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Desenvolvimento infantil na palma da mão: confira a cartilha do Instituto C para a primeira infância

A primeira infância é uma fase de desenvolvimento muito importante da vida. Para as crianças de 0 a 6 anos, é nesse momento que passam a descobrir o mundo e aprimorar as habilidades, já para os cuidadores é um desafio diário pensar em todas as áreas que precisam de atenção. A partir disso, desenvolvemos uma cartilha com mais de 30 dicas que abordam desde a importância do brincar até a promoção de uma alimentação saudável.

No Instituto C, a criança não está somente no nosso nome, ela é também a nossa prioridade, é na infância que devemos olhar com mais cuidado para romper desigualdades, quebrar ciclos de pobreza, combater violências e desenvolvermos uma sociedade mais justa e saudável, como explica o conteúdo da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e nosso artigo do blog.

Katia Moretti, coordenadora de polos do instituto, acredita que essa cartilha reflete muito do nosso trabalho: “o Instituto C tem em sua essência essa questão de trazer informações para as famílias que estão em vulnerabilidade social e muitas vezes não têm acesso às informações corretas. Essa cartilha conversa muito com o nosso trabalho no sentido de proteção à criança”.

Não tem como falar de crianças sem falar sobre os direitos delas, e esse é o nosso foco no dia a dia e na cartilha. Entendemos que todas as áreas da vida dos pequenos estão ligadas aos direitos garantidos a eles, como o acesso à educação de qualidade, saúde, direito de brincar, entre tantos outros que estão previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e atravessam as vidas de cada indivíduo.

O combate às desigualdades para uma infância saudável 

Assim como o nosso trabalho multidisciplinar, a cartilha também se desdobra em muitas áreas, e todas elas se relacionam entre si. O atendimento nas diferentes áreas reflete também nesse material, que tem como principal objetivo a orientação. “O Instituto C trabalha de forma multi nas suas áreas de atuação e a cartilha traz esse aspecto”, reforça Kátia. 

Toda a sociedade é responsável pelas crianças, por isso esse trabalho coletivo precisa se expandir e a informação deve alcançar a todos. Nesse contexto, temos o desafio diário de diminuir as desigualdades por meio do acesso a direitos nas áreas da saúde e educação, que são necessárias para que as crianças possam compartilhar das mesmas experiências e oportunidades.

A desigualdade socioeconômica é o que – de acordo com a nossa experiência – mais dificulta os acessos das crianças na primeira infância. “Na primeira infância é quando as desigualdades mais afetam o desenvolvimento, e também quando as intervenções podem ser mais significativas, mais transformadoras para a vida daquela criança”, explica a gerente de projetos do instituto.

Outro ponto destacado por Kátia é a falta de rede de apoio para as famílias em situação de vulnerabilidade social. Ela considera que a gente precisa olhar a família como uma base para atuar no desenvolvimento da primeira infância, pensando na justiça social que deve começar desde o berço.

Para todos os públicos 

Pensamos em um documento que pudesse auxiliar tanto profissionais que atuam com crianças quanto os pais ou cuidadores que ainda não tem tanto contato com essa temática. Para as famílias, a cartilha é uma ferramenta informativa que vai reforçar também a necessidade de olhar com mais carinho para a primeira infância, já que nem todas as pessoas têm a ideia da importância dessa fase da vida. 

“Por ser um material que traz informações de diversas áreas, com linguagem acessível e um formato de dicas do que você pode fazer com as crianças, traz para as pessoas que acessarem esse entendimento de que precisamos olhar com mais cuidado, com mais carinho para a primeira infância”, ressalta Kátia.

No âmbito dos profissionais, a cartilha pode ser usada como uma referência para capacitações ou até mesmo para desenvolvimento de atividades com as crianças. Os profissionais podem atuar com o apoio da cartilha diretamente com as crianças e também podem utilizar para formar outros profissionais e os cuidadores das crianças com quem eles trabalham.

Acesso a serviços para as crianças

Dentro da cartilha apresentamos também alguns serviços públicos essenciais para as crianças e que podem ser acessados por todas. Existem muitos serviços específicos e que são pensados principalmente para a garantia de direitos, prevenção e proteção das crianças. Dessa forma, quanto mais informações as pessoas tiverem sobre os serviços, a primeira infância estará mais protegida e, por consequência, as crianças vão se desenvolver de forma mais saudável. 

“A gente espera alcançar esse sonho de ver muitas crianças se desenvolvendo plenamente desde a primeira infância”.

Esperamos que a cartilha seja um apoio no dia a dia das famílias e de pessoas ou instituições que trabalham com crianças na fase da primeira infância. Clicando no banner abaixo você consegue baixar o documento e usar da melhor forma possível!

 

Direitos

Agosto verde: a primeira infância precisa ser prioridade nas grandes cidades

A primeira infância é uma fase da vida caracterizada como um ciclo de importante desenvolvimento humano. Essa fase dura até os seis anos de idade, e é nesse momento que as crianças começam a desenvolver muitas habilidades, como a capacidade motora, a comunicação por meio da linguagem e a forma de expressar suas emoções. No mês de agosto, a cor verde representa a luta por uma discussão mais profunda sobre a primeira infância e a importância de políticas públicas nessa fase.

O contato com os pais com tempo de qualidade, o acesso à saúde, à educação e à natureza são alguns dos pilares importantes durante essa fase, mas que ficam prejudicados quando falamos de estilo de vida no contexto das grandes cidades. Essas questões nos ambientes urbanos podem interferir diretamente no desenvolvimento, como explica a psicóloga do Instituto C, Noaly Avenoso: “O excesso de superestimulação, os estresses das cidades urbanas, a falta de facilitadores no âmbito da saúde, escola e lazer para famílias que residem em lugares mais precarizados, podem prejudicar o desenvolvimento da primeira infância”.

Apesar da importância da discussão, o tema primeira infância ainda não tem a visibilidade necessária, por isso instituições como a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que atuam na promoção do desenvolvimento da infância, são importantes aliadas nessa discussão. “É um tema um pouco mais conhecido, mas a gente ainda vê a necessidade de que ele seja plenamente conhecido pela sociedade e pelos atores da política pública para que possa ser priorizado”, pontua Karina Fasson, gerente de políticas públicas da Fundação Maria Cecilia.

A cidade pensada para a infância 

Nos primeiros anos de vida, o cérebro da criança está em desenvolvimento, e chega a realizar um milhão de conexões por segundo. É neste momento em que os espaços que ela frequenta devem oferecer um ambiente seguro e adequado para sua idade. Nas cidades, vemos que isso ainda está caminhando para que seja de fato efetivado, seja com os espaços de lazer que incluem brinquedotecas ou os museus que colocam na programação atividades infantis, por exemplo. 

“É preciso que as crianças sejam priorizadas no orçamento. Se elas forem priorizadas na política pública, elas precisam ser consideradas nas peças orçamentárias também”, explica Karina. Ela ainda reforça que as cidades devem enxergar as crianças como indivíduos que precisam de cuidados em diferentes áreas, pensando na intersetorialidade.

Em São Paulo, por exemplo, ainda que a desigualdade social seja visível, já existem algumas iniciativas para o fortalecimento do desenvolvimento infantil no início da vida, como o Plano Municipal Pela Primeira Infância, um documento que estipula metas como “tornar o ambiente da cidade mais acolhedor para as crianças de 0 a 6 anos” e “garantir o acesso a serviços de saúde de qualidade a gestantes e crianças de 0 a 6 anos”, que tem o objetivo de uma primeira infância plena, estimulante e saudável para as crianças no Município.

Nesse mesmo documento, temos um panorama sobre a primeira infância na cidade de São Paulo, e podemos ver que a Brasilândia é uma das regiões com mais crianças de 0 a 6 anos. Na região também fica localizado o Polo Zona Norte do Instituto C, onde trabalhamos com as famílias os atendimentos nas áreas da educação, geração de renda, desenvolvimento psicossocial e nutrição, além da orientação na área da saúde e garantia de direitos.

É importante lembrar que as crianças são cidadãs

O ponto mais importante para colocar a primeira infância como prioridade é entender que as crianças também são cidadãs e muitas das decisões públicas afetam suas vidas. Apesar de todos os avanços ao longo dos anos, especialmente após a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), as crianças que vivem em situação de vulnerabilidade social ainda enfrentam os desafios de crescer sem a estrutura necessária. 

Karina, da Fundação Maria Cecilia, reforça que a educação infantil também é uma questão que deve ser tratada como prioridade: “a gente precisa garantir para todas as crianças, mas principalmente para as crianças que já estão no contexto mais vulnerável, o acesso a uma educação infantil de qualidade”.

Nesse contexto, trabalhos de organizações como o Instituto C atuam como uma ferramenta para que as famílias consigam levar mais qualidade de vida aos pequenos. Como conta nossa psicóloga Noaly, aqui trabalhamos para fortalecer os vínculos das famílias com os territórios onde residem, tendo como princípio o acesso à informação com orientações nas áreas da saúde, educação, psicologia e nutrição para entender cada realidade e guiar as famílias na garantia de direitos.

A rede de apoio na primeira infância 

No trabalho diário do IC, as mães estão sempre presentes, e consideramos que o cuidado com elas é também o que fortalece o desenvolvimento das crianças. Dessa forma, entendemos que elas precisam de uma rede de apoio para conseguirem cuidar dos filhos e de si ao mesmo tempo, e buscamos levar isso por meio dos nossos grupos de atendimento temáticos onde tratamos assuntos que fazem parte da vida das mães e que fortaleçam a relação delas com as crianças. Por isso, essa rede, além de fazer bem para a cuidadora, também faz a diferença na vida da criança.

Quando falamos da primeira infância nesse contexto, por exemplo, podemos lembrar que o acesso às creches são essenciais tanto para o crescimento quanto para a construção dessa rede de apoio. Mas não estamos falando apenas de uma vaga em creche, como explica a Karina. “Não basta ter uma vaga. Essa educação infantil tem que promover tanto o cuidar – para essa fase da vida que é importante – quanto o educar, de maneira indissociável”.

Com atuação direta com as famílias, nossa psicóloga tem uma visão do impacto dessa rede de apoio na vida delas. “A rede de apoio é fundamental para a primeira infância em todos os aspectos, as creches e as escolas, além do papel da educação, também desenvolvem o social, emocional, motor, cognitivo, sensorial e muitas coisas que, ao longo do crescimento, fazem a diferença para a vida da criança”, reforça Noaly.