena, uma das mulheres atendidas pelo Instituto C no Polo Centro.

No Polo Zona Norte, embora todas as famílias sejam convidadas a participar, é importante observar que o dia da roda ocorre fora do horário habitual de atendimento, sendo dedicado principalmente à evolução de casos e visitas domiciliares. “A gente percebe que a frequência varia e geralmente é menor em comparação com o número total de famílias atendidas. No entanto, temas que ressoam com dores específicas das famílias, como autismo e desenvolvimento infantil, costumam atrair uma maior aderência”, diz Talita. 

Lá, os temas são divulgados antecipadamente, permitindo que as famílias escolham participar daquelas que mais lhes interessam. “Isso resulta em uma participação mais engajada, mesmo que o número de participantes seja menor, pois aqueles que comparecem têm um interesse direto no assunto discutido”, acrescenta Talita. 

Dentro das avaliações no Polo Zona Norte, 87% das famílias avaliaram como excelentes as rodas de conversas que participaram em 2023. “Foi muito positivo rever algumas atitudes que temos em relação aos meus filhos, identificando o que preciso melhorar, o quanto já melhorei e como a criação democrática e ao mesmo tempo firme é importante”, registrou Laize O. C. Santana, uma das mulheres atendidas pelo Instituto C. Já Nathalia Stephanie Felix de Morais, também atendida no Polo Zona Norte, reforçou a questão da identificação: “Esse encontro para mim foi importante para poder me expressar e ouvir pessoas que passam ou passaram por problemas parecidos”.

Retrospectiva dos temas das conversas

No Polo Centro, em 2023, os temas foram capacitismo, violência contra a mulher, importância do brincar, horta caseira, identidade e representatividade, e planos e metas. Dessas, Kátia destaca os temas sobre capacitismo e a importância do brincar, proporcionando trocas valiosas e desmistificando conceitos pré-existentes. “A identificação com as histórias, problemas e conquistas das outras famílias é um aspecto potente das rodas, promovendo um senso de comunidade e apoio mútuo entre os participantes”, reforça a coordenadora.

“Aprendi muito com essa roda de conversa. Eu já tinha ouvido de outros profissionais sobre a importância de brincar, mas hoje, com vocês eu pude compreender mesmo. A forma que vocês explicaram, abriu a minha visão. A partir de agora vou ter outro olhar quando levar meu filho para os tratamentos”, avaliou Katiane de Fátima da Silva, sobre a roda de conversa “A importância do brincar”, no Polo Centro.

Na Zona Norte, Talita destaca alguns eventos passados, como a roda sobre autismo com a presença de uma neuropedagoga, demonstraram um alto nível de interesse e participação ativa das famílias, que trouxeram feedbacks positivos após o evento. Da mesma forma, discussões sobre saúde da mulher e sexualidade feminina despertaram um misto de curiosidade e tabu, evidenciando a importância dessas conversas.

“Após cada roda de conversa, uma avaliação é realizada, permitindo que as famílias forneçam feedbacks e sugestões. No geral, as avaliações são positivas, pois as famílias reconhecem que não estão sozinhas e que há uma identificação mútua entre elas”, acrescenta Talita. 

Dessa forma, percebemos que as rodas de conversa do Instituto C representam muito mais do que simples encontros semanais ou bimestrais; são espaços de conexão, aprendizado e apoio. Tanto no Polo Centro quanto no Polo Zona Norte, esses momentos proporcionam às famílias não apenas uma oportunidade de discutir temas relevantes, mas também um lugar onde se sentem ouvidas, compreendidas e parte de uma comunidade solidária. O engajamento ativo das famílias, mesmo diante de temas desafiadores ou delicados, ressalta a importância e o impacto positivo dessas iniciativas na promoção do bem-estar e desenvolvimento integral de todos os envolvidos.